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Tendência temporal de mortalidade por neoplasia maligna da glândula tireoide no Sul do Brasil, entre 2008-2018.

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TENDÊNCIA TEMPORAL DE MORTALIDADE POR NEOPLASIA MALIGNA

DA GLÂNDULA TIREOIDE NO SUL DO BRASIL, ENTRE 2008-2018.

TEMPORAL TREND IN MORTALITY FROM MALIGNANT NEOPLASM OF

THE THYROID GLAND IN SOUTHERN BRAZIL, BETWEEN 2008-2018.

Júlia de Carvalho Tiezzi

1

Rose Marie Mueller Linhares

2

Nazaré Otília Nazário

3

Franciele Cascaes da Silva

4

Victória de Carvalho Tiezzi

5

1. Acadêmica do curso de curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Campus Pedra Branca. Santa Catarina, Brasil. E-mail: juliactiezzi@gmail.com.

2. Doutora em Ciências Médicas pela UFSC, Brasil. Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Atualmente é medica/pediatria (endocrinologia pediátrica) do Hospital Universitário UFSC, medica - endocrinologia pediátrica do Hospital Infantil Joana de Gusmão e medica - endocrinologia pediátrica do Hospital Universitário UFSC. E-mail: rmmlinhares@gmail.com

3. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil. Professor titular da Universidade, do Sul de Santa Catarina, Brasil. E-mail: nazare.nazario@unisul.br.

4. Doutora em Ciências do Movimento Humano do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Brasil. Professor titular da Universidade, do Sul de Santa Catarina, Brasil. Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. E-mail: francascaes@yahoo.com.br

5. Acadêmica do curso de curso de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), Campus Pedra Branca. Santa Catarina, Brasil. E-mail: vic.tiezzi@hotmail.com.

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RESUMO:

O câncer de tireoide é classificado como a nona neoplasia maligna mais incidente no mundo e tanto a incidência como a mortalidade estão aumentando em diversos países. Dado o fato do crescente número de casos de neoplasias tireoidianas, e da escassez de trabalhos atuais sobre a epidemiologia desse fenômeno no Sul do país, o objetivo deste trabalho é retratar a evolução temporal da mortalidade por câncer de tireoide no Brasil, durante 2008 a 2018.

Métodos: Estudo ecológico com base nas informações provenientes dos sistemas de informação

em saúde do DATASUS. Resultados: Ao longo de todo o período avaliado, observamos um total de 1.283 óbitos por câncer de tireoide, predominando no sexo feminino e na faixa etária com mais de 60 anos para ambos os sexos. Observou-se uma tendência de estabilidade no coeficiente de mortalidade por câncer de tireoide em todas as variáveis estudadas, durante o período de 2008 a 2018. Conclusão: Os resultados evidenciaram que a mortalidade por câncer de tireoide no Sul do Brasil esteve estável, além disso verificou-se que a faixa etária dos 50-60 anos obteve a maior taxa de mortalidade, principalmente no sexo feminino.

Descritores: Câncer; Tireóide; Brasil.

ABSTRACT:

Thyroid cancer is classified as the ninth most prevalent malignancy in the world and both incidence and mortality are increasing in several countries.

Given the fact of the growing

number of cases of thyroid neoplasms, and the lack of current studies on the epidemiology

of this phenomenon in the South of the country, the aim of this study is to portray the

temporal evolution of thyroid cancer mortality in Brazil, from 2008 to 2018 . Methods:

Ecological study based on information from DATASUS health information systems.

Results: Throughout the evaluated period, we observed a total of 1,283 deaths from

thyroid cancer, predominantly in females and in the age group over 60 years for both

sexes. There was a tendency towards stability in the balance of mortality from

thyroid cancer in all variables studied from 2008 to 2018. Conclusion: The results showed that thyroid cancer mortality in southern Brazil was stable,in addition it was found that the 50-60 age group had the highest mortality rate, especially in females.

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INTRODUÇÃO:

A tireoide é uma glândula endócrina, cuja função é a produção dos hormônios tireoidianos, T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina), responsáveis por diversos componentes da homeostase 1,2. Do ponto de vista histológico, a tireoide é composta por dois tipos de células parenquimatosas. As células foliculares, das quais originam-se os tumores bem diferenciados, como o tumor papilar e o folicular, bem como o anaplásico. Enquanto as células parafoliculares (célula C) que determinam o carcinoma medular da tireoide3,4. Dos casos diagnosticados, 65 a 80% foram do tipo papilar em ambos os sexos; de 10 a 15% são foliculares e de 5 a 10% são medulares. Por fim, o carcinoma anaplásico, considerado o mais raro e mais agressivo, é responsável por menos de 5% dos casos e por mais da metade dos óbitos da doença5,6. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de tireoide, aspectos genéticos e adquiridos são estudados, e são bem documentados o histórico familiar e exposição à radiação ionizante7,8.

Classificado como a 9ª neoplasia maligna mais incidente do mundo, o câncer de tireoide 9; representa a principal neoplasia endocrinológica10. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a taxa de incidência desse tipo de câncer tem aumentado cerca de 1% ao ano na maioria dos países do mundo. Mundialmente, no ano de 2018, 567 mil pessoas, apresentaram o diagnóstico, destas, 41 mil foram a óbito devido a doença. Quando observadas por sexo, a taxa de incidência global em mulheres de 10,2/100.000 habitantes é 3 vezes maior que em homens, representando 5,1% da carga total estimada de câncer feminino. No mesmo ano, a taxa de incidência foi de 12,2 /100.000 habitantes para o sexo feminino e 3,1/100.000 habitantes para o sexo masculino na América do Sul 11.

No Brasil, a cada ano surgem 66 novos casos em 100.000 habitantes12. Em 2012, foram previstos para o Brasil 13.877 casos novos da neoplasia maligna da tireoide, o qual representava 3,2% de todos os cânceres diagnosticados, e uma taxa de incidência de 6,4/100.000 habitantes13. Enquanto isso, as estimativas para cada ano do biênio 2018-2019, mostraram uma previsão de 1.570 novos casos de câncer de tireoide em homens e 8.040 para mulheres. Com isso, considera-se um risco de 1,49 casos a cada 100 mil homens e 7,57 casos a cada 100 mil mulheres, atingindo a 13ª e 5ª posição, respectivamente14.

O câncer da tireoide ocorre em todas as idades, acomete principalmente indivíduos de 25-60 anos, com o pico de incidência aos 40-50 anos nas mulheres, diminuindo após a menopausa 15-16. Já, nos homens o pico gira em torno dos 60-70 anos17. Existe maior relação com a raça branca e mulheres. No sexo feminino, no Brasil, o câncer de tireoide é responsável por 4% do total de cânceres diagnosticados14. Segundo INCA, do total de casos estimados para 2018, 84% estariam relacionados ao sexo feminino (5.870); número cinco vezes maior do que o estimado para os homens no período (1.090)14.

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A taxa de mortalidade para o câncer de tireoide é baixa em comparação com a maioria dos outros tipos de câncer14,18. No Brasil, no ano de 2015, foi responsável por 748 óbitos, com taxa de mortalidade ajustada de 0,39/100.000 habitantes, para ambos os sexos14. No entanto, em 2016, na America do Sul, a taxa de mortalidade, foi 0,7/100.000 habitantes e 0,6/100.000 habitantes para mulheres e homens, respectivamente 9. Já o coeficiente médio de mortalidade por câncer de tireoide no Brasil, para o sexo feminino foi de 50/100.000 mulheres, no ano de 2016 19. As estimativas para 2012 mostraram uma previsão de 775 óbitos por câncer de tireoide para o Brasil, o que representa 0,3% de todos as mortes por câncer no país e uma taxa de mortalidade de 0,3/100.000 habitantes. A neoplasia maligna da tireoide representa 0,2% de todos os óbitos por câncer entre os homens e 0,5% entre as mulheres, com coeficientes de mortalidade de 0,3 e 0,4/ 100.000 habitantes, respectivamente13.

Portanto, diante do aumento da taxa da incidência global da neoplasia maligna de tireoide e da escassez de estudos recentes sobre a temática na região Sul do Brasil, torna-se relevante a realização de levantamentos epidemiológicos com dados oficiais, a fim de analisar as tendências na ocorrência da mortalidade doença, visando assim orientar as políticas e ações de saúde para detecção e tratamento dos pacientes com este tipo de câncer. A partir do exposto, o presente estudo busca analisar a tendência temporal da mortalidade do câncer maligno da glândula tireoide no Sul do Brasil durante 2008 a 2018.

MÉTODOS:

O estudo ecológico de tendência temporal, foi realizado com os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Foram utilizados óbitos por neoplasia maligna de tireoide da população residente nos 3 estados da região sul do Brasil, disponibilizados como domínio público, pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS).

Foram analisados os dados dos 1283 óbitos hospitalares por neoplasia maligna de tireoide na população do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no período de 2008 a 2018, em pacientes do sexo masculino e feminino maiores de 20 anos. Foram incluídos todos os registros de óbito por neoplasias malignas da glândula de tireoide nesta população, de acordo com o CID 10 C73 - Neopl malig da gland tireoide. A coleta de dados foi realizada a partir do banco de dados de domínio público do DATASUS, com a ajuda do programa tabulador disponibilizado publicamente pelo DATASUS, o TabNet, por onde foram coletados os dados e as variáveis de interesse da pesquisa.

Todos os registros referentes a mortalidade por câncer maligno de tireoide, no período de 2008 a 2018, no sul do Brasil foram analisados, onde as variáveis dependentes referem-se às taxas de mortalidade geral de neoplasia maligna da glândula tireoide e específicas segundo sexo, faixa etária, faixa etária por sexo e regiões do sul Brasil; e a variável independente foi o ano (2008 a 2018). Foram descritas as distribuições demográficas como: sexo (masculino/ feminino); faixa

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etária (20-29, 30-39, 40-49, 50-59, 60-69, 70-79 e ≥ 80 anos); e estado em origem (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná).

O tratamento primário dos dados foi realizado pelo software TABWIN disponível no DATASUS e posteriormente exportados para o programa Microsoft Excel. A análise dos dados foi realizada por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). Version 20.0. Para cada ano do período estudado e para cada região, foram calculados os coeficientes de mortalidade por tumor maligno da glândula tireoide brutos e específicos de acordo com as variáveis independentes de interesse como sexo, faixa etária, faixa etária por sexo e região, utilizando o número total de óbitos no período de 2008-2018.

Para a análise da tendência temporal de mortalidade foram utilizados os coeficientes de mortalidade padronizados pelo método de regressão linear simples. Onde os coeficientes de mortalidade padronizados foram considerados como variável dependente, e os anos calendário de estudo como variável independente obtendo-se assim o modelo estimado de acordo com a fórmula Y = b0 + b1X onde Y = coeficiente padronizado, b0= coeficiente médio do período, b1= incremento anual médio e X= ano. Para examinar o comportamento (aumento, queda, estabilidade) e a variação média anual do coeficiente de mortalidade, foram avaliado o valor (positivo ou negativo) e a significância estatística do coeficiente de regressão (β). O coeficiente de mortalidade foi considerado crescente quando β mostrar-se positivo, e decrescente quando β for negativo. A significância estatística do modelo será estabelecida para valor de p<0,05.

O estudo está fundamentado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética, tais como autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade. Por se tratar de um estudo de tipo ecológico, foram utilizados dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade, banco de domínio público disponibilizado pelo DATASUS, o qual não exibe informações sobre à identificação individual. O banco de dados não permite acesso ao nome do paciente ou a qualquer informação pessoal que possibilite a identificação individual ou infrinja o sigilo dos dados. Desta forma não houve necessidade de submeter o projeto à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina.

RESULTADOS:

Ao longo de todo o período, foram totalizados 1.283 óbitos devido ao câncer de tireoide, sendo destes 849 em mulheres, o equivalente à 66,17%, e 434 em homens, conferindo o percentual de 33,83. Ao observar a Tabela 01, é possível verificar que os óbitos em mulheres não tiveram um aumento significativo, em 2016 e 2018, se comparados aos anos anteriores. Igualmente nos homens, observamos, de maneira geral, uma estabilização na mortalidade por câncer de tireoide, com pouca oscilação no total de óbitos ao longo dos dez anos de estudo.

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O Gráfico 01 representa a evolução das taxas de óbitos por câncer de tireoide para ambos os sexos, no Sul do Brasil, de 2008 a 2018. Infere-se que não houve uma elevação expressiva, ao longo deste intervalo temporal. Em relação à mortalidade no sexo feminino, foram relatados 0,74 óbitos a cada 100 mil mulheres no ano de 2008 e, em contrapartida, no ano de 2018, o número descrito foi de 0,83. Para os homens, as referidas taxas apresentaram valores inferiores e pouco discrepantes, equivalentes à 0,38 a cada mil homens em 2008 e 0,42 em 2018 - e permaneceram constantes por dois anos consecutivos; 2015 e 2016. Porém, em um momento isolado, no ano de 2013, foi constatada uma elevação na taxa de mortalidade, quando comparado aos demais anos.

Ao analisar o índice de óbitos decorrentes de câncer de tireoide em mulheres e homens, conclui-se que o número de casos foi aproximadamente duas vezes maior para as mulheres, quando comparado à população masculina. Durante praticamente todo o período analisado, o índice manteve a proporção de 2:1, à exceção do ano de 2013, em que os valores foram destoantes, com 0,5 óbitos a cada 100 mil homens e 0,64 óbitos a cada cem mil mulheres.

De acordo com o Gráfico 02, determinou-se uma tendência linear direta entre idade e mortalidade até os 79 anos. Ou seja, as prevalências de desfecho letal aumentaram de acordo com o avanço da faixa etária, à exceção de idosos com mais de 80 anos. O crescimento por óbitos de CT, tanto no sexo feminino, quanto no masculino, inicia na faixa etária dos 20 aos 29 anos. No entanto, o maior número de óbitos tem ocorrido entre os 60 e 79 anos de idade em ambos os sexos, o que correspondeu à 57% de todos os casos. Para todas as faixas, o sexo feminino apresenta um maior percentual de óbito. Vale ressaltar, ainda, que 68% dos óbitos em indivíduos entre 40 e 49 anos ocorrem em mulheres e 76% dos óbitos em indivíduos com mais de 80 anos também estão relacionados ao sexo feminino.

Conforme à análise do gráfico 03, verificou-se um predomínio da taxa de mortalidade, durante todo o tempo avaliado, no estado do Rio Grande do Sul, com 41% dos casos. O estado do Paraná ocupa o segundo lugar com maior número de óbitos, com 37% dos casos. Por fim, em terceiro lugar, o estado de Santa Catarina, que apresenta uma taxa de 21%, o que equivale, praticamente, à metade da taxa identificada no estado gaúcho.

DISCUSSÃO:

O presente estudo evidênciou, em todo o território do Sul do Brasil, ao longo do período de 2008 a 2018 - uma tendência de estabilidade na mortalidade por câncer de tireoide em ambos os sexos. Nos países desenvolvidos, a exemplo de China e Canadá, têm sido evidenciadas tendências à estabilidade para as taxas de mortalidade por câncer de tireoide, assim ficou evidenciado no presente estudo que os estados da região Sul do país seguem a mesma trajetória 20,21. Porém, ao comparar o resultado da pesquisa, à real situação epidemiológica desse câncer nos Estados Unidos, Europa Ocidental e Brasil, observa-se desfecho distintos aos demais locais, em que a taxa de mortalidade ainda permanece em ascensão22,23,24.

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O Sul do Brasil é uma das regiões com maior número de centros de Saúde e, consequentemente, com maior capacidade resolutiva, devido à maior oferta aos serviços do âmbito médico. Como consequência, os moradores da região dispõem, com menor dificuldade, o acesso à intervenções de prevenções primárias e secundárias 25. A distribuição desproporcional dos serviços de saúde com uma ampla concentração de profissionais da área de saúde nos grandes centros urbanos e devido à falta de investimento em testes de screening e equipamentos de tratamento nos pequenos centros reflete no impacto e na sobrevida das populações que sofrem de câncer 26. Dessa forma, a estabilidade constatada nos 3 estados da região Sul retrata a facilidade da população a esses recursos, diferentemente da região Norte, que, conforme à literatura, apresenta uma crescente na taxa de mortalidade 27.

O acometimento preferencial do sexo feminino corrobora os resultados obtidos nos demais estudos 28,29,. Isso pode estar relacionado à influência dos hormônios reprodutivos e à maior paridade, o que implica em uma maior taxa de prevalência de câncer de tireoide nas mulheres em comparação aos homens e, consequentemente, em uma maior taxa de mortalidade 30,31. Consoante ao estudo, a partir dos 29 anos, o risco de óbito por câncer de tireoide aumenta continuamente com a progressão da idade, principalmente a partir dos 60 anos, tanto no sexo feminino, quanto no sexo masculino. Esses achados têm íntima relação com os dados analisados no presente estudo, o qual demonstra que o câncer de tireoide é uma doença cujo acometimento raramente acontece antes dos 30 anos 29,32 .

De acordo com outros estudos, a incidência pelo câncer de tireoide e as projeções da doença para os próximos anos seguem avançando 24,29. Provavelmente, isto está relacionada à maior exposição à radiação, conforme estudos realizados nos Estados Unidos (EUA), em que nos últimos 25 anos ocorreu uma duplicação nas doses do ativo referido 33. Por consequência, a maior exposição à esses elementos radioativos atua, hoje, como o principal fator contribuinte ao desenvolvimento da doença 7,8. Além dele, existem outros fatores colaboradores documentados, como a insuficiência ou excesso de iodo - que é fundamental para a síntese dos hormônios tireoidianos 34. Vale ressaltar, o papel nocivo da obesidade, que segundo dados da literatura pode atuar na carcinogênese, com influência direta nos hormônios tireoidianos, adipocinas e inflamação. o 34,35.

Por outro lado, embora a incidência esteja em crescente ascensão, a taxa de mortalidade apresenta um platô de estabilidade 24. Além do padrão não agressivo dos principais tipos histológicos de câncer de tireoide, a intervenção precoce - seja no momento diagnóstico ou no tratamento - pode exercer influência direta na estabilização da mortalidade 36.

Verificamos que existe nesse estudo importantes limitações como o curto período de observação e a impossibilidade de classificar os diferentes tipos de carcinoma de tireóide, que estão diretamente relacionados ao prognóstico é à mortalidade. Além disso, não é possível avaliar a causalidade devido à metodologia do trabalho.

(8)

CONCLUSÃO:

Os resultados evidenciam que a mortalidade por câncer de tireoide no Sul do Brasil está estável, o que pode estar relacionado principalmente ao seu caráter indolente, que quando bem manejado com medidas precoces de intervenção e rastreio cursam com bom prognóstico. Estas devem preferencialmente agir na população com mais de 50-60 anos, a qual permanece sendo a faixa etária com maior taxa de mortalidade. Vale ressaltar, que embora as mulheres sejam o sexo mais acometido não houve aumento significativo da mortalidade quando avaliado.

Além disso, é salientada a importância de novos estudos a fim de avaliar os fatores de risco e causalidade, para que haja melhor direcionamento do screening. Por conseguinte, as consequências à longo prazo da doença não tratada serão minimizadas.

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ANEXOS:

Tabela 01.

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Gráfico 01. Coeficiente de Mortalidade por Câncer de Tireoide em Homens e

Mulheres por ano (2008 a 2018).

Gráfico 02. Total de óbitos entre Homens e Mulheres por Faixa Etária durante

2008 e 2018.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 tx_fem tx_mas 0 50 100 150 200 250 300 n_f_2 0_29 n_f_3 0_39 n_f_4 0_49 n_f_5 0_59 n_f_6 0_69 n_f_7 0_79 n_f_≥8 0 n_m_ 20_2 9 n_m_ 30_3 9 n_m_ 40_4 9 n_m_ 50_5 9 n_m_ 60_6 9 n_m_ 70_7 9 n_m_≥8 0

(14)

Gráfico 03. Total de óbitos entre as Regiões Sul do Brasil por ano (2008 a

2018).

25 23 22 22 21 33 27 26 27 22 30 36 43 38 35 51 31 42 47 40 60 47 45 42 52 47 39 53 47 43 56 49 62 0 20 40 60 80 100 120 140 160 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 n_sc n_pr n_rs

Referências

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