GESTÃO DEMOCRÁTICA NO AMBIENTE ESCOLAR
Larissa Avelino da Silva (Faculdade de Mato Grosso do Sul)
Nathalia Patricia Figueroa Cortez Xavier (Faculdade de Mato Grosso do Sul)
Introdução
O presente trabalho vem com a intenção de discutir e elencar ações que levem toda a comunidade escolar a desenvolver uma gestão democrática participativa. Foi a partir dessa visão que se criou a seguinte problemática: Como desenvolver uma gestão democrática e participativa no ambiente escolar?
A Gestão Democrática está estabelecida na coordenação de atitudes e ações que sugerem a atuação social, ou seja, a corpo social escolar (professores, alunos, pais, direção, equipe pedagógica e demais funcionários), devendo este ser considerado sujeito ativo em todo o processo da gestão, participando de todas as decisões da escola.
De acordo com Libâneo (2008), a participação é o meio fundamental para garantir a gestão democrática da escola, uma vez que proporciona o envolvimento de profissionais e a comunidade no processo de tomada de decisões, bem como no conforme funcionamento da organização escolar. Dessa forma, proporciona melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica, das relações da escola com a comunidade, favorecendo, assim, uma proximidade mútua entre educadores, alunos, pais e comunidade. A este respeito discorre Libâneo (2008)
O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas
autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação (LIBÂNEO, 2008, p. 102).
A gestão escolar participativa é fundamental para melhorar a qualidade pedagógica do processo educacional das escolas, garantir ao currículo escolar maior sentido de realidade e atualidade, aumentar o profissionalismo do professor, motivar o apoio da comunidade e desenvolver objetivos relacionados a comunidade.
A LDB, em seus artigos 14 e 15, apresentam as seguintes determinações, no tocante à gestão democrática:
Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público (BRASIL, 1996, p.1).
Além da LDB, a gestão democrática participativa vem sendo amparada também pela Constituição Federal (CF 05/10/1988) e pelo Plano Nacional de Educação (PNE - Lei n.
10.127, 09/01/2001). Segundo Dalberio (2008), a gestão vem hoje como uma nova forma de administrar a realidade, sendo por si só democrática quando traduz a ideia de comunicação através de uma participação coletiva. A mesma ainda afirma que a democracia assume papel de responsabilizar todos àqueles que participam das tomadas de decisões dentro do contexto escolar. Sendo assim afirma,
a democracia na escola só será real e efetiva se puder contar com a participação da comunidade, no sentido de fazer parte, inserir-se, participar discutindo, refletindo e interferindo como sujeito, nesse espaço. É preciso fazer com que a gestão democrática se realize concretamente na prática do cotidiano escolar. (DALBERIO, 2008, p. 3).
Lück (2006) reflete sobre algumas questões importantes para fazer com que gestores e docentes pensem num ambiente democrático e participativo. São questões que levam grupos
e integrada, e fazendo assim, com que todos contribuam de forma efetiva na a criação de um Projeto Político Pedagógico democrático.
Não podemos deixar de mencionar a importância dos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) das escolas para a concretude de um ambiente mais democrático. Veiga (2008) declara ser o PPP um objeto de estudo Municipal, Estadual e Nacional que busca a melhoria do ensino e a construção do mesmo deve ser “entendido como a própria organização do trabalho pedagógico da escola como um todo” (VEIGA, 2008, p. 11). Afirma também ser fundamental a escola estabelecer boas relações com o sistema de ensino, para que este lhe propicie condições de trabalho adequadas, porém não se deve estar sempre no aguardo de que as esferas administrativas tomem a iniciativa, devendo a escola assumir o controle das situações lá vivenciadas. Sendo assim, o PPP é fundamental para que o ambiente escolar esteja em constantes mudanças democráticas e com intensa participação da comunidade. Ainda citando Veiga,
O projeto não é algo que é construído e em seguida arquivado ou encaminhado às autoridades educacionais como prova do cumprimento de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola. (VEIGA, 2008, p. 13).
Além de todo o envolvimento da comunidade interna da escola, para se apresentar um ambiente efetivamente democrático deve-se também buscar participação ativa e frequente da comunidade externa desta escola. Hora (2013) afirma ser fundamental a conexão entre a escola e a comunidade ao seu redor, de modo que todas as ações desenvolvidas pelo estabelecimento de ensino estejam voltadas às necessidades comunitárias. Assim “é preciso compreender as concepções de comunidade e as relações que a escola estabelece com seu contexto social imediato”. (HORA, 2013, p. 55). A seguir Dalberio (2008) discorre a respeito.
Para garantir a democracia exige-se a participação popular, a presença e intervenção ativa de todos. Não vale estar presente e somente ouvir e/ou consentir, é preciso aprender a questionar e a interferir. Exercendo verdadeiramente a cidadania, a população – pais, mães, alunos, professores, gestores e pessoal administrativo -, devem ser capazes de superar a tutela do poder estatal e de aprender a reivindicar, planejar, decidir, cobrar e acompanhar ações concretas em benefício da comunidade escolar.
(DALBERIO, 2008, p. 4)
Em muitos lugares a escola é uma das poucas entidades organizadas das comunidades, assim, Hora (2008) nos remete ao posicionamento de que estas devem levar tais comunidades à uma melhora geral. Muitas vezes outras instituições utilizam a escola como meio de melhorar o meio comunitário e assim, estas comunidades devem exercer seus papeis políticos , exigindo seus direitos e sabendo exercer seus deveres.
Metodologia
Esse trabalho é permeado por uma pesquisa de campo em uma escola pública estadual do município de Campo Grande - MS, onde foram entrevistados dois gestores, sendo eles um coordenador e um diretor. Ambos foram questionados com o intuito de saber como exercem suas funções para garantir uma gestão democrática, sendo que desde a Constituição Federal garante-se uma gestão democrática.
A pesquisa de campo é importante para entender melhor a pratica dos gestores que segundo Gonsalves (2001, p.67)
A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um conjunto de informações a serem documentadas [...].
Os gestores responderam um questionário com vinte perguntas, sendo dez para o coordenador e dez para o diretor, contendo ao total quatorze questões objetivas e seis questões dissertativas. A entrevista ocorreu entre os meses de março e abril de dois mil e dezoito.
Além das entrevistas, houveram também analises dos documentos escolares, como o Projeto Político Pedagógico e o Regimento Escolar, e observação de toda equipe pedagógica, em especial os gestores.
Resultados e Discussões
A pesquisa de campo resume-se em entrevistas, onde pode se perceber a necessidade da família para os gestores exercerem suas funções e efetuar uma gestão democrática, pois na maioria das vez os pais são convidados a comparecer a escola e nem sempre a solicitação é correspondida.
Segundo a coordenadora quando a família não tem contato, interesse em participar da vida escolar, o educando se torna indisciplinado tornando cada vez mais difícil tanto a relação entre gestores e educandos quanto a relação dos professores e educandos.
Considerações Finais
Todo o trabalho foi baseado em uma pesquisa qualitativa realizada em uma escola pública estadual no município de Campo Grande – MS, onde pode-se observar como gestores e comunidade escolar se portam em busca de um ambiente mais democrático.
Concluímos que para uma real gestão democrática e participativa é fundamental a participação de toda a comunidade escolar, sendo ela interna e externa. A comunidade escolar, gestores, pais e responsáveis, professores e educandos devem estar sempre participando de todas as tomadas de decisões, assim como a confecção do Projeto Político Pedagógico, de forma consciente e crítica, em busca de reais melhorias para o ambiente escolar.
Referências
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação a Distância.
Salto para o Futuro: Construindo uma escola cidadã, projeto político-pedagógico. Brasília:
SEED, 1998. ISBN
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed.
Goiânia: MF Livros, 2008.
DALBERIO, Maria Célia Borges. Gestão democrática e participação na escola pública popular. Revista Iberoamerica de Educación, LOCAL, n°47/3, p. 2-4, outubro 2008.
GONÇALVES, Elisa Pereira. Iniciação à pesquisa científica. Campinas, SP: Editora Alínea, 2001.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Orgs). As dimensões do projeto político- pedagógico.9ª edição. Campinas: Editora Parirus, 2012.