Figuras 32. (a) Processo de escavação através da retroescavadeira; (b) Detalhe da escavação através da retroescavadeira; (Fotos do Autor)
Figuras 32. (c) Vistas da retroescavadeira operando na limpeza da área após o processo de amostragem e acondicionamento. (Fotos do Autor)
Todos os furos feitos durante a etapa de escavação foram preenchidos com “rachão” (pedras grandes), visando aproveitá-los como alívio dos gases de aterro, conforme solicitado pela prefeitura local (A RECUPERAÇÃO , 2004; L IXÃO , 2004). Uma vista destes furos podem ser visualizados nas Figuras 33.
Figuras 33. (a) Vistas dos furos gerados pelo processo de escavação via tradagem com a
TPM. (Fotos do Autor)
Figura 33. (b) Buraco gerado na escavação via retroescavadeira. (Foto do Autor)
Figura 33. (c) Ponto de perfuração preenchido com “rachão” (Latitude 7397254 e Longitude 372093), para escoamento dos gases. Ao fundo, alunas voluntárias da ETE em visita ao aterro
de Volta Fria. (Foto do Autor)
4.4 – A TIVIDADES DE C AMPO : A MOSTRAGEM , REGISTRO E TRANSPORTE
As atividades de amostragem e acondicionamento dos resíduos (artefatos) seguiram procedimentos simples, porém bastante rigorosos, visando ao atendimento das expectativas do projeto, quanto à sua relevância nas interpretações dos resultados finais.
Conforme já descrito, foi estipulado um total de 77 metros lineares de perfuração via TPM mais 5 metros escavados pela retroescavadeira.
Inicialmente, marcava-se a broca utilizada pela TPM de metro em metro,
visando à coleta estratigráfica das amostras. Ao penetrar no maciço de lixo, a
broca, devido ao seu movimento de rotação, funcionava como um saca rolhas
que, ao atingir um metro de perfuração, era recolhido para fora do maciço,
obtendo-se material que impregnava a broca, conforme é possível observar
nas figuras 30 e 31. Este procedimento foi executado a cada novo metro atingido.
Com a broca recolhida, o material impregnante era removido sobre tapumes colocados ao redor do buraco formado com o auxílio de enxadas.
Foram utilizados tapumes como forma de proteção das amostras, visando não permitir o contato do resíduo escavado com resíduos superficiais, normalmente encontrados em toda a extensão do aterro. As figuras 34 apresentam os procedimentos da medição do metro na broca perfuratriz e o momento de retirada do material coletado sobre os tapumes.
Figuras 34. (a) Medição de um metro na broca perfuratriz visando a coleta de amostras de metro em metro para estudo estratigráfico; (b) e (c) Material impregnando na broca sendo
retirado com enxadas sobre tapumes para posterior amostragem. (Fotos do Autor).
Com o material sobre os tapumes a equipe do projeto avançava sobre o monte de resíduos e, posicionando-se ao redor deste, começava o procedimento de amostragem.
Nesse processo, o material amostrado era acondicionado em sacos
plásticos transparentes de 50 litros capazes de suportar até dez quilos de
material. Este procedimento atendeu de forma satisfatória as recomendações
feitas pela norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004b)
e da American Society for Testing and Materials (ASTM, 1992). Em média, foi
coletado cerca de 80% do material retirado do maciço de lixo para cada metro
escavado, após ser desconsiderado, o quanto possível, o solo utilizado como
cobertura.
As figuras 35 apresentam a equipe do projeto Arqueologia do Lixo executando a amostragem do material retirado do maciço de lixo.
Figuras 35. (a) Amostragem e acondicionamento do material coletado no processo de escavação. (Fotos do Autor)
Figuras 35. (b) TPM em operação e processo de amostragem e acondicionamento de resíduos. (Fotos do Autor)
Cada saco, ao ser preenchido com material amostrado era fechado e encaminhado para identificação e registro da amostra. Esta identificação foi feita através de etiquetas preenchidas com as informações seguintes:
• Nome do Projeto;
• Cidade de execução;
• Local de estudo;
• Nome de quem fez o registro;
• Latitude (UTM) e Longitude (UTM)
• Profundidade (metros)
• Aspectos Visuais (cor)
• Aspectos olfativos (odor) classificados como não perceptível, leve ou intenso;
• Consistência do material, classificado como sólido, pastoso / sólido e pastoso / líquido;
• Técnica utilizada;
• Data e hora da amostragem; e
• Numeração seqüencial dos sacos contendo as amostras.
Estas informações foram selecionadas visando um registro preciso para posterior análise em laboratório, validação da metodologia empregada sob um ponto de vista arqueológico e favorecer novos trabalhos interdisciplinares de profissionais interessados no setor de resíduos sólidos.
As figuras 36 e 37 mostram os sacos preenchidos com material amostrado no momento do registro de informações e exemplos de etiquetas preenchidas, respectivamente.
Figuras 36. (a) Processo de acondicionamento e registro das amostras coletadas;
(b) Alguns sacos, contendo material amostrado, devidamente identificados.
(Fotos do Autor)
Figuras 37. Etiquetas utilizadas para registro das amostras na etapa de escavação localizadas na latitude 7397373 e longitude 371982. É possível observar que na passagem de 2 metros para 3 metros de profundidade, há uma alteração na percepção do odor do material coletado
de leve para intenso. (Fotos do Autor).
Após cada jornada de trabalho de escavação, amostragem,
acondicionamento e registro, todo o material era transportado para o
laboratório temporário, montado em Mogi das Cruzes, para armazenagem
inicial. A figura 38 mostra o veículo carregado para transporte do material
coletado durante uma jornada de um dia de trabalho.
Figura 38. Material amostrado devidamente acondicionado para transporte para laboratório.
(Foto do Autor)
Tabela 9. Amostras coletadas e a sua localização no sítio.
Ponto Localização (UTM) Amostras Registradas 1 Latitude: 7397266
Longitude: 372181
T01-T05 T06-T11 T12-T16
T17-T23 T24-T28 T29-T33
T34-T38 T39-T43 T44-T48 2 Latitude: 7397349
Longitude: 372250 T49-T51
T52T56 T57-T61
T62-T66 T67-T71 3 Latitude: 7397310
Longitude: 372210
T72-T74 T75-T79 T80-T83
T84-T89 T90-T94 T95-T99
T100-T104 T105-T109
4 Latitude: 7397351 Longitude: 372001
T110-T114 T115-T119 T120-T122
T123-T127
T128-T132 T133-T137 T138-T142
5 Latitude: 7397373 Longitude: 371982
T143-T146 T147-T151 T152-T156
T157-T161 T162-T166 T167-T171
T172-T176 T177-T181 T182-T183 6 Latitude: 7397290
Longitude: 372047
T184-T187 T188-T192 T193-T197 T198-T202
T203-T207 T208-T212 T213-T217 T218-T222
T223-T228 T229-T233 T234-T238
7 Latitude: 7397254 Longitude: 372093
T239-T240 T241-T245 T246-T250 T251-T255
T256-T260 T261-T264 T265-T269
T270-T274 T275-T279 T280-T284
8 Latitude: 7397183 Longitude: 372262
T285-T286 T287-T290 T291-T294
T295-T298 T299-T302 T303-T306
T313-T317 T308-T312 T318-T320 9 Latitude: 7397176
Longitude: 372305 T321-T323
T324-T325 T326-T329 T330-T334
10 Latitude: 7397317
Longitude: 372882 R01-R03
R04-R06 R07-R15
R10-R12 R13-R14
4.5 – A TIVIDADES DE L ABORATÓRIO : O PERAÇÕES U NITÁRIAS
Após o término das atividades de campo e encaminhamento das
amostras para armazenagem inicial, iniciaram-se as atividades de laboratório
propriamente ditas, destacando-se as operações unitárias de armazenagem
inicial, pesagem, lavagem, secagem, triagem e segregação.
Inicialmente foram realizadas as pesagens das amostras em balança eletrônica de bancada com capacidade de 150 kg, precisão de ± 0,05 kg e plataforma de 50x50cm, em local limpo e de superfície plana, conforme pode ser visto na figura 39b.
Figuras 39. (a) Armazenagem inicial após transporte para laboratório antes da pesagem;
(b) Processo de pesagem das amostras coletadas;
(c) Armazenagem do material após pesagem, para posterior lavagem.
(Fotos do Autor)
Foram gerados 349 sacos de amostras com peso médio de 4,1 kg cada, sendo que para cada metro foram coletados, em média, 4,5 sacos, fornecendo um total de 1.432,3 kg. Neste sentido, para efeito de classificação do material coletado, considera-se uma amostra,como sendo referente a um metro linear de escavação, obtendo-se, portanto, 77 amostras diferentes 14 . A tabela 10 apresenta os resultados do processo de pesagem das amostras coletadas.
Após a pesagem o material foi encaminhado para bancadas de lavagem para eliminação do excesso de terra. Foram empregados três pontos de lavagem, visando um melhor rendimento desta etapa. Em dois pontos o material foi lavado sobre uma mesa especialmente montada, cuja base era constituída por uma tela de malha fina, tendo a função de evitar a perda de materiais pequenos como sementes e grampos, entre outros, durante o processo. Com a mesma preocupação, o terceiro ponto empregou peneiras de malha fina, como meio de garimpar o material durante a lavagem. As figuras 40
14
Ressalta-se que apesar de terem sido escavados 77 metros lineares com a TPM, foram
amostrados apenas 72 metros, conforme é possível constatar através das Tabelas 6 e 10 deste
trabalho.
mostram o processo de lavagem, onde é possível observar as bancadas e o garimpo com peneiras.
Tabela 10. Resultado das pesagens por saco coletado antes da lavagem (peso bruto).
Localização
(ponto) Profundidade
(m) Amostra Total de
sacos Peso Total
(kg) Peso Total por localização (kg)
1 T01-T05 5 15,4
2 T06-T011 6 12,2
3 T12-T16 5 21,3
4 T17-T23 7 19,9
5 T24-T28 5 20,4
6 T29-T33 5 24,4
7 T34-T38 5 19,7
8 T39-T43 5 18,7
(1) Latitude:
7397266 Longitude:
372181
9 T44-T48 5 17,7
169,7
1 T49-T51 3 10,2
2 T52-T56 5 17,1
3 T57-T61 5 13,0
4 T62-T66 5 15,6
(2) Latitude:
7397349 Longitude:
372250 5 T67-T71 5 18,3
74,2
1 T72-T74 3 8,00
2 T75-T79 5 15,1
3 T80-T83 5 10,9
4 T84-T89 5 16,7
5 T90-T94 5 21,6
6 T95-T99 5 16,4
7 T100-T104 5 16,5
(3) Latitude:
7397310 Longitude:
372210 8 T105-T109 5 23,5
128,7
1 T110-T114 5 13,5
2 T115-T119 5 11,0
3 T120-T122 3 13,1
4 T123-T127 5 12,2
5 T128-T132 5 17,9
6 T133-T137 5 22,0
(4) Latitude:
7397351 Longitude:
372001 7 T138-T142 5 25,7
115,4
2 T143-T146 3 11,0
3 T147-T151 6 21,1
4 T152-T156 5 23,4
5 T157-T161 5 23,2
6 T162-T166 5 29,2
7 T167-T171 5 25,3
8 T172-T176 5 34,2
9 T177-T181 5 29,5
(5) Latitude:
7397373 Longitude:
371982
10 T182-T183 2 10,6
207,5
1 T184-T187 4 13,7
2 T188-T192 5 20,5
3 T193-T197 5 22,6
4 T198-T202 5 21,5
5 T203-T207 5 25,5
6 T208-T212 5 22,8
7 T213-T217 5 27,3
8 T218-T222 5 26,6
9 T223-T228 6 28,8
10 T229-T233 5 23,3
(6) Latitude:
7397290 Longitude:
372017
11 T234-T238 5 23,7
256,3
Tabela 10. Continuação Localização
(Ponto) Profundidade
(m) Amostra Total de
sacos Peso Total
(kg) Peso Total por localização (kg)
1 T239-T240 2 6,50
2 T241-T245 5 20,8
3 T246-T250 5 19,9
4 T251-T255 5 23,7
5 T256-T260 5 29,5
6 T261-T264 4 21,1
7 T265-T269 5 20,8
8 T270-T274 5 24,5
9 T275-T279 5 24,6
(7) Latitude:
7397254 Longitude:
372093
10 T280-T284 5 26,3
217,7
1 T285-T286 2 10,2
2 T287-T290 4 15,7
3 T291-T294 4 15,1
4 T295-T298 4 24,1
5 T299-T302 4 23,0
6 T303-T306 4 25,4
7 T313-T317 6 13,6
8 T308-T312 5 13,9
(8) Latitude:
7397183 Longitude:
372262
9 T318-T320 3 15,3
156,3
1 T321-T323 3 8,50
2 T324-T325 2 9,60
3 T326-T329 4 12,2
(9) Latitude:
7397176 Longitude:
372305 4 T330-T334 5 14,7
45,0
1 R01-R03 3 15,0
2 R04-R06 3 14,1
3 R07-R15 4 17,0
4 R10-R12 3 9,30
(10) Latitude:
7397317 Longitude:
371882 5 R13-R14 2 6,10
61,5
Total 1432,30
Obs.: As amostras R01-R03 a R13-R14 referem-se ao processo de escavação com retroescavadeira e as restantes, através da TPM.
Ressalta-se que os pesos apresentados são brutos, devido à grande quantidade de terra misturada com os objetos a serem processados para classificação e avaliação, servindo apenas como indicação e referência da quantidade de material coletado, não sendo utilizados neste trabalho para outras avaliações 15 .
15
Apesar dos valores referentes ao peso bruto não terem sido utilizados neste trabalho, os
mesmos podem ser empregados na avaliação do volume ocupado pelos resíduos na
composição do aterro estudado diante do levantamento do peso líquido total dos objetos
coletados (311,46 kg) associados a fatores como teor de compactação ao qual estavam
submetidos enquanto enterrados.
Figura 40. (a) Processo de lavagem das amostras utilizando-se peneiras. Pode ser observada gravação de reportagem junto à TV Diário de Mogi das Cruzes, afiliada à Rede Globo de Televisão (A NDRADE , 2004b); (b) Lavagem em mesa especialmente montada para o projeto,
com auxílio de peneira para evitar a perda de finos. (fotos do Autor)
Figuras 40. (c) Processo de lavagem das amostras em bancadas cuja base é feita com tela de malha fina para evitar a perda de finos. (Fotos do Autor)
Em função do tipo de material encontrado durante o processo de lavagem, cuidados especiais foram tomados, visando evitar danos ao artefato e às informações nele contidas. Como exemplo de material sensível à lavagem, citam-se principalmente os papéis de qualquer espécie.
Cada amostra, após sofrer a lavagem, foi encaminhada para secagem através do processo de evaporação natural. Este processo foi executado em mesas, cujas bases também foram feitas de tela de malha fina, nas quais todo o material úmido era espalhado o máximo possível pela sua superfície e deixado durante o tempo necessário para sua secagem natural.
Este processo limitava a lavagem devido à quantidade de mesas existentes para secagem. Havia um total de 10 mesas de secagem, sendo que em cada mesa eram espalhados os objetos pertencentes a, apenas, uma amostra.
Todas as etapas do projeto primaram por trabalhar de modo
individualizado, isto é, realizar o processamento das amostras de modo
exclusivo, evitando ao máximo a mistura entre elas, o que prejudicaria de modo definitivo os resultados e interpretações do trabalho 16 .
As figuras 41 apresentam detalhes das mesas de secagem com as amostras lavadas espalhadas sobre as mesmas.
Figuras 41. (a) Vista do material lavado sendo dispostos nas mesas de secagem.
(Fotos do Autor)
Figuras 41. (b) Vista do material lavado nas mesas de secagem. (Fotos do Autor)
Após a verificação que uma determinada amostra encontrava-se seca, todo o material era novamente acondicionado, porém agora em caixotes plásticos do tipo agrícola, e estocado para posterior análise e classificação, conforme mostrado nas figuras 42.
Figuras 42. Armazenagem do material pós-secagem. (Fotos do Autor)
16
Como norma do projeto, qualquer dúvida sobre a qual amostra um determinado objeto
pertencia, o mesmo era imediatamente considerado contaminado e, portanto, descartado para
efeito desta pesquisa.
Como última etapa, antes da classificação final dos objetos, fez-se um processo de triagem e segregação que consistiu na separação ordenada de todo o material coletado, lavado e seco, correspondente a uma amostra.
Este processo teve como procedimento a separação de cada objeto, em função da composição física, visando facilitar o trabalho de classificação final.
O processo obedeceu à classificação proposta (tabelas 11 a 14). Esta etapa pode ser visualizada através das figuras 43.
Figuras 43. (a) Segregação e triagem das amostras para posterior classificação.
(Fotos do Autor)
Figuras 43. (b) Amostra segregada, por composição de material, pronta para classificação final; (c) Exemplo de material plástico do tipo PEBD segregado para classificação final.
(Fotos do Autor)
Ainda sobre o processo de separação, é importante destacar que, além
da separação manual para os materiais de dimensões maiores (figuras 43b e
43c), empregou-se o processo de peneiração ou tamisação com posterior
catação de componentes menores ou finos.
Devido à granulometria distinta entre os componentes menores, foram utilizadas duas peneiras posicionadas seqüencialmente (figuras 44a) para a separação. As peneiras utilizadas foram as comumente empregadas na construção civil para separar areia fina e grossa, proporcionando a formação de três montículos, conforme pode ser visualizado na figuras 44b.
Após a separação, foi realizada a catação dos componentes considerados relevantes para classificação final e posterior interpretação dos resultados (figura 44d).
Figuras 44. (a) Processo de tamisação para facilitar a separação de componentes finos.
(Foto do Autor)
Figura 44. (b) Vista de montículo de material peneirado com diferentes granulometrias;
(c) Material espalhado para execução do processo de catação.
(Fotos do Autor)
Figura 44. (d) Vista do processo de catação de componentes finos; (e) Material triado após
peneiração e catação, pronto para classificação final. (Fotos do Autor)
4.6 – A TIVIDADES DE L ABORATÓRIO : C LASSIFICAÇÃO F INAL
O processo de classificação tem como base uma avaliação analítica e taxonômica, critérios normalmente utilizados na classificação de artefatos arqueológicos. Estes processos visam obter séries de classes referentes às diferentes características dos artefatos, indicando um modo que designa qualquer costume, norma ou conceito que rege um comportamento em uma determinada sociedade ou comunidade, além da formulação de conjuntos de classes simples, sendo uma para cada tipo de artefato na coleção avaliada (R OUSE , 1960, p. 313).
Esta avaliação se mostra bastante particular, visto que o “sítio arqueológico” estudado é um depósito de lixo contemporâneo, exigindo procedimentos muitas vezes não tradicionais em função das amostras coletadas e principalmente por se esperar uma grande heterogeneidade e diversidade do material coletado.
Todo o processo de classificação foi baseado em tabelas especialmente montadas para o projeto Arqueologia do Lixo, sendo cada uma, individual e propositadamente formulada com o objetivo de facilitar a interpretação e a exploração de cada objeto de modo bastante amplo.
Longe de serem tabelas definitivas, apresentam uma proposta abrangente de classificação sob vários pontos de vista, podendo, sempre que necessário, serem adaptadas em função das pretensões de análise do pesquisador e das características da região estudada.
As tabelas propostas e utilizadas nesta pesquisa trabalham com códigos
individuais para facilitar as anotações na folha de dados, abrangendo
classificações específicas quanto ao grupo de alimentos, ao item encontrado,
ao ramo de atividade ao qual pertence o item encontrado e à composição física
do item. As tabelas 11 a 14 apresentam os códigos propostos.
Tabela 11. Código para Grupo de alimentos. (ANVISA, 2003) 17
Grupo Código Descrição
1 G1 Produtos de panificação, cereais, leguminosas, raízes e tubérculos e seus derivados
2 G2 Verduras, hortaliças e conservas vegetais 3 G3 Frutas, sucos, néctares, refrescos de frutas
4 G4 Leite e derivados
5 G5 Carnes e ovos
6 G6 Óleos, gorduras, e oleaginosas
7 G7 Açúcares
8 G8 Molhos, temperos, caldos, sopas e pratos prontos
9 G9 Bebidas em geral
11 G11 Não classificado
Tabela 12 . Código do item 18
Código Item Código Item Código Item
001 Carne bovina 058 Bebidas alcoólicas 115 Embalagem de vidro 002 Outras carnes (não bacon) 059 Vinhos 116 Embalagem de madeira 003 Galinha 060 Cervejas 117 Itens e utensílios mecânicos 004 Outras aves 061 Café normal 118 Itens e utensílios elétricos
005 Peixes 062 Chá 119 Artigos e componentes
eletrônicos 006 Crustáceos e moluscos 063 Energéticos em geral 120 Itens e utensílios hidráulicos 007 Produto de carne 064 Água 121 Suprimentos automotivos 008 Bacon e carne suína 065 Folhas em geral 122 Artigos e componentes de
bicicleta
009 Carne desconhecida 066 Vegetais em conserva 123 Suprimentos de informática 010 Ovos 067 Legumes em geral 124 Vestuário infantil 011 Gorduras saturadas 068 Frutas em geral 125 Vestuário adulto 012 Gorduras insaturadas 069 Frutas em conserva 126 Roupa íntima 013 Manteiga e margarina 070 Polpa de frutas 127 Itens de manutenção do
vestuário 014 Maionese 071 Casca de frutas 128 Acessórios de vestuário 015 Óleos alimentícios 072 Especiarias aromatizantes 129 Calçado adulto 016 Nozes, castanhas,
amendoim etc. 073 Caldos (carne, galinha
legumes) 130 Calçado infantil 017 Azeitonas em geral 074 Condimentos cozidos
(fermento etc) 131 Óculos 018 Creme de leite 075 Molhos em geral (catchup,
etc.) 132 Material esportivo 019 Leite de côco 076 Vinagres 133 Móveis e decoração 020 Queijos (inclusive ricota) 077 Sal comum e grosso 134 Itens e utensílios
domésticos 021 Leite 078 Comida pronta (pizza,
lasanha) 135 Itens para som, vídeo e áudio 022 Leite em pó 079 Refeições prontas
(marmitex) 136 Itens para animais domésticos 023 Leite fermentado (tipo
yakult) 080 Sopas em geral (pó) 137
17
Para efeito deste trabalho, foram adicionados ao grupo de alimentos estabelecidos pela ANVISA o Grupo 9 e o Grupo 11, referentes às bebidas e não classificados, respectivamente.
18