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RELATÓRIO DE TERAPIA OCUPACIONAL. Eduardo iniciou acompanhamento em Terapia Ocupacional em

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Academic year: 2022

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Jundiaí, 01/11/2021.

RELATÓRIO DE TERAPIA OCUPACIONAL

Ref: Eduardo Catroque Tavares DN: 16/04/2017

Idade: 4 anos e 6 meses

Eduardo iniciou acompanhamento em Terapia Ocupacional em dezembro de 2020, encaminhado pela Neuropediatra Dra. Mariana Pereira, por apresentar alguns comportamentos atípicos, interesses restritos, sintomas de ansiedade, na ocasião sem critérios clínicos para Transtorno do Neurodesenvolvimento.

E. apresentou histórico de Plagiocefalia posicional (corrigida com uso de órtese tipo capacete) - CID 10: G93, e Transtorno emocionais com início na infância - (CID10: F83).

Queixas principais trazidas pela família: rigidez comportamental ao brincar (escolhia dinossauros com muita frequência, enfileirava tudo por ordem de tamanho, não gostava de misturar os brinquedos, sempre na mesma categoria, não se interessava pelo faz de conta); ansiedade (“ficava tenso, mordendo os lábios, cutucando os machucados, batendo em sua barriga”),

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tímido, dificuldade em interagir com outras crianças, chorava nas apresentações escolares, no contato com muitas pessoas ao mesmo tempo.

Apresenta dificuldade em modular estímulos táteis (preferência por ficar descalço mesmo em chão irregular, não aceitava colocar sapatos, pois “doía os pés”, incomodava-se com etiquetas, não aceitava tocar em slime, voltou a querer pegar alimentos com as mãos), cheira tudo, resistência a novos alimentos, hipersensibilidade à estímulos auditivos (parece estar em estado de alerta, ouve todos os barulhos e quer saber do que se trata, tem medo exacerbado de sons de animais, desregula-se, fica disperso e ansioso em locais com muito som e informações visuais, como no shopping, por exemplo).

Apresentou atraso na aquisição da fala. Hoje comunica-se bem, teve alta da Fonoaudiologia, e mantem atendimento de Psicologia. O desfralde aconteceu inicialmente com o controle vesical, porém, demorou para realizar o controle intestinal.

Durante o processo de avaliação em Terapia Ocupacional foram utilizados os seguintes instrumentos: Anamnese com a mãe; Observação Clínica (durante a livre exploração do espaço e brinquedos, e em interações propostas pela terapeuta); instrumentos padronizados, tais como Perfil Sensorial 2 (Winnie Dunn, PHD, OTR, FAOTA) – Questionário ao Cuidador (com os Pais), SPM - Sensory Processing Measure (Parhan and Ecker);

Questionário para a Medição da Responsividade Sensorial (CMRS/QMSR)

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VC 1.0 (Gustavo Reinoso) – conclusão dos dados em relatório anexo; e Acompanhamento Escolar /Perfil Sensorial 2 (Winnie Dunn) - este recentemente foi solicitado à escola para refazer.

Segundo Schaaf e Roley (2006) o processamento sensorial é o meio pelo qual o sistema nervoso detecta, modula, discrimina, integra e organiza os estímulos sensoriais externos e internos. A detecção (registro), o ajustar e o organizar reações (modulação), e o perceber os detalhes (discriminação) das sensações, são fatores essenciais do processamento sensorial, que capacitam a criança a agir e interagir com o meio.

Disfunções no Processamento Sensorial (ou de Integração Sensorial) poderão afetar o comportamento da criança tornando-as desatentas, com dificuldade de concentração; ou prejudicar os seus movimentos devido a um nível de atividade alto ou baixo, levando à incoordenação motora, à dispraxias;

impedir a criança de brincar e de experimentar as interações fundamentais para a aprendizagem e interação social, entre outros sintomas. Por este motivo, crianças que apresentam disfunção de integração sensorial necessitam de intervenção terapêutica ocupacional, na abordagem de Terapia de Integração Sensorial de Ayres.

Resumidamente, com a interpretação dos dados da avaliação, concluiu- se que Eduardo apresenta Disfunção de Integração Sensorial, com características de Perfil Sensorial de criança Evitadora, ou seja, que possui

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aversão a determinados estímulos (em especial nos sistemas Auditivo, Tátil, Gustativo e Olfativo). A hipótese é que apresenta dificuldade de Modulação da aferência sensorial, gerando desregulação diante de determinados estímulos, ansiedade, e impactando no comportamento social e adaptativo. Os déficits de Modulação Sensorial referem-se à dificuldade em regular e em organizar as respostas aos estímulos sensoriais, que muitas vezes irão variar dependendo do tipo do estímulo sensorial que ele recebe. Por evitar determinados estímulos, também acaba por demorar a processá-los, o que é chamado de Baixo Registro Sensorial.

Para deixar mais claro, podemos dizer que E. apresenta:

 hipo-responsividade sensorial (tendência a não responder ou demorar a

responder ao estímulo sensorial, causando dificuldades em detectar o estímulo, chamado do Baixo Registro) por exemplo, nas áreas de propriocepção e movimentos;

 hiper-responsividade sensorial (tendência para responder aos estímulos

mais rapidamente, mais intensivamente e com longa duração), por exemplo, aos estímulos táteis e orais, influenciando diretamente na Alimentação (recusa de alguns tipos de alimentos) e determinados estímulos sonoros como exemplo, o som dos animais e sons de ambiente com muitos ruidos;

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Eduardo vem realizando Terapia Ocupacional há 11 meses, e já observamos grandes avanços. Hoje ele interage melhor com todos os recursos terapêuticos, encara novos desafios, busca por experiências sensoriais e motoras, e vem desenvolvendo respostas adaptativas que, gradativamente, estão impactando seu desempenho nas atividades da vida diária, escolares e sociais. Como potenciais, E. apresenta bom desenvolvimento cognitivo, atenção, raciocínio, memória, diálogo coerente e no contexto, coordenação motora global e fina esperadas para a idade, comportamento colaborativo, e engajamento nas atividades propostas.

Cabem algumas orientações: Em se tratando de uma criança com dificuldade na modulação sensorial, sugere-se maior atenção dos pais, terapeutas e professores aos sinais de desconforto que ele possa vir a apresentar nas situações mencionadas acima, e em outras. Por ele ser uma criança mais tímida e aparentemente tranquila, podem passar despercebidos estes desconfortos e mudanças de comportamento, que internamente causam sofrimento, desregulação sensorial, ansiedade, agitação ou isolamento.

Coloco-me à disposição para agendarmos uma reunião, e realizarmos trocas de informações sempre que necessário.

Grata. Atenciosamente

Flávia Daolio Formigari Lima Terapeuta Ocupacional

Referências

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