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PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE

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PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE Phyllophaga capillata (BLANCHARD) (COLEOPTERA: MELOLONTHIDAE) POR VARIEDADES DE MANDIOCA EM

CAMPO NO CERRADO

Charles Martins de Oliveira1, Eduardo Alano Vieira1, Josefino de Freitas Fialho1 (1Embrapa

Cerrados, BR 020, Km 18, Caixa Postal 08223, 73010-970 Planaltina, DF. e-mail: charles@cpac.embrapa.br)

Termos para indexação: coró-da-soja-do-cerrado, Manihot esculenta Crantz, danos,

mandioca de mesa.

Introdução

A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é considerada como uma das culturas mais tolerantes ao ataque de pragas, contudo, estudos têm demonstrado que a redução na produção pode ser significativa quando as populações de pragas são altas, e as condições ambientais desfavoráveis (Bellotti et al., 1999). No continente americano cerca de 200 espécies de artrópodes alimentam-se de mandioca (Bellotti e van Shoonhoven, 1978). No Brasil as pragas mais importantes da cultura estão presentes na parte aérea das plantas, entretanto, estudos recentes têm revelado a ocorrência de novas pragas que ocorrem no solo (Oliveira et al. 2005; Oliveira et al., 2007a). Em 2007 foi registrado pela primeira vez no Brasil o ataque de larvas de besouros (corós), pertencentes ao gênero Phyllophaga Harris (Coleoptera: Melolonthidae), em manivas de mandioca recém plantadas, causando a morte das plantas com conseqüente redução do estande e requerendo o replantio das áreas atacadas (Oliveira et al., 2007b).

O gênero Phyllophaga Harris é composto por 861 espécies distribuídas no continente americano (Evans e Smith, 2007), destacando-se como um dos mais importantes grupos de pragas no México e América Central pelos prejuízos que diversas dessas espécies são capazes de causar em culturas de grande importância econômica (Morón et al., 1996). No Brasil ocorrem 31 espécies das quais P. capillata e P. cuyabana (Moser) atacando soja [Glycine max (L.) Merrill] (Oliveira et al., 2004; Oliveira et al, 2007a) e P. triticophaga Morón & Salvadori atacando principalmente trigo [Triticum aestivum (L.) Thell] (Salvadori e Silva, 2004) são

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consideradas pragas importantes. O objetivo desse estudo foi avaliar a preferência alimentar de P. capillata por variedades de mandioca em condições de campo no Cerrado.

Material e Métodos

O estudo foi conduzido no Núcleo Rural Fazenda Larga – Lote 07 localizado em

Formosa (GO) (47o 24’ 23,2” O; 15o 34’ 37,1” S e 970m de altitude). Em um talhão com

histórico de ataque de corós, foram avaliados oito acessos de mandioca de mesa mantidos no Banco Regional de Germoplasma de Mandioca do Cerrado (BGMC), listados na Tabela 1 e mais três testemunhas locais. Utilizou-se um delineamento de blocos ao acaso com três repetições. Cada parcela experimental foi constituída de quatro linhas com 10 plantas em um total de 40 plantas. O espaçamento adotado foi de 0,8 m entre plantas na linha e de 1,2 m

entre linhas, totalizando 34,4 m2 por parcela. O plantio foi efetuado no dia 11/12/07 e o

experimento foi conduzido adotando-se todos os tratos culturais recomendados para a cultura na região do cerrado (Souza e Fialho, 2003).

A preferência alimentar de P. capillata por variedades de mandioca foi verificada por meio da avaliação do número de plantas vivas e pelo número de larvas de P. capillata por parcela. No dia 12/03/2008 foi realizada a avaliação do estande final das parcelas e paralelamente foi realizada a amostragem do número de larvas por meio da abertura de trincheiras de 50 x 50 x 30 cm (comprimento x largura x profundidade), utilizando-se enxadão, em dois pontos dentro de cada parcela. As larvas encontradas foram acondicionadas em caixas plásticas contendo solo da área. Posteriormente, os insetos foram transportados para o laboratório de Entomologia da Embrapa Cerrados (Planaltina/DF). As larvas foram colocadas em água fervente por dois minutos, para se evitar o processo de melanização dos espécimes, sendo fixados posteriormente em álcool 70%. Para a identificação taxonômica especifica foi procedido o exame da região do ráster (porção terminal ventral das larvas de Coleoptera: Melolonthidae), caracter de valor taxonômico (Oliveira, 2007), comparando-se com espécimes existentes na Embrapa Cerrados e cuja identificação específica é conhecida.

Com os dados de estande de plantas e número de larvas calculou-se a porcentagem de

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estande e o número de larvas por m2 foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knot a 5% de probabilidade de erro. Para essas duas variáveis utilizou-se também a análise de correlação. As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa estatístico SISVAR 4.3 (Ferreira, 2000).

Resultados e Discussão

Pela análise da região do ráster das larvas coletadas no presente estudo, o coró observado atacando mandioca no Cerrado provavelmente pertence à espécie Phyllophaga

capillata (Blanchard) (Coleoptera: Melolonthidae) (Figura 1A). Essa espécie foi recentemente

registrada como praga de soja no Distrito Federal e municípios próximos no Estado de Goiás (Oliveira et al., 2007).

Na área experimental foi possível observar plantas de mandioca apresentando crescimento retardado, amarelecimento e morte. As plantas apresentavam na maniva-semente, utilizada para o plantio, injúrias na casca e as brotações apresentavam um anelamento próximo à base ou estavam completamente seccionados (Figura 1b).

Figura 1. (A) - Larvas de terceiro estádio de Phyllophaga capillata. (B) - Maniva de

mandioca mostrando os danos causados por P. capillata (setas indicam locais de alimentação).

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Na análise de correlação obteve-se um coeficiente de determinação de 0,64 (P<0,05) indicando que a porcentagem de redução do estande de plantas estava diretamente relacionado com a população de larvas de P. capillata nos tratamentos. Entretanto, não foram obsevadas diferenças estatísticas entre as cultivares de mandioca estudadas quanto ao número de

larvas/m2 e para porcentagem de redução no estande plantas (Tabela 1).

Tabela 1. Número médio de larvas de Phyllophaga capillata por m2 e porcentagem de redução do estande de plantas em 11 cultivares de mandioca em Formosa/GO, 2008.

Acessos Nome Comum Larvas/m2 % redução do estande

BGMC 982 Iapar 19/Pioneira 2,7 31,7

BGMC 1096 Sem nome 2,0 34,2

Testemunha 1 Vassourinha Local 1,3 33,3

BGMC 1289 Taquara Amarela 2,0 49,2

BGMC 1321 Palmeira 5,3 65,8

BGMC 753 IAC 756-70/Japonezinha 4,0 45,0

Testemunha 2 Manteiga 7,3 61,7

BGMC 1189 Água Morna 5,3 53,3

Testemunha 3 Cacau Queijo 4,0 28,3

BGMC 1243 Amarela Entre Rio 1,3 39,2

BGMC 751 Japonesa 6,0 58,3

Muitas espécies de corós, cujas as larvas se alimentam de raízes, são polífagas, ou seja, se alimentam de uma ampla gama de plantas hospedeiras, muitas vezes pertencentes a diversas famílias botânicas. Esse é o caso por exemplo de Aegopsis bolboceridus (Thomson), que também ocorre no Distrito Federal e Goiás, e cujas as larvas se alimentam em pelo menos 12 espécies de plantas (Oliveira et al., 2008). Outra espécie congênere, P. triticophaga, que ocorre no Sul do país tem como hospedeiros 13 espécies de culturas graníferas (Salvadori e Silva, 2004).

O fato de P. capillata ter causado danos em todas as cultivares de mandioca utilizadas nesse estudo, não apresentando assim maior ou menor preferência pelos materiais testados, e o hábito polifágico de muitas das espécies de corós, sugerem que táticas de controle da praga por meio da prospecção de materiais de mandioca resistente parecem pouco recomendados.

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Entretanto, há necessidade de se ampliar o número de materiais testados incluindo-se as cultivares “bravas” (alto teor de ácido cianídrico nas raízes de reserva).

Conclusões

Phyllophaga capillata (Blanchard) causa danos semelhantes nos acessos de mandioca

BGMC 982, BGMC 1096, BGMC 1289, BGMC 1321, BGMC 753, BGMC 1189, BGMC 1243 e nas três testemunhas locais avaliadas e não apresenta preferência alimentar por nenhuma das cultivares.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Embrapa, Fundação Banco do Brasil, CNPq, FAPDF e ao Programa Biodiversidade Brasil-Itália pelo apoio financeiro.

Referências bibliográficas

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