Inflação preocupa
(e não é só no Brasil).
Carta Mensal
Setembro | Outubro de 2021
Panorama Ecônomico
O mês de setembro de 2021
o índice Ibovespa teve variação negativa de -6,57% e os ambientes externo e interno contribuíram decisivamente para este resultado. O externo foi caracterizado por dois motivos:
o possível calote no pagamento de dívidas da segunda maior empresa de construção da China, a Evergrande, e o aumento na taxa de juros dos títulos da dívida dos Estados Unidos. O interno foi influenciado por duas medidas fiscais e uma monetária. As fiscais são: tentativa de prorrogação/
parcelamento do pagamento dos precatórios e a elevação dos gastos públicos com a proposta da Renda Brasil (Bolsa Família ampliada), sem a contrapartida de redução de gastos em outros setores ou do aumento da receita de forma perene, reduzindo a confiança do investidor. A monetária consiste na elevação da taxa de SELIC, aumentando o custo do capital para as empresas e reduzindo a capacidade de consumo das famílias. A boa notícia é o aumento da taxa de vacinação e a eficácia das vacinas, em todo mundo, tendo como consequência as reduções nas taxas de contaminação e mortes decorrentes da COVID19 e suas variantes, contribuindo positivamente para a retomada da atividade econômica.
A retomada da economia no mundo apresenta restrições que impactam diretamente nos preços e, consequentemente, na taxa de crescimento da economia. A elevação generalizada de preços no mercado mundial pode durar mais tempo do que o esperado inicialmente e, necessitará de medidas restritivas para estabilizá-la em patamares mais baixos. Para ilustrar, as taxas de inflação anuais de alguns países selecionados: Estados Unidos (5,30%), Alemanha (4,1%), Reino Unido (3,2%), França (2,1%) e Coréia do Sul (2,6%). Taxas consideradas altas para economias desenvolvidas. Estas taxas estão relacionadas com o aumento nos preços, em dólares americanos, dos insumos (Commodities) e fretes. Novamente, para ilustrar estas informações, são destacadas as variações de preços nos principais produtos no ano: Lítio 255%, Carvão 235%, Petróleo Bruto 59,7%, Gás Natural 130,0%, Gasolina 63,61%, Etanol 54,0%, Açúcar 27,37%, Soja -4,8%, Trigo 16,63%, Milho 10,8%, Café 50,1%, Arroz 10,54%, Carne Bovina 12,1%, Carne Suína 28,1% e Frete Marítimo 363%. O aumento generalizado destes insumos e fretes impactam diretamente nos custos de produção e, consequentemente, nos preços dos produtos, provocando aumento generalizado de preços.
Panorama Ecônomico
No Brasil, o cenário de rigidez inflacionária descrita na carta mensal anterior, pode ser mais duradouro quando comparado a economia mundial em decorrência, tanto conjuntural – inflação de custos, inflação decorrente de choque de oferta (climática) e inflação relacionada a falta de credibilidade da condução da política fiscal, provocando desvalorização cambial – quanto estrutural, relacionada a realização das reformas administrativa e tributária, contribuíram para aumentar ainda mais os preços. Por isso, é provável que o ano de 2021 termine com a taxa de inflação oficial (IPCA) em dois dígitos. O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil (BC) está fazendo sua parte para tentar conter este processo inflacionário. Ele elevou a taxa de juros (SELIC) para 6,25% a.a. na reunião de setembro e deve manter esta estratégia de elevação nas reuniões de outubro e dezembro.
O mês de setembro de 2021, assim como o de agosto, trouxe maior quantidade de eventos negativos para economia brasileira que os anteriores. No ambiente externo os impactos da possibilidade do calote da dívida da empresa chinesa Evergrande, podendo “contaminar” todo o mercado mundial, provocando rápida redução da taxa de crescimento; e da elevação das taxas de juros dos países industrializados para conter o processo inflacionário reduzindo o crescimento e consequentemente a demanda mundial, exatamente no momento em que há expectativa positiva com relação ao combate da pandemia da COVID19 e a retomada econômica dos setores mais prejudicados e que empregam a maior quantidade de mão de obra.
Prof. Dr. Paulo Dutra Costantin Economista
Índices Internacionais
FTSE 7.086,42
NIKKEI 29.452,66 S&P500
4.307,54
NASDAQ 14.448,58
IBOVESPA 110.979,10
SHANGHAI 3.568,17 CAC 40
6.520,01
DAX 15.260,69
+0,68%
+4,85%
-6,57%
-4,76%
-0,47%
-2,40%
-3,63%
-5,31%
Fonte: Broadcast
Ibovespa
Ibovespa
110.979,10
Fonte: Broadcast
-6,57%
118.781,03
Piores Desempenhos Melhores Desempenhos
31/08/2021 30/09/2021
MRFG3 33,37%
30,52%
25,00%
18,93%
15,67%
11,51%
6,75%
4,67%
4,22%
3,85%
R$ 25,66
PRIO3 R$ 25,02
BEEF3 R$ 10,45
COGN3 R$ 2,71
JBSS3 R$ 37,07
SANB11 R$ 35,37
BRFS3 R$ 27,09
CSNA3 R$ 28,73
WEGE3 R$ 39,63
LAME4 R$ 4,82
SBSP3 R$ 38,57
CIEL3 R$ 2,29
BBSE3 R$ 19,95
MGLU3 R$ 14,34
CSAN3 R$ 22,98
AMER3 R$ 30,92
CMIG4 R$ 14,03
VIIA3 R$ 7,71
VALE3 R$ 76,24
-14,71%
-14,78%
-15,58%
-15,67%
-17,58%
-19,13%
-20,21%
-21,38%
-25,24%
-25,79%
EZTC3 R$ 22,84
Dados de Mercado
900.000,00 800.000,00 700.000,00 600.000,00 500.000,00 400.000,00 300.000,00 200.000,00 100.000,00 0,00
140.000,00
130.000,00
120.000,00
110.000,00
100.000,00
90.000
80.000
70.000
60.000
Set-21 710.932,10
Volume (R$) Ibovespa
Ago-21 Jul-21 Jun-21 Mai-21 Abr-21 Mar-21 Fev-21 Jan-21 Dez-20 Set-20
Out-20 Nov-20
Volume de negociação
Milhões R$ Ibovespa (Pontos)
Fonte: B3
Dados de Mercado
Participação de mercado
Pessoas Físicas Empresas
Estrangeiros
17%
Institucional
26%
51%
1%5%
Instituições Financeiras
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Set-21 Ago-21 Jul-21 Jun-21 Mai-21 Abr-21 Mar-21 Fev-21 Jan-21 Dez-20 Set-20
Out-20 Nov-20 Setembro
2021
Fonte: B3
Posições de estrangeiros
Dados de Mercado
Fonte: B3SALDO
Em milhões Em milhões
VENDIDOS
R$
355,1
BI-5,70%
-2,38% COMPRADOS
R$
351,1
BI- R$ 4.065,10 R$ 351.105,40 SET/2021
SET/2021 R$ 355.170,40
OUT/2020 SET/2020 R$ 288.457,50
NOV/2020 R$ 354.022,20
R$ 284.236,40 OUT/2020
SET/2020
R$ 279.561,70
NOV/2020 R$ 319.232,95
DEZ/2020 R$ 337.907,0
DEZ/2020 R$ 310.548,60
JAN/2021 R$ 354.152,30
JAN/2021 R$ 328.855,30
FEV/2021 R$ 365.726,10
FEV/2021 R$ 363.786,80
MAR/2021 R$ 453.790,50
MAR/2021 R$ 458.403,20
JUN/2021
JUN/2021 R$ 383.928,60 R$ 401.177,90
JUL/2021 R$ 296.047,20
R$ 372.312,40 AGO/2021
JUL/2021 R$ 297.365,50
AGO/2021 R$ 363.813,30
R$ 334.173,10
R$ 321.600,80 ABR/2021
ABR/2021
R$ 352.678,90
R$ 335.615,50 MAI/2021
MAI/2021
R$ 281.395,50
- R$ 4.612,80 + R$ 17.249,30
- R$ 1.318,30 + R$ 8.499,10
+ R$ 12.572,40 + R$ 17.063,40
+ R$ 1.939,30 + 25.297,00 + 27.359,20 + 34.789,20 + R$ 8.895,70 + R$ 2.840,90
Câmbio
Dólar
5,4460
Dólar X Euro
1,1581
FRANCO SUÍÇO
EURO
6,3090
LIBRA ESTERLINA
7,3344
IENE
0,0489 5,8406
IUAN RENMINBI
0,8443
-1,94%
+3,76% +4,46% +5,91%
+3,32% +3,52%
30/09/2021 31/08/2021
5,1710
Fonte: Broadcast
+5,32%
Commodities
US$
1.757,00
OURO
US$
78,52
PETRÓLEOICE BRENT
US$
119,65
MINÉRIO
US$
75,03
PETRÓLEOWTI
-24,87%
+7,58%
+9,53%
-3,36%
Fonte: Investing.com
Juros | Inflação
12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
MÊS
1,14%
ANO
IPCA
IGP-M
7,02%
-0,64% 16,00%
SELIC
META
6,25%
CDI
6,15%
2020 2023 2026 2029 2032
Juros (%)
Agosto Setembro
+1,00% +1,00%
Fonte: Broadcast, ANBIMA, IBGE, FGV
Lerosa Antares Fundo de Investimentos Multimercados - Multiestrategia
150%
100%
50%
0%
-50%
Lerosa Antares CDI
2016 2017 2018 2019 2020 2021
O fundo fechou o mês com variação negativa de 2,82%, contra -6,56% do Ibovespa e 0,438% do CDI.
Com a forte queda da bolsa no mês, a parte de ações na carteira do fundo foi a principal responsável pela performance negativa da cota. Os principais destaques negativos foram VIIA3 e B3SA3, cada uma representando 5% da carteira total do fundo.
A carteira de renda fixa se manteve inalterada, majoritariamente pós-fixada e com rendimento acima do CDI. No câmbio, nossa posição foi negativa em 2,3%, representando 0,5% para a cota.
Durante o mês aproveitamos a volatilidade para aumentar a exposição em bolsa e vendida em dólar, representando 40% e 15% da posição, respectivamente.
Lerosa Moderado Fundo de Investimentos Multimercados - Juros e Moedas
150%
100%
50%
0%
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Fechamos o mês com rentabilidade de 0,497%, contra 0,438% do CDI.
Os principais responsáveis pela valorização acima do CDI foram os títulos atrelados à inflação com duração baixa, com rendimentos acima de 1,2% no mês. A carteira de títulos privados também superou o benchmark, porém em menor escala.
Ao longo do mês, com o momento desfavorável para o financiamento de termo de ações, usamos o caixa que estaria reservado para esse tipo de operações para aumentar a posição em letras financeiras com emissão do banco Bradesco e vencimento para 2025.
Palavra do Gestor
Os ativos domésticos seguem contaminados por motivos locais, registrando no mês de setembro a pior performance desde a pandemia.
O remédio agora cobra seu preço. A fim de aliviar os efeitos negativos da pandemia, os governos mundiais - e também o brasileiro - deram apoio monetário efetivo para a população em geral. Esse remédio, agora amargo, aparece nas principais economias: a inflação.
A velocidade dos óbitos perde espaço nas manchetes e a inflação ganha a preocupação dos investidores, alimentada por risco fiscal e risco populista (popularidade de Bolsonaro nas mínimas).
A tempestade se fortalece com os gargalos do comércio mundial, tornando um container da china sete vezes mais caro que antes da pandemia, o que limita a substituição dos produtos caros locais. Essa espiral ainda deve demorar a perder força. Sabemos que o momento é cíclico, mas a renda do trabalhador perde poder e limita a recuperação a médio prazo.
Teremos dias voláteis pela frente. O clima político deu uma trégua, amenizando o risco populista, mas a estrutura dos preços e indefinição sobre reformas deixa o investidor ainda desanimado em apostar numa recuperação incontestável. A recuperação é provável, mas ainda dependente de combinação de fatos internos e externos para se confirmar.
Fernando Ferreira Gestor de Carteiras
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