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Guia de Estudos do Rio + 20: Conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável

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Academic year: 2021

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Guia de Estudos do Rio + 20: Conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável

Diretores:

Luisa Reis de Freitas

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Carta aos Delegados

Primeiro, gostaríamos de dar boas vindas aos senhores que escolheram participar deste comitê e aceitaram o desafio de discutir temas tão complicados e ao mesmo tempo tão importantes para a comunidade internacional. Gostaríamos também de agradecer a presença e desejar a todos uma ótima simulação.

A Rio+20 ocorrerá entre os dias 20 e 22 de Junho, apenas algumas semanas antes do IX MIRIN. O fato de que a Conferência irá ocorrer pouco tempo antes da simulação não deve ser um motivo para desanimar as discussões ou de diminuir o nível de estudos, pelo contrário. Os senhores devem se manter atentos ao andamento das negociações e aproveitar o grande volume de informações veiculadas na mídia sobre os assuntos discutidos para desenvolver seus estudos e conhecimento sobre os assuntos, aumentando assim, o nível das discussões. Além disso, não esperamos dos senhores um comportamento idêntico ao dos negociadores oficiais. Esperamos que os senhores mostrem um conhecimento suficiente sobre os assuntos que serão discutidos, a política externa de seus países e habilidade para negociação. Para isso, sua fonte de estudo não deve ser somente este guia, ele serve apenas como uma forma de dar-lhes uma base sobre as questões e capacitá-los para uma pesquisa mais profunda.

Ao contrário do que muitos pensam a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 não irá tratar de assuntos apenas relacionados à proteção do meio ambiente e ao aquecimento global. Serão discutidas questões muito mais complexas e que envolvem diversos setores da sociedade, tanto no âmbito internacional como nacional. A ideia de Economia Verde é uma alternativa para substituir o atual modelo de desenvolvimento econômico e pretende integrar três pilares – social, econômico e ambiental. Implementá-la se mostra uma tarefa árdua no atual contexto econômico mundial. O Arcabouço Institucional para o Desenvolvimento Sustentável também se mostra um assunto com diferentes opiniões e de difícil aceitação, uma vez que a criação de instituições requer uma intensa negociação.

Dessa forma, esperamos que os senhores delegados aproveitem a intensa circulação de informações sobre a Rio+20 e se preparem da melhor maneira possível para nossa simulação. Nós, diretoras, estaremos sempre dispostas a responder qualquer dúvida que os senhores tenham sobre o comitê ou seus assuntos. Esperamos que simular a Rio+20 no IX MIRIN seja uma experiência ótima e que estejam todos devidamente preparados.

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Atenciosamente,

Luisa Reis

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Índice

Carta aos Delegados ...2

1) Histórico do Comitê ...5

1.1) 1972 - Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente ou Conferência de Estocolmo...5 1.2) 1980 e 1982...5 1.3) 1983...6 1.4) 1992...6 1.5) 2002...7 1.6) 2009...8

2) Contexto Internacional Atual...8

3) Temas Discutidos ...10

3.1) Economia Verde ...10

3.2) Arcabouço Institucional ...12

4) Tópicos que uma resolução deve conter... 15

5) Políticas Externas ...15

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1) Histórico do Comitê

1.1) 1972 - Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente ou Conferência de Estocolmo:

A conferência foi um marco importante para o desenvolvimento das futuras reuniões sobre meio ambiente, pois foi a primeira grande reunião realizada com países chamados industrializados e em desenvolvimento para tentar regular as relações humanas com o meio ambiente. Essa conferência teve como foco as formas de poluição locais e relativamente reversíveis e possibilitou diversos acordos internacionais de meio ambiente posteriormente, com relação à proteção da fauna e da flora, determinadas regiões (como a Amazônia, por exemplo), habitats etc. Ela também culminou na formação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (SPRINZ, 2001). Ao contrário desta, as futuras reuniões passaram a focar mais em ameaças globais e de longo prazo como o aquecimento global e a perda de biodiversidade e centraram não só na proteção ambiental em si, mas também nas políticas econômicas e sociais para o desenvolvimento sustentável (BODANSKY, 2001).

A Conferência de Estocolmo teve como resultado uma Declaração de 26 princípios e um Plano de Ação com 109 recomendações com o estabelecimento de alguns objetivos específicos: uma moratória de dez anos sobre a caça comercial a baleias, prevenir o derramamento deliberado de petróleo no mar até 1975 e um relatório sobre o uso de energia até 1975 também. Mesmo que muitas de suas resoluções não tenham sido colocadas em prática, continuam importantes como metas futuras. (PNUMA, 2004)

1.2) 1980 e 1982

Em 1980 e 1982, foram lançados dois documentos que contribuem para o entendimento da relação entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico. Em 1980, foi publicada a Estratégia de Conservação Mundial (WCS, em inglês) pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, em inglês). Essa estratégia é importante por reconhecer que as questões ambientais são sistêmicas e pedem um esforço em longo prazo, juntamente com a integração de objetivos ambientais e de desenvolvimento (Ibidem). Por esse motivo, ela pode ser considerada precursora ao conceito de desenvolvimento sustentável.

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Já em 1982, foi publicada a Carta Mundial da Natureza, que trata da proteção das espécies e dos ecossistemas e afirma que “a humanidade é parte da natureza depende do funcionamento ininterrupto dos sistemas naturais” (Rio+20, s.d.).

1.3) 1983

A Comissão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED, em inglês), criada em 1983 e, em 1984, estabelecida como um corpo independente pela Assembleia Geral da ONU, trouxe mais credibilidade em ambos os hemisférios, nos setores público e privado e na sociedade civil quanto a ideia de interdependência entre o meio ambiente e o desenvolvimento. A WCED realizou audiências ao redor do mundo sobre questões relacionadas ao debate e publicou um relatório formal com suas conclusões. Esse relatório ficou conhecido como “Nosso Futuro Comum” e, além de tratar de questões sociais, econômicas, culturais e ambientais, definiu o conceito de desenvolvimento sustentável como sendo “o desenvolvimento que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade de gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”(CMMAD, 1987; PNUMA, 2004).

1.4) 1992

A Conferência das Nações Unidas para Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Cúpula da Terra, ou Rio-92, é até hoje a maior reunião com tema ambiental já realizada. Ela envolveu a participação nacional, sub-regional, regional e global na preparação para a conferência e na implementação da Agenda 211, o plano de ação para o século XXI que resultou dela. Assim, Rio-92,

mesmo sendo uma conferência global, tem como grande marco o envolvimento de âmbito nacional e regional desde conselhos municipais a Organizações Internacionais, com enfoque em programas para o desenvolvimento sustentável. A conferência reafirmou o que foi discutido em Estocolmo e serviu como fórum para questões de meio ambiente e desenvolvimento e para discutir os diferentes pontos de vista dos hemisférios norte e sul. (PNUMA, 2004) Foi-se debatido também, pela primeira vez, o estilo de vida da civilização atual (no principio 8 da Declaração do Rio), reconhecendo-1 A Agenda 21 foi um plano de ação resultante da Rio-92 que teve como fundamento diversas contribuições especializadas de países e organizações internacionais. O plano não possui validade legal e sim de uso voluntário dos países. Mesmo assim, sua importância é reconhecida pois o documento delineia ações concretas para o desenvolvimento sustentável e serve como base de referência em questões de meio ambiente em todo o mundo (Ibid.).

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se a urgência de uma mudança profunda nos modelos de consumo e produção.

A Rio-92 também teve como resultado Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, em inglês) e a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), a Comissão de Desenvolvimento Sustentável (CDS), um acordo para negociar uma convenção mundial sobre a desertificação; e a declaração de Princípios para o Manejo Sustentável de Florestas (Ibidem).

A Agenda 21 “contém a Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, na qual se reconhece o direito de cada nação de buscar progresso social e econômico e atribui aos Estados a responsabilidade de adotar um modelo de desenvolvimento sustentável, e a Afirmação Dos Princípios da Floresta.”. Embora não tenha validade legal, a Agenda 21 é uma importante base de referência para as questões relacionadas ao meio ambiente.

Como forma de acompanhar a implementação da Agenda 21, em 1993, foi criada a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável (CSD) e, em 1997, a Assembleia Geral das Nações Unidas dedicou a sua 19ª Sessão Especial (UNGASS-19, em inglês) para o planejamento de um "Programa para Implementação da Agenda 21", em que se perceberam certas lacunas nos saldos da Agenda 21 que vêm a ser discutidas em 2002.

1.5) 2002

A Convenção Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável (WSSD), ou Rio+10, como também é chamada, foi uma conferencia de acompanhamento em Johannesburgo para renovar o compromisso com o desenvolvimento sustentável. A WSSD reuniu um número grande de países assim como representantes de empresas e Organizações Não-Governamentais. A conferência definiu o Plano de Implementação de Johannesburgo2 (JPOI) e delegou o dever de acompanhar a formatação da agendado

desenvolvimento sustentável à CSD (Rio+20, s.d.). Essa conferência, contudo, tinha propósitos além da agenda ambiental e incluía também questões econômicas, politicas e sociais que acabaram tomando a frente nas discussões. Além disso, a WSSD ocorreu no ano seguinte aos ataques de 11 de setembro, o que também contribuiu para que os debates tivessem foco nas questões de segurança e menos nas ambientais.

2 O Plano de Implementação de Johannesburgo foi aprovado em setembro de 2002, ao final da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável e pode ser considerado como um substituto parcial da Agenda 21. O JPOI possui algumas metas mais bem definidas, contudo, seu foco, em geral, é em questões sociais do desenvolvimento sustentável. (LEMOS, 2006)

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1.6) 2009

Em 2009, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2009, também chamada Conferência de Copenhague ou COP-15 em que se debateu sobre como reagir ao aquecimento global e às mudanças climáticas resultantes deste. Essa foi a 15ª Conferência das Partes (COP), reunião anual com as nações signatárias da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima das Nações Unidas (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC, em inglês), resultado da Rio-92.

Um de seus antecessores foi o Protocolo de Kyoto, determinado na COP-3, em 1997, que expira em 2012 e tem como grande marco determinação o limite máximo de emissões de dióxido de carbono de cada país signatário. O Protocolo, contudo, não foi ratificado por todos os países, em especial os EUA, um dos maiores poluidores do mundo.

Durante a COP-15, esperava-se formar ações concretas no combate ao aquecimento global, inclusive com um acordo que viesse a substituir o Protocolo de Kyoto. Contudo, a COP-15 teve como resultado apenas uma declaração de intenções, sem efeito vinculante dado a falta de consenso entre os países presentes.

2) Contexto Internacional Atual

É importante ressaltar que todas as conferências relacionadas ao meio ambiente já realizadas estavam ligadas a outros acontecimentos de âmbito global, ou seja, ao contexto do cenário internacional da época. Um exemplo disso é a Rio-92, que teve como fator importante o fim da Guerra Fria, o que possibilitou a construção de metas globais sem a interferência de disputas entre socialismo e capitalismo.

No caso da Rio+20, o que pauta o cenário internacional atual são as crises econômicas e politicas recentes, que infelizmente, podem colocar as preocupações ecológicas em segundo plano na agenda de vários países. Segundo o sociólogo Emir Sader, que participou do Fórum Social Temático 2012 (FST), há uma preocupação com relação à competitividade, de forma que para não perdê-la, os países podem não fazer concessões em questões ecológicas, principalmente nos atuais tempos de recessão. (LABOISSIÈRE, 2012). Assim, preferem dar mais atenção aos seus problemas econômicos, dando continuidade aos seus modelos de desenvolvimento “marrom”, o

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que prejudica o andamento das discussões ambientais.

As crises econômicas atuais se iniciaram em 2008, com a falência de uma série de instituições financeiras nos EUA e que se alastrou para o resto do mundo. O impacto dela ainda teve como consequência as crises atuais em países da União Europeia como a Grécia, Espanha e Portugal, que se encontram em endividamento e necessidade de corte de gastos e acabam influenciando outros países da Organização. Tudo isso cria uma situação que causa redução nos benefícios sociais e em última instância, desemprego. Por isso, entende-se que essas preocupações estejam em primeiro plano para os países atingidos e, principalmente, para as empresas desses países.

Isso se deduz da ideia de que em uma situação de crise, se dará preferência para problemas mais imediatos, diferentes dos ambientais que, em teoria, seriam questões de longo prazo e por isso, adiáveis. Em geral, se considera difícil arcar com custos ambientais quando se está perante a uma crise de tais proporções (TÖLLER, 2010). De fato, isso pode criar certos problemas para o andamento das discussões, já que as nações em questão podem não estar tão dispostas a um acordo que signifique um aumento nos seus gastos.

Apesar disso, existem argumentos de que a crise possa abrir uma oportunidade para discussão de um novo modelo e de uma nova arquitetura institucional. Nessa linha de pensamento, as crises econômicas seriam um indício das falhas do capitalismo e serviriam para comprovar a necessidade de novos modelos de desenvolvimento, o que dá uma oportunidade para o sucesso de uma negociação para um modelo alternativo, de economia verde e sustentável (Ibid.).

Além disso, no ano de 2011, o sistema internacional se encontrou abalado por uma série de crises políticas, principalmente no mundo árabe, com uma série de manifestações e protestos em países como Tunísia, Egito, uma guerra civil na Líbia e outros países próximos da região. Em princípio, pode-se considerar que esses acontecimentos possam ser prejudiciais para o andamento das discussões durante a Rio+20, já que os governos podem se focar em questões de segurança e deixar de lado questões ambientais. Contudo, pode-se afirmar também que as manifestações a favor da democracia sejam um reflexo da ligação entre as questões ambientais e a liberdade e democracia. É isso que argumenta o Arab NGO Network for Development (ANND) em um artigo preparatório para as reuniões (Rio+20 Portal, s.d).

Dessa forma, embora as questões ambientais e de desenvolvimento a serem discutidas na Rio+20 serem de suma importância, é preciso reconhecer que há outras

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preocupações no cenário internacional atualmente que podem vir a interferir no andamento das discussões.

3) Temas Discutidos

Mesmo com as mudanças que ocorreram no mundo, quarenta anos após a Conferência de Estocolmo e 20 anos após a Rio - 92, as discussões sobre o aquecimento global, diferentes formas de adaptação às mudanças climáticas e formas de evitar suas consequências ainda estão em pauta, uma vez que nenhuma solução eficaz foi encontrada. A Rio+20 é uma oportunidade para os países discutirem a respeito das novas ideias que surgiram nos últimos anos para lidar com a questão do meio ambiente, avaliar o progresso alcançado e o que ainda resta fazer (UNCSD, 2011).

Os principais assuntos que serão abordados durante a reunião serão a Economia Verde e o Arcabouço Institucional para o Desenvolvimento Sustentável. Desde o início das preparações para a reunião, os países têm mostrado opiniões divergentes sobre os temas, uma vez que eles envolvem diferentes áreas de interesse, como economia, desenvolvimento e importância no cenário internacional. A seguir iremos explicar mais detalhadamente ambos os assuntos e suas principais implicações.

3.1) Economia Verde

Desde o ano de 1987, quando foi lançado o Relatório de Bruntland3 – Nosso

futuro comum, que estabelecia o conceito de desenvolvimento sustentável, a comunidade internacional vem discutindo maneiras de integrar a economia com as preocupações ambientais (PEARCE et al., 1989). Para entendermos o conceito de desenvolvimento sustentável, devemos ter em mente o fato de que a economia não está separada do meio em que vivemos. Ou seja, existe uma interdependência entre ambos os lados, o que fazemos ao meio ambiente afeta o resultado da economia (Ibidem).

Após anos de discussão sobre maneiras de alcançar o desenvolvimento sustentável e formas de implementá-lo, existe agora um novo foco dentro desse assunto, a Economia Verde. A definição do termo adotada pela ONU é aquela feita pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o PNUMA, que diz: “Economia Verde é uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e

3Consultar:: < http://pt.scribd.com/doc/12906958/Relatorio-Brundtland-Nosso-Futuro-Comum-Em-Portugues >

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escassez ecológica”4. De acordo com essa definição, esse novo conceito de economia

seria então baseado em uma baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e inclusão de toda sociedade. (PNUMA, 2011) Na prática, Economia Verde seria aquela onde o crescimento da renda e do emprego são impulsionados por investimentos públicos e privados, que reduzem a emissão de gases e poluição, melhoram a eficiência energética e evitam a perda de biodiversidade e recursos naturais (UNEP,s.d).

O modelo econômico atual é o mesmo utilizado desde a Revolução Industrial e é baseado na ideia de que o crescimento das forças produtivas, juntamente com a exploração do trabalho e a livre utilização dos recursos naturais gerará crescimento econômico (MELLO, 2011). Porém, ao longo dos anos, com o avanço da ciência e dos métodos de pesquisa, a sociedade percebeu que o desgaste dos recursos naturais também deve ser levado em conta. Diferente do que muitos pensam a Economia Verde não prega o fim do desenvolvimento, pelo contrário. O PNUMA espera e vê com bons olhos que os países continuem crescendo economicamente, porém, defende que 2% do PIB mundial seja transformado em investimento para a transição para a Economia Verde (PNUMA, 2011). Dessa forma, os países continuariam se desenvolvendo e gerando crescimento, porém, incluiriam na equação a preocupação com o meio ambiente e os recursos naturais.

Desde que esse novo conceito foi criado, inúmeras críticas e equívocos surgiram em relação a ele. Um dos principais argumentos contrários à Economia Verde é de que seria impossível “esverdear” a economia sem prejudicar seu crescimento e progresso. Porém, já existem evidências de que uma Economia Verde é perfeitamente capaz de gerar riqueza e empregos nos países, além de ser estratégia para a erradicação da pobreza. O que deve ser feito é a criação de condições para a realização da transição e isso se mostra cada vez mais necessário no atual contexto ambiental e econômico (PNUMA, 2011). Muitos países também veem esse novo conceito como algo que apenas os países desenvolvidos têm condições de realizar. Entretanto, o relatório do PNUMA ‘Rumo a Economia Verde’5 mostra que existem várias iniciativas em diversos

setores que podem ser adotados também pelos países em desenvolvimento. Além disso, a ideia de que a transição para uma Economia Verde é um impedimento ao crescimento econômico também é equivocada (PNUMA, 2011).

A Economia Verde busca integrar os pilares econômico, social e ambiental. Uma 4 Consultar: <http://www.unep.org/greeneconomy/Portals/88/documents/ger/ger_final_dec_2011/Green %20EconomyReport_Final_Dec2011.pdf >

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de suas características importantes é a busca pela geração de diferentes formas de desenvolvimento econômico e diminuição da pobreza, sempre preocupada com os bens naturais dos países (PNUMA, 2011). Dessa forma, as comunidades de baixa renda podem garantir seu sustento, baseado em bens naturais e na agricultura, já que passam a receber mais investimentos e não correm o risco de desaparecerem graças à “economia marrom” (Ibidem). Dessa forma, o conceito de Economia Verde inclui muito mais do que desenvolvimento e crescimento econômico, ele abrange setores como os de indústrias, energia e agricultura. Ou seja, para avaliar uma Economia Verde é preciso analisar muito mais do que apenas os indicadores econômicos, devemos levar em consideração também indicadores ambientais e de bem-estar (UNEP).

O objetivo dos países presentes na Rio+20 é discutir sobre esse novo conceito de econômico de desenvolvimento e chegar a uma conclusão a seu respeito, uma vez que muitos governos ainda não são favoráveis a essa iniciativa e preferem não abordá-la. Um exemplo são alguns Estados do sul que acusam a iniciativa de ser uma forma dos países do norte impedir seu crescimento, que vem se acentuando nos últimos anos. Enquanto isso, membros de Organizações da Sociedade Civil criticam o relatório apresentado pelo PNUMA, por não tratar do que realmente deveria ser discutido - uma reorientação da política e da economia, que deveriam ser guiadas pelos direitos dos povos e ambiental (MELLO, 2011). É dever dos negociadores presentes debater esse conceito e chegar a um acordo a respeito de sua definição e sua implementação, fazendo o máximo possível para que haja um consenso entre os governos e a sociedade civil, para que assim, os problemas ambientais tenham uma solução.

3.2) Arcabouço Institucional para o Desenvolvimento Sustentável

O segundo tema que será discutido durante a Rio+20 é o Arcabouço Institucional, que se refere à governança para o desenvolvimento sustentável nos âmbitos global, regional, nacional e local. Isso inclui o papel das instituições, processos, estruturas, princípios, integração, coordenação e comunicação para promover a implementação de compromissos com o desenvolvimento sustentável por parte dos países (STODDART et al., 2011, p.4). A base do debate acerca do Arcabouço Institucional é o fortalecimento da governança internacional e mecanismos globais que apoiem a transição para o desenvolvimento sustentável, já sua origem está no aumento do número de acordos multilaterais e a fragmentação das instituições ambientais (UNCSD, 2011).

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Desde o início das discussões sobre o meio ambiente, um extenso aparato institucional foi criado, com o objetivo de garantir o cumprimento dos diversos tratados e diminuir os problemas ambientais. Porém, estudos mostram que esse sistema institucional não foi eficaz na diminuição desses problemas (STAUR, 2006, p. iii). O grande crescimento das instituições sobre meio ambiente reflete o aumento do alcance e da importância dada a esses assuntos. Todas elas cresceram de diferentes modos, mas todas têm um ponto em comum; geralmente não são abertas à atores da sociedade civil e do setor empresarial. Além disso, o desenvolvimento de tantos mecanismos institucionais acabou gerando uma falta de coerência e coesão entre os órgãos, o que dificulta ainda mais a obtenção de resultados (RUNNALLS, 2006, p. v).

O sistema das Nações Unidas para o meio ambiente foi primeiramente baseado no PNUMA, criado em 1972 durante a Conferência de Estocolmo. Com o passar dos anos, a questão ambiental passou a ter um papel de maior destaque dentro da agenda internacional, e o sistema inicial do PNUMA começou a sofrer com uma maior demanda, que não conseguiu suprir. O sistema inicial previsto para o PNUMA então começou a ruir. Isso gerou uma divisão do trabalho e das responsabilidades entre as diversas agencias da ONU, o que nem sempre gerava uma resposta coerente e eficaz para os problemas ambientais. Pelo menos 44 organizações estão envolvidas com as questões do meio ambiente e trabalhando juntas para um melhor resultado, como o UN-HABITAT, o Programa Alimentar Mundial (World Food Program, em inglês) e outras (UN, 2011). Houve uma proliferação de instituições e tratados multilaterais, além de um aumento da influencia dos atores da sociedade civil nas questões da governança global. Isso levou a um aumento dos fundos destinados a tratar dos problemas ambientais e a criação de uma série de normas e regimes internacionais para regular as ações dos Estados, como os Objetivos do Milênio (NAJAM et al, 2006, p. 12-14).

A necessidade de se fortalecer o mecanismo institucional para o desenvolvimento sustentável vem desde a Rio+10, como ficou conhecida a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável que ocorreu em Johannesburgo, na África do Sul. O capítulo XI do Plano de Implementação de Johannesburgo, um dos resultados da Conferência, mostra a ideia da necessidade de aumentar a integração entre as agencias da ONU, fundos e organizações internacionais relacionados com o tema para obter um melhor resultado (UNCSD, 2011).

O maior obstáculo para o progresso da discussão acerca das instituições globais para o desenvolvimento sustentável é o fato de que o atual modelo de governança é

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baseado no conceito de soberania nacional. Ou seja, mesmo que os problemas ambientais tenham origem em ações tomadas na esfera nacional e seus efeitos e consequências atinjam todo o globo, as decisões acabam sendo tomadas no âmbito dos interesses nacionais e não baseados nas preocupações globais. Isso explica a falta de mecanismos capazes de assegurar o cumprimento dos regimes globais de meio ambiente. Uma mudança no Arcabouço Institucional geraria uma transferência de soberania dos Estados para as instituições supranacionais, que tomariam decisões baseadas nos interesses globais (STODDART et al.,2011 p. 7-8). Ela deve ser vista como uma oportunidade para deixar para trás determinadas formas de condução política e as relações até então existentes, como uma maneira de criar novos espaços, novas interações entre os países e novas agendas (FASE,2011).

Ao longo da preparação para a Rio+20 diversas propostas para a reforma do Arcabouço Institucional surgiram. Entre elas, a criação de novas instituições, a reforma daquelas que já existem, entre elas o PNUMA, o ECOSOC e a Comissão para Desenvolvimento Sustentável. Surgiu também a idéia da criação dos chamados “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, que seria como os Objetivos do Milênio, porém, voltados para as questões de crescimento levando em consideração o meio ambiente. A discussão acerca da criação ou reforma de instituições e regimes internacionais é uma questão delicada dentro do cenário internacional, uma vez que envolve diversos aspectos internos dos países, como transparência dos governos e questões das relações internacionais, como influencia e hegemonia no sistema.

O regime internacional para o meio ambiente não se resume apenas nas instituições, com sede e países membros, ele é composto, assim como os demais regimes internacionais (direitos humanos e outros) por uma série de princípios, normas e regras em torno das quais giram as expectativas dos atores internacionais. Eles são criados para lidar com problemas específicos e por isso são divididos em diversos assuntos. A grande questão dos regimes é que eles são frágeis e considerados mais fracos do que a política interna dos países. Isso se dá graças a questões como soberania e a idéia de “auto-ajuda” dos Estados (KEOHANE, 1984). Soberania do Estado é sua qualidade de ser politicamente independente de todos os outros (JACKSON; SORENSEN, 2007, p.21), ou seja, a capacidade do Estado ter suas próprias políticas internas e tê-las respeitadas pelos outros membros do cenário internacional. Dessa forma, um Estado pode não querer se submeter a determinadas regras de um regime por acreditar que suas políticas internas serão afetadas.

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O desafio dos países presentes durante a Rio+20 é exatamente minimizar esse pensamento e fazer com que todos aceitem a ideia de que os problemas ambientais afetarão a todos. Um crescimento capaz de ser sustentado deve ser o principal objetivo dos países e isso deve ser um pensamento de todos. A criação, ou reforma, das instituições ajudaria a coagir os países, ou seja, os forçaria a agir de determinada maneira. É exatamente isso que temem aqueles contrários a essas ideias. Os senhores delegados deverão discutir e chegar a um consenso acerca de qual será a melhor atitude a ser tomada, levando em consideração os interesses internos de cada um e os interesses da sociedade como um todo, uma vez que todos serão afetados.

4) Tópicos Que Uma Resolução Deve Conter

• Definição sobre o conceito e modos de implementação da Economia Verde; • Acordo sobre novos mecanismos para fortalecer o Arcabouço Institucional para

o Desenvolvimento Sustentável;

• Formas para suprir as falhas de implementação dos antigos acordos; • Novas diretrizes para serem seguidas no futuro.

5) Políticas Externas

Afeganistão, Irã , Paquistão

Os países em questão encontram-se atualmente em situação política mais vulnerável (guerras, crises políticas e etc.) e podem não ter as questões ambientais como prioridade, mas sim as de segurança. Contudo, os países estão comprometidos com a Rio+20 e os problemas a serem debatidos. Durante uma reunião preparatória para a Rio+20 na região árabe, por exemplo, o Iraque pede por medidas que eliminem a poluição e que compensem os que foram afetados por ela (IISD Reporting Services, 2011). Além disso, deve-se considerar que países produtores de petróleo como Irã e Iraque tem um interesse econômico que diverge da energia limpa e podem interferir para que a preferência energética continue sendo o petróleo.

África do Sul, China, Brasil, Índia e Federação Rússia 6

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul compõem um novo grupo de países chamado BRICS, sigla em inglês. Apesar de terem muitas diferenças, tanto econômicas 6Consultar: <http://bricspolicycenter.org/homolog/Core/Interna/4>

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como sociais e políticas, os cinco possuem opiniões semelhantes em determinados assuntos da agenda internacional. No caso da Rio+20, os países BRICS seguem uma postura semelhante, porém cada um tem suas particularidades dados aos diferentes contextos em que estão inseridos. Uma questão que todos os BRICS enfatizam é o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que leva os países desenvolvidos a ter um maior papel nas mudanças ambientais.

Mesmo que nem todos os países apresentem uma definição de Economia Verde em seus documentos oficiais, todos os BRICS acreditam que ela deve estar sempre vinculada ao objetivo de erradicar a pobreza. Ela deve ser vista como uma prioridade para os países em desenvolvimento e uma obrigação para aqueles que já são desenvolvidos, é o que diz o governo indiano. Além disso, os países defendem que todas as decisões tomadas durante a Conferência devem ser feitas por consenso, as diferentes visões e necessidades dos países devem ser levadas em consideração.

Em relação ao Arcabouço Institucional, os países BRICS têm a opinião conjunta de que a criação de novas instituições não é necessária. Segundo os documentos oficiais, o que deve haver é uma reforma e um fortalecimento das agencias atuais, como o PNUMA e o ECOSOC, além de uma maior integração entre elas e a sociedade civil internacional.

Alemanha, Espanha, França, Noruega, Países Baixos e Reino Unido

Os países europeus em geral notam as ações realizadas já internamente em sua região, como mudanças nas formas de produção e consumo, e pretendem trazê-las a frente como exemplo nos debates da Rio+20. Também são a favor de um comprometimento com uma economia verde e enfatizam a necessidade de mercados abertos e sem barreiras tarifárias para uma transição para essa economia verde que seja bem sucedida. Com relação aos países em desenvolvimento, afirmam a necessidade de assistência internacional em questões como tecnologia, finanças e aumento de capacidades e acreditam que seja necessária uma cooperação entre os doadores tradicionais, as economias emergentes, as instituições internacionais financeiras e o setor privado para tal (Rio+20, s.d.).

Angola, Moçambique e Nigéria

Apesar de poucos países africanos terem mandado suas posições oficiais para ajudar na elaboração do Rascunho 0, o documento oficial das Nações Unidas sobre a

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Rio+20, eles são uns dos maiores interessados nos possíveis resultados da Conferência. Isso se deve ao fato de que os países africanos necessitam da ajuda dos países desenvolvidos para implementar mudanças e alcançar o desenvolvimento sustentável e são fortemente atingidos pelos desastres ambientais.

Os países africanos já se reuniram e chegaram a um acordo entre si sobre as questões da Rio+20 durante sua Conferência Preparatória, que ocorreu em Addis Ababa, na Etiópia. O resultado deste encontro foi o “Africa Consensus Statement to Rio+20” que afirma que a Economia Verde deve ser vista como uma forma de abrir oportunidades para que a África consiga chegar ao desenvolvimento sustentável e aos seus objetivos de crescimento econômico, criação de empregos e redução da pobreza. Porém, sua implementação deve ser baseada nas necessidades de cada país e população, respeitando seu tempo e suas opiniões.

Em relação ao Arcabouço Institucional, os países africanos concordaram durante a “African Ministerial Conference on Environment”, que ocorreu na cidade de Bamako, em Mali, que é necessária a criação de uma instituição especializada para o meio ambiente, que seria chamada de “World Environment Organization”.

Arábia Saudita e Turquia

Em geral, os países árabes assinalam como os modelos de desenvolvimento econômico não obtiveram sucesso na região, devido a taxas grandes de desemprego e pobreza, e defendem que a dimensão social deve ser considerada nas discussões, ao invés de apenas as questões ambientais, como foi levantado na reunião preparatória para a Rio+20 na região árabe, da qual a Arábia Saudita e os Emirados Árabes participaram (IISD Reporting Services, 2011). A Turquia defende que a Rio+20 deve focar em objetivos específicos e ações concretas para serem realizadas por todos os membros e ir além de meros esforços para adotar práticas melhores, como é costume das reuniões. Apesar disso, a Turquia considera que se deve levar em conta as diferentes responsabilidades e capacidades dos países membros e que se deve prover assistência aos países em desenvolvimento nos esforços para uma economia verde. Além disso, deve-se considerar que países grandes produtores de petróleo têm um interesse econômico grande em continuar a preferência energética pelo petróleo e podem interferir nos esforços para energia limpa.

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Apesar de possuírem algumas diferenças políticas, os países da América Latina veem a Rio+20 como uma forma das nações se unirem para alcançar um melhor resultado. Cada Estado sua própria política e conceito acerca dos assuntos que serão discutidos, porém, isso não impede o debate dessas questões.

Em relação à Economia Verde, esses países entendem que é necessário chegar a um consenso sobre sua definição, uma vez que ainda não existe um significado mundialmente aceito. Além disso, esses países entendem a Economia Verde como uma forma de continuar seu crescimento e erradicar a pobreza em seus países. A Rio+20 deve ser responsável por firmar acordos entre os países para garantir a implementação de mudanças para chegar a uma Economia Verde e ao Desenvolvimento Sustentável.

A questão do Arcabouço Institucional é onde os países apresentam maiores divergências. Enquanto países como a Colômbia defendem o fortalecimento do PNUMA, extinguindo a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável e desconsiderando a ideia de se criar novas instituições, países como o Chile apoiam a ideia de transformar o PNUMA em Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Além disso, existe a ideia do lançamento dos “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável” que seguiria a ideia dos Objetivos do Milênio, mas seguindo a temática ambiental. Porém, essa ideia não foi muito bem aceita no cenário internacional, uma vez que cobraria dos países uma maior participação e comprometimento com as questões ambientais, que nem todos estão dispostos a cumprir.

Austrália e Japão

Esses países têm grande interesse em uma transição para economia verde, mas consideram importante questões de mercado, no sentido de diminuir e eliminar barreiras em serviços que digam respeito as necessidades ambientais. Também afirmam o dever de assistência para os países em desenvolvimento alcançarem o desenvolvimento sustentável. Eles também reconhecem que a estrutura do sistema internacional tenha mudado desde 1992 e que há novos atores, como economias emergentes, sociedade civil, ONGs, setores privados e administrações locais que devem fazer parte das discussões. Igualmente, acreditam que as diferenças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento devem ser superadas para um ambiente de cooperação (Rio+20, s.d.).

Além disso, esses Estados também são afetados por problemas ambientais. A Austrália, por exemplo, sofre riscos de perca de biodiversidade e poucas fontes de água.

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O Japão tem grande interesse nas questões de desastres naturais, inclusive sediando a 3a

Conferência em Redução de Desastres em 2015 para dividir suas experiências em relação ao recente terremoto e outras catástrofes (Rio+20, s.d.).

Outro ponto importante é o de eficiência energética. Japão e Singapura, por questões geográficas, não são ricos em recursos energéticos e, por isso, tem maiores dificuldades em implementar energia renovável (eólica, geotermal ou hidroelétrica). Por isso, tem grande interesse em uma estratégia de eficiência energética (Rio+20, s.d.).

Canadá

O documento oficial canadense acerca da Rio+20 mostra que o governo entende a Conferência como uma oportunidade de revigorar os esforços e acordos feitos para alcançar o desenvolvimento sustentável. O documento destaca também as atitudes canadenses para ajudar os países mais pobres a atingir as metas dos objetivos do milênio durante os últimos anos e a estratégia federal usada pelo governo para chegar a um desenvolvimento sustentável.

A Economia Verde para o Canadá é um processo que requer a participação de diferentes atores da sociedade mundial, como representantes da indústria e do setor privado, não apenas dos governos, todos devem trabalhar juntos. O governo canadense vem implementando uma série de medidas que colaboraram para “esverdear” a economia do país e acredita que é necessária uma mudança nos indicadores para mostrar a eficácia das atitudes tomadas.

Embora esteja aberto às discussões, o governo canadense acredita que com o conturbado contexto internacional atual, a criação de novas instituições não se mostra como uma alternativa possível. O fortalecimento das instituições das Nações Unidas, como o PNUMA e o PNUD seria mais simples e eficaz.

Apesar de ter se mostrado solicito e engajado com as questões da Rio+20, a delegação canadense pode sofrer com ataques e com a desconfiança por parte das outras delegações presentes. Isso se deve ao fato de que pouco mais de um mês depois de enviar seu documento oficial para as Nações Unidas, o governo anunciou a saída do Canadá do Protocolo de Kyoto, o que gerou uma insatisfação da comunidade internacional.

Haiti e México

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feitos nas últimas conferências e focar em novas ações futuras, colocando como ideias centrais o desenvolvimento sustentável, a participação da sociedade e o fortalecimento da cooperação internacional. Assim, enfatizam bastante a importância e a validade dos acordos já realizados e do direito internacional. O México, em particular, enfatiza que as modalidades de cooperação sul-sul e triangular devem continuar beneficiando os países menos desenvolvidos sem deixar de lado as necessidades dos outros países em desenvolvimento. Já a Costa Rica considera fundamental a cooperação com os países em desenvolvimentos para que possam ter uma melhora qualitativa para a consolidação de políticas que tenham como objetivo o desenvolvimento, ao invés de incentivar um uso menos eficiente dos recursos disponíveis. Também acha necessário mudar as linhas da política de cooperação internacional baseadas nos indicadores econômicos que excluem países de ingresso médio (Rio+20, s.d.).

O Haiti, por sua vez, é um país de pouco poder econômico e que foi muito afetado por desastres naturais, não só com relação ao terremoto que ocorreu no país como os processos de deflorestação (madeira e carvão são as principais fontes de energia) e desertificação que tem ocorrido em seu território. Por isso, terá interesse em fontes alternativas de energia, mas provavelmente precisará de assistência internacional.

Estados Unidos da América

Apesar de um histórico de pouca colaboração com as questões ambientais, o governo dos Estados Unidos se mostrou aberto para buscar uma maior integração entre os pilares econômico, social e ambiental. O documento enviado pelo governo americano à ONU para ajudar na elaboração do Zero Draft7 enfatiza a mudança nas atitudes

americanas promovidas pela administração de Obama e clama pela participação e comprometimento da comunidade global.

A estratégia americana durante a Rio+20 será baseada em três elementos chaves que englobam diferentes aspectos do meio ambiente, como urbanização, energia, desenvolvimento e cooperação. A Economia Verde é abordada por meio de questões como a criação de empregos verdes, eficiência das indústrias e consumo sustentável. Desenvolver tecnologias e oportunidades verdes é o maior desafio para alcançarmos o objetivo da Rio+20, por isso devem ser discutidas novas ideias e maneiras para implementá-las.

7 Documento elaborado pela ONU, a partir dos documentos finais enviados pelos países e grupos da sociedade civil, que sintetiza os princípios e objetivos que serão abordados durante a Conferência. O documento está disponível em:< http://www.uncsd2012.org/rio20/index.php?menu=144 >

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Em relação ao Arcabouço Institucional, os Estados Unidos acreditam que a solução mais eficaz para fortalecer a governança internacional para o meio ambiente é o fortalecimento do PNUMA dentro do sistema das Nações Unidas. As reformas devem focar em aumentar o número de membros do PNUMA, tornando-o universal e aumentar sua capacidade de ajudar os países mais pobres. Além disso, o governo norte-americano acredita que as novas tecnologias e as novas mídias sociais podem tornar mais rápido o processo para chegarmos a um desenvolvimento sustentável e ir além das instituições tradicionais.

Fiji, Ilhas Maurício, Maldivas, Tuvalu

Essas nações têm um interesse vital nos debates de questões ambientais. Todos eles se encontram em áreas de risco em caso de desastres ambientais e alguns podem até mesmo deixar de existir se a situação continuar a mesma. Tuvalu, por exemplo, corre o risco de ser submerso futuramente com o aumento do nível do oceano devido ao aquecimento global, o que pode provocar um grande número dos chamados “refugiados climáticos”, termo que ainda não é bem aceito internacionalmente, já que suas populações teriam que ser realocadas em outros países.

Assim, embora esses países sejam pequenos tanto em seus territórios como em suas economias, são muito afetados por mudanças climáticas e não tem condições de combatê-las sozinhos.

Por isso, durante as discussões da Rio+20 essas nações estarão muito interessadas no debate das questões ambientais, principalmente de mudanças climáticas e desastres naturais que possam afetá-los, e pressionarão as outras nações para uma solução efetiva para esses problemas.

Israel

O governo israelense vê a Rio+20 como uma oportunidade para dar início aos compromissos dos países com a Economia Verde. Adotá-la significa entender que o crescimento econômico e a sustentabilidade podem sim andar juntos. Além disso, Israel defende que devem existir novos indicadores para medir o desenvolvimento, uma vez que aqueles utilizados atualmente não medem se o crescimento foi sustentável ou não, nem a igualdade entre a população. Com uma melhor forma de medir esses fatores, mais próximos estaremos de alcançar nossos objetivos de uma Economia Verde.

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Em relação ao Arcabouço Institucional, Israel acredita que uma maior reforma das instituições seria uma opção prematura. Dessa forma, a solução seria um fortalecimento do papel do PNUMA dentro do contexto do desenvolvimento sustentável e do meio ambiente. Além da busca por uma maior eficiência e coerência entre as instituições já existentes.

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