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CARTOGRAFIA TEMÁTICA DO ANTICLINAL Zona dos Mármores

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Academic year: 2021

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2008

CARTOGRAFIA TEMÁTICA DO

ANTICLINAL

Zona dos Mármores

(2)

1

Nota do Editor

Prefácio

O Alentejo

A Zona dos Mármores

Indústria Extractiva e Ordenamento do Território

Evolução do Conhecimento Geológico do Anticlinal de Estremoz

Metodologia aplicada ao projecto Cartografia Temática

UNOR 1 | Estremoz

UNOR 2 | Borba

UNOR 3 | Vigária

UNOR 4 | Lagoa

UNOR 5 | Pardais

Considerações finais

2

3

4

5

6

7

10

11

16

21

26

31

36

ÍNDICE

(3)

O anticlinal de Estremoz é uma estrutura geológica do território português onde se localizam os principais centros nacionais produtores de mármo- res para fins ornamentais. A sua exploração perdura desde há séculos, mas nas últimas décadas tem-se realizado de modo intensivo gerando importantes problemas de desordem territorial. Neste contexto foi imple- mentado nesta região o Plano Regional de Ordenamento do Território para a Zona dos Mármores no qual se incluíram 5 Unidades de Ordenamento dedicadas a essa actividade e para as quais se preconizou a realização de Estudos Globais detalhados.

Atento a esta realidade o CEVALOR – Centro Tecnológico para o Aprovei- tamento e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais, promoveu o projecto Cartografia Temática do Anticlinal como Instrumento de Ordena- mento do Território e Apoio à Indústria Extractiva, o qual teve acolhimento financeiro no Eixo Prioritário 2 do Programa Operacional Regional do Alen- tejo 2000 - 2006, no âmbito da medida AIZM - Acção Integrada da Zona dos Mármores (FEDER).

Os estudos realizados decorreram entre 2000 e 2008, repartidos por 3 fases, tendo a sua execução ficado a cargo do próprio CEVALOR, no que respeita à componente ambiental. A componente geológica e de inte- gração dos dados ficou a cargo do extinto Instituto Geológico e Mineiro, cujas competências técnico-científicas se integraram no actual INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, IP.

NOTA DO EDITOR

A obra que agora se publica visa a divulgação dos principais resultados alcança- dos pelo projecto, mas, sobretudo, pretende constituir-se como instrumento de consulta a esses mesmos resultados traduzidos em mapas. É esta a razão para o grande formato adoptado, no qual se procurou maximizar a dimensão desses mesmos mapas, ainda que com prejuízo da constância de escala.

Serve a presente Nota, ainda, para afirmar o contributo dos autores dos estudos que conduziram a estes resultados, nomeadamente,

Pelo CEVALOR Ana Machuco . Filomena Dores . Isabel Soares de Almeida.

João Augusto . João Gabriel Saúde . Nelson Martins . Nuno Bonito . Ricardo Oliveira . Sofia Sobreiro

Pelo INETI Afonso Catrapona . Alexandra Mendonça . Amélia Carvalho Dill . Carla Midões . Carlos Silva Lopes . Carlos Vintém . Cristina Antunes . Gabriel Luís . Jorge Carvalho . Judite Fernandes . Luís Martins . Paulo Henriques . Patrícia Falé

Sem esquecer o entusiasmo prestado à publicação do presente Atlas por parte de António Costa Dieb do CEVALOR, de Luis Martins do INETI e de Paulo Barral, coordenador da AIZM, a sua execução contou com a preciosa colaboração de Marta Peres do CEVALOR e de Afonso Catrapona e Alexandra Mendonça, am- bos do INETI, a quem aqui se expressam os devidos agradecimentos.

Jorge M. F. Carvalho

(4)

3

O projecto “CARTOGRAFIA TEMÁTICA DO ANTICLINAL COMO INSTRUMENTO DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E APOIO À INDÚSTRIA EXTRACTIVA”, pro- movido pelo CEVALOR em parceria com o INETI, teve como objectivo central o desenvolvimento de conhecimentos pluridisciplinares na área da geologia e am- biente capazes de suportar as políticas de ordenamento do território em curso na Zona dos Mármores e, concomitantemente, contribuir para um adequado planea- mento da actividade extractiva que aí ocorre.

Trata-se de um conjunto integrado e exaustivo de estudos realizados em três fases que se sucederam desde 2000 até 2008, tendo como referência o Plano Regional de Ordenamento do Território da Zona dos Mármores e as unidades de ordena- mento nele delimitadas (UNOR’s).

Este projecto foi apoiado pelo III.º Quadro Comunitário de Apoio, no âmbito do porAlentejo (Programa Operacional do Alentejo), integrado na Medida 2 (Acção Integrada da Zona dos Mármores) do Eixo Prioritário 2.

Foi desde o início da programação da AIZM considerado um projecto estruturante e incluído no primeiro e segundo domínios prioritários do plano de intervenção que foram dedicados à requalificação ambiental e ao estudo das potencialidades do recurso mármore. Foi igualmente considerado, nos meios da administração co- munitária, bem como em inúmeras instâncias de saber, conhecimento e pesquisa científica, como um projecto modelar, tanto pela metodologia adoptada como pela profundidade, escala e extensão dos estudos realizados. É já relevantemente cita- do no exterior em várias comunicações e estudos publicados.

Trata-se de uma abordagem muito consistente e completa que permite um melhor conhecimento do Anticlinal aos vários agentes interessados, quer no cluster das rochas ornamentais, quer no processo de desenvolvimento territorial, institucional e privado, aos diversos níveis.

PREFÁCIO

A síntese das três fases referidas, que agora se editam nesta valiosíssima e neces- sária edição, tipo atlas, concretiza e permite através da sua fácil consulta, obter uma grande parte da informação necessária para que se construam as medidas sucessórias exigidas. Quer para o reordenamento das diversas componentes das actividades industriais extractivas e transformadoras, quer na avaliação dos recursos disponíveis, quer na definição das áreas a reabilitar para aumentar a eficiência dos núcleos de extracção ou para alcançar os reequilíbrios ambien- tais, na paisagem e no subsolo, quer ainda para que uma nova visão estratégica da gestão do anticlinal se produza, esta publicação tráz a vantagem de permitir um rápido enquadramento das diversas situações questionadas.

Só com uma nova visão estratégica será possível a tão desejada modernização e aumento da competitividade das empresas e a adopção de boas e melhores práticas industriais e comerciais, apoiadas na valorização dos recursos materiais e humanos. O mesmo se deve dizer quanto à intervenção das administrações públicas que exercem e prosseguem competências no sector económico, pro- dutivo e ambiental.

Necessário se torna também que este instrumento não se fique agora por aqui, pelo que foi feito, inventariado e demonstrado. É fundamental que o CEVALOR e o INETI sejam apoiados para constituírem uma estrutura de monitorização que permitirá a actualização sistemática dos levantamentos realizados e que, através desse desenvolvimento, sejam avaliadas as diversas políticas ou orientações públicas para que esta transcendente base económica regional, mas tão impor- tante para a economia nacional, não regresse ao passado em que se entendeu o cluster da rocha ornamental “mármore” meramente como uma quimera ao sabor dos altos e baixos de economias flutuantes que em muito pouco resulta- ram estruturantes e sustentáveis.

Paulo Barral | Coordenador da AIZM (2000-2008)

(5)

Tradicionalmente a região Alentejo é considerada como aquela que abarca a totalidade dos distritos de Portalegre, Évora, Beja e a parte Sul do distrito de Setúbal, com uma área total ligeiramente superior a 27 000 km2. Enquadra-se a Norte pelo Rio Tejo ou pelas sub-regiões a ele anexas e a Sul pela região Algarvia. Em temos hidrográficos e para além do rio Tejo, ressalta, pela sua extensão, a bacia do rio Guadiana. Este desenvolve-se nas regiões mais a leste, constituindo parte da fronteira com Espanha. A bacia do rio Sado, de menores dimensões, desenvolve-se nas regiões mais ocidentais do Alentejo.

A paisagem alentejana apresenta valor patrimonial. É dominada pela peneplanície onde predomina o montado e o olival. Sobres- saem, no entanto, regiões de relevo mais vigoroso, como a Serra de São Mamede no distrito de Portalegre, e a extensa orla costei- ra com 263 km de comprimento. A barragem do Alqueva é um el- emento recente na estrutura física e paisagística do Alentejo.

De acordo com as estimativas do INE para o ano 2006, o Alentejo dispunha de uma população residente de 515564 habitantes, sendo a região portuguesa de menor índice de densidade populacional (19 hab/km2). Um traço marcante da estrutura demográfica da região é o seu índice de envelhecimento elevado e superior ao do resto do país, o que acarreta, naturalmente, reflexos ao nível dos recursos humanos, na capacidade de renovação e qualificação dos mesmos. Assim, o

O ALENTEJO

Alentejo é a região do país onde é menor a percentagem de popula- ção com habilitação média ou superior, o que, aliado ao elevado nível de envelhecimento, a torna débil do ponto de vista do capital humano.

Cronicamente, em termos económicos, a região mostra-se muito pou- co competitiva, situando-se o PIB per capita 11% abaixo da média nacional. Tendo em conta a sua dimensão e potencialidades endó- genas, o contributo do Alentejo para a produção da riqueza nacional é modesto, representando unicamente cerca de 6,5 % do PIB portu- guês. Os sectores que demonstram maior relevância económica no Alentejo são os da agricultura, da produção animal, da indústria de panificação, dos recursos geológicos, designadamente da ex- tracção de minérios metálicos, mármores e granitos, e o sector do turismo, essencialmente na vertente dos estabelecimentos de res- tauração. Estudos recentes de caracterização e estruturação das capacidades de desenvolvimento da região Alentejo, em particular o Plano Regional de Inovação do Alentejo, apontam a Indústria das Rochas Ornamentais, onde se incluem as actividades de explo- ração, transformação e outras associadas, como um dos princi- pais factores de desenvolvimento regional. Esta opção justifica-se pelo elevado peso relativo que este subsector apresenta no que respeita à produtividade, competitividade e capacidade evoluti- va no Alentejo e, em particular, na sub-região Alentejo Central.

k Euros

4 403 41 202 993 - 46 598 180 864

Nº Empregados

90 716 28 - 834 3 940

Nº Estabelecimentos

12 72 5 - 89 606 Alto Alentejo

Alentejo Central Baixo Alentejo Alentejo Litoral Total Alentejo Total Nacional

Todeladas

64 971 295 384 19 807 - 380 162 3 122 358

Produção de Rochas Ornamentais no Alentejo (2006) Fonte: DGEG – Divisão de Estatística

Alto Alentejo Alentejo Central Baixo Alentejo Alentejo Litoral

Extracção de Rochas Ornamentais

0,78%

3,94%

0,46%

0,13%

Peso do sector das Rochas Ornamentais do Alentejo no emprego Fonte: Plano Regional de Inovação do Alentejo

(com base em dados dos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho, 2001) Transformação de

Rochas Ornamentais

0,55%

2,58%

0,21%

0,14%

Total

1,33%

6,92%

0,67%

0,27%

(6)

5

A Zona dos Mármores é encarada tradicionalmente como a área ocupada pelos municípios de Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal, onde foi ins- tituída a Área Cativa para a Exploração de Mármores pela Portaria nº 441 de 15 de Junho de 1990, onde se afirma o interesse público em preservar para a Indústria Extractiva os mármores que ocorrem em abundância e elevada qualidade nesta região, pois constituem fonte apreciável de geração de ri- queza.

Estes 4 municípios, ocupando uma área total de 1396 km2 e com uma den- sidade populacional de 27 hab/km2, enquadram-se na sub-região Alente- jo Central, seguindo genericamente as tendências socio-económicas do Alentejo estritamente agrícola, marcado pela baixa densidade populacional, elevado índice de envelhecimento e baixo grau de qualificação académica.

No entanto, estes municípios sobressaem ao nível do crescimento da popu- lação residente e ao nível do emprego, facto este que se deve à importância assumida pelo Sector das Rochas Ornamentais, quer ao nível da exploração (que não ocorre no município de Alandroal), quer ao nível da transformação, merecendo destaque o munícipio de Vila Viçosa onde estão instaladas 97 empresas ligadas a este sector.

Embora o nível da qualificação académica dos trabalhadores do Sector das Rochas Ornamentais seja, por norma, baixo, importa registar a mais valia

A ZONA

DOS MÁRMORES

do elevado nível de qualificação profissional que detêm, particularmente ao nível do subsector extractivo, e para o qual não existe formação a nível ins- titucional.

Se é de realçar a importância socio-económica deste Sector, tanto regional como nacionalmente, também importa não olvidar os impactos causados no ambiente, nomeadamente ao nível da paisagem e da eventual afectação dos recursos hídricos subterrâneos. As consequências a nível da paisagem resultam, sobretudo, dos enormes volumes de escombros acumulados e das próprias pedreiras em si mesmas. Já a perigosidade sobre os recursos hidro- geológicos resulta fundamentalmente dos resíduos (lamas) das indústrias de transformação.

Tendo em atenção este contexto foi implementado nesta região o PROZOM – Plano Regional de Ordenamento do Território da Zona dos Mármores (RCM nº 93 de 8 de Maio de 2002) visando promover uma organização do espaço de forma sustentada, salvaguardando para a Indústria Extractiva os espaços terri- toriais onde ocorrem os depósitos de mármore com valor económico. Aí, em função da sua complementaridade no que respeita à exploração do mármore, foram consideradas 5 Unidades de Ordenamento (UNOR), para as quais foi preconizada uma abordagem integrada através de um Estudo Global a escala de maior pormenor.

Pessoal

71 117 460 - 648 663

Estabelecimentos

7 12 45 - 64 67 Concelho

Estremoz Borba Vila Viçosa Aladroal Total Total Nacional

Produção (tons)

19 954 33 240 187 047 - 240 241 241 494

Peso do sector das Rochas Ornamenttais do Alentejo no emprego Fonte: DGEG – Divisão de Estatística, 2006

(mil Euros)

1 784 6 302 29 704 - 37 790 37 947

Área Cativa para Exploração de Mármores

O PROZOM na Área Cativa

(7)

A noção de ordenamento do território teve origem na comunicação do minis- tro francês Claudius Petit, “Pur un plan national d’aménagement du territoire”, em 1950. Defendeu uma repartição nacional das diferentes actividades econó- micas, procurando assegurar um maior equilíbrio entre cidade/campo e litoral/

interior, ao mesmo tempo que a preservação do meio ambiente não fosse es- quecida. Esta noção tem sofrido diversas evoluções, consoante é abordada como um objectivo a atingir ou como um conjunto de processos instrumentais integrados para a organização do espaço físico. Hoje em dia anda a par, de modo indissociável, com os conceitos e políticas de desenvolvimento susten- tável na procura das melhores soluções que possam conduzir a uma eficaz e rentável ocupação do território sem degradar as condições ambientais, nem comprometer o seu uso futuro. O espaço territorial é, em si mesmo, um recurso.

É nesta perspectiva de organização e planificação do espaço territorial num cenário de desenvolvimento sustentável que se enquadra actualmente a Indús- tria Extractiva. Sendo certo que o consumo de recursos minerais é factor in- contornável para o desenvolvimento económico e bem-estar social, importa ter em atenção que a Indústria Extractiva não é mais do que o veículo que coloca esses recursos à disposição da sociedade. A temática centra-se, então, no modo como se utilizam os recursos minerais, o que implica garantir a dispo- nibilidade do seu abastecimento e gerir o impacto ambiental da sua utilização.

Como qualquer outra indústria, a actividade mineira também compete pelo recurso território. Não tanto pela sua posse, mas antes pelo usufruto da sua ocupação temporária. Sendo, como qualquer outra indústria, de algum modo invasiva em termos ambientais, a implementação e desenvolvimento de di- rectivas específicas da Comunidade Europeia tem limitado consideravel- mente o acesso desta indústria aos recursos geológicos, que são também

recursos naturais, o que é altamente penalizante, já que a localização geo- gráfica de um recurso geológico é controlada por um processo natural, não podendo ser escolhida ou modificada, como aliás também é reconhecido a nível europeu pela Comunicação da Comissão “Promoção do desenvol- vimento sustentável na indústria extractiva não energética da EU”, de Maio de 2000. Hoje em dia, tendo em conta o factor Espaço, constata-se que a disponibilidade dos recursos tem diminuído drasticamente, pois o acesso ao território é extremamente difícil para o sector mineiro, existindo profundos desequilíbrios se compararmos esta situação com a de outras indústrias.

Actualmente, mais do que nunca, importa assegurar a salvaguarda dos recursos minerais, garantindo as condições de acesso ao território por parte da Indústria Extractiva, através da definição de um modelo de enquadramento que reconheça as características próprias desta actividade e as suas fases operacionais, nome- adamente a prospecção, a pesquisa, a exploração e a reabilitação, conciliando- as com outros valores e interesses que eventualmente coincidam espacialmente.

Na gestão integrada dos recursos geológicos e no ordenamento do território, assumem particular importância para o sector das rochas ornamentais e em es- pecial para exploração dos mármores de Estremoz – Borba – Vila Viçosa, os as- pectos relacionados com a reutilização e a deposição dos resíduos. De salientar, então, a recentemente inaugurada, no concelho de Borba, Área de Deposição Comum (ADC), que visa uma solução adequada para a deposição e processa- mento de todos os subprodutos e resíduos produzidos pela Indústria das Ro- chas Ornamentais da zona dos mármores, assegurando uma gestão sustentável dos mesmos e a partilha de responsabilidades entre o produtor do resíduo, os operadores de gestão de resíduos e as entidades administrativas reguladoras.

Mas para ordenar é necessário conhecer e para que a informação que consta dos planos de ordenamento sectorial seja suficientemente fiável, há que garantir o bom nível técnico – científico do conhecimento geológico – mineiro, não só comple- tando e actualizando a aquisição directa de dados, mas também organizando-os em bases informáticas e desenvolvendo os respectivos Sistemas de Informação Geográficos. Foi esta, na realidade, uma das vertentes mais importantes que o projecto Cartografia Temática do Anticlinal permitiu desenvolver, garantido uma base de excelência do conhecimento geológico, mineiro e ambiental de todas as UNORs estudadas, de forma a proceder correctamente ao seu reordenamento.

Luís Plácido Martins

INDÚSTRIA EXTRACTIVA

E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

A ADC3 - Borba

(8)

EVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO GEOLÓGICO DO ANTICLINAL DE ESTREMOZ NO APOIO À INDÚSTRIA EXTRACTIVA E AO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO A “Carta Geológica dos Calcários Cristalinos entre Vila Viçosa e Sousel”, publicada à escala 1:50 000, é parte integrante do trabalho publicado nos Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro, volume XII, Fascículos 1/2, de 1957, sob o título “Calcários Cristalinos de Vila Viçosa-Souzel”, da autoria de João Martins da Silva e M. V. Ferreira Camarinhas. Representa um dos primeiros trabalhos geológicos realizados na região vocacionado para o apoio à actividade extractiva, salientando-se, neste aspecto, o facto de se tratar de uma carta litoestratigráfica publicada numa época em que se previli- giavam as de cariz cronoestratigráfico. Do trabalho publicado merece destaque o reconhecimento da existência de uma faixa de mármores (então chamados calcários cristalinos) desde a região de Vila Viçosa à região de Sousel. Merecem destaque, ainda, algumas considerações económicas, transcrevendo-se, para o efeito, parte do resumo desta obra, pela actualidade que detém nalguns aspectos, passados que são 50 anos: A existência destes mármores deu origem a uma indústria que é actualmente um factor económico de certa importância para a Nação. São numerosos os operários empregados na exploração dos mármores que vão depois alimentar inúmeras oficinas espalhadas pelo país. O mercado interno absorve a maior parte da produção. Contudo, muitos dos mármores são exportados e têm tido aceitação nos mercados estrangeiros devido às suas boas qualidades. Impõe-se uma propaganda oficialmente organizada para fomentar o seu emprego no estrangeiro, a par de um estudo criterioso sobre o aproveitamento dos desperdícios das pedreiras e oficinas que torne possível o estabelecimento de algumas indústrias derivadas. Carta Geológica da Zona dos Calcários Cristalinos entre Vila Viçosa e Sousel 77

(9)

A “Carta das Rochas Carbonatadas de Estremoz” publicada à escala 1:25 000, integra o trabalho intitulado Observações Sobre o Anticlinório de Estremoz Alguns Aspectos Geológico Económicos dos Mármores, da autoria de Francisco Gonçalves e publicado na revista Estudos, Notas e Trabalhos do Serviço de Fomento Mineiro, volume XXII, fascículos 1/2, no ano de 1973. Este mapa traduz o estado dos conhecimentos da altura no que respeita aos diferentes tipos de rochas presentes na região e sua disposição estrutural. Permitiu, quanto aos mármores, delimitar zonas de exploração com base no interesse económico provável. Tem como particularidade uma grande aproximação às necessidades do sector industrial que se encontra traduzida na adopção de termos locais para designar alguns tipos litológicos e no facto de se centrar na distinção desses mesmos tipos litológicos em função da sua aptidão para rocha ornamental. Estes aspectos levaram a que a publicação desta obra tivesse um grande impacto na altura, tanto mais que ainda hoje é referenciada.

Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos . Serviços de Fomento MineiroCarta das Rochas Carbonatadas de Estremoz

(10)

A Carta Geológica do Anticlinal de Estremoz, publicada em 1997 à escala 1:10 000 pelo Instituto Geológico e Mineiro e sob a coordenação de José Moreira e Carlos Vintém, permitiu a elaboração da síntese à escala 1:25 000 que aqui se apresenta redimensionada. É o corolário do esforço dispendido por essa instituição no apoio ao sector extractivo da Zona dos Mármores a partir dos finais da década de 80 do século passado, fazendo uso pleno dos conceitos de geologia estrutural que entretanto se tinham tornado comuns em trabalhos de cartografia geológica. Da presença constante da instituição no terreno e do diálogo daí resultante com os actores locais, resultou uma legenda mais adaptada às suas necessidades, de onde se destaca a delimitação dos mármores segundo os seus principais grupos cromáticos. Passados que são mais de 10 anos após a sua publicação, esta é a carta de síntese da geologia da região do anticlinal de Estremoz que ainda hoje se mantém válida. 9

O Anticlinal de Estremoz no Contexto Evolutivo do Orógeno Hercínico da P

enínsula Ibérica

CARTA GEOLÓGICA DO ANTICLINAL DE ESTREMOZ | 1997

(11)

O projecto Cartografia Temática teve como objectivos específicos a aquisição de conhecimentos bastante detalhados ao nível da geologia e ambiente acerca das diferentes UNORs visando, através da sua integração e análise conjunta, contribuir para o planeamento da actividade extractiva e ordenamento do ter- ritório. Assim, a metodologia adoptada baseou-se na implementação de um modelo em Sistema de Informação Geográfica para cruzamento e análise de todos os níveis de informação adquiridos, nomeadamente os de índole geoló- gica (litologia, estrutura geológica e estado de fracturação do maciço) e os de índole ambiental (hidrogeologia, hidrografia, capacidade de uso do solo; decli- ves, paisagem, biótopos, ambiente sonoro e qualidade do ar). Particular ênfase foi dado ao Factor Ambiental Hidrogeologia (águas subterrâneas) pelo facto de na região se estar em presença de um sistema aquífero que constitui fonte de abastecimento público de água.

Para cada uma das UNORs, além do Mapa Geológico realizado à escala 1:2000 e que em si mesmo já constitui um documento final, destacam-se, como princi-

METODOLOGIA

APLICADA AO PROJECTO CARTOGRAFIA TEMÁTICA

pais resultados parcelares, a elaboração de um Mapa de Aptidão Geoeconómi- ca e de um Mapa de Síntese de Sensibilidades Ambientais. Destes, o primeiro caracteriza o território em função da sua aptidão para a produção de mármores ornamentais, constituindo um instrumento de apoio directo ao industriais para o planeamento da lavra. O segundo compila e sintetiza a sensibilidade ambiental do território em função de uma actividade industrial que nele se desenrola, neste caso, a actividade extractiva.

Visando a identificação das melhores soluções para a utilização do potencial de recursos disponíveis, por forma a resolver os problemas existentes e a garantir um desenvolvimento futuro equilibrado, procedeu-se à elaboração, para cada uma das UNOR, de um Mapa de Reordenamento. É um mapa corolário dos trabalhos desenvolvidos, pois baseou-se nos resultados dos dois mapas ante- riores e nele se apresenta uma proposta de hierarquização do espaço territorial em função das suas capacidades.

Jorge M. F. Carvalho e Patrícia Falé

(12)

11

ESTREMOZ

UNOR 1

Acesso

Área Total Área de Exploração Área de Deposição Comum Nº de pedreiras em 2003 Tipos de mármore

Principais variedades

Espessura dos mármores Recursos disponíveis em mármore (considerando rendimento de 20%)

Pelo IP 7 (A6) em direcção a Elvas, saída para Estremoz, ou pela EN-4 entre Estremoz a Borba 494 ha

397 ha 53 ha 17

Mármores brancos e cremes pouco vergados e, menos frequentemente, bastante vergados.

Branco Corrente S. António; Branco Rosado Cerca de S. António; Branco Vergado Cruz dos Meninos 160 m

6 milhões de metros cúbicos

http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:Estremoz-FlickrCCby-PhillipC.jpg

(13)

Geologia

UNOR 1

(14)

13

Aptidão Geoeconómica UNOR 1

(15)

Sensibilidade Ambiental

UNOR 1

(16)

15

Reordenamento UNOR 1

(17)

BORBA

UNOR 2

Acesso Área Total Área de Exploração Área de Exploração (núcleo de Borba) Área de Deposição Comum Nº de pedreiras em 2003 Tipos de mármore

Principais variedades

Espessura dos mármores Recursos disponíveis em mármore (considerando rendimento de 20%)

Pela EN-255 que liga Borba a Vila Viçosa 976 ha

676 ha 340 ha 108 32

Mármores brancos e cremes; mármores de cor rosada mais ou menos intensa e mais ou menos vergados e, pouco frequentemente, mármores cinzento escuros.

Creme do Mouro; Rosa Venado Encostinha; Rosa Puro; Rosa do Rosal

150 m

8 milhões de metros cúbicos

(18)

17

Geologia UNOR 2

(19)

Aptidão Geoeconómica

UNOR 2

(20)

19

Sensibilidade Ambiental UNOR 2

(21)

Reordenamento

UNOR 2

(22)

21

VIGÁRIA

UNOR 3

Acesso Área Total Área de Exploração Área de Deposição Comum Nº de pedreiras em 2003 Tipos de mármore

Principais variedades

Espessura dos mármores Recursos disponíveis em mármore (considerando rendimento de 20%)

Pela EN254 que liga Vila Viçosa a Bencatel 310 ha

220 ha 92 ha 25

Mármores brancos e cremes, mais ou menos vergados, no topo dos quais ocorrem mármores de cores rosadas. Ocorrem ainda mármores brancos e cremes brechificados e mármores cinzento escuros Branco Bencatel; Branco Vergado Bencatel; Rosa Vigária; Ruivina Bencatel

170 m

16 milhões de metros cúbicos

http://farm3.static.flickr.com/2116/1509367332_e2299664c2_o_d.jpg por José Marques

(23)

Geologia

UNOR 3

(24)

23

Aptidão Geoeconómica UNOR 3

(25)

Sensibilidade Ambiental

UNOR 3

(26)

25

Reordenamento UNOR 3

(27)

LAGOA

UNOR 4

Acesso

Área Total Área de Exploração Área de Deposição Comum Nº de pedreiras em 2003 Tipos de mármore

Principais variedades

Espessura dos mármores Recursos disponíveis em mármore (considerando rendimento de 20%)

Pela EN-254 que liga Vila Viçosa a Bencatel e EN-255 que liga Vila Viçosa ao Alandroal 1232 ha

535 ha 287 ha 34

Mármores de cor branca a creme, vergados e mármores de cor cinzenta.

Branco Venado da Lagoa; Creme da Lagoa; Azul da Lagoa

100 m

65 milhões de metros cúbicos

(28)

27

Geologia UNOR 4

(29)

Aptidão Geoeconómica

UNOR 4

(30)

29

Sensibilidade Ambiental UNOR 4

(31)

Reordenamento

UNOR 4

(32)

31

PARDAIS

UNOR 5

Acesso Área Total Área de Exploração Área de Deposição Comum Nº de pedreiras em 2006 Tipos de mármore

Principais variedades

Espessura dos mármores Recursos disponíveis em mármore (considerando rendimento de 20%)

Pela EN255 que liga Vila Viçosa ao Alandroal 413 ha

229 ha 160 ha 22

Mármores brancos e cremes pouco vergados e mármores cinzento escuros

Branco Venado Fonte da Moura; Creme Rosado Fonte da Moura; Ruivina

250 m

8 milhões de metros cúbicos

(33)

Geologia

UNOR 5

(34)

33

Aptidão Geoeconómica UNOR 5

(35)

Sensibilidade Ambiental

UNOR 5

(36)

35

Reordenamento UNOR 5

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A região do Anticlinal de Estremoz, e mais particularmente a chamada Zona dos Mármores, é uma parte do território nacional em que é por de- mais evidente a organização do espaço como resultado de uma interac- ção milenar entre factores naturais e antrópicos, assumindo-se a paisa- gem como a sua principal face visível. É uma paisagem que conjuga, num mesmo espaço, elementos urbanos, agrícolas e mineiros, cuja constru- ção teve o seu início durante o período de ocupação da Península Ibérica pelo Império Romano. São desta época os mais antigos vestígios que se conhecem relativamente à exploração dos mármores nesta região, a qual tem perdurado desde então.

O futuro desta actividade na Zona dos Mármores, resolvida que está a questão da acessibilidade ao território desde a implementação da Área Cativa, não depende exclusivamente das condições do mercado. A sua sustentabilidade depende, primeiro que tudo, de especificidades intrínse- cas à própria actividade, em particular das respeitantes ao recurso geo- lógico mármore sobre o qual assenta. Cabem aqui as questões relacio- nadas com a definição de áreas para a abertura de novas explorações ou alargamento das existentes, a disponibilidade e qualidade do recurso, o planeamento da lavra, entre outras. Numa outra vertente, o futuro da actividade passa ainda pela sua capacidade de adaptação aos valores que presidem ao conceito de desenvolvimento sustentável, nomeada- mente os relacionados com a preservação ambiental e respeito social.

Em suma, o futuro passa pela adaptação do sector à Eco-eficiência, em que o fornecimento de recursos à sociedade deve ser acompanhado por uma optimização do consumo energético e do volume de resíduos pro- duzidos, a que acrescerá a diminuição da degradação paisagística e a responsabilidade social, na qual se pode incluir a melhoria das condições de higiene e segurança no trabalho.

O projecto Cartografia Temática do Anticlinal procurou dar resposta a al- gumas destas preocupações através de uma abordagem inovadora no

CONSIDERAÇÕES FINAIS

que respeita à delimitação e qualificação de áreas, consoante a sua maior ou menor favorabilidade para a exploração, e no que respeita ao seu interre- lacionamento com as principais sensibilidades ambientais em presença. Os resultados alcançados e que neste Atlas se apresentam, devem ser encarados como instrumentos de auxílio à tomada de decisão nas questões de planea- mento da actividade extractiva e ordenamento do território. Traduzem, ainda, em termos de apoio ao sector extractivo e às políticas de ordenamento na Zona dos Mármores, o estado da arte dos conhecimentos geológicos e hidrogeológicos, em particular para as 5 Unidades de Ordenamento estudadas.

Importa sublinhar que a abordagem realizada não se pretende definitiva, mas antes metodológica e capaz de adaptação a diferentes cenários, tanto mais que apresenta uma forte componente de subjectividade inerente à Geologia como disciplina de base que lhe preside. Este é um facto importante a reter. É o conhecimento geológico que deve presidir a todas as questões que de algum modo estejam relacionadas com o planeamento e ordenamento do território e, muito em particular, quando estejam em causa os recursos geológicos, nos quais se incluem as águas subterrâneas.

Estes pressupostos presidiram à elaboração e implementação do PROZOM, à elaboração dos Estudos Globais nele preconizados através da incorporação atempada dos resultados agora publicamente apresentados e, do mesmo modo, estão a presidir aos Planos de Intervenção em Espaço Rural para as UNORs. Espera-se que os PDMs, em processo de revisão, venham igualmente a incorporar estes resultados e que, a uma outra escala, o PROTAlentejo, em fase de final de elaboração, tenha em conta os pressupostos referenciados.

Importa não esquecer que o espaço territorial deve ser considerado como um recurso e, ao mesmo tempo, algo que se constrói em função dos factores que determinam a organização dos espaços de ocupação humana e produtiva. Es- tes estão na base dos sistemas económicos, como se constata de forma bem explícita na Zona dos Mármores.

Jorge M. F. Carvalho

Referências

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