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Horiz. antropol. vol.23 número48

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Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 23, n. 48, p. 379-381, maio/ago. 2017 Da subjetividade às emoções: a antropologia e a sociologia das emoções no Brasil

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832017000200017

* Doutoranda em Antropologia Social (bolsista CNPq). Contato: gomes.jainara@gmail.com ** Mestranda em Antropologia Social (bolsista Capes). Contato: tarsila.chiara@gmail.com

KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro; BARBOSA, Raoni Borges. Da subjetividade às

emoções: a antropologia e a sociologia das emoções no Brasil. Recife: Edições

Bagaço; João Pessoa: Edições GREM, 2015. 115 p. (Série Cadernos do Grem n. 7).

Jainara Gomes de Oliveira*

Universidade Federal de Santa Catarina – Brasil Tarsila Chiara Santana**

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Brasil

O que são a sociologia e a antropologia das emoções? O que se nome-aria como sendo objeto dessas disciplinas? Quais são as preocupações que perpassam os debates no interior desses campos disciplinares? No Brasil, a antropologia e a sociologia das emoções surgem como campos de estudos autônomos apenas a partir do fi nal da primeira metade da década de 1990 (Koury, 2004). Esse processo foi impulsionado, principalmente, a partir das infl uências teóricas e metodológicas da antropologia interpretativa e da socio-logia simbólico-interacionista. No entanto, ainda que de forma pouco substan-cial, as emoções ocuparam as análises pioneiras de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, ainda na década de 1930, que discutiram a constituição de uma identidade nacional brasileira (Koury, 2009).

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Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 23, n. 48, p. 379-381, maio/ago. 2017 Jainara Gomes de Oliveira e Tarsila Chiara Santana

Organizado e escrito pelos pesquisadores Mauro Guilherme Pinheiro Koury e Raoni Borges Barbosa, ambos vinculados institucionalmente ao Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções (Grem) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no Brasil, o livro apresentado faz parte da coleção Cadernos do Grem e está dividido em dois capítulos, além de uma introdução. O primeiro capítulo, escrito por Mauro Koury, analisa a trajetória intelectual de Gilberto Velho e situa como um precursor da antropo-logia e da socioantropo-logia das emoções no Brasil. O segundo capítulo, escrito por Raoni Barbosa, por sua vez, analisa a trajetória intelectual de Mauro Koury e coloca-o como fundador desses campos de estudos no país.

Os dois capítulos que estruturam o livro resenhado, desse modo, procu-ram assinalar que tanto Velho quanto Koury discutem a relação entre cultura subjetiva e cultura objetiva na construção da realidade social. Nesse sentido, ambos elucubram sobre os modos e estilos de vida emergentes em uma con-formação social particular: a modernidade brasileira e ocidental. Com isso, o livro coloca em relevo a importância das emoções para o entendimento da relação entre indivíduo e sociedade, particularmente a tensa relação entre os estilos de vida e os processos de individualização em sociedades complexas.

No que diz respeito à singularidade da contribuição de cada um deles, ambos estabelecem estimulantes diálogos com o interacionismo simbólico e a fenomenologia. No entanto, apesar de sublinhar as grandes proximidades en-tre as linhas analíticas construídas por ambos, os dois capítulos também pro-curam evidenciar as diferenças teóricas e metodológicas entre Velho e Koury, em função de suas experiências particulares e prioridades pessoais ao longo das suas carreiras.

Nesse sentido, a partir dos seus estudos sobre as camadas médias no Brasil urbano contemporâneo, especialmente da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, Velho (2003, 2012) coloca em relevo a problemática dos processos tensionais entre indivíduo e sociedade, particularmente a temática da unidade individual e social e da fragmentação nas sociedades complexas. O que não o conduz, entretanto, à análise de emoções específi cas no jogo interacional entre indivíduo, cultura e sociedade, mas faz de Velho autor relevante para o entendimento das tensões relacionais entre indivíduo e cultura em uma socie-dade complexa.

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Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 23, n. 48, p. 379-381, maio/ago. 2017 Da subjetividade às emoções: a antropologia e a sociologia das emoções no Brasil

e da individualidade, e, sobretudo, na modernidade brasileira e pessoense, de modo particular, coloca as emoções como lugar central no quadro teórico e metodológico por ele edifi cado. Os seus escritos, assim, mobilizam quatros teóricos e oferecem suportes interpretativos aos campos emergentes da antro-pologia e da sociologia das emoções no Brasil.

A originalidade dess e livro, nesse sentido, encontra-se nas articulações analíticas entre emoções, cultura e sociedade como objetos de análises, a par-tir dos paradigmas da antropologia e da sociologia das emoções. Devemos, portanto, ressaltar também a sua signifi cação histórica à consolidação des-ses campos de estudos no Brasil, principalmente por resgatar o processo de construção das emoções enquanto categorias analíticas das ciências sociais. Ressaltamos, por fi m, que Velho e Koury são hoje autores fundamentais den-tro da anden-tropologia e da sociologia das emoções no Brasil, particularmente nos estudos que lidam com a problemática das sociedades complexas e da heterogeneidade.

Referências

KOURY, M. G. P. Introdução à sociologia da emoção. João Pessoa: Manufatura, 2004.

KOURY, M. G. P. Emoções, cultura e sociedade. Curitiba: RCV, 2009.

KOURY, M. G. P. Estilos de vida e individualidade: ensaios em antropologia e sociologia das emoções. Curitiba: Appris, 2014.

VELHO, G. Projeto e metamorfose: antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.

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