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ITCMD – IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO: QUESTÕES POLÊMICAS SOBRE A DAS ALÍQUOTAS Pedro Franco De Lima, Francelise Camargo De Lima

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(1)

XXVI ENCONTRO NACIONAL DO

CONPEDI BRASÍLIA – DF

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO II

JONATHAN BARROS VITA

LIZIANE ANGELOTTI MEIRA

(2)

Copyright © 2017 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito Todos os direitos reservados e protegidos.

Nenhuma parte deste anal poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meiosempregadossem prévia autorização dos editores.

Diretoria – CONPEDI

Presidente - Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa – UNICAP

Vice-presidente Sul - Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – PUC - RS

Vice-presidente Sudeste - Prof. Dr. João Marcelo de Lima Assafim – UCAM Vice-presidente Nordeste - Profa. Dra. Maria dos Remédios Fontes Silva – UFRN Vice-presidente Norte/Centro - Profa. Dra. Julia Maurmann Ximenes – IDP Secretário Executivo - Prof. Dr. Orides Mezzaroba – UFSC

Secretário Adjunto - Prof. Dr. Felipe Chiarello de Souza Pinto – Mackenzie

Representante Discente –Doutoranda Vivian de Almeida Gregori Torres – USP

Conselho Fiscal:

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Prof. Dr. José Querino Tavares Neto – UFG/PUC PR

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Prof. Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas – UFG (suplente)

Secretarias:

Relações Institucionais – Ministro José Barroso Filho – IDP

Prof. Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho – UPF

Educação Jurídica – Prof. Dr. Horácio Wanderlei Rodrigues – IMED/ABEDi

Eventos – Prof. Dr. Antônio Carlos Diniz Murta – FUMEC Prof. Dr. Jose Luiz Quadros de Magalhaes – UFMG Profa. Dra. Monica Herman Salem Caggiano – USP Prof. Dr. Valter Moura do Carmo – UNIMAR

Profa. Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr – UNICURITIBA

D597

Direito tributário e financeiro II [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI

Coordenadores: Jonathan Barros Vita; Liziane Angelotti Meira; Antônio de Moura Borges - Florianópolis: CONPEDI, 2017.

Inclui bibliografia ISBN: 978-85-5505-438-9

Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações

Tema: Desigualdade e Desenvolvimento: O papel do Direito nas Políticas Públicas

CDU: 34 ________________________________________________________________________________________________

Comunicação – Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro – UNOESC

(3)

XXVI ENCONTRO NACIONAL DO CONPEDI BRASÍLIA – DF

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO II

Apresentação

O XXVI Encontro Nacional do CONPEDI – Conselho Nacional de Pesquisa e

Pós-Graduação em Direito ocorreu em Brasília entre os dias 19 e 21 de julho de 2017, no Centro

Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília-DF, sob o tema: “DESIGUALDADES E

DESENVOLVIMENTO: O papel do Direito nas políticas públicas”.

Esse evento foi realizado em parceria com o Curso de Pós-Graduação em Direito – Mestrado

e Doutorado, da UNB - Universidade de Brasília, Universidade Católica de Brasília – UCB,

Centro Universitário do Distrito Federal – UDF e com o Instituto Brasiliense do Direito

Público – IDP.

Dentre as diversas atividades acadêmicas empreendidas neste evento, tem-se os grupos de

trabalho temáticos que produzem obras agregadas sob o tema comum do mesmo.

Neste sentido, para operacionalizar tal modelo, os coordenadores dos GTs são os

responsáveis pela organização dos trabalhos em blocos temáticos, dando coerência à

produção e estabelecendo um fio condutor evolutivo para os mesmos.

No caso concreto, assim aconteceu com o GT DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO II.

Coordenado pelos professores Jonathan Barros Vita, Liziane Angelotti Meira e Antônio de

Moura Borges, vez que o referido GT foi palco de profícuas discussões decorrentes dos

trabalhos apresentados, os quais são publicados na presente obra.

O direito tributário e financeiro hoje vem ganhando espaço importante nas discussões

acadêmicas, o que vem se refletindo no volume e qualidade de trabalhos apresentados,

colocando esses ramos didaticamente autônomos do direito em posição de destaque nas

discussões contemporâneas, vez que afetam fortemente os cidadãos.

Tendo como pano de fundo esses ramos didaticamente autônomos do direito, foi possível

agrupar os 16 trabalhos apresentados em alguns grupos, os quais se seguem, partindo da

Teoria Geral do Direito Tributário (artigos 01 e 02) para a prática, perpassando Processo

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contemporâneos internacionais da tributação (artigos 08 e 09), Tributação, extrafiscalidade e

meio ambiente (artigos 10 a 12), Políticas tributárias (artigos 13 e 14) e Elementos de tributos

em espécies (artigos 15 e 16), como pode ser visto no sumário abaixo.

É a partir do roteiro firmado, que teoria e prática se encontram no campo do direito tributário

e financeiro, perfazendo uma publicação que se imagina que será de grande valia, dada a

qualidade dos artigos, para a promoção e o incentivo da pesquisa jurídica no Brasil,

consolidando o CONPEDI, cada vez mais, como um importante espaço para discussão e

apresentação das pesquisas desenvolvidas nos ambientes acadêmicos da graduação e

pós-graduação em direito.

Finalmente, deixamos aos leitores nosso desejo de uma boa leitura, fruto da contribuição de

um Grupo de trabalho que reuniu diversos textos e autores de todo o Brasil para servir como

resultado de pesquisas científicas realizadas no âmbito dos cursos de Pós-Graduação Stricto

Sensu de nosso país.

Prof. Dr. Jonathan Barros Vita - Unimar

Profa. Dra. Liziane Angelotti Meira - Universidade Católica de Brasília

Prof. Dr. Antônio de Moura Borges - Universidade Católica de Brasília e Universidade de

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ITCMD – IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO: QUESTÕES POLÊMICAS SOBRE A PROGRESSIVIDADE DAS ALÍQUOTAS

ITCMD - TRANSMISSION TAX CAUSE MORTIS AND DONATION: POLITICAL ISSUES ON THE PROGRESSIVITY OF ALIQUOTES

Pedro Franco De Lima Francelise Camargo De Lima

Resumo

Há necessidade de aprofundar o debate sobre ITCMD, envolvendo a progressividade das

alíquotas aplicadas pelo ente Público, descrevendo sobre os aspectos gerais do ITCMD,

fundamentais para a assimilação do tratamento atualmente dispensado pelo Fisco Estadual e

facilitar a compreensão das hipóteses de incidência. Serão abordadas as temáticas

controversas existentes, conceitos tributários, características e posicionamentos doutrinários

conflitantes, sobretudo, devido a sua relevância, econômica, social e jurídica, delineando o

liame com a base principiológica, a qual se traduz no alicerce de sustentação para os

posicionamentos a respeito da polêmica existente.

Palavras-chave: Alíquota, Igualdade, Imposto, Princípio, Progressividade

Abstract/Resumen/Résumé

There is a need to deepen the debate on ITCMD, involving the progressivity of the rates

applied by the Public Entity, describing the general aspects of ITCMD, fundamental for the

assimilation of the treatment currently dispensed by the State Treasury and to facilitate the

understanding of the incidence hypotheses. Existing controversial themes, tributary concepts,

conflicting doctrinal characteristics and positions will be approached, mainly due to their

relevance, economic, social and juridical, delineating the relationship with the

principiological base, which translates into the foundation of support for the positions

regarding it Of the existing controversy.

(6)

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como objetivo discorrer sobre o instituto do ITCMD e

trazer para debate a questão polêmica envolvendo a progressividade das alíquotas

aplicadas pelo ente Público.

Certo é que há uma escassez na produção doutrinária referente ao tema,

revelando-se incompatível com a gama de problemas enfrentados pelo aduzido tributo,

gerando insegurança jurídica na prática do Direito das Sucessões.

Conforme acentua (AMARO, 2014), a tributação é uma velha companheira das

sociedades humanas, mudando de forma, propósito e fundamentação ao longo dos

tempos. De uma demonstração de respeito e símbolo de dominação decorrente da

vontade do soberano nas eras antigas à exação com o propósito de atender aos gastos

públicos com fundamento na lei e na expressão da vontade coletiva.

Para (NETO, 2015), a tributação sobre a herança e doações se revela como o

encontro de dois mundos, pois segundo o mesmo é um tributo antigo e lida

fundamentalmente com um fato inexorável: a morte. Trabalha ainda com as relações

humanas, tanto de ascendentes e descendentes de sangue quanto aqueles que assim se

consideram por profundos laços afetivos e de consideração, pelo que se sujeita a

diversas situações emotivas, advindas da psique de cada cidadão.

O tema é polêmico em razão da invasão do Estado no patrimônio individual,

todavia, o princípio da igualdade, base da democracia, revela também a necessidade de

intervenção do ente público sobre o bem particular, sobretudo buscando o equilíbrio e a

distribuição dos bens de capital.

Iniciando a análise do tema descreve-se sobre os aspectos gerais do ITCMD, os

quais se revelam de vital importância para a compreensão do tratamento dispensado

pelo Fisco na atualidade, como também objetivando auxiliar no entendimento das suas

hipóteses de incidência.

Através do trabalho se discorre sobre os aspectos gerais desse imposto, os

quais se entende como fundamentais para o entendimento do tratamento atualmente

dispensado pelo Fisco Estadual, bem como no intuito de facilitar a compreensão das

suas hipóteses de incidência. Também, abordar-se-á, sobre as temáticas controversas

existentes, passando por definição de competência e função, fato gerador, contribuintes

e responsáveis, base de cálculo e alíquotas, além de conceitos tributário, características

(7)

Por derradeiro, se abordará a temática envolvendo as polêmicas sobre a

progressividade das alíquotas do ITCMD, apresentando posicionamentos doutrinários e

ainda posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o que se revela de grande

importância, haja vista a gama de contribuintes alvo de sua incidência, e, sobretudo,

devido a sua relevância, econômica, social e jurídica, delineando o liame com a base

principiológica, a qual se traduz na base de sustentação para os posicionamentos a

respeito da polêmica existente.

O norte para o presente estudo se fundou na busca pela aplicação de forma

clara e cristalina do princípio da igualdade tributária na aplicação de alíquotas do

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações – ITCMD, traçando um paralelo

entre correntes doutrinárias divergentes, findando com o posicionamento embora de

repercussão geral sobre o tema do Superior Tribunal Federal, mas, em razão de

posicionamentos divergente de Ministros, revelando assim a necessidade de debater

sobre a polêmica progressividade das alíquotas aplicadas a aduzido tributo.

Face ao exposto, será utilizado o método teórico-bibliográfico para o

desenvolvimento deste trabalho, aplicando textos de livros, artigos e também

publicações jurídicas em geral, sendo que a abordagem será realizada através do método

dedutivo e dialético, realizando comparações entre as correntes doutrinárias e os

entendimentos sobre o assunto.

2. ASPECTOS FUNDAMENTAIS DO ITCMD

2.1 Competência e Função

Conforme dispositivo constitucional (artigo 155 da CF) e ainda § 1º; CTN:

artigos 35 a 42, o ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação é um

tributo reservado aos Estados e ao Distrito Federal, onde o fato gerador ocorre através

da transmissão causa mortis de bens imóveis e também de doação de qualquer tipo de

bens e direitos.

Aduzido imposto incide sobre o valor venal de venda na transmissão de

qualquer tipo de bem ou de direito ocorrido, tanto por sucessão legítima ou

testamentária, podendo ocorrer ainda sobre sucessão provisória e ainda por doação.

A competência para a cobrança do tributo está devidamente estabelecida

através do § 1º do art. 155 da CF 88, o qual define: “a) relativamente aos bens imóveis e

(8)

Federal, se neste o bem estiver situado; b) relativamente aos bens móveis, títulos e

créditos, o imposto pertence ao ente público (Estado ou Distrito Federal) onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador.”

Entretanto, com relação à competência no tocante as transferências de ações,

importante destacar o posicionamento jurisprudencial, conforme Súmula nº 435 do

Supremo Tribunal Federal, a qual aduz que “O imposto de transmissão causa mortis

pela transferência de ações é devido ao Estado em que tem sede a companhia”.

Para (ROCHA, 2011) apud (MACHADO, 2007) destaca ainda que, em

situações em que o doador possua domicílio ou residência no exterior, e também,

quando o autor da herança era proprietário de bens, residia ou domiciliava ou ainda, seu

inventário foi processado no exterior, a cobrança deverá ser regulamentada através de

lei complementar, o que se traduz num problema iminente, haja vista a ausência de lei

complementar, o que conduz alguns doutrinadores, como aduzido jurista, disseminarem

o entendimento de que o imposto não teria base legal para ser instituído, logicamente

que por força do art. 146, inciso III, da CF.

Com referência a função do ITCMD destaca (ROCHA, 2011) que é um

imposto fiscal, o qual objetiva angariar recursos para os Estados e também para o

Distrito Federal, entretanto, não há como excluir sua função de extrafiscalidade, uma

vez que neste tributo a mesma tem por função o desestímulo ao acúmulo de riquezas.

2.2 Fato Gerador

Inicialmente é oportuno destacar que o CTN – Código Tributário Nacional adotou a denominação “fato gerador” para distinguir a situação de fato ou a situação jurídica que, acontecendo, produz a incidência de apontado tributo.

Para o jurista (COELHO, 1988), o fato gerador deve estar descrito em lei, haja

vista o princípio da legalidade. Aduz o mesmo que deve ser minunciosamente descrito

para evitar ao aplicador da lei entendimentos diversos a seu respeito, gerando

insegurança ao contribuinte.

No campo tributário, (GASTON JEZÉ, 2011) apud (ROCHA, 2011) através de seus estudos adotou a expressão “fato gerador” na doutrina de direito tributário, pois segundo o autor a referida expressão significa o fato ou conjunto de fatos que permitem

aos agentes do fisco exercerem sua competência legal de criar um crédito de tal

(9)

Com referências ao ITCMD, há a necessidade de deixar cristalino o significado

da expressão transmissão, sendo que no entendimento de (SABBAG, 2009) quer dizer

a passagem jurídica da propriedade ou também de bens e direitos de um cidadão para

outro, ocorrendo em caráter não oneroso, através da morte (transmissão causa mortis),

ou ainda pela doação (ato de liberalidade).

Com relação à causa mortis, destaca (COELHO,1988) que o fato jurígeno de

referido imposto se consubstancia com o aumento patrimonial do herdeiro, do legatário,

do meeiro e do cessionário.

O fato gerador, portanto, é definido na concepção de (HARADA, 2017) através

do aspecto temporal, quando surge a obrigação tributária a ser tornada líquida e certa

pelo lançamento tributário por uma das três modalidades conhecidas. Assim, define-se a

legislação aplicável a cada caso, tendo por norte o princípio tempus regit actum.

A hipótese de incidência é, portanto a morte ou doação e a abertura da sucessão

traduz no momento em que ocorre o fato gerador, conforme acentua Rodrigues,

ocorrendo neste momento a transmissão dos bens pertencentes ao de cujus.

Desta forma, é através da data do óbito do autor da herança que ocorre o fato

gerador, haja vista que através deste acontecimento abre-se a sucessão, sendo

transmitido imediatamente o domínio e a posse da herança aos legítimos herdeiros e aos

testamentários, conforme acentua o art. 1784 do Código Civil.

Para (MACHADO, 2007), com o advento morte se opera a transmissão da

propriedade dos bens que a pessoa natural possua. Tal situação ocorre por força de lei

ou ato de última vontade do autor da herança. É através do processo de inventário que

ocorre a formalização da transmissão da propriedade, e com referências ao ITCMD há o

lançamento pela autoridade competente e pago pelos herdeiros e/ou interessados.

Importante destacar que devido a este fato, deve ser aplicada a alíquota vigente

no momento da abertura da sucessão, conforme acentua a Súmula 112 do STF, uma vez

que a partilha possui natureza unicamente declaratória e não atributiva da transmissão

da propriedade.

Dispõe ainda o art. 35 do CTN – Código Tributário Nacional que devido a

pluralidade de sujeitos passivos no tocante ao ITCMD, poderão haver também muitos

herdeiros e legatários, situação que poderá ensejar a ocorrência de tantos fatos geradores

(10)

No tocante a doação, o Código Civil acentua em seu art. 538 que “doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere seu patrimônio, bens ou

vantagens para o de outra”.

Para (ROCHA, 2011) o mencionado imposto não incide sobre a doação dos

bens móveis sobre o qual incida o ICMS, excluindo-se ainda as transmissões de

propriedade de bens por ato oneroso entre vivos, nos quais haverá a incidência de ITBI – Imposto de Transmissão de Bens Imóveis.

2.3 Contribuintes e responsáveis

Com relação ao ITCMD os contribuintes com relação as transmissões „causa mortis‟, são o herdeiro ou o legatário e nas doações podem ser qualquer das partes concernentes à mesma, na forma da lei.

Para (AMARO, 2014), o contribuinte, visto através de uma noção não

rigorosamente técnica, poderia ser identificado como a pessoa que realiza o fato gerador

da obrigação tributária principal, todavia essa noção segundo o autor não é precisa, uma

vez que o fato gerador muitas vezes não corresponde a um ato do contribuinte, porém a

uma situação cuja qual se encontra e/ou com a qual se relaciona o contribuinte.

No tocante ao responsável pela obrigação tributária (AMARO, 2014) denomina o responsável como sujeito passivo indireto, dizendo que “... é um terceiro que (“de direito” e não “de fato”) é eleito como devedor da obrigação tributária.”

Nesta mesma linha de raciocínio, (SABBAG, 2009) pactua com o

entendimento anterior, classificando o responsável como sujeito passivo indireto, dizendo que “a terceira pessoa escolhida por lei para pagar o tributo, sem que tenha realizado o fato gerador.” Para a doutrinadora (COSTA, 2009) o responsável é

identificado como um terceiro em relação ao fato jurídico tributário, porém o eleito pela

lei para responder pelo pagamento do ITCMD.

2.4 Base de cálculo e alíquota

É salutar fazer referências à base de cálculo juntamente com a alíquota, haja

vista que há uma linha tênue que separa os institutos, uma vez que é a partir da base que

(11)

Conforme dispõe o art. 35 do CTN, a base de cálculo é o valor venal dos bens

ou direitos transmitidos, sendo utilizado o valor dos bens na data da avaliação realizada

pela Receita Estadual, conforme Súmula 113 do STF, como também a alíquota vigente

na data da abertura da sucessão (Súmula 112 do STF).

Sob este prisma, destaca (PAULSEN, 2008) que a base de cálculo nada mais é

do que o valor venal do bem ou direito transmitido, expresso em moeda nacional ou em

Unidades Fiscais do Estado, tendo por base o valor de mercado do bem ou direito na

data da abertura da sucessão, ou realização do ato ou contrato de doação.

A questão atinente à base de cálculo de extremamente relevante, pois

dependendo dos objetos a serem inventariados e posteriormente partilhados, os quais

serão alvo dos impostos, haverão particularidades que deverão ser sopesadas.

Muitas vezes o ITCMD não terá base de cálculo integral na herança

(monte-mor), conforme acentua (AMORIN, 2005), haja vista que ocorrerão situações onde a

meação do cônjuge sobrevivente ou do companheiro deverá ser excluída, pois decorre

do regime de bens do casamento ou da união estável.

Objetivando trazer luz a referida questão, importante destacar o que efetivamente será utilizado como base de cálculo nas transmissões “causa mortis”, destacando-se o significado de monte-mor segundo define (SILVA, 2001). Sob a ótica

do autor Monte significa acervo hereditário. Monte-mor se traduz então no acervo

mostrado em sua totalidade, conforme a arrecadação, no momento ainda em que nada se

fez efetivamente para livrá-lo dos encargos, que devem ser por ele suportados. Em

contraposição, monte-mor líquido, na concepção do autor seria o acervo hereditário,

momento em que todas as despesas foram atendidas e todas as dívidas adimplidas, pelo

que restam tão somente os bens livres de quaisquer ônus ou encargos.

Portanto, a partilha ocorrerá tendo por base o monte líquido, formando-se

tantos montes quantos sejam os herdeiros ou legatários, pelo que as bases de cálculo

poderão ser diferentes, e, sendo o ITCMD progressivo, em razão da base de cálculo

(12)

3. PRINCÍPIOS JURÍDICOS DA TRIBUTAÇÃO DO ITCMD

3.1 Princípio da capacidade contributiva

Objetivando trazer luz com referência as questões polêmicas que norteiam o

ITCMD é salutar demonstrar o alcance e as bases que abarcam o princípio da

capacidade contributiva, uma vez que o mesmo intimamente conectado ao tema.

A Constituição Federal em seu art. 145 apresenta o princípio da capacidade contributiva, dizendo que “sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à

administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,

identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os

rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”

Denota-se, portanto, que da verificação do §1º, do art. 145 da CF/88, pode-se

extrair que os impostos terão caráter pessoal, pelo que deverá ser aplicado o princípio da

capacidade contributiva aos tributos, sejam eles taxas, impostos e contribuições de

melhoria.

Desta forma, utilizando-se dos ensinamentos de (CARRAZZA, 2004), o

princípio da capacidade contributiva hospeda-se nas dobras do princípio da igualdade e

ajuda a realizar, no campo tributário, os ideais republicanos. Realmente, é justo e

jurídico que quem, em termos econômicos, tem muito pague, proporcionalmente, mais

imposto do que quem tem pouco. Quem tem maior riqueza deve, em termos

proporcionais, pagar mais imposto do que quem tem menor riqueza. Noutras palavras,

deve contribuir mais para a manutenção da coisa pública. As pessoas, pois, devem pagar

impostos na proporção dos seus haveres, ou seja, de seus índices de riqueza.

Esse princípio tributário constitui de acordo com (ROCHA, 2011) a base para

uma justiça fiscal, uma vez que os encargos serão suportados e graduados de acordo

com a possibilidade de cada contribuinte. Ou seja, capacidade contributiva é a aptidão

do indivíduo, enquanto sujeito passivo de uma obrigação cujo objetivo é o pagamento

de um tributo, de suportar a carga tributária, sem que o cumprimento desta obrigação

prejudique suas condições mínimas de existência, tenha efeitos confiscatórios ou

prejudique o trabalho e a livre iniciativa.

Em suma, (ROCHA, 2011) destaca que em razão do preceito programático não

há direito para o contribuinte buscar a tutela jurisdicional pugnando para que a alíquota

(13)

constitucional produz efeito negativo, uma vez que faculta ao contribuinte o poder de

exigir que o Poder Público tributante não pratique atos que o contravenha. Pelo exposto,

o legislador ordinário fica proibido de instituir progressividade na razão inversa da

grandeza presumível da renda ou dos bens sobre os quais incidirá o ITCMD.

3.2 Princípio da legalidade tributária

O princípio da legalidade tributária segundo (VELLOSO, 2011) é um dos postulados fundamentais do Estado de Direito, o qual foi assentado pelo Rei João “Sem Terra” ao promulgar a Magna Carta de 1215. Afirma o autor que no decorrer da Guerra da Independência dos Estados Unidos, ecoou nos discursos dos colonos americanos contra as pesadas exigências da Coroa Britânica, mediante o brado “No taxation without

representation!”, sendo que atualmente, com a consolidação da rule of law, é amplamente reconhecido nas democracias constitucionais.

Na legislação brasileira aduzido princípio está previsto na Carta Magna, junto ao inciso II, do art. 5º da CF, onde diz que: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.

A Constituição Federal, em especial no âmbito tributário proclama no artigo

150, I, da Carta, que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

Para SILVA, a doutrina muitas vezes confunde o princípio da legalidade e o da

reserva de lei. Destaca o autor que o primeiro significa a submissão e o respeito à lei,

ou a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador, por outro lado o segundo

consiste em estatuir que a regulamentação de determinadas matérias há de fazer-se

necessariamente por lei formal. (...) O fenômeno tributário, como atividade estatal,

obedece ao princípio da legalidade, mas não à simples legalidade genérica que rege

todos os atos e atividades administrativas. Subordina-se a uma legalidade específica,

que, em verdade, se traduz no princípio da reserva de lei.

Pelo exposto cabe ao legislador criar leis que contenham a descrição do fato

tributável, definindo de forma cristalina a base de cálculo e da alíquota, além do critério

para a identificação do sujeito passivo da obrigação tributária, o sujeito ativo e também

o prazo para pagamento. Há, portanto, a necessidade de aduzida lei trazer em seu bojo

(14)

Entretanto, no tocante aos tributos sujeito a lançamento por ofício ou

declaração, importante frisar o contido no art. 160 do CTN, o qual destaca que quando a

legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o vencimento do crédito ocorre

trinta dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do

lançamento.

Ressalta ainda (DIFINI, 2003) sobre o princípio da legalidade, sobre as

exceções existentes, as quais estão consignadas no §1º do art. 153 da Carta Magna, o

qual aduz sobre a possibilidade da lei delegar ao Poder Executivo a faculdade de fazer

variar, observadas determinadas condições e dentro dos limites que ela estabelece, as

alíquotas de alguns impostos, dentre os quais (II, IE, IPI, e IOF).

4. A PROGRESSIVIDADE DAS ALÍQUOTAS APLICADAS NO ITCMD

4.1 Polêmica sobre a progressão de alíquota

Destaca (MEDEIROS, 2017) que a técnica da progressividade, destinada a

atender à capacidade contributiva, significa incidência de maiores alíquotas quanto

maior for a base de cálculo.

A técnica da progressividade, segundo (MURPHY, 2015) é fiscal na medida

em que aumenta sua arrecadação, pois quanto maior for a base de cálculo disponível e

extrafiscal sobretudo pois é a partir dela que se torna possível suavizar (e até mesmo

isentar) muitas faixas de valor da base de cálculo. Agindo desta forma é possível

preservar a renda disponível do cidadão com baixa capacidade contributiva. Porém, o doutrinador se questiona sobre o quanto deve ser “progressiva a progressividade”, aduzindo ser uma pergunta sem resposta, que projeta valores sociais desejáveis e quais

graus de igualdade e desigualdade são almejados.

Para (ATALIBA, 2010), é importante elucidar este aspecto polêmico, pelo que

salienta o doutrinador que são impostos reais aqueles cujo aspecto material da hipótese

de incidência limita-se a descrever um fato, ou estudo de fato, independentemente do

aspecto pessoal, ou seja indiferente ao eventual sujeito passivo e suas qualidades.

Destaca ainda que a hipótese de incidência é um fato objetivamente considerado, com

abstração feita das condições jurídicas do eventual sujeito passivo. Segundo o autor

estas condições são desprezadas, não são consideradas na descrição do aspecto material

(15)

Sobre o que efetivamente se fala sobre progressividade do ITCMD, o

doutrinador (PAULSEN, 2008) aduz que a progressividade, nos impostos reais, é

vedada, salvo autorização constitucional expressa, conforme a jurisprudência do STF,

da qual se extrai que não se prestam a revelar capacidade contributiva e que, por isso

não podem ser graduados com base nela.

Por outro lado para (ROCHA, 2011), são impostos pessoais, aqueles cujo

aspecto material da hipótese de incidência leva em consideração certas qualidades,

juridicamente qualificadas, dos possíveis sujeitos passivos. Quer dizer, aduzidas

qualidades jurídicas têm sua carga valorativa para formar convicções e também

diferenciações quanto ao tratamento legislativo, em especial no tocante ao aspecto

material da hipótese de incidência. Conforme destaca a autora, ao descrever a hipótese

de incidência o legislador faz prevalecer certas qualidades jurídicas, próprias do sujeito

passivo. Neste diapasão, a linha se torna tênue, ou seja há uma intima ligação entre os

aspectos pessoais e materiais da hipótese de incidência.

Sob o prisma de (ROCHA, 2011), é justamente a diferença entre impostos de

natureza pessoal e impostos de natureza real, que impõe a inaplicabilidade do princípio

da capacidade contributiva, àqueles impostos de natureza real, sob a forma de

progressividade, pelo que sustenta não haver constitucionalidade na incidência de

alíquotas progressivas nestas espécies de impostos.

Neste particular é oportuno destacar que o ITCMD é imposto que se enquadra

na categoria de imposto real, sendo que para delimitar o cálculo a autora defende que

não poderiam ser consideradas as características pessoais do contribuinte.

Em face deste posicionamento, torna-se oportuno e salutar tecer considerações

no tocante ao princípio da capacidade contributiva, pelo que invoca-se o artigo 145, §1º, da Constituição Federal, o qual destaca que “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: (...) § 1º - Sempre que possível, os

impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do

contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir

efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos

da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

Quanto ao aspecto da progressividade (ROCHA, 2011) acredita que a expressão “sempre que possível”, está diretamente ligada à categoria do tributo envolvido, pois sendo imposto pessoal, deveria obedecer ao critério da capacidade

(16)

no caso do ITCMD, teria sua base de cálculo fixada de acordo com a totalidade dos

bens transferidos pelo de cujus, pelo que não deveria haver incidência direta e imediata

do princípio da capacidade econômica do sujeito passivo, afastando-se a

progressividade.

Assim, a Constituição Federal ao autorizar a progressividade das alíquotas,

deverá fazer de forma expressa, o que por via direta de consequência, há um permissivo

legal para concluir que a composição da progressividade ocorre tão somente quando

autorizada, na exceção à regra.

4.2 Posicionamento jurisprudencial do STF

Oportuno destacar que o Supremo Tribunal Federal em fevereiro de 2013

julgou o Recurso Extraordinário nº 562.045 – RS. No aduzido recurso o Estado do Rio

Grande do Sul, denominado recorrente apresentou sustentação no sentido da

inexistência de vedação constitucional para a progressividade do ITCMD, mesmo se

tratando de tributo de natureza real. Cumpre destacar ainda, que até então decisões

sobre apreciação da progressividade do imposto supra arguido haviam sido somente

monocráticas, tornando-se inédita a apreciação da matéria em plenário.

A lide começou a ser julgada ainda junho de 2008, momento em que o

Ministro Relator Ricardo Lewandowski, tendo por norte decisões anteriores do STF

remissivas a progressividade do IPTU e ITBI, acabou por negar provimento ao Recurso

Extraordinário. Firmou seu posicionamento na exigência de expressa previsão legal para

que pudesse revestir-se de legalidade o regime progressivo para os impostos. Importante

anotar que a redação do art. 145, §1º da Constituição Federal brasileira restringia a

observação da capacidade contributiva (e progressividade) tão somente aos impostos

pessoais e não aos impostos reais.

Na sequência, conforme destaca (NETO, 2015), já em setembro de 2008,

discordante o Ministro Eros Grau apresentou um voto-vista, no qual deu provimento ao

RE, pois em sua concepção a redação do art. 145 §1º da CF/1988 ao se referir à pessoalidade dos impostos como “sempre que possível”, não restringe a aferição da capacidade contributiva apenas aos impostos pessoais, capaz de ser expressa tanto pelos

impostos pessoais quanto pelos impostos reais.

O Ministro Ayres Britto, seguindo o entendimento do Ministro Eros Grau

(17)

ITCMD, pelo que citou que o caso de aduzido imposto era diferente e ainda

desembaraçado que o do IPTU no passado e sua progressividade não necessitaria de

uma Emenda Constitucional e que sua progressividade estava sujeita às limitações do

poder de tributar.

Referido Ministro em seu voto disse que os fundamentos do seu voto no RE

423.768 se ajustam à causa em debate, na medida em que não há incompatibilidade entre alíquotas progressivas e impostos reais. Argumentou ainda, dizendo que “Aqui, o que existe é remoção de percalço: a progressividade de alíquotas não tem como

descambar para o confisco, pois, no caso do ITCMD, há o controle do teto das alíquotas

pelo Senado Federal. Controle que é previsto no inciso IV do § 1º do art. 155 da nossa Lei Maior.”

Em suma, destacou o Ministro Ayres Britto que tratando-se de ITCMD, bem

mais razão é de se ajuizar que a nossa Magna Lei não contém condição semelhante à

que havia em relação à progressividade do IPTU, antes da EC nº 29/2000. Daí que a

norma geral do § 1º do art. 145 passa a incidir pelo modo mais desembaraçado para,

naturalmente, admitir a progressividade das alíquotas segundo a capacidade econômica do contribuinte”. Vale dizer, aqui (no âmbito do ITCMD) não há e nunca houve necessidade de emenda constitucional para que o imposto fosse progressivo.

Na sequência, conforme destaca (NETO, 2015), o Ministro Marco Aurélio

desproveu o Recurso Extraordinário sob a sustentação de que a progressividade do

imposto sobre transmissão causa mortis acabava por ter efeitos similares ao imposto

sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CF/1988), pelo que extrapolava a competência

dos Estados-membros e do Distrito Federal.

Conforme destaca (NETO, 2015), os Ministros Joaquim Barbosa, Ellen Gracie,

Eros Grau, Menezes Direito, Teori Zavascki, Celso de Mello votaram a favor do

provimento do Recurso Extraordinário, pelo que restaram vencidos os votos dos

Ministros Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio. Pelo exposto, foi decidida a

constitucionalidade da progressividade de alíquotas para o ITCMD.

Aduz ainda (NETO, 2015) que o entendimento majoritário do Supremo

Tribunal Federal considerou que o ITCMD se opera por uma transferência de bens e

direitos de forma não onerosa e gratuita, o que configura de forma cristalina um

acréscimo patrimonial para o sucessor ou donatário, o que por via direta de

consequência permitiria delinear a capacidade contributiva para fins de se empregar

(18)

Aduzido posicionado do STF encontra guarida na doutrina de (CARAZZA,

2004), o qual já argumentava favoravelmente a progressividade para os impostos reais, segundo o autor os impostos “quando ajustados à capacidade contributiva, permitem que os cidadãos cumpram, perante a comunidade, seus deveres de solidariedade política,

econômica e social. Os que pagam este tipo de exação devem contribuir para as

despesas públicas não em razão daquilo que recebem do Estado, mas de suas

potencialidades econômicas. Com isso, ajudam a remover os obstáculos de ordem

econômica e social que limitam, de fato, a liberdade e a igualdade dos menos afortunados.”

Segundo o doutrinador é justamente por isso que no nosso sistema jurídico,

todos os impostos, em princípio, devem ser progressivos, haja vista que graças à esta

progressividade que eles conseguem atender ao princípio da capacidade contributiva.

Contudo, segundo (SILVEIRA, 2009), há exceções, pois impostos com menor

compatibilidade com um regime progressivo, em especial aqueles que possuem função

extrafiscal regulatória mais acentuada. De qualquer sorte, a sustentação aceita sobre os

direitos de herança e preservação da família não pode ser utilizado para justificar

concentração ode renda exacerbada.

No decorrer da exposição (NETO, 2015) aduz que restou cristalino que os

impostos reais podem avaliar com maior ou menor precisão a capacidade do

contribuinte (sujeito passivo tributário), todavia, com as devidas exceções (como no

caso dos impostos com a função de regulação econômica). Destaca ainda o autor que a

incompatibilidade dos impostos reais com a capacidade contributiva aparenta ser uma

anomalia das formulações teóricas brasileiras.

Assim, a luz de toda a exposição resta dizer que fazer referências sobre a

incompatibilidade do ITCMD, com a capacidade contributiva talvez não se traduza

numa construção lógica e jurídica do pensamento, mas, sobretudo em um reflexo da

internalização do patrimônio, o que, no entendimento consolidado do STF deve ser visto

com certa cautela, uma vez que em razão do acréscimo patrimonial, ainda em caráter

gratuito, não ofende a Constituição o estabelecimento de alíquotas progressivas para a

(19)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Face ao exposto cumpre destacar que o Imposto sobre Transmissão Causa

Mortis e Doação, se trata de um imposto de enorme importância, haja vista que incide

sobre uma área extremamente abrangente, como também possui temas polêmicos.

Ocorre que atualmente, embora o STF tenha decidido sobre o tema, havendo

repercussão geral sobre a matéria há várias questões polêmicas sobre o tributo, em

especial no tocante a progressividade das alíquotas aplicadas.

Assim, a polêmica sobre o tema está diretamente relacionada em se debater

sobre a implementação da progressividade, pelo que estaria desatendendo preceito

constitucional, o que por via direta de consequência estaria ocorrendo uma

discricionariedade pelos Fiscos Estaduais, causando insegurança jurídica aos

contribuintes.

O tema é extremamente polêmico, o que causa divergência entre os

doutrinadores, onde alguns são favoráveis a aplicação do princípio da capacidade

contributiva na medida do possível, tendo por base o disposto no parágrafo 1º, do artigo

145, da CF/88, até mesmo nos impostos indiretos e reais, pelo que sustentam o

posicionamento referente a graduação das alíquotas através de aspectos pessoais do

contribuinte.

Sob esta ótica, o tema chama a atenção quanto ao aspecto econômico, social e

ainda jurídico. A polêmica ocorre, sobretudo, em razão do aspecto econômico, pois a

incidência do ITCMD atinge um parcela enorme de contribuintes, sendo sua base de

cálculo variável, onde o lapso temporal para a incidência é o fato gerador ocorrido.

Aduzidos fatos geradores são distintos em razão da quantidade de herdeiros ou

legatários, quer dizer as bases para o cálculo do imposto devem ser separadas, conforme

disciplina o art. 35, parágrafo único, do CTN.

O ITCMD está diretamente relacionado com a sociedade, uma vem que é de

competência dos Estados e do Distrito Federal, e também porque é devido por qualquer

pessoa física ou jurídica que venha a receber bens ou direitos decorrentes de herança,

diferença de partilha ou doação.

Por outro lado a questão jurídica também é de suma importância, haja vista que

o ITCMD possui aspectos polêmicos, dentre os quais se destacam a progressividade de

alíquota, a responsabilidade do contribuinte e ainda a definição do local correto para o

(20)

Assim, comprovada a relevância do tema objeto do presente estudo e ainda sua

pertinência na atualidade, resta salutar e oportuna sua análise pormenorizada.

É de competência do Senado da República a responsabilidade pela fixação de

alíquotas máximas do ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações,

conforme disciplina o art. 155, §1º, inciso IV, da Constituição Federal, todavia cabe aos

Estados e ao Distrito Federal legislar sobre o percentual das alíquotas, obviamente,

tendo por norte o preceito constitucional.

Todavia, cumpre destacar que há uma certa divisão da doutrina com relação ao

conceito, uma vez que determinada corrente objetiva derivar o princípio da capacidade

contributiva do princípio da igualdade, todavia, há aqueles que sustentam aduzida

capacidade como princípio autônomo.

Porém, com relação a progressividade da alíquota do ITCMD, cumpre trazer a

baila o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o qual em fevereiro de 2013

julgou o Recurso Extraordinário nº 562.045 – RS. No aduzido recurso o Estado do Rio

Grande do Sul, denominado recorrente apresentou sustentação no sentido da

inexistência de vedação constitucional para a progressividade do ITCMD, mesmo se

tratando de tributo de natureza real. Cumpre destacar ainda, que até então decisões

sobre apreciação da progressividade do imposto supra arguido haviam sido somente

monocráticas, tornando-se inédita a apreciação da matéria em plenário.

Entretanto, a dúvida existente é saber como os Estados e o Distrito Federal

agirão em face desta decisão, certo é que alguns de pronto já aumentaram as alíquotas

outros permanecem inertes. Torna-se temerário o entendimento, haja vista que em razão

da competência tributária pertencer aos Estados no tocante ao ITCMD, o princípio da

igualdade tributária é visto de diversos ângulos, pois cada Estado pode disciplinar a

matéria conforme entendimento próprio.

Cumpre ressaltar que o temor existe gira não em torno do acúmulo de capital,

mas sobretudo em decorrência das desconexões causadas, as quais podem causar danos

ao Estado Democrático de Direito como também a economia.

Em razão de o imposto ter caráter extrafiscal há a possibilidade de equilíbrio de

desigualdades através da tributação, segundo a ótica do STF, intensificando

especialmente sobre as maiores heranças e por consequência havendo a redistribuição

através do Poder Público.

Porém, existem posições contrárias a este entendimento, uma vez que aduzem

(21)

conseguem dispor de forma plena de seus bens, haja vista a presença indesejada do ente

público.

Nesta linha de raciocínio resta pacífico o entendimento de que não há como o

Estado se sustentar sem políticas tributárias pautadas na razoabilidade, pelo que resta

certo ao contribuinte tão somente a liberdade plena para utilizar e até mesmo dispor de

seus bens/propriedade somente após a tributação, a qual em princípio está amparada

pelo manto constitucional.

Sob a ótica da Suprema Corte, não há como juntar-se a massa de cidadãos que

busca através de argumentos insustentáveis firmar posicionamento em face do Estado,

pois na concepção do STF o direito de herança e doação, transmite bens e direitos

àqueles que não fizeram por merecer, haja vista que simplesmente aumentam seus

patrimônios em decorrência da hereditariedade.

Por outro lado, o Estado garante a ordem constitucional através da proteção da

propriedade privada (art. 170, II, da CF/1988) e meios para evitar a tributação abusiva

como a vedação ao confisco (art. 150, IV) e demais limitações ao poder de tributar pelo

Estado, ao mesmo tempo que é consagrada a função social da propriedade (art. 170, III)

e se compromete a República Federativa do Brasil a erradicar a pobreza (art. 3º, III) e

reduzir as desigualdade regionais e sociais (art. 170, VII). É um intricado complexo de

ônus e bônus para os cidadãos.

O presente artigo não se revela apto a desenvolver solução plausível para o

problema da progressividade das alíquotas aplicadas ao ITCMD, haja vista que a

competência é da esfera pública, porém, buscou de maneira clara trazer à baila a

polêmica existente, objetivando contribuir para o despertar do interesse da sociedade

para o tema.

Sob a ótica da fiscalidade a alíquota de 8% para o ITCMD se revela baixa o

que não permitiria uma redistribuição razoável, porém não é salutar defender alíquotas

maiores e/ou até mesmo exageradas sem que hajam estudos de viabilidade.

Assim, sob o entendimento de (REALE, 2002), somente a questão das cargas

tributárias, alíquotas e capacidade contributiva não oferece uma resposta para o

contribuinte e também para o fisco. É preciso ir além da justiça fiscal e contemplar o

horizonte da justiça ampla. O Direito, ainda que distinto, não pode se afastar

completamente das questões morais.

Pelo exposto, resta cristalino que a progressividade na tributação da herança

(22)

diminuir o abismo que separa ricos de pobres, o que, sob a ótica constitucional fragiliza

o sistema democrático.

Enfim, os valores alicerçados através da Constituição Federal, proporcionados

pelo Estado Democrático de Direito revelam a ordem pública e as garantias individuais.

Assim, desenvolver um sistema tributário justo, assegurando à sociedade seus direitos

sobre a propriedade é algo a ser buscado, todavia, a supremacia do interesse público

sobre o particular e ainda a redistribuição das riquezas, objetivando primar pelo

princípio da igualdade tributária são o norte a ser seguido, pois somente desta forma

haverá efetivamente a concretização dos ideais coletivos que a sociedade vê como

fundamentais para a existência da justiça.

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Referências

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