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Vista do Avaliação do Perfil Epidemiológico da Hanseníase em um Município do Interior Paulista nos anos de 2000 à 2006

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Avaliação do Perfil Epidemiológico da Hanseníase em um Município do Interior Paulista nos anos de 2000 à 2006

Cinthia Prado Macedo Maria Fernanda de Freitas Cerqueira Graduandos do curso de enfermagem, das Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila

Vanessa de Brito Poveda Enfermeira. Doutora. Docente do curso de graduação em Enfermagem das Faculdades Integradas Teresa D’Àvila

RESUMO

Objetivou-se identificar o perfil epidemiológico da hanseníase em um município do interior paulista nos anos de 2000 a 2006 e verificar o cumprimento da meta proposta pela Organização Mundial da Saúde de 1 caso para cada 10.000 habitantes. Realizamos um estudo quantitativo, retrospectivo, analisando os casos notificados de hanseníase. O município investigado apresentou 29 casos de hanseníase no período analisado, sendo 08 casos (27,6%) do sexo feminino e 21 (72,4%) do masculino, 17 (58,7%) pacientes da raça branca, 14 (48,4%) na faixa etária entre 40 e 60 anos, 11 (37,9%) deles eram analfabetos, o número de comunicantes variou entre 1 e 5 indivíduos, em 14 (48,2%) casos. Quanto à forma clínica 09 casos (31,1%) foram considerados indeterminados e 15 (51,8%) multibacilar, em que 12 (41,4%) se submeteram ao tratamento PQT / MB 6 doses. Obtiveram a cura 23 (79,4%) dos casos analisados. A diminuição do preconceito deve iniciar-se com a adequada atuação da equipe multiprofissional, orientando a população sobre a doença e sua possibilidade de tratamento com sucesso.

PALAVRAS-CHAVE: Hanseníase, Enfermagem.

ABSTRACT

Leprosy is an illness marked for a great stigma for people in general e, also, for the carriers. The objective of this inquiry was to identify to the profile epidemiologist of Leprosy in a city of the São Paulo interior in the years of 2000 the 2006 and to verify if it can fulfill to the goal proposal for the OMS (World-wide Organization of the Health) of 1 case for 10.000 inhabitants. For in such a way we carry through a quantitative, retrospective study, analyzing the cases notified of Leprosy of a city of the Vale do Paraíba. The investigated city presented 29 cases of Leprosy in the period understood between 2000 and 2006, being 08 cases (27.6%) of feminine sex and 21 (72.4%) of the masculine sex, 17 (58.7%) cases in patients of the white race, 14 (48.4%) individuals in the age between 40 and 60 years, 11 (37.9%) of them were illiterate, and with the number of family between 1 to the 5 individuals, that are equivalent the 14 (48.2%) cases. Most of the analyzed population inhabits in the agricultural zone 09 cases (31.1%) presenting indetermined clinical form and 15 (51.8%) cases of the operational classroom being multibacillary, where most of them 12 cases (41.4%) if had submitted to treatment PQT/MB 6 doses. They had gotten it cure 23

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cases (79.4%) of the analyzed cases. The reduction of the preconception associated with the carrying citizen of the illness, must be initiated with the adequate performance of the multiprofessional team, guiding the population on the illness and its possibility of treatment successfully.

KEY WORDS: Leprosy; Nursing.

INTRODUÇÃO

È muito difícil afirmar a época do aparecimento da doença, porém, existem referências claras com relação à hanseníase, em livros da antiguidade, datados de 1500 a.C. na Índia. Segundo a bíblia, lepra seria o nome dado à moléstia, que em grego quer dizer “algo que descama”. Em uma época de lutas e conquista de novas terras, a doença foi se disseminando e assim chegou a todos os continentes. Nas Américas, os colonizadores podem ter sido os principais responsáveis pelo aparecimento da hanseníase, entre os séculos XVI e XVIII(¹).

No Brasil, há relatos de que a hanseníase possa ter chegado juntamente com os escravos; apesar de sua compra ser feita perante exames minuciosos, alguns poderiam apresentar a doença no período de incubação, em que sinais e sintomas da doença não estavam aparentes. Em São Paulo, a doença foi muito intensa durante o período colonial; por trata -se do Estado brasileiro em maior desenvolvimento, atraía indivíduos de todo o país, entre eles, naturalmente portadores de hanseníase, chegando a 40.000 o número de doentes no século XX(2).

No final da década de 20, os portadores de hanseníase não podiam trabalhar, fazendo com que os mesmos mendigassem pelas ruas. Outros doentes eram arrancados de suas casas e levados para os leprosários, lugar de difícil acesso, com muros altos, cercas de arames, com portões trancados e um corpo de guardas sanitários para capturar prováveis fugitivos. Esse isolamento compulsório estendeu-se até a década de 60, quando houve um período de transição semi-aberto até a metade da década de 70, e só então os portões desses leprosários foram abertos definitivamente (2).

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae (também conhecido como bacilo de Hansen), é transmitida pelas vias aéreas superiores e através da pele lesionada. Seu período de incubação varia de 2 a 10 anos, não tendo

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transmissão hereditária, acometendo indivíduos que mantêm um longo período de convivência com pessoas infectadas (3).

Atinge principalmente pessoas de baixo nível sócio–econômico, com precárias condições de moradia, higiênico-sanitárias, de baixa escolaridade e através de movimentos migratórios que ajudam na disseminação da doença(4).

É uma doença de distribuição mundial e predomina em regiões tropicais e subtropicais, principalmente países subdesenvolvidos (5).

Suas formas clínicas apresentam duas classificações: Paucibacilar que não é transmissível, devido à baixa produção de bacilos, que engloba a Hanseníase Indeterminada (HI) que é caracterizada por manchas esbranquiçadas ou avermelhadas e por lesões planas, e a Hanseníase Tuberculóide (HT) que apresenta lesões bem delimitadas, manchas avermelhadas e com distribuição assimétrica. E a forma multibacilar, transmissível devido à grande produção de bacilos no organismo, que abrange a Hanseníase Virchowiana (HV) que se caracteriza por manchas mal delimitadas de cor vermelho– vinhoso ou acastanhadas, com tonalidade semelhante ao cobre, apresentando pápulas e nódulos, e a Hanseníase Dimorfa (HD) que apresenta placas eritematosas, manchas esbranquiçadas com bordas avinhadas e é muito semelhante à HV e HT. Ambas apresentam dormência, formigamento, queda de pêlos e quando o diagnóstico é realizado tardiamente, na forma multibacilar, pode evoluir para incapacidades físicas graves, devido ao comprometimento nervoso(3).

A indicação do esquema terapêutico deve contar com a história clínica do paciente e a classificação final do caso, no Brasil o Ministério da Saúde sugere classificação para os casos com até cinco lesões de pele e/ou apenas um tronco nervoso comprometido como sendo paucibacilares (PB) e casos com mais de cinco lesões de pele e mais de um tronco nervoso acometido como multibacilares (MB). A baciloscopia positiva classifica o caso como multibacilar, independente dos números de lesões (3).

O tratamento ambulatorial gratuito é oferecido no Brasil desde a década de 60.6 Em 1991 foi implantado pelo Ministério da Saúde o programa de controle e eliminação da hanseníase (PCEH) que consiste no tratamento por meio de poliquimioterapia (PQT) com medicamentos doados ao Brasil pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas formas Paucibacilares são utilizados Dapsona e Clofazimina durante

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6 meses, já nas formas Multibacilares são utilizados Dapsona, Clofazimina e Rifanpicina por 12 ou 24 meses (¹) .

Atualmente, todos os países sul-americanos têm casos de hanseníase, exceto Chile. O Brasil apresenta a prevalência mais alta (4,52/10.000 hab), sendo o segundo país do mundo em números de casos (79.908) (¹).

O Brasil não conseguindo cumprir a meta da OMS de um caso para cada 10.000 habitantes no ano de 2000, se propôs a cumprir essa meta de erradicação da hanseníase até o ano de 2005 (7).

O Centro-Oeste, Norte e Nordeste possivelmente não alcançarão a meta em menos de 10 ou 15 anos. Já no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo a prevalência é menor. O Brasil na década de 80 chegou a ter 250 mil portadores de hanseníase, hoje concentra cerca de 60 mil casos(2).

O município escolhido por esta investigação localiza-se no interior do estado de São Paulo, sua população gira em torno de 23.000 habitantes, dos quais aproximadamente 70% residem na zona rural, suas principais atividades econômicas são a agricultura, pecuária e atualmente o turismo(8).

Segundo relatos de moradores e profissionais da saúde do município, antes da implantação da poliquimioterapia (PQT) na década de 90, o número de casos com pessoas infectadas pela hanseníase era de aproximadamente 80, e eram pacientes que chegavam a fazer um tratamento de aproximadamente 20 anos (segundo o tratamento com sulfonaterapia) podendo ou não alcançar o resultado de cura, já que muitos pacientes dessa época, após serem constatadas reações do tipo1 e tipo2 ou recidivas, foram tratados com a poliquimioterapia e conseguiram a cura, objetivo esperado do tratamento.

OBJETIVOS

• Identificar o perfil epidemiológico da hanseníase em um município do interior paulista nos anos de 2000 a 2006.

• Avaliar se a meta especificada pela OMS para o Brasil, de menos de 1 caso para cada 10.000 habitantes foi cumprida.

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METODOLOGIA

Foi realizado um estudo quantitativo, retrospectivo, analisando os casos notificados de hanseníase de um município do interior paulista.

Após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob nº de protocolo 07/2006, realizou-se a coleta de dados por meio dos documentos de notificação compulsória de hanseníase, referentes aos anos de 2000 a 2006, utilizando para tanto um instrumento de coleta de dados, contando os seguintes dados: código da ficha de notificação; nome (iniciais); sexo; escolaridade; raça/cor; ocupação/profissão;zona (urbana ou rural); nº de comunicantes; ano de notificação; forma clínica; tratamento terapêutico; tipo de alta, construído com base na ficha de notificação.

Os dados foram analisados de forma descritiva e matemático–estatística.

RESULTADOS

Analisando os pacientes com hanseníase nos anos de 2000 a 2006, constatamos a ocorrência de 29 casos (100%) de pacientes com a doença, sendo que no ano de 2000 foram notificados 04 casos (17,8%); em 2001, 08 casos (27,5%); em 2002, 04 casos (17,8%); em 2003, 07 casos (24,2%); em 2004, 2005 e 2006, 02 casos (6,9%) em cada ano.

Tabela 1 – Distribuição dos casos notificados de hanseníase nos anos de 2000 a 2006. SP, 2007. Ano N° de casos notificados N° % 2000 04 13,8 2001 08 27,5 2002 04 13,8 2003 07 24,2 2004 02 6,9 2005 02 6,9

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2006 02 6,9 Total 29 100

Em relação ao sexo, 08 (27,6%) casos eram femininos, enquanto 21 (72,4%) casos eram do sexo masculino. Subdivididos por ano, o sexo masculino sempre apresentou maior número de casos como verificado na Tabela 2: em 2000, houve 01 caso (3,4%) do sexo feminino e 03 casos (10,6%) do sexo masculino; em 2001, 01 caso (3,4%) feminino e 07 casos (23,8%) masculinos; em 2002, 04 casos (13,9%) masculinos; em 2003, 03 casos (10,6%) eram do sexo feminino e 04 casos (13,9%) do masculino; e em 2004, 2005 e 2006, 01 caso (3,4%) era do sexo feminino e 01 (3,4%) era masculino, em cada ano, respectivamente.

Tabela 2 – Distribuição dos casos notificados segundo o sexo, nos anos de 2000 a 2006. SP, 2007. Ano Sexo Feminino N° % Sexo Masculino N° % Total Nº % 2000 01 3,4 03 10,6 04 14 2001 01 3,4 07 23,8 08 27,2 2002 - - 04 13,9 04 13,9 2003 03 10,6 04 13,9 07 24,5 2004 01 3,4 01 3,4 02 6,8 2005 01 3,4 01 3,4 02 6,8 2006 01 3,4 01 3,4 02 6,8 Total 08 27,6 21 72,4 29 100

Em relação à raça/cor constavam na ficha de notificação 10 casos (34,4%) como ignorados; 02 casos (6,9%) sujeitos pardos e 17 (58,7%) declarados brancos.

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Quanto à idade, verificamos que a maior parte dos casos, 09 (31,1%), foi diagnosticado entre a faixa etária que vai dos 51 e 60 anos, a outra faixa etária mais acometida foi a entre 41 e 50 anos com 05 (17,3%) dos casos; na sequência a faixa etária dos 21 aos 30 anos com 4 (13,8%) dos casos.

Tabela 3 – Distribuição dos casos notificados, segundo a faixa etária. SP, 2007.

Idade de casos notificados N° % 10 a 20 anos 02 6,9 21 a 30 anos 04 13,8 31 a 40 anos 03 10,3 41 a 50 anos 05 17,3 51 a 60 anos 09 31,1 61 a 70 anos 03 10,3 Acima de 70 anos 03 10,3 Total 29 100

Esta investigação constatou que 11 (37,9%) pacientes eram analfabetos, 14 casos (48,2%) de pacientes não concluíram o ensino fundamental e somente 01 caso (3,4%) chegou a cursar o ensino médio. Nenhum paciente, segundo as fichas de notificação, têm ensino superior, somente 01 caso (3,4%) está descrito como “não se aplica” e 02 casos (6,9%) estão ignorados.

Quanto à ocupação a maioria dos casos, 18 (62,5%), foi classificado como ignorado na ficha de notificação. Entretanto, os descritos foram: 03 casos (10,3%) em donas-de-casa; trabalhador agrícola/agropecuário, 02 casos (6,8%); 01 caso (3,4%) aposentado; 01 caso (3,4%) funcionário público; pedreiro, 01 caso (3,4%); estudante, 01 caso (3,4%); trabalhador braçal, 01 caso (3,4%); trabalhador que não pode ser classificado segundo sua ocupação, 01 caso (3,4%). Dessa forma, nossos dados apontam para uma mão de obra não especializada, com predomínio de trabalhadores da área rural e do lar.

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Em relação ao tipo de moradia, 08 (27,7%) casos residem na zona urbana e 20 casos (68,9%) na zona rural; e somente 01 caso ignorado (3,4%).

De acordo com os dados apresentados abaixo, quanto à forma clínica, foram observados 09 casos (31,1%) de hanseníase Indeterminada; 08 casos (27,6%) de hanseníase Tuberculóide; 05 casos (17,2%) de hanseníase Dimorfa e 07 casos (24,1%) de hanseníase Virchoviana.

Tabela 4 – Distribuição dos casos notificados, em relação à forma clínica. SP, 2007.

Forma Clínica de casos

notificados N° % Indeterminada 09 31,1 Tuberculóide 08 27,6 Virchoviana 07 24,1 Dimorfa 05 17,2 Total 29 100

Neste estudo, a somatória das formas clínicas indeterminada e tuberculóide, corresponde a 17 casos (58,6%), ou seja, mais da metade do total de casos registrados.

Segundo sua Classe Operacional (Paucibacilar ou Multibacilar), o resultado encontrado foi: 14 casos (48,2%) de paucibacilar e 15 casos (51,8%) multibacilar.

Os resultados da baciloscopia foram: 06 casos (20,6%) para resultados positivos; 14 casos (48,3%) para resultados negativos; 08 casos (27,7%) não foram realizados e 01 caso (3,4%) foi ignorado, segundo as fichas de notificação.

Dados como número de comunicantes também foram analisados nesse estudo os resultados obtidos foram: 07 casos (24,1%) com nenhum comunicante; 14 casos (48,2%) com 1 ou 5 comunicantes; 08 casos (27,7%) com 6 ou 10 comunicantes.

Observamos que a maioria, 14 casos (48,2%), tem um número de comunicantes que varia entre 1 à 5 pessoas.

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Em relação ao tratamento notamos na Tabela 5, que 5 casos (41,4%) utilizaram a Poliquimioterapia (PQT), PQT/MB, 6 doses, 05 casos (17,2%) com tratamento PQT/MB,12 doses; 10 casos (34,5%), MQT/MB 24 doses e 02 casos (6,9%) com PQT sem especificação de classe operacional.

Tabela 5 – Distribuição dos casos notificados em relação ao tratamento. SP, 2007.

Tratamento de casos notificados N° % PQT/PB 6 doses 12 41,4 PQT/MB 12 doses 05 17,2 PQT/MB 24 doses 10 34,5 PQT sem classificação operacional e doses 02 6,9 Total 29 100

Foi observado que a maior parte 12 casos (34,5%) fazia tratamento com PQT/PB 6 doses.

Desses 29 casos notificados e analisados, 06 casos (20,6%) apresentaram complicações como: obstrução e desabamento nasal, comprometimento dos nervos radial, ulnar e mediano, mãos em garra, comprometimento dos nervos fibular e tibial e pé caído.

Quanto mais tardio for o diagnóstico da hanseníase, mais susceptível às complicações o estudo demonstra que 06 (20,6%) pacientes procuraram tardiamente o serviço de saúde.

Os dados representados abaixo, tabela 6, indicam entre os 29 casos analisados, 23 (79,4%) evoluíram para a cura; 01 (3,4%) para o óbito; 02 (6,9%) sofreram transferência do tratamento para outro município; 02 (6,9%) pacientes permanecem ainda em tratamento; e 01 caso (3,4%) foi considerado erro diagnóstico.

Tabela 6 – Distribuição dos casos notificados, segundo o tipo de alta. SP, 2007.

Tipo de alta de casos

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N° % Cura 23 79,4 Óbito 01 3,4 Transferência 02 6,9 Em tratamento 02 6,9 Erro de diagnóstico 01 3,4 Total 29 100 DISCUSSÃO

A meta proposta pela OMS de 1 caso para cada 10.000 habitantes, foi alcançada pelo município investigado a partir do ano de 2004; considerando que a cidade possui aproximadamente 23.000 habitantes.

No Brasil, em relação ao sexo, são diagnosticados 1,3 pacientes do sexo masculino, para cada paciente do sexo feminino.No Estado de São Paulo, segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica a proporção de casos é de 1,2 do sexo masculino para 1 do sexo feminino(1).

Considerando–se outros dados de literaturas, foi encontradas uma proporção de 3 pacientes do sexo masculino para 1 do sexo feminino. No presente estudo, ocorreram 2,6 casos do sexo masculino, enquanto que 1 é do sexo feminino

Considerando–se a faixa etária, os dados do presente estudo não diferem de estudos realizados anteriormente, que apontam o predomínio de casos da doença na faixa etária compreendida entre os 41 e 60 anos(9).

A falta de conhecimento dos portadores de hanseníase contribui para retardar o diagnóstico e manter a fonte de infecção, que por sua vez acarreta o aumento do número de casos infectados(10).

Outros estudos também encontraram dados semelhantes, como a maior incidência dessa doença em uma classe social econômica considerada baixa, com indivíduos que executam trabalhos braçais, domésticos e até mesmo sem ocupações específicas(11-12).

Alguns autores, relatam a predominância da hanseníase nas formas dimorfa e virchoviana(11). Outra investigação demonstrou que durante o período de 1998 a 2002

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houve um aumento na proporção de casos nas formas multibacilares (dimorfa e virchoviana), enquanto que as formas paucibacilares (indeterminada e tuberculóide) decresceram no mesmo período (13).

No presente trabalho a classe predominante foi Multibacilar, resultado semelhante a de outros estudos, em que a maioria dos pacientes notificados eram da mesma classe (9).

A baciloscopia gera resultados negativos nas formas tuberculóide e indeterminada, e um índice fortemente positivo na forma virchoviana, porém, pode revelar resultado variável na forma dimorfa(3).

Considera-se urgente o esclarecimento sobre a doença aos familiares, assim como campanhas educativas para a comunidade, diminuindo o estigma e o preconceito, inclusive, de seus próprios portadores, bem como de seus comunicantes; estes últimos deverão ser observados e examinados, podendo receber a vacina BCG intradérmica e serem conscientizados sobre os riscos de contágio(6).

Realizar a prevenção de incapacidades em hanseníase significa evitar a ocorrência de danos físicos, emocionais e socioeconômicos, e nos casos já existentes, o acompanhamento dessas lesões é essencial para evitar complicações(14).

Comprova–se que com a implementação da poliquimioterapia à partir da década de 90, permitiu além da mudança no controle da hanseníase, também sua perspectiva de cura(15).

CONCLUSÃO

Com o presente estudo foi possível descrever a situação da hanseníase de um município do interior paulista. Percebeu-se que no período de 2000 a 2006, ocorreu a diminuição da taxa de incidência da hanseníase, chegando hoje na meta proposta pela OMS. Dessa maneira, o município investigado atingiu essa meta e se enquadrou dentro das normas do Ministério da Saúde.

A maior parte dos casos notificados com a doença, residia na zona rural, não possuía o ensino fundamental concluído, era na sua maioria homens, trabalhadores braçais e rurais, com idades entre 41 e 60 anos.

Muitos dos casos possuíam os mesmos sobrenomes, sinalizando possíveis comunicantes das pessoas notificadas.

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Após a análise dos dados, percebemos a ausência de instrução sobre a doença, sendo necessário propor melhorias na educação em saúde local, privilegiando as áreas mais acometidas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma dificuldade encontrada para este estudo foi a ausência de informações nas fichas de notificação, diversos campos foram deixados em branco, levando-os a serem computados como ignorados.

Portanto, a partir do que foi exposto anteriormente, considera–se necessário propiciar programas educativos às comunidades rurais e urbanas, além de programas de educação continuada para a equipe de saúde envolvida no tratamento dos acometidos, visando a atualizá-los sobre a doença em si e seu tratamento e também orientá-los quanto ao correto preenchimento das fichas de notificação, contribuindo, portanto, para o controle e prevenção da hanseníase.

REFERÊNCIAS

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2- Revista Ser Médico. Conselho Regional de Medicina de São Paulo, nº34, ano IX, Jan/ Fev/ Mar – 2006. p

3- Araújo MG. Hanseníase no Brasil. Belo Horizonte; 2003. Tese [Doutorado em Dermatologia] – Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.

4- Prata PB, Bobland AK, Vinhas AS, et al. Aspectos Epidemiológicos da Hanseníase em localidades do Estado de Sergipe. Hansen Int.2000.

5- Santos LP, Rabay FO. Perfil Epidemiológico da Hanseníase no Município de Taubaté – SP no ano de 1999. Hansen Int. 2001.

6- Edit LM. Ser Hanseniano: sentimentos e vivências.Hansen Int. 2004. 29 (1): 21 -27. 7- Neto JMP, Villa TCS, Mencaroni, DA, Gonzáles, RC, Gazeta CE. Considerações Epidemiológicas Referentes ao Controle dos Comunicantes de Hanseníase. 2002;

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9- Lana F.C.F. Situação epidemiológica da hanseníase no município de Belo Horizonte – MG. Hansen Int. 2000; 25 (2): 121 – 131.

10- Maia MAC, Alves A, Oliveira R, Barbosa LM. Conhecimento da equipe de enfermagem e trabalhadores braçais sobre a hanseníase. Hansen.int. 2000; 25 (1): 26 – 30. 11- Oliveira MHP. Incapacidades físicas em portadores de hanseníase. Ribeirão Preto; 1987. Tese [Doutorado] - Universidade de São Paulo. Escola de enfermagem de Ribeirão Preto.

12- Araújo RRDF, Oliveira MHP. A irregularidade dos portadores de hanseníase o serviço de saúde. Hansen.int. 2003; 28 (1): 71 – 78.

13- Lana FCF, Amaral EP, Franco MS, Lanza FM. Detecção da hanseníase no Vale do Jequitinhonha – Minas Gerais: Redução da tendência epidemiológica ou problemas operacionais para diagnóstico? Hansen int. 2004; 29 (2): 118 – 123.

14- Vieira CSCA, Silva EM. Ações de prevenção de incapacidades em hanseníase no ambulatório regional de Taubaté nos anos 90. Hansen.int. 2002; 27 (1) : 14 – 22.

15- Souza CF. Liga de combate à hanseníase. “Luiz Marino Bechelli” a inserção de um projeto acadêmico junto à atenção primária em saúde e comunidade. Hansen.int. 2003; 28 (1) : 59 – 63.

Responsável pela submissão Vanessa Brito Poveda

vbpoveda@yahoo.com.br Recebido em 05/04/2013 Aprovado em 15/04/2013

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