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Indústria em Debate. Emprego, Demografi a e Indústria no Brasil: transição para uma economia de alta produtividade

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Academic year: 2021

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Emprego, Demografi a e Indústria no Brasil:

transição para uma economia

de alta produtividade

Indústria em Debate

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Indústria em Debate | ABDI

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A série de artigos “Indústria em Debate” é uma iniciativa da Gerência de Análises e Projetos Estratégicos (Gape) da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e visa informar gestores de organizações interessadas na promoção do desenvolvimento industrial/tecnológico/econômico brasileiro sobre assuntos específi cos, em especial relacionados às

transformações tecnológicas e questões econômicas. O objetivo desses documentos é alertar sobre assuntos de interesses à nossa indústria e provocar a criação e/ou revisão das políticas e instrumentos de competitividade no Brasil. O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade dos autores, não refl etindo, necessariamente, a opinião da ABDI.

Resumo:

O modelo de desenvolvimento da economia brasileira tem sido sustentado em grande parte pela incorporação de mais pessoas no mercado de trabalho. Esse fato signifi cou o consumo de uma reserva de trabalhadores que mantinham em equilíbrio o mercado de trabalho brasileiro. Tudo leva a crer que as transformações recentes nesse mercado, apontadas como responsáveis pela perda da competitividade de nossa indústria, não são apenas conjunturais, decorrentes do momento atual da economia brasileira e mundial, mas de mudanças estruturais que defi nirão daqui para a frente a competitividade da economia brasileira e suas perspectivas de desenvolvimento. O aumento do custo de mão de obra, a situação de pleno emprego e o fi m do bônus demográfi co decorrentes de tais mudanças na estrutura social e econômica brasileiras forçarão o Brasil a optar por uma de duas saídas possíveis relacionadas a sua posição nas cadeias globais de valor: 1) aceitação de sua posição de país de renda média exportador de commodities e bens manufaturados de baixa e média intensidade

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Emprego, demografi a e indústria no Brasil:

transição para uma economia de alta produtividade

Introdução

O modelo de desenvolvimento da economia brasileira tem sido sustentado em grande parte pela incorporação de mais pessoas no mercado de trabalho. Um grande contingente de brasileiros que antes não atuavam de maneira formal no país. Esse fato signifi cou a absorção de uma reserva de trabalhadores que mantinham o mercado em equilíbrio. Isso pode ser observado ao analisarmos a taxa de crescimento da população ocupada em comparação ao crescimento da “oferta” de mão de obra, representada pela Pesquisa Industrial Anual (PIA) ou pela População Economicamenet Ativa (PEA) (Figura 1).

Figura 1. Crescimento da PIA, PEA e PO nos últimos 10 anos (Mar-2002)

Fonte: IBGE

Esse modelo pode estar se aproximando de seus limites, impactando negativamente a competitividade de nossa indústria

em relação ao crescimento da

produtividade e do emprego, conforme observamos na Figura 2.

Figura 2. Crescimento acumulado 2010-2013 Fonte: IBGE e Bacen

Figura 3. Taxa de crescimento geométrico da população brasileira. Fonte: IBGE

Tudo leva a crer, portanto, que as transformações recentes do mercado de trabalho brasileiro, apontadas como responsáveis pela perda da competitividade de nossa indústria, não são apenas

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Observando a taxa de crescimento da população brasileira por meio dos últimos censos, deduz-se que a situação de excesso de mão de obra difi cilmente se repitirá. O aumento do custo de mão de obra, a situação de pleno emprego e o fi m do bônus demográfi co decorrentes de tais mudanças na estrutura social e econômica forçarão o Brasil a optar por uma das saídas possíveis dada sua posição nas cadeias globais de valor:

1) aceitação da posição de país de renda média exportador de commodities e bens manufaturados de baixa e média intensidade tecnológica – situação que coloca o país dependente das condicionantes externas da economia mundial e que tende a levar ao

esvaziamento progressivo e possivelmente irreversível da cadeia de valor da indústria brasileira – ou;

2) evolução em direção a novos padrões de investimentos em tecnologias produtivas avançadas capazes de gerar ganhos expressivos de produtividade e competitividade.

Quais são os impactos deste novo cenário e o que governo e setor privado podem fazer para aumentar a produtividade e competitividade da economia brasileira? Nesse texto, exploraremos esses dois cenários e suas implicações para uma política industrial capaz de melhorar a posição relativa do Brasil na economia global ao inserir nossa indústria nas cadeias globais de valor.

Cenário 1:Esvaziamento da cadeia de valor da indústria brasileira

Por esvaziamento da cadeia de valor da indústria brasileira entende-se o processo pelo qual o tecido industrial perde com-plexidade e sofi sticação, fi cando restrito a setores industriais intensivos em mão de obra e com baixo dinamismo tecnológico, sendo, portanto, pouco competitivos inter-nacionalmente.

Esse esvaziamento já vem ocorrendo nos anos recentes, como mostram os dados da balança comercial brasileira de produtos manufaturados (Figura 4).

Figura 4. Participação dos setores primários e manufaturados nas exportações brasileiras

Fonte: UNCTAD

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secundária na economia mundial. Dani Rodrik, em “The perils of premature deindustrialization”, 2013, chama atenção para esse fato. O autor afi rma que a mudança estrutural pela qual passam os países de industrialização recente, em direção a um processo de servitização da economia interna, ao mesmo tempo lastreada em uma inserção no mercado internacional como exportadores de commoditties agrominerais, seria um retrocesso em suas capacidades produtivas e terá importantes impactos em suas estratégias de desenvolvimento. Esse processo, ao invés de representar movimento de avanço ao longo da cadeia de valor, exportando a manufatura mais simples e avançando para setores de serviços complexos com alta produtividade, resultaria um esvaziamento das cadeias de valor.

Cenário 2: Avanço em direção a novos padrões de investimentos em tecnologias produtivas avançadas

Esse cenário parte da observação de que as políticas de desenvolvimento industrial que vêm sendo utilizadas pelo Brasil perderam efi cácia frente à mudança estrutural do padrão de emprego pelo qual o país passa atualmente. De um lado, esgotam-se as possibilidades de crescimento econômico decorrente da incorporação de mais pessoas ao mercado de trabalho. Por outro, o aumento do custo do trabalho demandará ganhos de produtividade para manter e aumentar a competitividade da

Para evitar o esvaziamento das cadeias de valor da indústria nacional, conforme apresentado no cenário 1, é necessário que o país passe por uma modernização produtiva. Esse processo demandará ações de políticas industriais específi cas capazes de criar condições e incentivos para investimento em tecnologias produtivas avançadas.

A seguir, apontamos algumas diretrizes de políticas para a modernização produtiva.

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a) Financiamento direcionado

Além de ser um grande comprador, o estado brasileiro é o maior fi nanciador de investimentos produtivos no país. As ferramentas de fi nanciamento em investimentos, inovação e capital de giro devem ser utilizadas como indutoras de um processo de modernização produtiva. Esse tipo de instrumento foi utilizado por diversos países em seu processo de desenvolvimento industrial. Também no Brasil algumas formas poderiam ser pensadas: 1) a criação de linhas específi cas e subsidiadas de crédito para investimentos em determinadas tecnologias e bens de capital, 2) a incorporação de cláusulas contratuais com exigências de contrapartidas relacionadas à modernização produtiva ou à incorporação de cláusulas com estímulos à exportação e 3) a criação de um mecanismo de indução à exposição dos produtos brasileiros à competição internacional, incentivando nossa indústria a se aproximar da fronteira tecnológica e produtiva.

b) Direcionar investimentos para aumento da produtividade e competitividade

A defi nição de metas e estratégias em parceria com os grupos econômicos nacionais internacionalizados é

necessária para garantir um processo de modernização produtiva. Tais grupos já atuam na fronteira tecnológica de seus setores e muitas vezes são grandes líderes globais, mas é necessário traçar metas para garantir encadeamentos positivos em toda a economia e que tais grupos possam desempenhar o papel de

centros dinâmicos que darão impulso à modernização na cadeia produtiva. Esse tipo de política tem sido utilizada historicamente para a promoção do desenvolvimento industrial e tecnológico em diversos países, com destaque às experiências da Coreia do Sul e do Japão.

Figura 5. Composição das exportações industriais brasileiras por intensidade tecnológica

Fonte: UNCTAD

É importante reconhecer que a indústria brasileira pode estar passando por mudanças estruturais no que diz respeito à composição tecnológica de seus setores mais competitivos. O país possui um pequeno grupo de empresas altamente competitivas e inovadoras que vem aumentando sua participação relativa nas exportações de bens manufaturados. Entretanto, são necessários esforços para garantir os transbordamentos dessa dinâmica virtuosa para os demais segmentos da indústria nacional de modo a garantir seu desenvolvimento sustentado ao longo dos próximos anos.

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operações no Brasil é muito inferior à de suas matrizes.

Contrapartidas precisam ser definidas para nortear a atuação destes grupos no país para que o resultado de sua atuação seja benéfico a todos os envolvidos, em especial no que se refere a grau de desenvolvimento tecnológico da indústria nacional. Dessa forma, uma política industrial precisa considerar mecanismos de garantias para que a atuação de tais empresas seja baseada no que há de mais moderno em termos de capacidade produtiva e que haja investimentos em P&D e encadeamentos positivos com o tecido industrial e tecnológico do país.

c) Inserção estratégica nas cadeias produtivas globais

Frente à globalização econômica e às pers-pectiva de novos acordos de comércio que aumentarão a exposição de nossa econo-mia às pressões competitivas internacionais, torna-se fundamental que a agenda da política industrial incorpore planos explícitos de comércio exterior e integração interna-cional mais qualificada.

Questões para o debate

Com esse texto não temos a pretensão de esgotar o assunto, muito menos de definir políticas industriais específicas. A ideia é apresentar questões para o debate e iniciar reflexões capazes de influir no processo de tomada de decisão de nossos governantes para a formulação de estratégias e políticas. Dessa forma, precisaremos elencar um conjunto de questões a serem abordadas em processos posteriores e estar preparados para respondê-las com presteza, assim que a oportunidade surgir para nos colocarmos como agentes neste processo.

Referências

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Referências

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