Evolução Recente das Classes Econômicas: Microempresários Metropolitanos
A PME do IBGE fornece uma vista panorâmica das diversas faces das maiores cidades brasileiras permitindo avaliar os efeitos da ruptura financeira ocorrida em 15 de setembro com a quebra do Lehman Brothers até dezembro de 2008. Notamos que o período imediato pós-crise, apesar das flutuações espetaculares dos mercados financeiros, foi de relativa calmaria no bolso do trabalhador metropolitano brasileiro, em geral. Em particular, naqueles de menor renda inicial. As perdas estavam localizadas em setores específicos, como finanças e indústria, nos segmentos exportadores e formais e naqueles de maior renda. Apresentamos aqui esta análise através do processamento dos microdados da PME, incluindo janeiro de 2009 a abril de 2009. Mais especificamente, analisamos à luz destes dados, os impactos da crise externa sobre os microempresários brasileiros.
EVOLUÇÃO DAS CLASSES ECONÔMICAS
Os impactos sobre os fluxos de renda familiar do trabalho dos microempresários (de 15 a 60 anos) nas áreas metropolitanas brasileiras estão traduzidos, na composição de estratos econômicos. O cerne aqui é a mensuração dos movimentos das pessoas entre estes estratos econômicos. Estendemos, aqui, o período de análise até abril de 2009, destacando janeiro a abril de todos os anos para lidar com as flutuações sazonais no interior dos anos. Apresentamos também os valores do período após o agravamento da crise, a partir de setembro de 2008, com destaque neste mês, e depois dezembro, janeiro e abril, de forma a mostrar a transição ocorrida nos primeiros meses de 2009 que são os dados mais recentes disponíveis1.
Conforme colocado abaixo, as séries janeiro-abril de cada ano apontam crescimento da classe C entre os microempresários metropolitanos, que se encontra no seu recorde de alta neste ano (54,12%). Enquanto a classe D se encontra no menor nível desde 2002; os extremos AB e E, apesar dos bons resultados dos últimos anos, foram poucos afetados no último período, as taxas são pouco menor em 2009 em relação ao mesmo período do ano anterior.
1 A fim de lidar com as sazonalidades comparamos na seção seguinte períodos equivalentes em cada um desses sub-períodos analisados
Evolução das Classes Econômicas Microempresários Metropolitanos. JAN-ABR/03 JAN-ABR/04 JAN-ABR/05 JAN-ABR/06 JAN-ABR/07 JAN-ABR/08 JAN-ABR/09 Classe E 22,83 24,3 17,56 16,47 14,28 11,74 11,85 Classe D 14,52 14,48 14,44 14,65 13,24 12,28 11,25 Classe C 44,5 44,03 48,12 47,86 50,98 53,16 54,12 Classe AB 18,15 17,18 19,88 21,03 21,5 22,81 22,77
Observamos que as tendências gerais dos últimos seis anos de queda na classe E e aumento das classes AB, que estavam presentes em todas as metrópoles brasileiras, começam a apresentar sinais contrários pós-crise.
De forma geral, a Região Metropolitana de São Paulo possui os melhores índices em todos os anos, com as mais baixas taxas de microempresários na classe E (ligeiro aumento agora em 2009), acompanhadas das mais altas proporções de indivíduos na classe AB. Enquanto isso, a Região Metropolitana de Belo Horizonte apresenta o melhor desempenho relativo, angariando novas posições nos rankings de (menor) classe E. A região do Grande Rio ocupa o primeiro lugar no pódio de crescimento da classe AB, com 42% de crescimento em seis anos, bastante superior ao conjunto das 6 metrópoles. No último ano, já incorporando os resultados da crise o crescimento da classe AB é de 1,5%,, enquanto na média metropolitana a taxa ficou constante. A seguir, detalhamos a evolução desses dois grupos em cada uma das 6 Regiões Metropolitanas, nos meses de janeiro a abril de cada ano desde 2003, a fim de captar também, nos dois primeiros meses de 2009, os impactos de crise.
Classe E nas Regiões Metropolitanas
Apresentamos, a seguir, a evolução da classe E nas principais metrópoles brasileiras. Como podemos observar, quando consideramos o período dos últimos seis anos, todas as metrópoles apresentam queda acumulada na taxa.
Região Metropolitana de São Paulo: mantém os menores níveis durante todo o
período, acumulando queda de 42% em seis anos. Nos primeiros meses de 2009, a classe E atingia 8,94% dos microempresários, apresentando pequeno crescimento em relação ao ano anterior.
Região Metropolitana de Belo Horizonte: experimentando o melhor desempenho
relativo do período, a proporção cai 63% entre 2003 e 2009 (passa de 24,43% para 9,05% nos quatro primeiros meses desse ano). A tendência positiva da metrópole vem se repetindo na região ao longo dos últimos anos (foi a que apresentou segunda maior queda no último ano), permitindo ultrapassar as Regiões do Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Região Metropolitana de Porto Alegre: com 9,55% nos quatro primeiros meses de
2009 (queda de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior e de 56% no acumulado de 6 anos), é o terceiro lugar no ranking das seis metrópoles.
Região Metropolitana do Rio de Janeiro: com queda acumulada de - 49% na classe
E, a região perde em 2006 totalizando agora em 2009, 12,57% dos microempresários na classe E.
Região Metropolitana de Salvador: acumulou queda de 52% em seis anos, sendo
pouco mais da metade em 2005. Com redução de 6,96% em um ano, atinge 15,72% da população microempresária nos quatro primeiros meses de 2009.
Região Metropolitana de Recife: mantendo-se constante no último ano, ainda é a
região com nível mais alto de microempresários na classe E (25,31% no início de 2009). Durante os últimos 6 anos, apresentou queda acumulada de 39%.
Conta Própria ou Empregador - Janeiro a Abril - Taxa - Não definido - Classe E - Região Metropolitana Categoria Classe Econômica JAN-ABR/03 JAN-ABR/04 JAN-ABR/05 JAN-ABR/06 JAN-ABR/07 JAN-ABR/08 JAN-ABR/09 Recife Classe E 41,34 53,21 34,63 31,77 27,67 25,37 25,31 Salvador Classe E 32,72 36,48 29,59 26,67 20,61 16,75 15,72 Belo Horizonte Classe E 24,43 19,68 15,32 13,95 12,3 10,19 9,05 Rio de Janeiro Classe E 24,77 24,63 18,87 17,09 15,68 12,28 12,57
São Paulo Classe E 15,43 17,57 12,24 12,14 10,49 8,39 8,94
Porto
Alegre Classe E 21,76 22,22 14,18 14,17 12 10,87 9,55
Classe AB entre as Regiões Metropolitanas
Com quedas nas taxas de microempresários na classe E, ao longo de seis anos, o passo agora é analisar como isso refletiu em outro grupo populacional. Para isso, vamos analisar o crescimento da classe AB em cada uma das metrópoles. Dados brasileiros mostram que esse é o grupo mais impactado pelos sinais recentes de crise.
Região Metropolitana de São Paulo: A Região Metropolitana de São Paulo mantém
as maiores proporções de microempresários de classe AB. O grupo que atinge, agora no início de 2009, 28,16% dos microempresários, acumulou crescimento de 14% no período. Entre 2007 e 2008, o crescimento chegou a 10% em apenas um ano, que foi revertido quase à metade, agora em 2009 (queda de 4% nos quatro primeiros meses do ano).
Região Metropolitana de Porto Alegre: segundo lugar no ranking, com 24,85% dos
microempresários na classe AB no último período, experimentou crescimento de 35,6% em seis anos. No último ano, o crescimento foi de 4,5%.
Região Metropolitana de Belo Horizonte: a Grande Belo Horizonte é a terceira no
ranking da classe AB. Com crescimento acumulado de 38%, atinge nos dois primeiros meses de 2009, 23,22% da população neste grupo.
Região Metropolitana do Rio de Janeiro: a Grande Rio ocupa o primeiro lugar no
pódio de crescimento da classe AB entre microempresários, com 42% de crescimento em 6 anos, bastante superior ao conjunto das 6 metrópoles. O Rio que apresentou variação positiva em todo o período, no último ano, já incorporando os resultados da crise, o crescimento da classe AB é de 1,5%, enquanto, na média metropolitana, observamos certa constancia
Região Metropolitana de Salvador: com o segundo maior crescimento acumulado
(40,5%), a Região Metropolitana de Salvador atinge em 2009 19,34% dos microempresários na classe AB. O bom desempenho, principalmente no último ano, quando cresceu 17,8%, permitiu que ficasse ligeiramente acima do Rio de Janeiro.
Região Metropolitana de Recife: ao contrário de Salvador, quando analisamos os
meses de janeiro a abril, desde 2003, a Região de Recife não apresentou bom desempenho em termos de evolução. Acumulou no período o menor crescimento de 10%. Ainda é lanterna das seis metrópoles, com 10,5% da população na classe AB em 2009, quase metade da segunda colocada.
Conta Própria ou Empregador - Janeiro a Abril - Taxa - Não definido - Classe AB - Região Metropolitana Categoria Classe Econômica JAN-ABR/03 JAN-ABR/04 JAN-ABR/05 JAN-ABR/06 JAN-ABR/07 JAN-ABR/08 JAN-ABR/09 Recife Classe AB 9,71 7,34 10,63 11,43 12,85 11,75 10,72 Salvador Classe AB 13,76 12,62 14,27 14,87 16,4 16,42 19,34 Belo Horizonte Classe AB 16,8 17,04 19,95 20,94 22,05 21,56 23,22 Rio de Janeiro Classe AB 13,37 12,99 14,77 15,82 18,07 18,72 19
São Paulo Classe AB 24,7 22,82 26,18 27,88 26,49 29,29 28,16
Porto
Alegre Classe AB 18,32 18,68 21,74 21,68 21,89 23,8 24,85
A seguir apresentamos as mesmas informações regionais para os demais grupos de classes econômicas.
Conta Própria ou Empregador - Janeiro a Abril - Taxa - Não definido - Classe D - Região Metropolitana Categoria Classe Econômica JAN-ABR/03 JAN-ABR/04 JAN-ABR/05 JAN-ABR/06 JAN-ABR/07 JAN-ABR/08 JAN-ABR/09 Recife Classe D 18,52 14,73 18,51 17,45 16,78 20,25 19,22 Salvador Classe D 16,45 17,08 18,87 17,47 16,16 14,7 12,13 Belo Horizonte Classe D 14,88 15,38 15,29 15,4 13,85 12,49 10,8 Rio de Janeiro Classe D 14,41 16,84 15,25 16,61 14,62 13,49 12,23
São Paulo Classe D 13,66 12,3 11,9 12,21 11,06 9,77 9,13
Porto
Alegre Classe D 12,9 12,9 14,67 13,02 11,84 10,42 9,88
Conta Própria ou Empregador - Janeiro a Abril - Taxa - Não definido - Classe C - Região Metropolitana Categoria Classe Econômica JAN-ABR/03 JAN-ABR/04 JAN-ABR/05 JAN-ABR/06 JAN-ABR/07 JAN-ABR/08 JAN-ABR/09 Recife Classe C 30,43 24,72 36,23 39,35 42,7 42,62 44,75 Salvador Classe C 37,07 33,83 37,28 40,99 46,84 52,13 52,81 Belo Horizonte Classe C 43,89 47,9 49,44 49,71 51,79 55,76 56,93 Rio de Janeiro Classe C 47,46 45,54 51,11 50,49 51,64 55,51 56,2
São Paulo Classe C 46,21 47,31 49,68 47,76 51,96 52,55 53,77
Porto