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SEMINÁRIOS DE ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA SAÚDE (09/05/2017 A 07/06/2017)

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SEMINÁRIOS DE ADMINISTRAÇÃO E

GESTÃO DA SAÚDE (09/05/2017 A

07/06/2017)

RELATÓRIO DE ANÁLISE CRÍTICA

Ana Luisa Cardoso e Mendes Rodrigues

Julho de 2017

Lisboa

Novembro 2016

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Objectivo

Os seminários de administração e gestão da saúde em que foram oradores, entre outros, o Dr.

Artur Vaz, o Dr. João Sampaio, o Professor Pita Barros, o Dr. Rui Portugal o Dr. Francisco George, que ocorreram no ISCSP entre 9 de maio e 7 de junho de 2017, no âmbito da Pós- Graduação de Administração tiveram como objetivo a atualização de conhecimentos face às últimas tendências nas respetivas áreas de atuação. A saber, nas áreas dos agentes privados, das parcerias público-privadas, da Direcção- Geral de Saúde, atendendo nomeadamente aos modelos de financiamento vigentes, às despesas com cuidados de saúde em crescente e à reformulação da ADSE, etc, entre outros.

Para tanto, tais seminários com tão ilustres e experientes oradores possibilitaram a recolha e a verificação de um acervo de informação específica relacionada com na área da saúde, inclusive de atualização estatística que permitem aos alunos que pretendam ser futuros gestores/

administradores nestas áreas, munir-se de dados, acompanhar e verificar o conjunto de esforços e de medidas que têm vindo a ser tomadas no sentido de melhorar a protecção dos cuidados de saúde, a sua qualidade e a sustentabilidade das instituições que prestam tais cuidados.

Estes seminários visaram ainda sensibilizar, diríamos até incentivar, o público-alvo, os estudantes da referida pós-graduação, para a importância e a necessidade de prosseguirem os estudos nesta área e a sua contínua atualização já que tal representa uma das principais ferramentas para optimizar as decisões e os processos e agilizar a troca de informação entre os diversos intervenientes na área da saúde e na organização das instituições que integram o Sistema Nacional de Saúde.

Âmbito

Foram analisados os seminários e os respetivos elementos, tendo sido atualizados alguns dos dados explicitados e que estariam ainda por atualizar.

Metodologia

Sobre cada seminário ministrado entre 09/05/2017 e 07/06/2017, foi elaborada uma análise crítica e uma verificação da informação transmitida por cada prelector, com revisita a dados estatísticos, consoante o caso, ou a outra informação devidamente sinalizada.

Acresce referir que os seminários foram recentemente distribuídos, em 06/06/2017 e em 12/6/2017, em power point.

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Da análise crítica efetuada sobre cada seminário

No que respeita a análise critica efetuada em relação a cada seminário, atentos os objetivos e a metodologia supra citados, cumpre destacar o seguinte:

a) No 1.º seminário, em que foi orador o Dr. Artur Vaz, foi efetuada uma análise económica, em termos evolutivos do setor público e do setor privado da saúde. O setor privado que tem vindo a desenvolver-se a partir das décadas de 90 e 2000, através de grandes grupos privados, movimenta e representa mais de 4 mil milhões de euros e financia mais de 2.400 milhões de euros do total de despesa com os cuidados de saúde. Os hospitais privados têm vindo a ganhar peso no sistema de saúde português e a triplicar a sua actividade. Assinale- se, a este propósito, o crescimento do Grupo Mello, da Luz Saúde, do Grupo Lusíadas, cujos lucros têm vindo a ser sistematicamente assinalados, assim como o respetivo aumento de volume de negócios. De salientar que os privados já asseguram 40% dos cuidados de saúde em Portugal;

b) O Serviço Nacional de Saúde (SNS) português é financiado pelos impostos dos trabalhadores portugueses e acessível a todos os cidadãos. Inclusivamente é acessível aos cidadãos estrangeiros em regime de reciprocidade, aos apátridas (por exemplo, a palestinianos) e aos refugiados políticos que residam ou se encontrem em Portugal. Este caminho da acessibilidade é partilhado pelos sistemas de saúde europeus, assim como a solidariedade na distribuição dos custos e a qualidade das práticas clínicas, existindo diferentes caminhos, inclusivamente políticos na forma como cada país desenvolve a sua própria estratégia no setor da saúde. Veja-se a título exemplificativo que na Holanda, por exemplo, os estrangeiros não pagam até 120 euros, pagando a partir desta verba.

c) Para além do pagamento dos respetivos impostos, em 2009, 2 milhões de pessoas eram subscritores de seguros privados, ou seja, cerca de 40% da população paga, adicionalmente um seguro privado para ter acesso à rede privada de cuidados de saúde.

d) Com o aumento do poder de compra dos portugueses, o recurso às urgências dos hospitais privados aumentou. As despesas de saúde com os privados também cresceram, tendo-se verificado o seu maior crescimento nos anos de 2009 e de 2013;

e) O contributo do subsistema de saúde dos trabalhadores em funções públicas (ADSE) tem um forte peso no que concerne ao financiamento dos hospitais privados. Veja-se o quadro infra do qual consta o aumento da despesa do subsistema da ADSE, sendo que estes seriam seguramente hospitais diferentes se não fossem financiados pela ADSE. Em 2015, o financiamento ascendeu a € 389,7 por beneficiário, de acordo com a informação constante da FIGURA 1. infra constante de www.pordata.pt

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f) A grande diferença da ADSE em relação aos seguros comerciais1 em geral é que se trata de um subsistema de saúde sem limite de idade e tem uma grande parte de beneficiários reformados, já bastante idosos e, por isso, com necessidades muito superiores às pessoas mais novas, do ponto de vista do risco da saúde.

g) Recentemente a ADSE passou a ter direção clínica e critério clínico próprios em relação ao respetivo financiamento, tendo sido estabelecido, por exemplo, um plafonamento. Ou seja, um limite máximo de 52 consultas por ano e nomeadamente a sujeição de endoscopias/

colonoscopias a autorização prévia.

h) Em relação aos hospitais públicos, o financiamento é feito por GDH (Grupo de Diagnóstico Homogéneos) desde pelo menos 1987, o que, na opinião do professor Dr.

Artur Vaz, permite uma manipulação de valores e até mesmo de subfinanciamento das instituições hospitalares.

i) O orçamento efetuado com base em “GDH” visa valorizar umas áreas em relação a outras, podendo praticar-se preços políticos implícitos. Como sistema de pagamento é pouco útil porque é agregado a uma forma global. Somente se fosse um sistema diferenciado e desagregado é que se poderia considerar era útil, na opinião do professor Doutor Pita Barros que também aflorou esta matéria.

1 Os desafios em relação ao público e privado que o SNS e os seguros vão ter de se defrontar foram discutidos no fórum organizado pelo Expresso/ Tranquilidade/ Açoreana Seguros e promovido pela AdvanceCare, no Hotel Epic Sana, cujos resultados foram divulgados no Jornal Expresso de 24 de junho de 2017. Foram avançados modelos de cofinanciamento e salientados os custos da personalização e digitalização em relação ao tratamento dos Utentes, havendo necessidade de ajustar apólices de seguros e novas propostas.

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j) Os preços estabelecidos por GDH não têm presente a fonte de informação diferenciada por hospital. Têm em conta a criação do volume por volume e, nomeadamente na área hospitalar, em que a produção está sempre a aumentar. Haverá por isso que refinar o custo dos GDH, nomeadamente a sua diferenciação, e por contraposição às ULS, no seu financiamento por capitação. Segue infra FIGURA 2., que contempla um quadro exemplificativo da actividade nos Cuidados de Saúde Hospitalares:

k) Ainda em matéria da actividade assistencial hospitalar, cumpre atender aos dados referentes à comparação entre os primeiros trimestres de 2015, 2016 e 2017, divulgados pela ACSS;

em newsletter disponível em https://www.sns.gov.pt/wp-

content/uploads/2017/04/Newsletter-SNS-Acesso_Atividade-Assistencial.pdf:

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l) Contata-se que, apesar da redução do financiamento, O SNS tem aumentado a atividade assistencial nos Hospitais (excepto nas urgências). O modelo de financiamento pode influenciar e alterar a forma de um hospital funcionar sendo que a este nível o setor privado tem alguma influência. Os gestores públicos não têm autonomia nas suas decisões uma vez que a alteração e distribuição do respetivo orçamento está sujeita a entidades intermédias como são a Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. e as Administrações Regionais de Saúde, consistentes com um planeamento central e de racionamento tendencialmente uniforme.

m) O Estado continua a ter um papel preponderante como prestador, segurador, regulador e financiador, inclusivamente dos privados.

n) O caminho trilhado não tem vincado a dicotomia entre o público e o privado, e a tendência é para um financiamento misto e convergente entre o financiamento via impostos e o financiamento via seguros. Mantém-se assente que o modelo de financiamento é fundamentalmente um instrumento estratégico para a sustentatibilidade do Sistema Nacional de Saúde. Nos últimos anos os incentivos que têm sido abordados são, a maior responsabilização do cidadão, a maior competitividade entre instituições e serviços de saúde, estruturas de financiamento coerentes (i.e. minimizando as duplas coberturas, prevendo um único financiador responsável por cidadão), uma maior liberdade de escolha para escolher prestadores, a redução da capacidade instalada, a expansão da capacidade/oferta de serviços, mais co-pagamentos pelos cidadãos, a redução dos serviços cobertos e o aumento da prestação do financiamento privado.

o) Em relação ao universo das PPP, os estudos divulgados pela Entidade Reguladora de Saúde (“ERS”) revelam um distanciamento dos Hospitais de Braga e de Vila Franca de Xira, geridos pelo Grupo Mello, face aos Hospitais Beatriz Ângelo e de Cascais, que têm ficado aquém do expectável. Por exemplo em relação ao Hospital Beatriz Ângelo, a população abrangida não se desloca para este hospital, mas sim para os hospitais de lisboa, onde a maioria trabalha. As referências, no entender do professor Dr. Rui Portugal, não têm a ver com a estrutura e com a organização, mas muitas vezes prendem-se com a sua localização.

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p) Ainda a propósito dos gastos com as despesas de saúde em Portugal importa atender ao quadro infra divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística:

q) Do exposto resulta que a gestão de recursos e racionamento é um desafio constante que os custos crescentes de saúde obrigam a enfrentar tendo o seu custo um valor primacial e decisivo nas políticas de saúde

r) O 2.º seminário subordinado ao tema “Estratégias de Gestão de Risco em Saúde”

no qual foi orador o professor Dr. João P. Sampaio destinou-se a explicitar os mecanismos através dos quais é possível conhecer e antecipar o risco, subdividindo e distinguindo em termos conceptuais o risco estratégico do risco operacional, financeiro e de compliance relativo a imposições legais, em que o Estado deteria o risco estratégico do SNS e os hospitais os riscos operacionais, financeiros e de compliance. Abordou-se a necessidade de definir uma melhor estratégia, em que os mercados mais regulados têm um retorno mais difícil no tempo mas mais certo do que os menos regulados que têm mais retorno mas também mais risco. Foi referido que podem ser utilizadas diversas estratégias em concomitância, desde que devidamente monitorizadas.

s) Em termos de receitas de IRS as mesmas totalizam cerca de 10 mil milhões de euros/ ano e o orçamento geral para a saúde também totaliza idêntico valor, em que 500.000 milhões de euros respeitam a custos com subcontratados e 1.400.000 euros com a indústria farmacêutica. Aqui o risco espelha-se em termos de risco operacional e financeiro.

t) A elaboração de um plano estratégico decorre de uma análise que deve ser feita por quem não executa a tarefa. Designadamente deve ser feita por especialistas externos e deve atender aos riscos de implementação, das gerações futuras e de compliance que em geral são os mais dispendiosos. A gestão estratégica dos vectores de risco deve ser feita através da monitorização dos processos desde logo porque excesso de informação gera ingovernabilidade. Depois importa envolver os trabalhadores na estratégia e alinhar a

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organização porque, para definir a missão, a visão e os valores é toda a equipa que deve estar envolvida.

u) Um dos exemplos adiantados foi o papel de cada Administração Regional de Saúde, o que é que esta entidade pretende ser e qual a verdadeira definição do seu posicionamento? Será o papel de financiador, de prestador, de compliance, controlo/ fiscalização? Se o Ministro da Saúde determinar que deve ser o órgão financiador, então tem de haver um controlo efectivo dos prestadores através da realização de visitas para ver se está tudo bem. Se o papel definido for o de prestador, então não há necessidade de pagar a subcontratados, criam-se postos de colheita, de imagiologia e de exames de gastro nos centros de saúde. A primeira coisa a ser feita é um diagnóstico (mapping) nomeadamente com os trabalhadores/

colaboradores, com perguntas tais como “sente-se bem com o que faz? O que quer melhorar?”, etc.

Desde logo porque a vontade vem de baixo, existindo um claro risco operacional. Deve potenciar o marketing interno, avaliar as pessoas que trabalham no terreno e aí encontrar- se—ão as respostas para tudo, através de uma gestão personalizada dos trabalhadores. Daí decorre a importância da avaliação do desempenho e sobretudo da comunicação, através de newsletter, de sharepoint, de dahsboards e de comunicados às pessoas. É importante fixar-se objetivos e comunicar os mesmos, trata-se de procedimento que resolve quase tudo.

v) A perceção do risco no sector da saúde é uma, quando se trata de prestadores e é outra, quando respeita aos financiadores. Pode haver percepções distintas dos riscos, mas o que é certo é que ninguém confronta os riscos com os parceiros de negócios a montante e a jusante, existindo um desencontro entre as expectativas dos principais atores do sector.

Impor-se-ia que houvesse o alinhamento das organizações num objectivo comum desde logo porque os últimos anos têm sido ricos em acontecimentos e mudanças que acentuam o desalinhamento entre os atores, privilegiando cada um, naturalmente, os seus interesses em função dos seus rendimentos e carreiras (posição MMI – me, myself and I. Verifica-se muita falta de solidariedade no setor, mesmo ao nível político e comunicacional.

w) O conhecimento pleno do mercado e dos dados estatísticos permite uma programação e um planeamento mais linear. Por exemplo, a resposta às perguntas a seguir melhor identificadas deveria ser do conhecimento de todos: quantos utentes novos teve o SNS?

Quantos nascimentos em Portugal no ano de 2016? O distrito de Coimbra tem mais médicos por 1000 habitantes da Europa, enquanto o concelho de Ourique é o que tem menos médicos por 1000 habitantes da Europa.

x) Uma opção para colmatar as disparidades em termos de distribuição de recursos passaria por obrigar os médicos com notas mais baixas a irem para zonas mais periféricas e carenciadas (por exemplo como sucede com os juízes e com os professores).

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y) Em suma, uma das questões mais relevantes é a gestão do risco e da incerteza, a qual deve ser necessariamente conjugada com as dádivas da ciência e da tecnologia e com a colaboração e envolvimento/”commitment” de todos os profissionais que laboram no setor.

z) No 3.ª seminário em que o prelector foi o professor doutor Pita Barros, foram abordados os conceitos de sustentabilidade. Tratou-se de fenómenos de há cerca de 12/13 anos atrás, referindo e exemplificando com dados a sustentabilidade técnica, política, social, financeira e orçamental do SNS. No fundo sintetizou-se pela não existência de défices excessivos, concluindo no sentido de ser sobretudo uma escolha política, dentro de um contexto orçamental disponível .

aa) Para este professor a culpa de o País se encontrar na situação em que se encontra em termos de sustentabilidade é a definição de saúde que resulta Organização Mundial de Saúde tendo em conta nomeadamente que não faz sentido relacionar o aumento das despesas em saúde com o PIB. O PIB não tem sustentabilidade técnica, considerando não ser relevante se Portugal está acima ou abaixo da média da OCDE. Até porque não há igualdade em termos das capacidades produtivas, nem em termos de preferências de fundos.

bb) Os salários das economias crescem quando cresce a produtividade média global. Quando a produtividade cresce menos, os salários pesam mais, nas áreas em que existe muito trabalho humano como por exemplo, a saúde, a educação e a cultura, verificando-se regras muito rígidas na saúde que chocam com essa dicotomia.

cc) A distinção entre a arquitectura do financiamento e a utilização dos serviços, releva para este efeito pois alterar o padrão da procura interfere com o acto médico.

dd) Impõe-se encontrar uma visão que guie a acção. Alterar o padrão da procura pressupunha, por exemplo, alterar a forma de utilização, nomeadamente quando se usa um valor acima do valor padrão. A dificuldade seria a fixação de uma utilização máxima de recursos.

Impõe-se ainda alterar a forma como alguns cuidados são prestados. Por exemplo, a criação e implementação da especialidade do enfermeiro de família, nomeadamente através da atribuição de um suplemento remuneratório, bem como através da figura do gestor do doente.

ee) Importa atender a este propósito à actividade assistencial dos cuidados de saúde primários, a qual se tem vindo a intensificar, segundo os dados referentes à comparação entre os primeiros trimestres de 2015, 2016 e 2017, divulgados pela ACSS; em newsletter disponível em https://www.sns.gov.pt/wp-content/uploads/2017/04/Newsletter-SNS-

Acesso_Atividade-Assistencial.pdf:

USF A 232

USF B 228

UCSP 407

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UCC 248

Total 1.115

Dados de 2 de novembro de 2016

Número de utentes inscritos nos Cuidados de Saúde Primários – divulgados pela ACSS em janeiro de 2016

Atividade assistencial:

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ff) Há dois decisores cruciais, nalguns casos o médico e noutros casos o doente.

gg) Os hospitais são de facto muito dispendiosos até porque as situações agudas exigem standardização, maior especialização e diferenciação e de cuidados. Pese embora haja a dinâmica de regularizações pontuais, tal não altera o seu funcionamento

hh) Questiona-se sobre se será o setor social uma alternativa? Talvez se, por exemplo, as misericórdias fossem sujeitas a regras de gestão pré-determinadas e a requisitos mínimos de qualidade nomeadamente através de parcerias celebradas com unidades/ grupos privados.

ii) O professor Doutor Paulo Pita Barros referiu ainda como positivo a eventualidade de existência de um orçamento plurianual (por exemplo, a três anos). Se um hospital estivesse a acumular dívida, a gestão seria substituída. Seriam realizadas auditorias estratégicas e os hospitais que mostrassem maior capacidade de se manter dentro do orçamento, nessa situação adquiririam maior autonomia nos anos subsequentes. Atualmente quem tem melhores performances passa a receber menos e, na opinião desde professor, não deveria ser assim.

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jj) O controlo da divida deverá ser feito pela gestão e não pelo desperdício. Importa construir uma visão estratégica de longo prazo para o SNS.

kk)Há que acomodar a diversidade de preferências dos pacientes que constituem uma população cada vez mais envelhecida com cumulação de doenças crónicas, mas a pretenderem fazer a sua vida normal, com autonomia.

ll) O SNS deverá acomodar-se à diversidade de preferências da vida das pessoas, dando preferência ao equilíbrio entre a escolha individual de cada um, ao invés de uma institucionalização forçada.

mm)A cultura do paternalismo cede a um ritual de fidelidade e confiança até porque o doente hoje também é conhecedor e tem acesso à informação.

nn) O doente não pode ser visto apenas como um caso, mas sim numa dimensão diríamos holística, psicológica, espiritual e religiosa. No dizer de João Lobo Antunes em “A Nova Medicina” da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Ensaios da fundação de 2012, Sir William Osler (1849-1919), fundador da medicina clínica, dizia que “era mais importante conhecer o doente que tem a doença do que conhecer a doença que o doente tem”.

oo) No 4.º seminário, o professor doutor Rui Portugal aludiu ao Plano Nacional de Saúde 2020. Num olhar crítico para a estratégia europeia e para aquilo que Portugal fez referência ao binómio saúde e bem estar, à situação dramática da evolução demográfica do país (nomeadamente pela equiparação do rendimento entre o trabalho feminino e o masculino em Portugal, que, face aos países escandinavos, se traduz num grande impacto em termos demográficos).

pp) No seu entendimento, o foco deveria ser feito no sistema de saúde e não apenas o serviço nacional de saúde;

qq) A regulação em saúde tem de ser incentivada e dinamizada para que seja eficaz, através de uma entidade com características distintas da entidade reguladora de saúde que tem uma dimensão reduzida.

rr) Os novos vetores/ conceitos transversais são: cidadania em saúde, equidade e acesso adequado aos cuidados de saúde; qualidade na saúde e políticas saudáveis.

ss) Os tempos em saúde também são algo que tem vindo a ser evidenciado e são muito importante, verificando-se aqui muitos ganhos até 2020, mas que também acarretam muitos custos. Conforme referido por João Lobo Antunes em “A Nova Medicina” da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Ensaios da Fundação de 2012, um juiz do Supremo Tribunal do Canadá disse que “incluir um doente numa lista de espera não é prestar-lhe cuidados de saúde”. Em relação ao Plano Nacional de Saúde para 2020 criaram-se metas relacionadas com a esperança de vida, com a qualidade de vida e com o bem estar das pessoas.

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tt) Foram, ainda desenvolvidos planos regionais e locais de saúde. Os planos locais de saúde são os mais vocacionados para o sucesso e não implica que tenham de ser específicos do município, uma vez implicam a) a definição das necessidades da população; b) as estratégias para cumprir essas necessidades e c) a definição dos recursos para as satisfazer e quais os compromissos que devem ser assumidos. Desenhar um programa para uma determinada população com determinadas características, garante a sua efectividade total, replicar programas para populações diferentes, perdem efectividade. O nível nacional não define prioridades mas ao nível local, das comunidades estas prioridades podem ser estabelecidas.

uu) Impõe-se por isso, para tratar da saúde e do bem estar da população em geral e de uma determinada comunidade/ localidade, reunir e concertar estratégias com diversos parceiros potenciais, tais como, entidades policiais, escolas de saúde, professores e autarcas. Isto para que sejam definidas, prioridades, metas, recursos, compromissos e projetos, de forma concertada e adequada à população em causa. Importa cada vez mais enfrentar a medicina na sua feição social e diríamos mesmo cada vez mais personalizada.

vv) Na prelecção do Dr. Paulo Nogueira também da Direção Geral de Saúde foram referenciados os indicadores relacionados com a monitorização do Plano Nacional de Saúde, o qual constitui um instrumento estratégico, adoptado por um número cada vez maior de países, que permite o alinhamento das políticas de saúde, duma forma coerente e fundamentada, com o objectivo de maximizar os ganhos em saúde para a população desse País.

ww)Para haver uma monitorização eficaz, não basta a recolha e a divulgação da informação; há que definir um número restrito de indicadores para equiparar os dados de saúde e definir um número limitado de objectivos.

xx) As tendências são as seguintes: conferir mais peso à informação recente do que à informação mais antiga; fazer a comparação entre regiões muito heterogéneas; reduzir-se a distância máxima entre regiões; atentar-se às equidades.

yy) A informação torna-se um evidente aliado da estratégia. É sabido que o aumento da esperança de vida de um país também permite aumentar o seu PIB. Logo, os resultados em saúde não devem ser vistos apenas na sua relação com os custos, mas sim mais correlacionados com o investimento, com a possibilidade analítica do confronto dos resultados para procurar novas situações e com a promoção da adopção das melhores práticas para uma comunidade.

zz) Por último, em relação ao último seminário, do professor doutor Francisco George, cumpre salientar a ênfase que deu à forma como os países se comparam em termos do que se entende ser hoje a definição quanto aos objetivos da medicina dos quais destacou a prevenção da morte prematura, permitindo salvar e prolongar a vida. Os indicadores elaborados têm vindo a ser direccionados com as causas de morte, nomeadamente

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prematura (antes de tempo) a qual tem de ser reduzida, comparando probabilidades entre países. Referiu também que os indicadores têm vindo cada vez mais a ser delineados e delimitados para que possam ser tomadas as medidas acertadas com vista a prolongar a vida dos cidadãos, com a melhor qualidade possível.

aaa) O professor lançou o repto sobre quais as medidas a tomar nomeadamente para alcançar os objectivos estabelecidos em termos do Plano Nacional de Saúde.

bbb)Salvo melhor e mais versado entendimento, muitas dessas medidas passam; pela promoção das capacidades funcionais (a boa forma e a mobilidade dos cidadãos); pela promoção da comunicação entre cidadãos e profissionais de saúde, em especial dos profissionais de saúde a ligarem para os utentes que já não os visitam por um período de tempo para se informarem do seu estado de saúde, para realizarem com regularidade analises ao sangue, medir a tensão e ainda com a periodicidade necessária medir o açúcar no saúde e o regular funcionamento dos rins (dado o aumento da diabetes).

ccc) Importará ainda apurar as incapacidades de que sofrem os doentes em virtude de uma qualquer doença. Por exemplo, em relação aos enfartes/AVCS, importa especificar qual o grau de incapacidade e afecção e quantos doentes ficaram institucionalizados. Em relação a esta patologia que exige uma rápida intervenção e um serviço especializado, qual a continuidade dada às terapias realizadas, nomeadamente à terapia da fala e qual o follow up recebido após alta hospitalar.

ddd)Acresce ainda referir a necessária promoção da mobilidade dos profissionais de saúde através de visitas domiciliárias ou de unidades móveis.

eee) Facilitar o acesso à psicologia quer clínica, quer social e às organizações, para melhor orientar os cidadãos e evitar o desenvolvimento de angústias, ansiedades bem como o desenvolvimento de problemas relacionados coma saúde mental;

fff) Facilitar o acesso à informação, promovendo workshops relacionados com a literacia em saúde e com o envelhecimento, autocuidados e cuidadores.

ggg) Taxar, através dos impostos, os produtores e distribuidores de alimentos processados e refrigerantes e evitar a sua distribuição pelas escolas;

hhh)Promover a agricultura biológica, nomeadamente através de incentivos a casais desempregados.

Conclusão

Conforme resultado exposto, considerou-se que estes seminários constituem instrumentos revelantes que podem auxiliar os gestores e os profissionais de saúde no exercício das suas actividades. Sobretudo podem ajudar no que concerne ao esclarecimento de algumas questões que se suscitam em relação ao desempenho e ao financiamento das respetivas organizações; à melhoria

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dos cuidados prestados; à melhor análise dos planos nacionais, regionais e locais de saúde; e ainda à informação e à divulgação de dados estatísticos.

Para finalizar cumpre referir o seguinte soneto de Luís Vaz de Camões:

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

Muda-se o ser, muda-se a confiança;

Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades”

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Bibliografia

Antunes , João Lobo, “A Nova Medicina” da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Ensaios da Fundação de 2012;

Barros, Pedro Pita, Economia da Saúde, 2017, Almedina

Estorninho, Maria João e Tiago Macieirinha, Direito da Saúde, 2015 da Universidade Católica Editora.

Nunes, Rui, Regulação da Saúde, 3.ª edição, 2014 da Vida Económica;

Referências

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