Tribunal de Justiça de Minas Gerais
1.0042.10.002761-6/002
Número do Númeração 0740006-
Des.(a) Antônio Bispo Relator:
Des.(a) Antônio Bispo Relator do Acordão:
14/05/2015 Data do Julgamento:
22/05/2015 Data da Publicação:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - DECISÃO QUE ACOLHEU PRELIMINAR DE ILEGITMIDADE PASSIVA - CONTINUIDADE QUANTO AOS DEMAIS - INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO - ERRO GROSSEIRO - FUNGIBILIDADE RECURSAL - INAPLICABILIDADE. Há erro grosseiro na interposição de recurso de apelação em face de decisão que apenas acolhe preliminar para extinguir parte dos litigantes da lide, sem resolução do mérito, sem, contudo, por fim à lide de forma de decisão definitiva, não havendo de se falar em fungibilidade recursal.
AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0042.10.002761-6/002 - COMARCA DE ARCOS - AGRAVANTE(S): SAMUEL ANTONIO MENESES DE ANDRADE EM CAUSA PRÓPRIA - AGRAVADO(A)(S): ONOFRE FELISBERTO FERREIRA - INTERESSADO: FAS EDIFICAÇÕES LTDA, FELLIPE MENESES DE ANDRADE
A C Ó R D Ã O
Vistos etc., acorda, em Turma, a 15ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.
DES. ANTÔNIO BISPO RELATOR.
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DES. ANTÔNIO BISPO (RELATOR)
V O T O
SAMUEL ANTONIO MENESES DE ANDRADE em causa própria, agrava da decisão de fls. 178/179 - TJ, que não recebeu o recurso de apelação interposto pelo agravante, por entender que a decisão apelada se tratar de decisão interlocutória e não de sentença.
Das razões recursais (fls. 02/08-TJ) consta, em síntese, que a via recursal adotada pelo recorrente é a correta, uma vez se tratar de sentença terminativa, nos exatos termos do art. 267, VI, do CPC.
Com essas razões requereu a parte agravante seja conhecido e provido o recurso, para que seja reformada a decisão recorrida, a fim de que se determine o regular seguimento da apelação.
Recebidos os autos (art. 527, CPC), ausente qualquer pedido urgente, tomaram-se as medidas de praxe (fls. 189/189 v - TJ).
Nas informações (art. 527, IV, CPC), noticiou-se a manutenção da decisão agravada e o cumprimento do art. 526 do CPC (fls. 196 - TJ).
Sem contraminuta (certidão à fl.194-TJ).
É o relatório.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
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Cinge a controvérsia em se definir o acerto da decisão que não conheceu o recurso de apelação, julgando tratar a decisão recorrida em sede de apelação se tratar de decisão interlocutória e não sentença.
No caso dos autos, nota-se que o objeto do recurso diz respeito à definição do recurso cabível em face de decisão que determinou a exclusão dos réus do pólo passivo, prosseguindo a ação contra os demais.
Acerca do tema, dispõe o Código de Processo Civil
"Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
(...)
§2º. Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente."
E ainda:
"Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento".
Dissertando sobre o tema, leciona NELSON NERY JUNIOR quanto à continuação do processo quanto aos litigantes remanescentes que:
"... aquele ato do juiz não se caracteriza como sentença, mas como decisão interlocutória. Pouco importa haja o magistrado 'colocado fim' à pretensão do litisconsorte excluído, dando-o por parte ilegítima ou, até por haver-se operado a decadência relativamente a este. O único
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dado relevante para a aferição da natureza do ato do juiz é a continuação ou não do processo, sempre se levando em conta o sentido finalístico do pronunciamento judicial, vale dizer, a aptidão do ato judicial para pôr ou não fim ao processo. Se o ato judicial não coloca termo ao processo, que vai continuar, configura decisão interlocutória, ainda que seja de meritis, como por exemplo, o de decretar-se a decadência liminarmente. Em conclusão, o ato do juiz que exclui um dos litisconsortes do processo é decisão interlocutória, ensejando impugnação pela via do recurso de agravo".
("Princípios Fundamentais: teoria geral dos recursos". São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, 5ª edição, p. 131/132).
Neste aspecto, nota-se ser erro grosseiro a interposição de recurso de apelação em face de decisão que apenas acolhe preliminar para extinguir parte dos litigantes da lide, sem resolução do mérito, sem, contudo, por fim à lide na forma de decisão definitiva, não havendo de se falar em fungibilidade recursal.
Destarte, a decisão que exclui uma das partes prosseguindo o feito contra as demais tem natureza jurídica de decisão interlocutória, razão pela qual o recurso certo e determinado para tanto é o de agravo de instrumento.
Com essas considerações, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO, para manter a decisão agravada.
DES. EDISON FEITAL LEITE - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. MAURÍLIO GABRIEL - De acordo com o(a) Relator(a).
SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO"
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