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DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: FORMAÇÃO DE PROFESORES PARA O ENSINO DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

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Porto Alegre, RS – 10 a 12 de setembro de 2015

DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: FORMAÇÃO DE PROFESORES PARA O ENSINO DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA

Arno Bayer

A Estatística aparece nos nossos registros históricos em datas já bastante distantes. Parece que o registro mais antigo é o relato na Carta Régia de D. João VI solicitando dados censitários ao vice-rei do Estado Brasil em julho de 1800.

Novamente em 1804, em Vila Rica, encontramos referências quando foi realizado o recenseamento na Capitania Minas Gerais, organizado por Herculano Gomes Matias. Este parece ser o primeiro passo para produzir estatística na colônia Brasil.

A vinda da família real ao Brasil, em 1808, fez com que D. João VI desse um forte impulso no progresso da colônia, abrindo os portos e viabilizando o ingresso de novas ideias vindas da Europa. Criou a Academia Real Militar, no Rio de Janeiro, onde iniciou o ensino de ciências e posteriormente Estatística.

Em 1858 a Academia Real Militar passou a se chamar a Escola Central, depois Escola Politécnica. Nesta escola se ensinava e se pesquisava matemática.

Em 1872 foi realizado o primeiro censo no Brasil, coordenado por José Maria da Silva Paranhos - Visconde do Rio Branco.

O médico J. P. Fontenelle ministrou o primeiro curso de estatística em território brasileiro no Instituto de Educação – IE do Rio de Janeiro. O fato mostra que este conhecimento está querendo aparecer no cenário nacional. No ano de 1934 foi criada a disciplina de Estatística Geral e Aplicada na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras- FFCL na Universidade de São Paulo – USP, a qual oferece o primeiro curso de especialização em Estatística Analítica em 1946. Em 1937 foi criado o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o qual promoveu, manteve e mantém cursos de estatística. Em 1953 foi criada a escola Brasileira de Estatística, que após um ano mudou de nome, passando a chamar-se de Escola Nacional de Ciências Estatística, oferecendo dois cursos um de nível superior e outro de nível técnico. A Estatística foi articulada em diversos contextos no cenário nacional, não como um conhecimento que aflora da mente fértil brasileira e sim como um engajamento no fluxo do conhecimento internacional. A UNESCO em 1948 criou o Comitê de

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Educação no International Statístical Institut – ISI. Já a partir da década de 70 o ISI passou a se preocupar com a Educação Estatística na Educação Básica. O ISI, movido por esta preocupação, criou a International Association for Statistical Education – IASE, com o propósito de implementar e consolidar a Educação Estatística no Mundo. A associação IASE passou a organizar o International Conference on Teaching Statistics – ICOTS. O primeiro ICOTS ocorreu em Sheffield na Inglaterra em 1982. O ensino no Brasil foi influenciado e motivado por esta movimentação internacional em relação ao ensino de estatística. A motivação pela educação estatística no Brasil se mostra no fato de que o ICOTS VII foi trazido para o Brasil e ocorreu em Salvador na Bahia em 2006.

Na década de 60 e a partir do final da década 70 muitos cursos de bacharelado em estatística foram criados no Brasil. Porém, nota-se que existe uma certa resistência para este conhecimento entrar no Ensino Básico. Alguns conteúdos de estatística apareciam nos livros didáticos de Matemática. O livro de Matemática Moderna de Marcius Brandão, da segunda série ginasial apresentava os conteúdos de Média Aritmética, Média Aritmética Ponderada, Média Geométrica e Média Harmônica (Figura 1).

Figura 1- Matemática 2ª SÉRIE GINASIAL

ANOS 70 MEDIDAS DE TENDÊNCIA

CENTRAL

Fonte: A pesquisa

A formação do professor de estatística está com pouca ressonância no contexto geral. O único curso de Licenciatura em Estatística no Brasil, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, foi extinto em 1997.

Segundo Irene Gasorla o marco inicial da Educação Estatística no Brasil se deu na Conferência Internacional sobre experiências e Perspectivas do Ensino de Estatística em Florianópolis em 1999. Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN recomendam a inclusão deste conhecimento no currículo do

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Ensino Básico do Brasil. Este conjunto de fatos, inspiraram e motivaram a criação de um grupo de trabalho, no VII Encontro Nacional de Educação Matemática - VII ENEM em 200l, o GT12, iniciando e fortalecendo a pesquisa na área. O II Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática - IISIPEM em 2003 em Santos/SP, consolidou este processo de investigação na área, onde o GT12, recém criado, teve oito trabalhos apresentados, dos 156 do evento. No III SIPEM, o GT12, teve um incremento positivo nos trabalhos aprovados e apresentados, num total de 11 trabalhos.

A Pós-Graduação na área de ensino, criado pela Capes no ano de 2000, deu um forte impulso no processo de qualificação do professor de estatística, envolvendo a pesquisa, a elaboração de dissertações e teses (Figura 2).

Figura 2 – Dissertações e Teses em Estatística

Fonte: Evolução Historia da E. Estatística - Rodrigo M. Santos

INICIO DA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Duas Dissertações 12 Trabalhos

1ª TESE Tratamento do

Informação Análise de Dados

7º ICOTS

International Conference on Teaching Statistics

246 Trabalhos

Primeira Tese: Recursos para reduzir a predisposição negativa à estatística em cursos da área de Ciências Humanas. Sérgio Francisco Costa 1994. Orientador: Wilson Rabahy USP

FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Fonte: Evolução histórica Educação Estatística – Rodrigo Santos

Segundo Santos (2015) a primeira tese em estatística foi elaborada por Sérgio Francisco Costa, com o título: Recursos para reduzir a predisposição negativa à estatística em cursos da área de Ciências Humanas, orientada pelo economista Dr. Wilson Rabahy, defendida na UPS em 1994. Até ao fim da década de 1980 apenas duas dissertações foram elaboradas. A década de 1990, foi um pouco mais profícua, foram elaborados 12 trabalhos, incluindo a primeira tese. Podemos considerar que o ano 2000 foi um marco importante

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para o ensino de estatística. Neste ano foi criada a Área de Ensino na Capes, ela alavancou intensamente a pesquisa na área, fazendo com que tivéssemos um forte aumento nas dissertações e teses. A motivação envolvendo a educação estatística se concretizou com a vinda do VII COTS para o Brasil.

A Pós-graduação certamente contribuiu e está contribuindo para a educação estatística no sentido de qualificar o professor de estatística. O forte aumento dos trabalhos na Pós-Graduação Sticto Sensu em educação estatística, tem mostrada a preocupação dos pesquisadores em relação ao fato. Porém, este bom aumento quantitativo na Pós-Graduação não tem trazido os reflexos necessários nos níveis inferiores.

Sabemos que os cursos de formação de professores de matemática, tem deixado grandes lacunas, quando se trata da formação do professor de estatística. Segundo Santos (2005), uma pesquisa realizada com 52 professores de matemática que participara do Programa Teia do Saber, no Estado de São Paulo, aponta que 76% destes professores não trabalham com a ideia de estatística no Ensino Fundamental e 66% não trabalham no Ensino médio, alegando que os livros didáticos adotados não abordam o assunto, a graduação não abordou a temática no curso de formação e que não se sentem preparados para desenvolver o conteúdo. Resultado semelhante nós encontramos em 2005, ao investigar 80 formandos do curso de Licenciatura Plena em Matemática no RGS, onde 52% deles declararam que o curso não os preparou para desenvolver o conteúdo de estatística. Ao serem interrogados sobre as maiores dificuldades que preveem encontrar ao lecionar estatística, eles informaram (Tabela 1), predominantemente, não terem conhecimentos suficientes.

Tabela 1 - Maiores dificuldades previstas ao lecionar Estatística

Resposta %

Não está preparado / Não tem conhecimentos suficientes 37 46,1

Não tem material didático 27 33,1

Não tem interesse 3 3,7

Falta de interesse do aluno 2 2,5

Não tenho dificuldades 2 2,5

Não gosta de Estatística 2 2,5

Falta de material atualizado 2 2,5

Tempo para coletar material 1 1,7

Outros 1 1,7

Não respondeu 3 3,7

TOTAL 80 100

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Viali (2008) investigou a presença e a carga horária destinada Probabilidade e Estatística nos cursos de Licenciatura Plena em Matemática.

Investigou 125 currículos de cursos de Licenciatura Plena em Matemática, selecionados aleatoriamente de 539 cursos de Matemática no Brasil. Com esta investigação, constatou que, em média, este conteúdo ocupa, 2,5% da carga horária do curso, considerando a carga mínima legal de 2400 horas. Estes resultados e as determinações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Matemática indicam que existe um descompasso entre a formação inicial do professor e o que ele deve ensinar na educação básica no que se refere a estatística. A ausência de conteúdos de estatística nas Diretrizes Curriculares Nacionais, a baixa carga horária nos cursos de formação do professor, apontado por Viali (2008), o despreparo dos licenciandos, constatado em 2005, e a grande parte dos professores não incluírem este conteúdo no Ensino Básico apontado por Santos (2005), nos motiva para elevar nossa preocupação com o ensino de Estatística no Ensino Básico.

Referências

Bayer, A. et al. (2005). Preparação do formando em Matemática-Licenciatura para lecionar Estatística no Ensino Fundamental e Médio. V ENPEC (Encontro Nacional de Pesquisa em Ciências).

Santos, C. R. (2005).O tratamento da informação: Currículos prescritos, formação de professores e implementação em sala de aula. Dissertação de Mestrado Profissional. São Paulo, PUC-SP.

Santos R.M. A Evolução Histórica da Educação Estatística e da sua Pesquisa

no Brasil. Disponivel em:

http://www2.fc.unesp.br/enaphem/sistema/trabalhos/1.pdf Acesso em: 30n de agosto de 2015.

Viali, L. (2008).O ensino de Estatística e Probabilidade nos cursos de Licenciatura em Matemática. XVIII

Referências

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