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ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO

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Academic year: 2021

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ANÁLISE FINANCEIRA DE EMPRESAS

BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO

Bianca da Costa Rebello (COPPE)

bi.rebello@gmail.com

Heloisa Marcia Pires (COPPE)

heloisam@pep.ufrj.br

Esse artigo trata de um estudo, de trinta e oito empresas brasileiras de capital aberto, enquadradas, segundo a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), nos seguintes setores econômicos: Petróleo, Gás e Biocombustíveis; Materiais Básicos; ee Utilidade Pública. Por meio do site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), foram extraídos os demonstrativos financeiros: balanço patrimonial e demonstrativo do resultado do exercício, referentes aos anos de 2003 até 2009. A partir dos dados obtidos foi utilizada a análise financeira das empresas de capital aberto. Foi observado o grupamento das empresas ao analisar as figuras que relacionam: (1) o retorno sobre o ativo total X o retorno sobre o capital próprio; e (2) o multiplicador sobre o capital próprio X o índice de endividamento de todo o período, sendo que existem empresas fora do grupamento. Em seguida, ao verificar a rentabilidade das organizações ao longo dos anos, nota-se que houve um desempenho fraco pontual, não abrangendo toda a amostra.

Palavras-chaves: Indicadores econômico-financeiros, Crise de 2008, Análise financeira

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1. Introdução

No mundo atual é de grande valia às companhias abertas a adequação de seus demonstrativos financeiros aos padrões contábeis internacionais, já que os potenciais futuros acionistas se utilizarão destas informações para analisar a situação econômico-financeira da empresa. Os investidores utilizam ferramentas como os índices financeiros para decidir se direcionam os seus investimentos para determinada companhia.

Na visão de Matarazzo (2003), “índice é a relação entre contas das Demonstrações

Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa”. Seguindo a mesma linha de pensamento, Ross (2002) afirma que “os índices financeiros são ferramentas essenciais para comparação e investigação das relações entre diferentes informações financeiras”.

Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise das demonstrações contábeis das empresas selecionadas, por meio de indicadores financeiros. As empresas foram selecionadas a partir dos dados referentes às empresas listadas na Bovespa. A amostra apresentou no ano de 2009 um faturamento líquido de 44,39 bilhões de reais. Foram estudadas as empresas contidas no Anexo 1, que se subdividem em três setores econômicos:

a) Utilidade pública (Subsetores: Energia elétrica e Água & Saneamento); b) Petróleo, Gás e Biocombustíveis;

c) Materiais básicos (Subsetores: Siderurgia & Metalurgia, Químicos e Mineração).

O estudo proporcionará uma análise a partir de figuras que relacionam: (1) o retorno sobre o ativo total X o retorno sobre o capital próprio; e (2) o multiplicador sobre o capital próprio X o índice de endividamento. Além disso, abordará o comportamento das empresas perante a crise de 2008.

2. Análise financeira - índices

Os índices financeiros tradicionais são baseados em dados contábeis. Apresentam como vantagens o fato das informações estarem disponíveis em relatórios financeiros e de serem facilmente calculados e interpretados (PETERSON e PETERSON, 1996). Ao longo deste trabalho serão abordados dois índices de rentabilidade e dois de endividamento. O estudo realizado não pretende esgotar o assunto, mas sim disponibilizar uma análise sobre as empresas.

2.1. Índices de rentabilidade

As medições de rentabilidade proporcionam ao analista realizar uma avaliação dos lucros em relação as vendas, a ativos, ou ao volume de capital investido pelos acionistas (GITMAN, 2004). Por entender como altamente relevantes numa análise e comumente utilizados, serão analisados os seguintes indicadores de rentabilidade:

a) Retorno sobre o ativo total (ROA - return on assets): Lucro ou prejuízo líquido sobre ativo total. Mede a eficiência com que a empresa utiliza seus ativos correntes;

b) Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE - return on equity): Lucro ou prejuízo líquido sobre patrimônio líquido. Mensura o retorno que os proprietários podem auferir.

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3 Uma empresa usa o índice de endividamento para mensurar o volume de capital de terceiros empregado para gerar lucros (GITMAN, 2004). Diz-se que quanto maior a proporção de capital de terceiros aplicado, maior será a alavancagem financeira. Os seguintes indicadores de endividamento serão abordados:

a) Multiplicador de alavancagem financeira (MAF): Ativo total sobre o patrimônio líquido; b) Endividamento de curto e longo prazo (IE): Empréstimos de curto e longo prazos mais

patrimônio líquido sobre o patrimônio líquido.

3. Estudo de caso

No Quadro 1 encontra-se as estatísticas dos índices selecionados calculadas com base nos sete anos da amostra das 38 empresas selecionadas.

ROE (%) ROA (%) MAF (%) EI (%)

Média 0,19 0,05 4,31 2,06

Máximo 13,03 3,23 160,09 43,67

Mínimo -2,69 -3,72 -35,79 -19,81

Desvio Padrão 0,97 0,40 12,08 3,34

Quadro 1: Estatística dos índices financeiros

A partir do Quadro 1, pode-se observar que o multiplicador sobre o capital próprio obteve uma alta média, devido a empresa Forpart apresentar o mais alto valor para tal índice no ano de 2005, o que repercutiu em toda a amostra. O mesmo ocorre para a média do índice de endividamento, que teve esse valor viesado pelo comportamento da empresa Paranapanema, pois a mesma apresentou o mais alto índice no ano de 2006.

Ao verificar o valor do desvio padrão (DP) amostral dos índices de rentabilidade e compará-los aos DP´s das empresas ao longo dos anos, pode-se comprovar que em relação ao ROE houve uma alta variabilidade nas empresas Forpart (110%), Paranapanema (242%) e MMX (489%). Adicionalmente com alta variação no ROA se encontram as companhias Forpart (140%), VBC (140%) e Refinaria Pet Manguinhos (101%).

Análise 1

Foram utilizadas as Figuras 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, relacionando no eixo das abcissas o ROA e no eixo das ordenadas o ROE. Em seguida, foi realizada uma análise dos casos mais críticos. No ano de 2006, a empresa Paranapanema é a que apresenta valores que mais se distanciam da média, apresentando o maior ROE do período, conforme pode ser observado na Figura 1. Cabe ressaltar, que a Paranapanema, apesar de possuir o maior retorno de 2006, teve retornos negativos em 2007. É possível notar ainda, que a empresa VBC apresenta rentabilidade negativa não só nos anos de 2006 e 2007, mas em todos os anos estudados.

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Figura 1: ROA (%) X ROE (%) 2006 Figura 2: ROA (%) X ROE (%) 2007

Em destaque quanto ao ROE negativo, encontra-se a Refinaria Pet Manguinhos, com tal desempenho do ano 2005 até 2009, excetuando-se o ano de 2008, onde ela apresenta ROE positivo. Entretanto, no ano de 2007, esta apresenta o menor ROA dentre as demais empresas no período, conforme a Figura 2. Por outro lado, em 2009, com o melhor desempenho encontra-se a Paranapanema, conforme a Figura 4.

Figura 3: ROA (%) X ROE (%) 2008 Figura 4: ROA (%) X ROE (%) 2009

Dentre as 38 empresas analisadas, observa-se que 19 (50%) obtiveram ROE negativo e 17 (45%) apresentaram ROA negativo, ou seja, menos de 50% das organizações da amostra apresentou em algum momento pelo menos um dos índices de rentabilidade negativo. Isso indica que o desempenho das companhias em sua maioria foi positivo.

Figura 5: ROA (%) X ROE (%) 2003 Figura 6: ROA (%) X ROE (%) 2004 Paranapanema Refinaria Pet Manguinhos Paranapanema Refinaria Pet Manguinhos

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Figura 7: ROA (%) X ROE (%) 2005

Ao analisar as Figuras 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, foi possível observar um grupamento em cada uma delas, marcado em áreas circulares, evidenciando a movimentação positiva das empresas. Para melhor visualização do grupamento, recomenda-se avaliar as figuras retirando os valores extremos, que se encontram fora das áreas circulares delimitadas. As figuras citadas demonstram que quando há um aumento do retorno sobre o ativo, ocorre um aumento do retorno sobre o capital próprio. Tal afirmativa pode ser melhor observada por meio das Figuras 2 e 4, onde a tendência crescente é mais marcante.

Análise 2

Foram utilizadas as Figuras 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14, relacionando no eixo das abcissas o MAF e no eixo das ordenadas o IE. Em seguida, foi realizada uma análise dos casos mais críticos.

Nos anos de 2003 e 2004 verifica-se que a Vicunha e a Rede Energia, respectivamente, possuem os maiores níveis de endividamento. Já a Aes Elpa possui tais índices negativos pois apresenta passivo a descoberto, consequentemente, a mesma possui alta alavancagem financeira. Não foi possível calcular o ROE para esta empresa, pois a mesma apresentou passivo a descoberto nos anos de 2003 e 2004, fato que evidencia a falência por estoque.

Figura 8: MAF (%) X IE (%) 2003 Figura 9: MAF (%) X IE (%) 2004

Aes Elpa Aes Elpa

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Figura 10: MAF (%) X IE (%) 2005

A Paranapanema apresenta índices de endividamento negativos por apresentar passivo a descoberto nos anos de 2003, 2004 e 2005. Já nos anos de 2006, 2007 e 2009 ela se destaca com os maiores níveis de endividamento perante as demais. Cabe ressaltar, que no ano de 2006, onde ela apresenta o maior IE (436%) de toda a amostra ela apresenta o segundo maior ROE (640%) amostral, ficando atrás apenas da MMX no ano de 2008 (ROE: 1303%).

Houve duas empresas com níveis de variabilidade altos em relação ao desvio padrão amostral do nível de endividamento (DP IE: 334%). São elas: MMX (DP: 843%) e Paranapanema (DP: 1621%).

Figura 11: MAF (%) X IE (%) 2006 Figura 12: MAF (%) X IE (%) 2007

Figura 13: MAF (%) X IE (%) 2008 Figura 14: MAF (%) X IE (%) 2009

Pode-se inferir das Figuras 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14, um grupamento evidenciado nas áreas circulares demarcadas. Para melhor visualização do grupamento, recomenda-se avaliar as figuras retirando-se os valores extremos, que se encontram fora das áreas circulares delimitadas. Análise 3 Paranapanema Paranapanema Ampla MMX Ampl a MMX Forpart

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7 Este fraco desempenho coincide com a crise mundial de 2008, ocorrida a partir do mercado americano. No entanto, pelos resultados observados não se pode afirmar ter sido este o motivo. Foi possível identificar quatro empresas que vinham apresentando índices de rentabilidade positivos e no ano de 2008 tiveram uma queda significativa de ROE e ROA, conforme o Quadro 2 e o Quadro 3. Tais empresas pertencem em sua maioria ao setor de materiais básicos (químicos).

Empresas Tipos de empresas 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

FORPART Utilidade pública - energia 46 4 -269 18 50 -17 1 BRASKEM Materiais básicos - Químicos 10 16 14 2 11 -68 19 PRONOR Materiais básicos - Químicos -6 22 5 -33 6 -23 36 UNIPAR Materiais básicos - Químicos 13 22 17 8 12 -15 -196

Quadro 2: ROE (%) para as empresas por ano

Empresas Tipos de empresas 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

FORPART Utilidade pública - energia -372 -30 -2 3 15 -6 0

BRASKEM Materiais básicos - Químicos 2 5 4 1 3 -11 4

PRONOR Materiais básicos - Químicos -2 10 2 -12 2 -7 16

UNIPAR Materiais básicos - Químicos 5 9 7 3 3 -1 -48

Quadro 3: ROA (%) para as empresas por ano

Segundo Sousa (2007), “mesmo diante deste momento de forte instabilidade mundial, fato é que o Brasil está menos vulnerável devido a indicadores macroeconômicos mais sólidos”, ou seja, as empresas brasileiras, em sua maioria, não foram afetadas pela crise de 2008. Observando as Figuras: 15 e 16, extrai-se que a evolução dos retornos das organizações analisadas manteve um comportamento estável, tendo algumas variações pontuais em 2008, como a MMX com ROE de 1303% e a Refinaria Pet Manguinhos com ROA negativo de -253%.

Diante do exposto, as empresas contidas nos Quadros 1 e 2, que representam apenas 10,52% da amostra, possuíram variações negativas no ano de 2008. Fato que, não necessariamente, implica ser consequência da crise econômica, podendo ter ocorrido devido a casos específicos do negócio de tais empresas.

Figura 15: Evolução ROE (%) Figura 16: Evolução ROA (%)

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8 O cálculo dos indicadores de desempenho econômico-financeiro é um subsídio para as decisões gerenciais das empresas. A partir da análise de 38 companhias de capital aberto listadas na Bovespa, observou-se um grupamento com tendência crescente nas figuras que relacionam retorno sobre ativos e retorno sobre o capital próprio. Outro grupamento com tendência semelhante também foi observado ao se relacionar nas figuras o multiplicador sobre o capital próprio e o índice de endividamento.

Também foi possível evidenciar, que em decorrência da crise de 2008, a maior parte das empresas analisadas no estudo não demonstrou alterações nesse período. Entretanto, quatro empresas que vinham apresentando retornos positivos alteraram tal desempenho e obtiveram rentabilidades negativas. Esta observação não implica que tais companhias foram necessariamente atingidas pela crise, fato que pode ter ocorrido por motivos internos do negócio de cada empresa.

5. Referências

GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. São Paulo: Addison Wesley Brasil, 10ª edição, 2004.

MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. São Paulo: Atlas, 6ª edição, 2003.

PETERSON, Pamela P.; PETERSON, David R. Performance de empresas e medidas de valor adicionado. Virginia: Fundação de Pesquisa do Instituto de Analistas Financeiros Certificados, 1996.

ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W. Princípios de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2ª edição, 2002.

SOUSA, Miguel Rocha. A crise dos EUA e seu Impacto no Brasil. Revista Autor. 30 de setembro de 2007. Disponível em: http://www.revistaautor.com/index.php?option=com_content&task=view&id=38&Itemid=38 Acesso em: 15, abril, 2011.

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Anexo 1: Classificação setorial das empresas da amostra – BM&F Bovespa

SETOR ECONÔMICO SUBSETOR SEGMENTO

Petróleo, Gás e Biocombustíveis Petróleo, Gás e Biocombustíveis Exploração e/ou Refino PET MANGUINH PETROBRAS

Materiais Básicos Mineração Minerais Metálicos

LITEL MMX MINER

Siderurgia e Metalurgia Siderurgia

ACOS VILL FERBASA SID NACIONAL VICUNHA SID

Artefatos de Ferro e Aço ALIPERTI MANGELS INDL PANATLANTICA TEKNO Artefatos de Cobre PARANAPANEMA Químicos Petroquímicos BRASKEM ELEKEIROZ PRONOR UNIPAR Químicos Diversos QGN PARTIC

Utilidade Pública Energia Elétrica Energia Elétrica

521 PARTICIP AES ELPA AES TIETE AGCONCESSOES AMPLA INVEST BONAIRE PART CEB CEMIG COPEL CPFL ENERGIA CPFL GERACAO ELETROBRAS FORPART IENERGIA NEOENERGIA REDE ENERGIA TRACTEBEL UPTICK VBC ENERGIA

Água e Saneamento Água e Saneamento

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