Lista de Exerc´ıcios da Primeira Semana
An´alise Real Nesta lista,an, bn, cn ser˜ao sempre sequˆencias de n´umeros reais.
1. Mostre que todo conjunto ordenado com a propriedade do supremo possui a propriedade do ´ınfimo.
2. Defina a seguinte “propriedade do m´aximo”: um conjunto ordenado A ´e dito ter a propriedade do m´aximo se todo subconjunto limitado superiormente tem m´aximo. A “propriedade do m´ınimo” ´e definida analogamente.
E verdade que todo conjunto ordenado com a propriedade do m´´ aximo possui a propriedade do m´ınimo?
Mostre ou dˆe um contra-exemplo.
3. Mostre que em qualquer conjunto ordenadoX, toda sequˆencia possui subsequˆencia mon´otona.
4. Mostre que toda sequˆencia real convergente ´e limitada.
5. Mostre que diretamente da defini¸c˜ao que toda sequˆencia real de Cauchy ´e limitada (isto ´e, sem usar a equivalˆencia emRde sequˆencias de Cauchy e sequˆencias convergentes)
6. Mostre que se uma subsequˆencia de uma sequˆencia mon´otona ´e convergente, ent˜ao a sequˆencia ´e convergente.
7. Mostre que sexn→x, ent˜ao|xn| → |x|.
8. Mostre que xn→0 se e somente se|xn| →0.
9. SejaA um subconjunto deR. Dado k∈R, defina
Ak:={k·a|a∈A}.
Mostre que sek >0, ent˜ao supAk =ksupA. Mostre tamb´em que se k <0, ent˜ao supAk=kinfA.
10. Mostre que sek >0,
lim sup(kan) =klim supan
e se k <0,
lim sup(kan) =klim infan. 11. Mostre que sean, bn>0, liman=a∈Re lim supbn6= +∞, ent˜ao
lim sup(anbn) =a·lim supbn.
12. Suponha que lim supan e lim supbn n˜ao sejam±∞. ´E verdade em geral que lim sup(anbn) = lim sup(an) lim sup(bn)?
Mostre ou dˆe um contra-exemplo. E se colocamos tamb´em a restri¸c˜ao dean>0, bn>0?
13. Mostre que se existe um n´umero a ∈ R tal que toda subsequˆencia de an possui uma subsequˆencia convergindo paraa, ent˜aoan converge para a.
14. Calcule o limite das sequˆencias abaixo.
• √
n2+n−n;
• √n
nk, knatural fixado;
• √n n!;
• n!
nn.
15. Mostre que a sequˆencia de FibonacciFn possui a f´ormula expl´ıcita Fn= (1 +√
5)n−(1−√ 5)n 2n√
5 .
16. Estude a convergˆencia da s´erie
X 1 Fn
.
17. Sejamx1,· · ·, xp n´umeros reais positivos. Ache o limite da sequˆencia an:= qn
xn1 +· · ·+xnp. 18. Mostre que se an > 0, bn > 0 e limabn
n ´e um n´umero real diferente de 0, ent˜ao P
an converge se e somente se P
bn converge.
19. Se o limite for zero no exerc´ıcio anterior, o que podemos concluir? E se for infinito?
20. Estude a convergˆencia das s´eries abaixo.
• X n2
n4+ sin(n);
• X n!
nn;
• X 1
nlog(n);
• X 1
nlog(log(n)). 21. Mostre que a sequˆencia
sn:=
2n
X
i=n
1 i
´
e convergente. Ela converge para zero ou para um n´umero maior que zero?
22. Demonstre o teorema a seguir.
Teorema do Confronto: Sejam xn, yn, zn sequˆencias de n´umeros reais tais que xn≤yn≤zn.
Sexn→aezn→a, ent˜aoyn→a.
23. Mostre que sean≤bn, ent˜ao lim supan≤lim supbn e lim infan ≤lim infbn. 24. Suponha quean>0. Mostre que seP
an ´e convergente, ent˜aoP
a2n tamb´em ´e convergente.
25. Mostre que o exerc´ıcio anterior ´e falso sem a hip´otese de an>0.
26. ´E verdade que sempre existe uma subsequˆencia deanconvergindo para sup{an}? (o sup da imagem da sequˆencia). Mostre ou dˆe um contra-exemplo. Se for falso, vocˆe consegue dizer uma condi¸c˜ao natural que fa¸ca ser verdade?
27. Defina
D:={f :Z→ {0,1,· · · ,9} | ∃N ∈N:f(n) = 0∀n > N}.
Mostre que a fun¸c˜ao
F:D→R≥0
f 7→X
i∈Z
f(i)10i est´a bem-definida e ´e sobrejetiva.
Mostre tamb´em que ela n˜ao ´e injetiva.
28. Mostre que sean→a, ent˜ao
sn:= a1+· · ·+an
n
tamb´em converge paraa. A rec´ıproca vale? Mostre ou dˆe um contra-exemplo.
29. Este exerc´ıcio mostra um algoritmo eficiente para aproximar ra´ızes quadradas, junto com uma estima- tiva de sua eficiˆencia.
Sejaa >0. Escolhax1>√
a, e defina uma sequˆenciaxn atrav´es da recorrˆencia xn+1= 1
2
xn+ a xn
.
• Mostre quexn→√ a.
• Definan :=xn−√
a(isto ´e, o erro de aproxima¸c˜ao). Mostre que n+1= 2n
2xn
< 2n 2√
a. Conclua por indu¸c˜ao que
n+1<2√ a
1 2√ a
2n
.
• Fa¸ca algumas contas com algum exemplo. Por exemplo, para calcular √
5, podemos come¸car de x1= 3 e temos uma estimativa (grosseira) para1/2√
5 dada por1/2√
5<1/4.Mesmo com tal estimativa grosseira, obtemos que o erro na quinta itera¸c˜ao pode ser estimado como a seguir
5<2√ 5
1 4
24
<6· 1
232 <6· 1
109·4 < 1 108.
30. Pesquise sobre o teste de Dirichlet para convergˆencia de s´eries e veja sua demonstra¸c˜ao.
31. Este exerc´ıcio introduz o conceito de s´eries de potˆencias.
Umas´erie de potˆencias ´e, a priori, uma soma formal do tipo
∞
X
n=0
an(X−x0)n,
onde an ´e uma sequˆencia de n´umeros reais e x0 ´e um n´umero real fixado. Usamos o termo “formal”
para implicitamente dizer que n˜ao atribu´ımos a priori nenhum significado de convergˆencia para a s´erie acima: rigorosamente falando, temos s´o uma sequˆencia de n´umerosan.
Estamos interessados em saber para quais n´umeros reaisxa s´erie
∞
P
n=0
an(x−x0)n converge, de forma que este s´ımbolo realmente fa¸ca sentido quando interpretamos ele como s´erie.
Mostre que dada uma s´erie de potˆencias, h´a 3 e apenas essas 3 possibilidades:
1a possibilidade: Existe um n´umero realRtal que
• Se|x−x0|< R, ent˜ao a s´erie ´e convergente.
• Se|x−x0|> R, ent˜ao a s´erie ´e divergente.
2a possibilidade: A s´erie converge para qualquer n´umero realR.
3a possibilidade: A s´erie s´o converge parax=x0.
Definimos ent˜ao o raio de convergˆencia de uma s´erie de potˆencias como sendo o n´umero R caso estejamos no caso 1, +∞caso estejamos no caso 2 e 0 caso estejamos no caso 3.
Dica: Use o teste da ra´ız.
32. Dˆe exemplos mostrando que qualquer coisa pode acontecer no bordo do raio de convergˆencia na primeira possibilidade.
33. Dada uma s´erie de potˆencias
∞
P
n=0
an(X−x0)n,definimos sua derivada formal como sendo a s´erie
∞
X
n=0
(n+ 1)an+1(X−x0)n.
Mostre que a derivada formal de uma s´erie de potˆencias possui o mesmo raio de convergˆencia que a s´erie de potˆencias original.
No entanto, mostre que ´e poss´ıvel que ocorra mudan¸ca de convergˆencia em pontos do “bordo” do raio de convergˆencia.
OBS: ´E poss´ıvel mostrar que no raio de convergˆencia, a derivada formal ´e de fato a derivada da fun¸c˜ao dada pela s´erie de potˆencias.
34. Mostre que a s´erie de potˆencias
∞
X
n=0
1 n!Xn
define uma s´erie convergente para todox∈R, e que sua derivada formal ´e igual a si pr´opria.
35. Este exerc´ıcio introduz o conceito de s´eries de Fourier.
Umas´erie de Fourier ser´a, para n´os, uma soma formal do tipo
∞
X
n=0
(ancos(2πnX) +bnsin(2πnX)).
A quest˜ao de convergˆencia de s´eries de Fourier ´e muito mais delicada que de s´eries de potˆencias.
Por exemplo, ache os n´umeros reaisxpara o qual a s´erie
∞
X
n=1
1
nsin(2πnx)
´
e convergente.
Dica 1: Vocˆe provavelmente vai precisar de outros exerc´ıcios desta lista, n˜ao necessariamente apenas anteriores a este.
Dica 2: Use que eix= cos(x) +isin(x) junto com a dica 1.
36. Dada uma s´erie de FourierP∞
n=0(ancos(2πnX) +bnsin(2πnX)), definimos suaderivada formal como sendo a s´erie
∞
X
n=0
(2πnbncos(2πnX)−2πnansin(2πnX)).
Mostre que a derivada formal da s´erie
∞
X
n=1
1
nsin(2πnX) (a s´erie do exerc´ıcio anterior) ´e divergente para qualquerxreal.
37. Seja (X, d) um espa¸co m´etrico. Dizemos que A ⊂ (X, d) ´e limitado se existe p ∈ X e R > 0 tal que A ⊂ B(p;R). Mostre que se A ´e limitado, ent˜ao para qualquer p0 ∈ X existe R0 > 0 tal que A⊂B(p0, R0).
38. Mostre que toda sequˆencia convergente em um espa¸co m´etrico ´e limitada.
39. Mostre que toda sequˆencia de Cauchy em um espa¸co m´etrico ´e limitada.
40. Mostre um exemplo de um espa¸co m´etrico que possui uma sequˆencia limitada que n˜ao tem subsequˆencia convergente.
41. Mostre a unicidade do limite de sequˆencias em espa¸cos m´etricos.
42. Seja (X, d) um espa¸co m´etrico com a m´etrica discreta. Diga exatamente quem s˜ao as sequˆencias convergentes.
43. Sejamxn, ynsequˆencias de Cauchy em um espa¸co m´etrico. Mostre quean :=d(xn, yn) ´e uma sequˆencia convergente (OBS: Note quean ´e uma sequˆencia de n´umeros reais, independentemente de ondexn, yn
vivem).
44. Seja xn uma sequˆencia em um espa¸co m´etrico que converge para p, e yn uma sequˆencia tal que d(xn, yn)→0. ´E verdade queyn converge parap? Mostre ou dˆe um contra-exemplo.
45. Sejaxn uma sequˆencia em um espa¸co m´etrico tal que a subsequˆencia formada pelos ´ındices pares e a subsequˆencia formada pelos ´ımpares convergem para o mesmo pontop. Mostre quexn converge para p.
46. Odiˆametro diam(A) de um subconjuntoAde um espa¸co m´etrico (X, d) ´e definido como sup{d(x, y)| x, y∈A}. Dada uma sequˆenciaxn em (X, d), definaEn :={xi |i≥n}. Mostre que uma sequˆencia xn ´e de Cauchy se e somente se
lim diam(En) = 0.
47. ´E verdade que o diˆametro de uma bola de raiorem um espa¸co m´etrico (X, d) ´e 2r? Mostre ou dˆe um contra-exemplo.
48. Seja (X, d) espa¸co m´etrico. A afirma¸c˜ao abaixo ´e verdadeira?
(X, d)´e completo ⇐⇒ Toda sequˆencia limitada em (X, d)possui subsequˆencia convergente.
Demonstre se for verdadeira ou dˆe um contra-exemplo se n˜ao for. Se n˜ao for, alguma das implica¸c˜oes
´
e verdadeira? Demonstre ou dˆe um contra-exemplo (fa¸ca isso para cada uma das implica¸c˜oes).
49. Sejam (X1, d1),· · · ,(Xp, dp) espa¸cos m´etricos. Mostre que a fun¸c˜ao d: (X1× · · · ×Xp)×(X1× · · · ×Xp)→R (x1,· · ·, xp),(y1,· · ·, yp)
7→max{d1(x1, y1),· · ·, dp(xp, yp)}
´
e uma m´etrica. Diga (pictoricamente) quem s˜ao as bolas abertas emR2 eR3 com tal m´etrica, obtida considerando tais espa¸cos como o produto deR’s com a m´etrica canˆonica dada pelo valor absoluto da diferen¸ca. DenotaremosRp com tal m´etrica por (Rp, dprod).
Mostre que uma sequˆencia xn = (x(n)1 ,· · · , x(n)p ) ∈ X1× · · · ×Xp converge para x = (x1,· · ·, xp) se e somente se as sequˆencias dadas por cada i-´esima coordenada de xn convergem para a i-´esima coordenada de x.
Mostre tamb´em que uma sequˆencia no produto ´e de Cauchy se e somente se cada coordenada ´e Cauchy.
50. Mostre que se (X1, d1),· · ·,(Xn, dn) s˜ao espa¸cos m´etricos tais que toda sequˆencia limitada possui subsequˆencia convergente, ent˜aoX1× · · · ×Xncom a m´etricadprodtamb´em satisfaz a propriedade que toda sequˆencia limitada possui subsequˆencia convergente.
51. Mostre que se (X1, d1),· · ·,(Xn, dn) s˜ao espa¸cos m´etricos completos, ent˜aoX1×· · ·×Xncom a m´etrica dprod tamb´em ´e completo.
52. Procure a defini¸c˜ao de um espa¸co vetorial real com produto interno, e demonstre a desigualdade de Cauchy-Schwarz.
53. Procure a defini¸c˜ao de um espa¸co vetorial real normado, e mostre que todo espa¸co vetorial com produto interno tem uma norma natural dada porkxk:=p
hx, xi(mostre que ´e de fato uma norma!).
54. Mostre que todo espa¸co vetorial real normado ´e naturalmente um espa¸co m´etrico, com m´etrica dada pord(x, y) :=kx−yk (mostre que ´e de fato uma m´etrica!).
55. Mostre que
h,i:Rn×Rn→R hx,yi=
n
X
i=1
xiyi
define um produto interno em Rn. A m´etrica que se origina dos exerc´ıcios anteriores (explicitamente dada por d(x,y) =p
(x1−y1)2+· · ·+ (xn−yn)2 ´e chamada de m´etrica Euclidiana, e a norma (ex- plicitamente dada por kxk=p
x21+· · ·+x2n) ´e chamada denorma Euclidiana, e denotada pork · k2
quando queremos evitar confus˜ao. O espa¸co Euclidiano ´eRn equipado com toda essa estrutura.
56. Mostre que a fun¸c˜ao
k · k:Rn→R x7→max{|x1|,· · ·,|xn|}
´
e uma norma, e que a m´etrica que ela d´a origem ´edprod. Chamaremos tal norma dek · k∞. 57. Mostre que, dadox∈Rn, temos que
kxk∞≤ kxk2
e existe uma constanteC (que depende apenas den) tal que kxk2≤Ckxk∞.
58. Conclua que uma sequˆencia xn converge para xem (Rp, dprod) se e somente se converge para x em (Rp, dEuc). Finalmente, mostre usando os exerc´ıcios anteriores que toda sequˆencia limitada no espa¸co Euclidiano tem subsequˆencia convergente.
59. Conclua que uma sequˆenciaxn´e de Cauchy em (Rp, dprod) se e somente se ´e de Cauchy em (Rp, dEuc).
Finalmente, mostre usando os exerc´ıcios anteriores que toda sequˆencia de Cauchy no espa¸co Euclidiano
´
e convergente.
60. Considere o espa¸co m´etrico (X, d) :=C0([0,2]),d(f, g) :=R2
0 |f −g|. Mostre que a fun¸c˜ao ev0:X →R
f 7→f(0)
´
e linear. Defina a sequˆencia de fun¸c˜oesfn: [0,2]→Rdada porfn(x) = 1−nxsex≤1/n,fn(x) = 0 sex≥1/n. Mostre quefn→0 com rela¸c˜ao `a m´etricad, e que
lim ev0(fn)6= ev0(limfn).
OBS: Veremos posteriormente que este ´e um exemplo de uma fun¸c˜ao linear que n˜ao ´e cont´ınua, fenˆomeno que n˜ao pode acontecer com fun¸c˜oes lineares noRn canˆonico.
61. Mostre que em um espa¸co normadoX com a m´etrica dada pela norma, temos quexn→0 se e somente sekxnk →0.
62. Considere C := R2, com as opera¸c˜oes que o definem como corpo de forma canˆonica. Em primeiro lugar, mostre que a f´ormula
an−bn= (a−b)(an−1+an−2b+· · ·+abn−2+bn−1)
vale em qualquer anel comutativo. Conclua que uma s´erie geom´etricaPzn converge se e somente se
|z|<1.
Mostre que se |z| = 1 e z 6= 1, apesar de a s´erie geom´etrica divergir, suas somas parciais associadas formam uma sequˆencia limitada.