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18 de Abril Dia Nacional do Livro Infantil

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Academic year: 2021

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18 de Abril – Dia Nacional do Livro Infantil

Você sabia que no dia 18 de abril é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil? A data não foi escolhida ao acaso: trata-se

de uma justa homenagem a Monteiro Lobato, escritor que, como poucos, dedicou-se à literatura infantil no Brasil.

O Dia Nacional do Livro Infantil foi instituído em 2002, ano em que foi criada a Lei 10.402/02, registrando a data de nascimento de Monteiro Lobato como o dia oficial da literatura i n f a n t o j u v e n i l . E s c r i t o r v i n c u l a d o a o P r é - Modernismo brasileiro que contribuiu com obras célebres para o público adulto, Lobato deixou também um enorme legado para a literatura infantojuvenil, já que mais da metade de seus livros era dedicada a esse público. Sua primeira história infantil, A menina do narizinho arrebitado, foi publicada em 1920, e o sucesso do livro fez com que outros tantos surgissem, imortalizando as personagens Dona Benta, Pedrinho, Narizinho, Tia Nastácia, Emília, o Visconde de Sabugosa, entre outros, que posteriormente seriam eternizados no famoso programa de TV produzido no final dos anos 1970 até meados dos anos de 1980 e retomado no final dos anos de 1990 até meados dos anos 2000.

Monteiro Lobato foi o primeiro escritor da literatura infantojuvenil a perceber a necessidade de inserir nas

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histórias para as crianças e os jovens elementos da cultura nacional, como os costumes do povo do interior e as lendas de nosso folclore. Fez isso de maneira única, combinando a identidade brasileira aos elementos da literatura universal, como a mitologia grega. Foi também o precursor da literatura paradidática, cuja principal característica é permitir que a criança aprenda enquanto brinca e lê. Sua genialidade foi sempre à frente de seu tempo, pois se Laura Esquivel é atualmente famosa pelo seu “Como Água para Chocolate”, onde faz da culinária um arte revolucionária dentro da sua literatura, Lobato, por sua vez, e muito antes de Esquivel, tem uma passagem genial na qual inventa livros comestíveis para serem devorados pelos leitores e uma outra onde Narizinho e Pedrinho perdem-se na floresta e, para não morrerem de fome, cortam uma palmeira e comem palmito com mel. Prato moderníssimo.

Também foi um defensor do cinema, de Walt Disney e da frenética velocidade da vida e da cultura norte-americana.

Segundo ele “a velocidade no transporte do pensamento” dessa cultura e seus “maravilhosos espetáculos da arte muda” são

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“uma lição de moral que, se fora aceita, tiraria ao Rio o seu aspecto de açougue do crime passional. O cinema americano ensina o perdão…”

Progressista inveterado, Lobato escreveu certa vez a respeito daqueles que são contrários às coisas novas a seguinte frase:

“O grande erro dessa casta de homens é confundir corrupção com evolução. Condenam as formas novas de vida, que se vão determinando em conseqüência do natural progresso humano, em nome das formas revelhas. Logicamente, para eles, o homem é a corrupção do macaco; o automóvel é a corrupção do carro de boi; o telefone é a corrupção do moço de recados”.

Seria Monteiro Lobato o Nostradamus brasileiro?

Assim como o profeta e visionário francês, Lobato fez há quase um século previsões políticas, sociais e científicas que se concretizaram. Tudo está no livro O presidente negro, agora relançado

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O escritor brasileiro Monteiro Lobato, famoso pelas histórias infanto- juvenis do Sítio do Pica- Pau Amarelo, também escreveu para adultos, embora essas obras sejam menos conhecidas do grande público. Entre elas está um livro especialmente interessante: chama-se O presidente negro e foi lançado em 1926. Nesse trabalho de ficção fantástica, num estilo que os críticos comparam ao de autores mundialmente renomados como Gabriel García Márquez e George Orwell, Lobato prevê, com uma boa dose de acerto , cenários e situações que, improváveis para a época em que viveu, hoje são fatos concretos. O presidente negro foi relançado pela Editora Globo como parte de um projeto que inclui a reedição de outros 56 livros de sua autoria. A obra em questão nasceu da grande admiração que Lobato nutria pelos EUA, que no início da década de 1920 experimentavam uma expansão econômica (quebrariam em 1929) enquanto a Europa encontrava-se combalida. Entre os americanos, a indústria automobilística, por exemplo, estava

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no auge e adquirir um automóvel marca Ford era um sonho de consumo. Lá e aqui: nove em cada dez brasileiros ricos também queriam um Ford – e inclua-se aí o próprio Lobato. O personagem-narrador de O presidente negro, Ayrton Lobo, traduz esse desejo logo no início do romance: “Sonhei mudar de casta e por minha vez levar os pedestres a abrirem- me alas, sob a pena de esmagamento. (…) Foi, pois, com o maior enlevo d’alma que entrei certa manhã numa agência e comprei a máquina que me mudaria a situação social. Um Ford.”

Esse era o mesmo país no qual vigorava a Lei da Segregação Racial que impedia que negros utilizassem o transporte público ao lado de brancos. É nesse contexto histórico que Lobato faz a primeira e bombástica previsão: ele imaginou um cenário político em que os americanos veriam um homem negro e uma mulher feminista branca disputarem a Presidência do país. O escritor fez duas apostas certeiras de uma só vez: antecipou um embate político que hoje de fato existiu entre os democratas Barack Obama e Hillary Clinton e anunciou o feminismo que em 1926 nem sequer se esboçava na sociedade americana – os sutiãs seriam queimados quase quatro décadas depois.

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No desenrolar da disputa presidencial de Monteiro Lobato, vence o candidato negro e, rapidamente, os brancos se aliam ao partido das mulheres e montam uma grande e tenebrosa conspiração: criam um alisador de cabelos que leva quem o utiliza à esterilização. Lobato, também aí, antecipou outros elementos contemporâneos que nem eram sonhados – um deles é a chapinha, o outro a questão da descaracterização racial, assunto que o escritor brasileiro estudou profundamente e lhe rendeu críticas e acusações de defender o racismo e a eugenia (acreditar que a miscigenação piora uma raça). Uma de suas principais biógrafas, a historiadora Marcia Camargos afirma que a abordagem que o escritor fez desse assunto é um alerta contra a perda da identidade cultural e não tem conotação racista: “Ele já defendia a necessidade de se assumir as características étnicas e de jamais se negar as origens. Ele previu fenômenos como o do branqueamento de Michael Jackson”.

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As previsões que Lobato vai descrevendo no livro são todas capturadas por um aparelho chamado porviroscópio, geringonça criada por um velho cientista que vive numa mansão com sua filha. E quem nos revela o que essa engenhoca viu para o futuro (ela pode prever até 3458) é Jane, a filha do cientista. Ela conta o que enxerga através do porviroscópio ao narrador da história – o tal do Ayrton, aquele que comprara o carro Ford.

No mundo da tecnologia, a descrição que Lobato faz do futuro dos meios de comunicação é bastante convincente: “A roda, que foi a maior invenção mecânica do homem, terá seu fim. O rádio- transporte tornará inútil o corre-corre atual. Em vez de ir todos os dias o empregado para o escritório e voltar pendurado num bonde que desliza sobre barulhentas rodas de aço, fará ele seu serviço em casa e o radiará para o escritório: A internet de hoje. Em suma: Trabalhar-se-á à distância.” A imaginação de Monteiro Lobato vai além e lança luz sobre os atuais experimentos genéticos. O porviroscópio revela que a medicina avançaria muito e que experimentos genéticos permitiriam a existência de “seres vivos dobrados” como os clones que conhecemos hoje. Sobrou até para o criador da psicanálise, Sigmund Freud, porque, na imaginação de Lobato, os sonhos não seriam analisados, mas exibidos no cinema como entretenimento.

Entre 1927 e 1931, Lobato morou nos EUA, onde atuou como adido comercial do Brasil. Voltou de lá convicto de que aqui havia petróleo – e começou a fazer previsões no campo das riquezas naturais. Também aí acertou. Hoje temos o mundo de olho no Brasil por conta do petróleo e nossas riquezas naturais.

Se Lobato foi um “profeta” teve mais acertos que Nostradamus.

Nascido em Taubaté, estado de São Paulo, no dia 18 de abril de 1882, Monteiro Lobato transformou-se em “gás inteligente” — definição bem-humorada que costumava dar à morte — no dia 04 de julho de 1948. Durante seus 66 anos de vida contribuiu intensamente para a literatura brasileira, transformando-se em referência no assunto.

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“Meu cavalo está cansado e o cavaleiro tem muita curiosidade em verificar, pessoalmente, se a morte é vírgula ou ponto final.”

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