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COMARCA DE CAMPO GRANDE Estado de Mato Grosso do Sul Vara Cível EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

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COMARCA DE CAMPO GRANDE – Estado de Mato Grosso do Sul Vara Cível

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

MARLON SGAMATTI SILVA, brasileiro, solteiro, auxiliar de produção, portador do CPF nº. 040.371.281-52 e do RG nº. 1785832 SSP/MS, residente e domiciliado sito à Av. Sol Nascente, nº. 779 - Bairro Jóquei Clube, em Campo Grande-MS, por seu advogado que esta subscreve, constituído na forma do incluso instrumento de mandato (anexo doc 01), vem propor a presente.

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

Em face de SUBCONDOMÍNIO DO CENTRO COMERCIAL DO SHOPPING CENTER ELDORADO CAMPO GRANDE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob n° 33.153.099/0001-10, sediada na Avenida Afonso Pena, 4909 - Bairro Santa Fé, CEP 79.031-900, Campo Grande - MS, consubstanciados nos motivos fáticos e de direito a seguir aduzidos:

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I - DOS FATOS

1.1 Para que esse douto juízo tenha uma exata compreensão dos fatos, passamos a narrá-los, nos seguintes termos.

1.2 No dia 07 de setembro de 2013, aproximadamente às 17h30min, o Autor juntamente com seus amigos Adílio Alves Dos Santos, Kevyn Rafael Mello Berttol, Caique Bandeira de Souza e Diogo Henrique Carvalho Santana, se dirigiram ao estabelecimento/réu para comprarem ingressos para a “Festa Noite do Branco”, além de passear, lanchar, e eventualmente, proceder a outras compras (anexo doc 02).

1.3 Primeiramente, o autor e seus colegas se encaminharam para a loja Metrópole, localizada no interior do Shopping Campo Grande, onde estavam sendo vendidos os ingressos para a aludida “Festa”.

1.4 Logo após a compra dos ingressos, o Autor, juntamente com seus amigos, iniciaram um passeio pelo Shopping, visitando inicialmente a loja SYBERIAN, depois a loja TUBE e, posteriormente, a loja TNG, experimentando roupas e verificando produtos.

1.5 Após saírem da loja TNG, perceberam que um dos funcionários dessa loja os estava seguindo.

1.6 Ao chegarem à loja DAMYLLER para comprarem algumas peças de roupas, o Autor, juntamente com seus amigos, adentraram no interior da mesma, sendo que Diogo, logo após, se retirou do interior dessa, permanecendo do lado de fora, momento em que aguardava os demais amigos.

1.7 Enquanto isso, o Autor e seus amigos, já no interior da loja, aguardavam Kevyn ser atendido pela vendedora Nathália que o vendeu duas camisas, conforme comprovante fiscal (anexo doc 03).

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1.8 Enquanto seus colegas o esperavam, o gerente dessa loja se aproximou e de modo intimidativo (batendo palmas) perguntou “vocês precisam de alguma coisa?”, ao que os amigos responderam que não, que estavam somente aguardando a finalização de uma compra.

1.9 Ato contínuo, o Autor percebeu que esse gerente enrolou um cinto na mão e passou a testar a máquina antifurto da entrada da loja e deu um sinal para os seguranças do Shopping Center que se aproximaram e se fixaram na entrada da loja.

1.10 Ao mesmo tempo, esse gerente alertou para um funcionário da loja ter atenção com eventual tentativa de furto, falando: “cola neles, pode chegar junto que aqui a retaguarda já ta feita”, ficando esse funcionário numa espécie de escolta dos autores no interior da loja.

1.11 Em seguida, o Autor saiu da loja e, logo depois, Adílio, aguardando a finalização da compra efetuada por Kevyn, se juntando ao Diogo que permanecera fora da loja, quando então comentaram acerca da estranha situação que estavam vivenciando.

1.12 Finalizada a compra a vendedora Natália, alheia a todo esse acontecimento, acompanhou Kevyn até a saída da loja e agradeceu a compra, deixando seu nome e pedindo para procurá-la para futuras compras.

1.13 Após isso, Kevyn, que acabara de efetuar a compra, se juntou com o Autor e os demais amigos, que já se encontravam fora da loja, quando o puseram a par da situação e, enquanto estavam se dirigindo para a saída do estabelecimento foram, então, abordados por 5 (cinco) seguranças funcionários da ré, que os cercaram e determinaram que os jovens os acompanhassem, causando um enorme constrangimento na frente de todos os que estavam no local.

1.14 Os jovens foram então conduzidos escoltados através do Shopping Center pelos seguranças, sob o olhar perplexo das pessoas que os julgavam como marginais naquele local, até chegarem a uma sala próxima aos banheiros localizada ao lado da loja Riachuelo.

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1.15 Nessa sala, sem qualquer diligência na abordagem, todos foram revistados pelos seguranças. Nada de irregular sendo encontrado, os jovens indagaram aos seguranças sobre o porquê daquele procedimento, recebendo como resposta “cala a boca”.

1.16 Ato contínuo, os seguranças determinaram que o jovem Diogo deixasse a sala e se encaminhasse a outro local em um corredor, onde se puseram a revistar sua mochila.

1.17 Nenhuma irregularidade sendo encontrada, o segurança o liberou para voltar à sala onde estavam custodiados seus colegas, e determinou que Kevyn saísse da sala para a revista de sua sacola de compras, olhando as etiquetas das roupas, sendo que, da mesma forma, nada foi encontrado liberando-o para voltar à sala de custódia.

1.18 Quando estavam todos reunidos, os jovens voltaram a indagar acerca do procedimento, o que após algumas respostas de “cala a boca”, um dos seguranças informou que aquele era um procedimento padrão do Shopping.

1.19 O Autor questionou que, por se tratar de um procedimento padrão, porque somente eles é que teriam sido abordados, sendo respondido que: “se vocês querem procurar seus direitos, podem ir à Delegacia e registrar um BO”, afirmando esse funcionário, que quem tinha requerido o procedimento teria sido a gerente da TNG, e que se fossem à loja tirar satisfações, seriam presos.

1.20 Já constrangidos ao extremo com a situação os mesmos houveram por bem deixar o local, onde registraram o Boletim de Ocorrência.

1.21 Diante de tais circunstâncias, não restou ao autor outra alternativa senão a propositura da presente ação para ver reparado o seu direito, que segue fundamentado, consoante passamos a expor

II - DO DIREITO

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II.I – DA NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA

2.1 Insta mencionar que a natureza da relação jurídica em análise, configura-se como relação de consumo, tendo em vista que a Ré se encaixa na descrição de fornecedor trazida pelo CDC (art. 3º, Lei 8.078/90), da mesma forma que o Autor se enquadra na descrição de consumidor conforme art. 2º do referido diploma.

2.2 Por tal razão, requer se digne V. Exa., a declarar a natureza da relação jurídica consumerista, bem como aplicando maiormente a inversão do ônus da prova incidindo nesse caso as normas do Código de Defesa do Consumidor, no caso concreto.

II.II - DO FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL E LEGAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL.

2.3 A Constituição Federal instituiu em seu art. 5º. X, a proteção contra as condutas ilícitas que provoquem danos aos cidadãos estatuindo que:

“X – são invioláveis a intimidade a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”

2.4 Regulamentando essa norma constitucional encontramos no ordenamento, diversos diplomas que tratam da matéria.

2.5 No caso concreto, destacamos a incidência do Diploma Civil, em dispositivos tais como o art. 186 combinado com o art. 927 ambos do Código Civil de 2002, que perfeitamente se subsumem ao fato. Vejamos:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

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“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”.

2.6 Por sua vez, incide no caso concreto, também, o Código de Defesa do Consumidor que estabelece seu art. 6º, I e VI o seguinte, verbis:

“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”;(...)

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais, e morais, individuais, coletivos e difusos”; (Grifamos)

2.7 Dessa forma, temos todo um ordenamento jurídico voltado a coibir as condutas como à perpetrada pela ré, e o estabelecimento por parte dessas normas expressas, de efetividade dessa proteção ao consumidor.

II.III – DOS ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL - DANO INDENIZÁVEL

2.8 Passamos adiante, a descrever e demonstrar os elementos do dano indenizável.

II.III.I - DA ILICITUDE DA CONDUTA DA RÉ POR NEGLIGÊNCIA E IMPRUDÊNCIA.

2.8 A conduta ilícita da requerida é explícita e decorrente dos fatos narrados. Não obstante, passamos a descrevê-la de maneira pormenorizada.

2.9 Antes, porém, entendemos necessário alguns esclarecimentos acerca dos pressupostos da responsabilidade civil, no que concerne à ação ou omissão do agente. Para tanto, invocamos as lições do eminente CARLOS ROBERTO GONÇALVES, que em análise do tema, teceu as seguintes considerações:

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“Ação ou Omissão – Inicialmente, refere-se a lei a qualquer pessoa que, por ação ou omissão, venha causar dano a outrem” 1.

2.10 A conduta ilícita da requerida se consubstancia em, primeiramente, afronta à Constituição Federal, posto que agride frontalmente o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.

2.11 Além disso, a conduta da ré afrontou o disposto no art. 6º, I do Código de Defesa do Consumidor, visto que negligenciou a segurança de seus clientes abalando sua higidez moral, por atos de seus funcionários, maculando a honra subjetiva do autor, imputando-o prática delituosa.

2.12 A conduta da ré também ofendeu os direitos da personalidade do autor não só de natureza física como moral, descritas no Código Civil, em atitude arbitrária, abusiva, preconceituosa, covarde e reprovável perpetrada pela ré.

2.13 Observa-se, ainda, que a ré atuou sem a diligência necessária na atribuição de sua função social, na prestação de seu serviço.

2.14 Insta mencionar que o estabelecimento da ré onde se deram os fatos, constitui- se no maior e mais tradicional Shopping Center dessa capital, congregando, ainda, inúmeras lojas, comércios, bancos, bares, restaurantes, bancas, farmácias, atraindo com isso um sem número de clientes para aquele local, devendo estar preparada para resguardar a integridade física e moral de seus consumidores.

2.15 Portanto, o que se observa no caso concreto é que a ré não demonstrou a necessária diligência na prestação do serviço, bem como o indispensável cuidado.

1 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9ª ed. rev. de acordo com o novo Código Civil – Lei 10.406, de 10-1-2002 / São Paulo : Saraiva, 2005, p. 32.

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2.16 Nossa jurisprudência também é uníssona no mesmo sentido. Vejamos o entendimento jurisprudencial exposto em recente julgado do Colendo STJ:

ACJ1688039320088070001 DF 0168803-93.2008.807.0001. JULGAMENTO, 15/09/2009. PUBLICAÇÃO, 05/10/2009, DJ-e Pag.216. CONSUMIDOR.

CIVIL. ABORDAGEM INDEVIDA. ACUSAÇÃO DE FURTO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. INDENIZAÇÃO RAZOÁVEL E PROPORCIONAL.

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. ABORDAGEM TRUCULENTA NO INTERIOR DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL. ALEGAÇÃO DO RECORRENTE DE EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES DO RECORRIDO.

2. O FATO RELATADO NA INICIAL É VEROSSIMILHANTE E FICOU DEMONSTRADO NOS AUTOS PELO DEPOIMENTO DA TESTEMUNHA OUVIDA E MENCIONADA PELO SENTENCIANTE. ORA, HAVENDO VEROSSIMILHANÇA CABIA A RECORRENTE DEMONSTRAR LICITUDE NA CONDUTA DE SEUS EMPREGADOS QUANDO DA ABORDAGEM, MAS NADA APRESENTOU. ASSIM, SE PROVA COLETADA MILITA EM FAVOR DO AUTOR/RECORRIDO JUSTA É A CONDENAÇÃO DA RECORRENTE EM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACUSAR ALGUÉM DE FURTO, POR SI SÓ JUSTIFICA INDENIZAÇÃO. É PENOSO DEMAIS SER ACUSADO INJUSTAMENTE MESMO QUE O CASO NÃO TENHA SIDO PRESENCIADO 3. O VALOR DA CONDENAÇÃO NÃO MERECE REDUÇÃO PORQUANTO SE ENCONTRA EM CONSONÂNCIA COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. 4. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. O RECORRENTE RESPONDE POR CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, ESTES ARBITRADOS EM 10% (DEZ POR CENTO) DO VALOR DA CAUSA, NA FORMA DO ARTIGO 55 DA LEI 9099/95.

INDENIZAÇÃO DANO MORAL

Relação de consumo Responsabilidade Objetiva da loja Autor que ingressou no estabelecimento para realizar compras. Ocorrência de furto de toca CD no

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estacionamento Abordagem por seguranças como suspeitos de cometer um crime sem qualquer indicio. Pericia criminal realizada nas imagens internas do estacionamento. Ausência de coincidência entre as placas do veículo Abordagem indevida e constrangedora. Dano moral configurado. Dano moral fixado em R$ 10.500,00 Valor adequado sentença mantida nos termos do art.

252 do Regimento Interno do TJSP Recurso Improviso. (TJSP – APL 9192333- 45.2008.8.26.0000; Ramon Mateo Junior; julg. 19/12/1212; DJESP 23/01/2013)

2.17 Assim, é culposa a conduta da ré posto que não diligenciou na escolha de seus prepostos (culpa in eligendo), bem como não os vigiou de maneira adequada (culpa in vigilando), institutos estes fundamentados no art. 932, III de nosso Código Civil, tendo como consequências desta não observação os danos abaixo suscitados, em desfavor do autor, devendo, com efeito, reparar o dano causado à vítima, o que desde já requer.

III - DO PREJUÍZO MORAL

5.1 O autor sofreu dano intimamente moral, com a abordagem vexatória sofrida no interior do estabelecimento da requerida, o que causou enorme angústia e constrangimentos até o presente momento ainda amargado pelo requerente, na medida em que o Autor juntamente com seus amigos foi humilhado e envergonhado ao ser abordado por supostos profissionais sem o mínimo de preparo, evidenciada por atitude arbitrária, abusiva, preconceituosa, covarde e reprovável perpetrada pela ré.

3.1 Vejamos as lições do renomado Professor YUSSEF SAID CAHALI, para quem o dano moral:

"é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em dano que afeta a parte social do patrimônio moral (honra, reputação, etc.) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc.), dano moral que provoca direta

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ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante, etc.) e dano moral puro (dor, tristeza, etc.)”.2

3.2 No mesmo sentido a jurisprudência pátria tem decidido as causas semelhantes ao caso sub judice. Vejamos:

ACJ 181024620108070003 DF 0018102-46.2010.807.0003

PRIMEIRA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS DO DF

JULGAMENTO15/02/2011

PUBLICAÇÃO 21/02/2011, DJ-e Pág. 272

CIVIL. CDC. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ABORDAGEM INDEVIDA EM ESTACIONAMENTO DO SUPERMERCADO. FATOS DEMONSTRADOS.

VEXAME. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL CABÍVEL. SENTENÇA CONFIRMADA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO IMPROVIDO.

1) A ABORDAGEM DE CLIENTE QUANDO INDEVIDA RESULTA EM VEXAME E ENSEJA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.

2) O VALOR ARBITRADO ATENDE AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE, NOTADAMENTE, PORQUE A RECORRENTE NÃO APONTA MOTIVO OBJETIVO PARA SUA REDUÇÃO.

3) RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. CUSTAS E HONORÁRIOS PELA RECORRENTE Á BASE DE 10% SOBRE O VALOR DA CONDENAÇÃO.

3.3 Ao ser abordado por 05 (cinco) seguranças que os cercaram os jovens foram expostos ao inevitável julgamento negativo por parte das pessoas que lá transitavam, visto que a abordagem foi na frente de todos que faziam compras naquele local e olhavam perplexos com tal situação.

3.4 De fato, as pessoas que presenciaram tal acontecimento formaram juízo prejudicial à índole dos jovens, pensando tratar-se de ladrões, marginais, enfim. No entanto, ao

2CAHALI, Yussef Said, Editora Revista dos Tribunais - RT, 3ª ed., São Paulo, 2005, p. 20.

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contrário disso, não só o autor como seus demais colegas são pessoas honradas, trabalhadoras, com ensino médio completo, não admitindo qualquer ofensa à suas respectivas dignidades.

3.5 Verificado o equívoco os prepostos da ré ao invés de se desculparem com os jovens, os ameaçaram de que se continuassem no estabelecimento querendo tirar satisfações, seriam presos. Nem mesmo, na presença dos pais do autor foi exarado um singelo pedido de desculpas, agravando o dano verificado.

3.6 Diante disso, como dito, foi lavrado um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia competente. Ressalte-se o prejuízo psíquico que essa lesão provoca-lhe imensa depressão, sofrimento e tristeza.

IV - DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

4.1 Em relação ao quantum indenizatório trazemos a apreciação desse douto juízo, as seguintes considerações:

4.2 Prescreve o art. 944 do Código Civil que a indenização terá como parâmetro a extensão do dano.

4.3 Ressalte-se, porém, que a extensão do dano não é o único balizador do quantum indenizatório já que é pacifico que se deve ter em conta fatores como a intensidade da culpa do agente.

4.4 Não se pode esquecer que a condenação do Requerido em quantia ínfima restaria inteiramente sem efeito pedagógico em face da força econômica, de modo que condenações inexpressivas, sem caráter pedagógico, em nada desestimulam as práticas abusivas.

4.5 Analisando a questão pelo prisma do Autor a única limitação ao valor da indenização seria a vedação de enriquecimento ilícito.

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4.6 Todavia, é razoável que uma de indenização em valor correspondente a cem vezes o salário mínimo vigente, traria o efeito pedagógico necessário, sem, contudo, caracterizar um enriquecimento ilícito, portanto seria uma quantia capaz de compensar o vexatório e humilhação experimentada pelo Autor, produto da conduta dolosa da Ré.

4.7 Ademais se deve levar em consideração que o Autor é um cidadão estudante e trabalhador, e a Ré consiste no condomínio administrador do maior e mais estruturado shopping na cidade.

4.8 Assim, verifica-se que os danos não se resumem à esfera material do autor, mas também psíquica, de modo que, estando plenamente configurado o dano moral no caso concreto, decorrente da lesão sofrida por culpa da Ré, se requer a condenação a título de indenização por dano moral em favor da autora, no valor de 100 vezes o salário mínimo vigente.

4.9 Por tal razão é que entendemos que o valor sugerido é consentâneo com o dano ora reclamado, a fim de servir de parâmetro a esse MM. Juízo, de modo que uma condenação em valor abaixo do sugerido certamente não irá cumprir o caráter pedagógico da condenação em indenização por danos morais.

4.11 Por outro lado, tal valor não possui condições de enriquecer o Autor, mas sim apenas minimizar o prejuízo moral sofrido em razão da conduta da Ré, que negligenciou a segurança de seus clientes abalando sua higidez moral, por atos de seus funcionários, maculando a honra subjetiva do autor, imputando-o prática delituosa.

V - DO NEXO CAUSAL

5.2 Passamos a demonstrar neste item, o claro liame de causalidade existente entre a ação da requerida e o prejuízo sofrido. Não sem antes expressar, mesmo que em breves linhas, o que a doutrina entende por nexo causal.

5.3 O professor CARLOS ROBERTO GONÇALVES, nos ensina que:

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“o esclarecimento dessa noção vamos encontrá-lo na lição de Demogue, ao precisar que não pode haver uma questão de nexo causal senão tanto quanto se esteja diante de uma relação necessária entre o fato incriminado e o prejuízo. É necessário que se torne absolutamente certo que, sem esse fato, o prejuízo não poderia ter lugar” 3.

5.4 A relação entre a ação do agente e o fato danoso é existente no caso sub judice e se expressa de maneira clara e indubitável diante dos argumentos acima expendidos, por todo conjunto probatório carreado aos autos, assim como por todo o contexto causal.

5.5 Como se observa, acaso a ré tivesse agido de maneira regular o dano que ora toma nossos cuidados, não teria lugar.

5.6 Resta provado que houve um dano moral, que a conduta da agente é ilícita na medida em que não tinha o direito de proceder como procedeu e por último foi demonstrado de modo incontroverso o nexo de causalidade, já que toda motivação fora ocasionada pela Ré.

VI - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

6.1 A responsabilidade no caso sub examinen é objetiva, evidenciada pela relação de consumo consolidada no Código de Defesa do Consumidor e norteadora dessa relação.

6.2 O conceito de responsabilidade objetiva traçado pelo CDC foi construído com base em três aspectos: A existência de um defeito no produto; o efetivo dano sofrido (moral ou material); o nexo de causalidade que liga a conduta praticada à lesão sofrida.

6.3 Estes três elementos são indispensáveis para caracterização do dever jurídico de indenizar Isto porque está prevista em lei. Vejamos o que dispõe o dispositivo que a dá suporte (parágrafo único do art. 927 do Código Civil/2002).

3 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9ª ed. rev. de acordo com o novo Código Civil – Lei 10.406, de 10-1-2002 / São Paulo: Saraiva, 2005.

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“parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.

6.4 Portanto, a responsabilidade no caso concreto é objetiva, porque decorrente da lei. Com efeito, que a responsabilidade nesses casos, prescinde da demonstração da culpa, conforme se extrai do parágrafo único do art. 927 supra transcrito.

6.5 No mesmo sentido, é o entendimento de nossa doutrina. Vejamos a esse propósito, as lições de AGOSTINHO ALVIM:

“Essa teoria, dita objetiva, ou do risco, tem como postulado que todo dano é indenizável, e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, independentemente de culpa”4

6.6 Também, CARLOS ROBERTO GONÇALVES preleciona que, verbis:

“Nos casos de responsabilidade objetiva, não se exige prova de culpa do agente para que seja obrigado a reparar o dano. Em alguns, ela é presumida pela lei. Em outros, é de todo prescindível, porque a responsabilidade se funda no risco (objetiva propriamente dita ou pura”5.

6.7 Na hipótese em estudo, resulta pertinente a responsabilização da Ré, independente da existência da culpa, nos termos do que estipula o Código de Defesa do Consumidor.

6.8 Na verdade, existiu defeito na prestação de serviços, o que importa na responsabilização do fornecedor, ora promovida.

4 AGOSTINHO ALVIM, Da Inexecução das Obrigações e suas conseqüências, 3ª ed. Ed. Jurídica e Universitária p.

237, n. 169.

5 GONÇALVES, Carlos Roberto. In RESPONSABILIDADE CIVIL, Editora Saraiva, São Paulo, 2005, p. 22

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VII – DAS PERDAS E DANOS

7.1 Do acontecimento resultaram danos materiais, danos estes gastos com contratação de advogado, para que seus interesses fossem pleiteados neste juízo, maiormente não é justo que os referidos dispêndios sejam suportados pelo Autor, entendimento este fixado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ao julgar um recurso, o qual transcrevo parte do voto da ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso:

“Os honorários sucumbenciais, por constituírem crédito autônomo do advogado, não importam em decréscimo patrimonial do vencedor da demanda.

Assim, como os honorários convencionais são retirados do patrimônio da parte lesada – para que haja reparação integral do dano sofrido –, aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos com os honorários contratuais”

7.2 O Código Civil de 2002, nos artigos 389, 395 e 404, traz previsão expressa de que os honorários advocatícios integram os valores relativos à reparação por perdas e danos, razão pela qual requer a condenação da Ré em honorários advocatícios contratuais na monta de 30% sobre o valor da ação.

VIII - DO PEDIDO

8.1. Isto Posto, Requer, com o habitual respeito, se digne V. Exa. a:

8.2. Ordenar a citação da Ré, no endereço inicialmente indicado, quanto a presente ação, para que, apresente resposta dentro do prazo legal, sob pena de confissão e revelia;

8.3. Aplicar as normas pertinentes ao Código de Defesa do Consumidor, principalmente às relativas à inversão do ônus da prova e proteção contratual;

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8.4. Julgar a presente ação procedente, para o fim de condenar a Ré em pagamento de indenização devida a título de Danos Morais, no valor de 100 (cem) vezes o salário mínimo vigente;

8.5. Condenar a Ré ao pagamento de Indenização por Perdas e Danos, referentes a honorários contratuais, no valor de 30% (trinta por cento) sobre o valor da ação;

8.6. Condenar a Ré ao pagamento das custas processuais, bem como, os honorários de sucumbência;

8.7. Que seja concedida ao Autor a gratuidade de justiça, por não dispor de meios econômicos para custear o processo, nos termos da lei 1060/50, conforme declaração anexa (anexo doc 03);

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, mormente o depoimento pessoal do representante da Ré, oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos, perícias, enfim tudo o que se fizer necessário para uma cognição exauriente do presente processo.

Dá à causa o valor de R$ 94.120,00 (noventa e quatro mil cento e vinte reais) para fins fiscais.

N.T. pede e aguarda deferimento reafirmando o elevado respeito e acatamento a esse douto juízo.

Campo Grande, 18 de março de 2014.

André Luiz de Oliveira Costa Wilson Crepaldi Junior

OAB/MS 11.324–A OAB/MS 17.872

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