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Rev. adm. empres. vol.13 número3

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Academic year: 2018

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mina a inevitab ilidade de sua decadência, que const it ui ape-nas tendência para certos casos.

Procuram os destaca r aspectos que ma is nos chamara m a aten-ção na obra, o que de modo al-gum esgota as várias cont ri bui-ções que traz.

A comparação das concepções de vários autores sobre bairros rurais, o questi onam ento de cer-t o cer-t ipo de divisão econôm ico-so-cial do Estado de São Pau lo, a expos ição dos métodos utilizados nas pesquisas, a caracteriza ção dos municípios em que se loca-lizam os bairros estu dados, bem como a descrição detal hada des-tes últi mos, do seu funci onamen-to, das re lações com os núcleos

urbanos e regiões, são outras tan -tas con t rib uições a assin ala r. ·

No entanto a obra parece-nos ser um tanto repetitiva nas an á-lises e conc lusões. No estudo de cada unidade pesquisada, repi -sam-se, de modo desnecessário, os pressupostos utilizados e as hipóteses que se vão formulan-do. As teses da autora, entretan-to, contribuem pa ra novas dis-cussões sobre o bairro rural. Des-ta forma, a obra con stitui mais uma con t ribuição à I iteratu ra e-xistente e sua leitu ra é necessá-ria para o estudo do problema do

bairro rural. O

Marisa Saenz Leme

Brancos e Pretos

na Bahia

Por Donald Pierson. 2 ed. São Paulo, Companhia Ed itora Na-cional, 1971. 430 p. (Coleção Bra-siliana, v. 241).

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brasiliana

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Enquanto na década de 30 proli-feravam no Brasil estudos cultura I istas sob re os negros, enfati -za ndo aspectos religiosos, fol cló-ricos lingüísticos, etc ., o tema

Bョ・ァセッB@

mantinha:se exc luído das preocupações sociológi cas da época, então essen cialmente ensa ísti cas.

Esta ob ra de Don al d Pierson , baseada em pesquisas rea lizada s en tre 1935 e 1937 na Ba hia, sur-giu como trabal ho isolado, posto que ori entada de modo totalm en-te original .

O

autor vinha ao Bra-sil fund am entado na sociol ogia americana incrementada por Ro-bert Park, RoRo-bert Redfie ld, Lo uis Wirth Herbert Blumer e ou tros.

d・ ウ ・セカッャカ・オ@

observação cui

dado-sa, procurou co nseguir, ゥセエ ゥ ュゥ、 セ ᆳ

de com o objeto de anal 1se res i-di ndo em i-diferentes pontos da ci dade de Salvad or, part ic ipando tanto quanto possível das ativi-dades cu lt urais da popu lação de cor; estudou docume ntos e le-vantou dados sobre a distribui-ção da populadistribui-ção na cidade, as atividades econômicas mais ca -racterísticas, etc.; valeu-se de questionários aplicados a

estu-Revista de Adm inistração de Empresas

dantes e de entrevistas diversas, depoimentos escrit os, enfim, 」ッョセ@

seguiu reunir uma massa de da-dos emp íricos t otalmente inédita, a que conferiu t ratamento esta-tístico. Talvez este seja seu maior mérito. Além disso, consi-derou em larga escala os estudos feitos anteriormente sobre o as-sunto, quer por brasil eiros, quer por estran gei ros, comparando os res ultados que ia obtend o com os deles. Assu mi u atit ude du rk-he imia na diante do objeto de es-t udo, ao prees-tender isenes-tar-se de envolvi mentos emocionais ou va-lorativos, dispondo-se a descre-ver e analisar, tã o-somente.

Pierson veio ao Brasil com o intuito de proceder a um estudo sistematizado e objet ivo das re-la çõe s de raça, po is aq ui se apre-se ntava um dos mais im

portan-tes melting-pots de raças e cul

-tu ras, numa época em que, tanto a Eu ropa quanto os Estado Uni-dos e outros, se viam às voltas co m questões raciai s. Foi j usta-mente a ausênc ia de "probl ema racia l" no Brasi l que chamou sua atenção. Percebe-se, por isso, que desde o início do trabalho hoJve um quadro de referências implícito, qual seja, o das rela-ções racia is na soci edade com a qual o autor estava fam iliariza-do: a norte-americana.

No decorrer de t oda a obra há refe rênc ias comparativas, que enfatizam ou reafirmam o

cará-te r típ ico das relações rac iais nas duas sociedades: a inexistên-cia de uma "lin ha de cor" ríg ida, a organ ização social baseada em cla sses abertas, a pol ítica assimi-lac ionista por parte dos " bran-cos" e a id eologia (n ão forma l) da democracia rac iàl, na socieda-de brasil eira; a socieda-demarcação rí-gida entre negros e brancos, a exi stênc ia de verdadeiras castas sepa ran do esses grupos e a cons-ciênc ia dos negros como "mino-ri a", nos Estados Un idos.

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inadequado o termo "raça", da-do o grau de diluição provocada-do pela miscigenação, optou pela substituição por "cor"; mas ainda assim teve problemas, porque aqui ela não se refere apenas

à

aparência física, pois tem tam-bém significado social.

A discriminação com base na raça não faz parte dos mores bra-sileiros; é individual. セ@ inegável que ela existe, de certa forma, na Bahia, quanto às pessoas de cor, mas セウエッ@ não significa que haja preconceito - se este for toma-do como um sentimento parti-lhado por um grupo racial domi-nante, que se presume ameaça-do, na sua posição privilegiada, por uma raça subordinada, sen-do, portansen-do, um mecanismo de defesa.

O caráter miscigenacionista da colonização portuguesa, fixado firmemente nos mores coloniais (os brancos assimilando os mu-latos e estes, os negros), o fre-qüente estabelecimento de rela-ções primárias e de afetividade entre senhores e escravos {do-mésticos, especialmente) e a pró-pria passividad& do negro brasi-leiro, teriam evitado o surgimen-to de antagonismos raciais aqui.

Os que existem enquadram-se melhor numa categoria cultural, minimizados

à

medida que avan-ça o processo de assimilação gra-dual e de ascensão social dos ele-mentos de cor. Pierson compara, neste ponto, a formação de clas-ses sociais no Brasil depois da Abolição (que foi processo gra-dual e generalizado ao País to-do), com o período extremamente conturbado que sucedeu à Guer-ra de Secessão nos Estados Uni-dos, em que os antagonismos ra-ciais puderam manifestar-se. No dizer do próprio autor, "não exis-tem na Bahia 'castas' baseadas em raça; existem somente 'clas-ses'. Isto não quer dizer que não exista discriminação em que es-tejam envolvidas pessoas de cor, mas sim que a discriminação existente

é

de 'classe' e não de 'casta'. セ@ o tipo que existe entre os próprios homens de cor nos Estados Unidos, cuja intensida-de é maior do que geralmente se pensa" (p. 353}.

No Brasil, o passado "escuro" de uma pessoa

é

facilmente

es-quecido, porque outros fatores como o nível de instrução, o nível econômico, o status ocupado, são mais importantes, conforme reve-laram as pesquisas na Bahia. Na classe "inferior" inexiste o pre-conceito, acontecendo muitos ca-samentos mistos (o "branquea-mento" da população é geralmen-te muito valorizado}. Se eventual-mente há oposição ao casamento com pretos, esta se baseia mais na situação de classe que em

ra-ça,

propriamente. Assim também qualquer tratamento diferencial. A medida que a população de cor ascende na escala social, a ten-dência é então a maior diluição

na cor. Portanto, a qualidade res-tritiva da cor, com seu sentido simbólico, pode ser vencida por qualidades outras, como a inteli-gência, fortuna, beleza, capacida-de profissional, etc., como o au-tor pôde atestar na Bahia.

A ascensão do negro se faz, no Brasil, com referência

à

comu-nidade total, e não como nos Es-tados Unidos, dentro dos limites do mundo de cor. Porque " ... a organização social da Bahia ten-de a assumir a forma ten-de uma or-dem de livre competição, na qual os individuas encontram seu lu-gar pelos critérios da competên-cia e realizações pessoais e cir-cunstâncias fortuitas, mais que por sua origem racial" (p. 365}.

Entretànto as pesquisas reve-laram que ainda há uma coinci-dência extensa da cor com o status inferior, mas as exceções confirmam que existe a abertura (tratando-se, portando, de um sis-tema de classes e não de cas-tas). A própria intelectualidade brasileira tem excluldo de suas preocupações os problemas de conflitos raciais, apelando para questões etnológicas e históri-cas, que apontam as resistências culturais à assimilação (o inte-resse pelos aspectos sociológi-cos freqüentemente tem partido de elementos estranhos

à

cultu-ra bcultu-rasileicultu-ra). Pierson indica que também não se ouve falar de descontentamentos e protestos por parte dos elementos de cor, principalmente daqueles que gal-garam posições melhores, porque eles anseiam a assimilação. Se da parte de alguns emerge a consciência da seleção negativa,

a identificação é de diferenças de classe e não de raça. Dai a não formação de uma "minoria racial" autoconsciente.

Baseado em amostragem da população em Salvador, o autor obtém a distribuição da popula-ção de cor por "classe social", concluindo que todas as cores estavam representadas em todas as "classes", ainda que os bran-cos ocupassem notadamente as camadas "superiores" e a gente de cor, as "inferiores" - isto se deve ao ponto de partida inferior e

à

existência de condições li-mitadas à melhoria ocupacional, escolarização, etc., na sociedade brasileira inclusiva.

Achamos oportuno indicar aqui alguns pontos que julgamos dú-bios, equivocados ou esqueci-dos pelo autor, que, entretanto, relevamos ao considerar as qua-lidades inegáveis deste trabalho pioneiro, a que foi dada continui-dade somente na segunda déca-da seguinte, pelos sociológos de São Paulo. Pierson fala ao nível da consciência social dos "bran-cos" brasileiros dos círculos di-rigentes, quando menciona o ca-ráter relativamente "brando" da escravidão no Brasil, quando en-fatiza a aceitação dos individuas pela sociedade em razão de qua-lidades psicológicas e sociais, as "vantagens" havidas para o ne-gro pela manutenção dos laços paternalistas depois da Abolição, a existência somente do precon-ceito de classe, etc. Ora, de uma perspectiva mais atual e não in-fluenciada pelo paradigma norte-americano de relações raciais, podemos contra-indicar: a) que por ocasião da Abolição manifes-taram-se os interesses de seto-

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res econômicos fundamentais da nação, não importando o negro como homem; não houve critica profunda da escravidão, nem se alteraram as posições ocupadas pelas antigas camadas sociais; a ordem senhorial e escravocrata foi em grande parte mantida; a alteração localizou-se apenas na esfera juridica; b} faz parte da ideologia racial dos brancos a no-ção de que são os individuas os próprios responsáveis pelas posi-ções desvantajosas que ocupam na sociedade, pressupondo-se a

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livre concorrên cia entre t odos, e não a predomi nância econôm ica e soci al do branco; essa posição isenta as elites branca s de res-ponsab il idade pela situ ação do!" negros; c) a luta pela ascensão social e econômica (o "branq uea-mento soc ial") exige, para se al-cançarem os traços qualitativos valorizados, o dom ínio de técni-cas sociais a que os elementos de cor t êm acesso muito ma is difi-cilme nte que os brancos (aquisi-ção de instru (aquisi-ção, f orma(aquisi-ção de menta lidade de poupa nça, et c.), vindo isto a constit ui r um aspecto aberrante numa soci edade que se supõe competitiva; d) os ind iví-duos de cor que alcançavam me-l h ores posições identif icava m-se totalmente com o mu ndo bran co, dando luga r a uma acefalização da gente negra; gera lmente esses elem ent os obtinham a solidarie-dade paternalista dos brancos (a propósito, vide, na obra em pau-ta, o apêndice A) e eram admi-tidos como exceção (a apatia e passivi dade dos outros negros era tacitamente pref erida)- os bran-cos entre si é que competiam; e) se o preconceito é essencialmen-te de cla sse, deve ca ir quando é

vencida a barrei ra da pobreza; mas qua ndo negros e bran cos se situa m num mesmo níve l, os brancos são favorec idos - neste pon to, Pierson teria sid o limitado pe la escolha da Bahia, com o área de estudo, ao invés do Rio de Ja neiro ou São Pau lo, on de os ne-gros prova ve lmente ai nda não ti-nham co ndições de participação plen a.

Na introdução

à

presente edi-ção o autor reco nhece que mui-tos outros tra balhos mais com-pletos foram realiza dos depois do_ seu, em vários cent ros nacionais e que no la pso entre a pri -meira e a segu nda ediçã o bra si-le ira o processo de in dust rializa-ção e urban izarializa-ção deve ter af e-tado o context o baia no, por isso retoma al guns aspectos. No todo, porém , não proced eu a al tera ções

substanc iais. O

Ma rineide do Lago Salvador dos Santos

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