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RÁDIO DIGITAL Desafios e transformações desse novo veículo 16/09/2008. Érika Andréa de Melo Travassos * 1. Introdução

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RÁDIO DIGITAL

Desafios e transformações desse novo veículo 16/09/2008

Érika Andréa de Melo Travassos *

1. Introdução

Quando o rádio foi criado, no século XIX, acreditava-se que era o fim das publicações impressas e que o futuro das comunicações estava ali. Um aparelho que difundia informações para lugares longínquos, as pessoas já não precisariam contar apenas com o ‘boca-a-boca’ para se comunicar.

E o que dizer do sentimento de pânico quando a TV foi criada, no século XX. Seria o fim do rádio? Com o surgimento da televisão, os teóricos mais apocalípticos acreditavam que o rádio não se sustentaria diante da caixa iluminada que colocava pessoas dentro de nossas casas.

Agora, Século XXI, nossa discussão se acirra. Temos também o Mundo On-line. A internet, que vem engolindo todos os demais veículos. Rádio, TV, Impresso. Mas será que, como antigamente, podemos perguntar: Será que com a internet, tudo vai acabar?

Neste ensaio, vamos levantar problemáticas relacionadas ao Radiojornalismo. Nosso objetivo é discutir como a chegada da Internet pode transformar o rádio que conhecemos e quais seriam esses possíveis impactos. Para tanto, estudaremos autores que escrevem ao respeito do tema, construindo assim, uma opinião diante das múltiplas conclusões que o assunto contempla.

2 A Rádio Digital

“A rádio é um meio de comunicação extraordinariamente rico, com uma narrativa singular e para muitos, fascinante. Tradicionalmente conhecida como um meio imediato e irrepetível, a rádio, com o advento da Internet, pode redefinir-se”. É com este conceito que Paula Cordeiro abre o seu artigo Rádio e Internet: novas perspectivas para um velho meio (2004).

Para Neli Bianco, em seu artigo As forças do passado moldam o futuro (2008), é um instrumento de “fundamental importância na disseminação de costumes, idéias e ideais políticos e valores democráticos”. Para a autora, as mudanças sofridas por este veículo, desde a época do receptor a válvula na década de 30, passando pelo transistor em 60, a expansão da FM nos anos 70, a transmissão digital via satélite na década de 90, até chegar ao século 21 com a rádio na Internet, mostra a capacidade de mudança e transformação que tem este veículo.

Para Bianco (2008, p. 01) a grande transformação ainda está por vir, com a efetiva participação do rádio digital. Para a autora, “com a digitalização, desaparecerão por completo as interferências na transmissão de sinais”, proporcionando mais qualidade na informação. Bianco afirma que “essa revolução tecnológica irá revitalizar o rádio tanto no conteúdo quanto na forma de consumo.

Cordeiro (2004, p. 01) defende que com a chegada da internet no meio radiofônico, há toda uma natureza que se altera, nos obrigando “a reequacionar o conceito, questionando a validade da definição do que é rádio”. Ela coloca que o rádio é o “meio que ao longo da história da comunicação mais facilmente se adaptou aos novos cenários tecnológicos”, obedecendo cada vez mais a aspectos como: “interactividade, hiperligações, personalização e actualização”.

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E diante da busca desse novo conceito de rádio, Bianco faz uma afirmação relevante:

De fato, o surgimento de uma nova tecnologia carrega em si predições de toda ordem. Para os pessimistas, o novo destrói o velho irremediavelmente. Enquanto os otimistas ficam eufóricos perante o estímulo do potencial e a perspectiva revolucionária do meio emergente. No entanto, é preciso cautela nessa análise. O processo de mudança de um padrão tecnológico para outro é bem mais complexo. (BIANCO, 2008, p. 02)

Ainda é complicado pensar em um rádio que trabalhe junto com texto, vídeo e som. Foge da formatação original do que entendemos por rádiodifusão. Até porque, inicialmente a internet era apenas uma ferramenta de pesquisa para a produção de conteúdo para a rádio. Mas com o há avanço da tecnologia, as próprias estações de rádio começaram a disponibilizar seus conteúdos na internet, criando assim um espaço para a implantação da webrádio, que conquistou uma produção específica para o novo meio, como vemos hoje. “Na actualidade, o formato FM faz a ponte entre a comunicação áudio e o website da estação rádio”, afirma Cordeiro (2004, p. 03).

Para a autora, a internet fornece a este novo rádio serviços diferenciados “estabelecendo uma nova estrutura, mais rica e variada que concorre diretamente com o formato tradicional desta rádio”. E Bianco (2008, p. 02) acredita que por ser uma tecnologia que não surgiu do nada, mas passou por vários processos de mudança e adaptações a realidade, o rádio digital está se apropriando de “traços já existentes para encontrar, posteriormente, a sua própria identidade e linguagem. E, talvez por desconfiança de alguns, é que a autora acredita que o rádio digital no Brasil deve ficar “aquém do seu potencial inovador”, uma vez que ainda somos muito conservadores.

Para Bianco (2008, p. 05), um sinal desse conservadorismo é que a tendência das empresas que testam o rádio digital no Brasil é usar a tecnologia para “melhorar a qualidade de som da transmissão das emissoras AM”. A autora concorda que as rádios AM necessitam dessa revitalização, devido aos baixos índices de audiência, mas Bianco conclui que utilizar a rádio digital para propagar a AM “representará produzir a mesma programação de hoje em uma tecnologia que oferece muito mais”.

A autora defende que a rádio digital deve ir além do que apenas oferecer uma ótima qualidade de som. Ela deve oferecer novos atrativos, como a introdução de textos, imagens, links, e também aparelhos cada vez mais modernos para acompanhar esta revolução.

O rádio na internet é capaz de utilizar vários recursos de mídia, fazendo que o processo de comunicação seja mais eficaz, dando mais força de atração e credibilidade à informação. Mas, para Cordeiro isto também levanta preocupações. Uma vez conseguida essa convergência midiática da radio na web, o ouvinte/internauta se torna cada vez mais preso a recursos visuais. Para Cordeiro, a “webradio transforma-se num meio essencialmente visual”, o que descaracteriza o sistema de funcionamento sensorial da rádio, que é focada no recurso auditivo.

Por isso, Cordeiro defende que é que importante se criar conceitos e se definir exatamente o que é a webrádio: “o novo modelo começa a desenhar-se, mas está ainda em desenvolvimento”, segundo Cordeiro.

A autora defende que a rádio na web deve permanecer com características que marcam o rádio até hoje, como a utilização de “ouvintes/utilizadores como produtores da comunicação”, apenas aperfeiçoando o conceito de interatividade. Nesse ambiente de convergência midiática, trazida pela internet, a webrádio será um dos muitos canais desse novo meio.

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função do aumento do número de estações emissoras e da diversificação dos seus conteúdos”.

Bianco afirma:

Potencialmente, a tecnologia digital oferece a possibilidade de mudar a radiodifusão no país e abrir espaço para novos operadores e serviços diferentes e para a popularização da produção e veiculação de conteúdos. Permite tornar o rádio mais interativo, na medida em que as emissoras poderão trabalhar como as TVs por assinatura, com o usuário optando pelo programa ou música que gosta de ouvir, por exemplo, ou até mesmo comprando a programação. Este novo formato para o rádio pode ser uma maneira de fidelizar o ouvinte e de aumentar a lucratividade das emissoras. BIANCO (2008, p. 07)

Essas muitas formas que se abrem para o rádio, devem concentrar os níveis de audiência, contruibuindo para a formatação de programações radiofônicas cada vez mais focadas em públicos-alvo distintos, ou seja, uma segmentação que já acontece nos canais de TV a cabo. O que deve exigir ainda mais dos programas, que deverão ser mais trabalhados para conquistar a sua restrita audiência.

3. Problemáticas envolvidas

A rádio digital apresenta muitos desafios. O primeiro deles é a questão da adaptação à tecnologia. Uma das grandes discussões é qual sistema de transmissão de sinais será adotado no Brasil. Vários sistemas têm sido testados, entre eles o norte-americano IBOC (In-Band On Channel), os europeus DAB (Digital Audio Broadcasting) e DRM (Digital Radio Mondiale) e o japonês ISDB-Tn (Services Digital Broadcasting – Terrestre narrowband).

O governo brasileiro estuda qual modelo deverá se aproximar melhor da realidade de público do país. Até agora não se chegou a uma conclusão. Mas a nova tecnologia deve seguir um ritual antigo, as concessões.

Para Bianco, esse sistema de concessões organizado pelo governo brasileiro apenas alimenta um esquema de “interesses políticos e econômicos” onde estão a frente pessoas que não são do meio, mas utilizam a tecnologia e o espaço que ela cria apenas para se auto-promover. Pessoas que freqüentemente esquecem que os meios de comunicação devem ser usados em benefício de muito, do interesse geral, da maioria da população.

O que pode acontecer com a rádio digital, é o mesmo que já vem acontecendo com as rádios convencionais. O sistema de concessão atual privilegia a classe política e religiosa. “Atualmente 45% das emissoras pertencem a políticos e 25% a seitas evangélicas”, afirma Bianco (2008, p. 03). E o grande fator que contribui para esse número é a questão financeira. Muitas empresas não se sustentam sem estes tipos de verba e acabam cedendo as pressões para não deixarem de existir. E com a rádio digital, que a principio terá todo um investimento tecnológico, isso ficará cada vez mais nítido, sobretudo para pequenos grupos, como rádio comunitárias, Ongs, rádios universitárias, etc. Grupos estes, que mais se beneficiariam desse novo meio.

4. Conclusão

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Outro ponto relevante é se criar efetivamente um conceito para esta nova rádio, para evitar que esta tecnologia se limite a apenas funcionar como uma mera repetidora de produção de rádios já existente. É importante criar um modelo, uma formatação específica, uma produção inédita e não apenas usá-lo como uma continuação das emissoras de rádio. tradicionais.

É de fundamental importância que haja um controle e uma distribuição do sistema de concessões, para que não haja uma concentração de webrádios nas mãos de poucos, buscando uma democratização maior e mais justa.

É importante formar profissionais capazes de trabalhar neste novo meio, como também é fundamental se ter acesso a tecnologia de forma barata e dinâmica, assim os programas poderão cumprir com a sua função, que é proporcionar uma programação de qualidade.

Os programas dessa nova rádio devem buscar cada vez mais uma especificidade, uma vez que a audiência será fragmentada e os programas deverão ser cada vez mais focados em públicos-alvo específicos. Logo, uma produção de uma rádio convencional não deverá se encaixar neste novo perfil de produção.

É necessário entender que a rádio digital tem por obrigação inovar, trazer algo diferenciado, que vai atrair um grande público, porém segmentado, que estão em busca de um “algo a mais”, uma informação capaz de se conectar aos demais meios e mídias e que mesmo com esta concorrência, ainda terá seu espaço garantido.

Mas isto só será possível com acesso a tecnologia, profissionais bem preparados, produção específica e de qualidade, voltada para o interesse público.

Notas

FM: Abreviação de Freqüência Modulada, sistema de transmissão em que a onda portadora,

na faixa de 88 a 108 Mhz, é modulada em frequencia. As freqüências em FM sofrem menos

incidência de ruídos e apresentam maior fidelidade a resposta. CHANTLER & HARRIS

(1998, p. 189).

AM: Sigla de Amplitude Modulada. Sistema de transmissão de sinais eletromagnéticos

realizados através da modulação da amplitude (ou comprimento) das ondas, em frequencias

que variam de 550 a 1600 Khz. CHANTLER & HARRIS (1998, p. 186).

5. Referências

A criação do Rádio: 70 anos de Rádio no Brasil. Disponível em:

http://www.radioclaret.com.br/port/historia.htm. Acesso em 20/07/08.

A História do Rádio. Disponível em: http://www.microfone.jor.br/historia.htm Acesso em 20/07/08.

BIANCO, Nélia. As forças do passado moldam o futuro. 2008. Disponível em:

http://www.bocc.ubi.pt/pag/bianco-nelia-forcas-moldam-o-futuro.pdf. Acesso em: 22/07/2008.

CORDEIRO, Paula. Rádio e Internet: novas perspectivas para um velho meio. 2004 Disponível em:

http://www.bocc.ubi.pt/pag/cordeiro-paula-radio-internet-novas-perspectivas.pdf. Acesso em 21/07/08.

CHANTLER, Paul & HARRIS, Sim. Radiojornalismo. São Paulo: Summus editorial, 1998.

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*Érika Travassos é graduada em Comunicação Social, habilitação Radialismo.

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