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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM GOIÁS PROCURADORIA REGIONAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO

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INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Autos nº: 1.18.000.000170/2009-41

Espécie: PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

RECOMENDAÇÃO Nº 27, DE 4 DE NOVEMBRO DE 2009

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL , por intermédio do Procurador da República que esta subscreve, em exercício na Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em Goiás, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, expede recomendação ao Instituto Social de Seguro Social, nos termos seguintes.

1 – CONSIDERANDO A LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

O Ministério Público Federal é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, segundo o artigo 127, caput, da Constituição Federal; e o artigo 5º, inciso I, da Lei Complementar nº 75/1993.

É função institucional do Ministério Público Federal zelar pelo efetivo respeito dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados constitucionalmente, de acordo com artigo 129, inciso II, da Carta Magna; e artigo 5º, inciso V, da Lei Complementar nº 75/1993.

No exercício das suas funções institucionais, cabe ao Ministério Público Federal promover diversas medidas, dentre as

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quais: instaurar inquérito civil público; promover ação civil pública, ação penal, ação decorrente de improbidade administrativa; expedir notificações e recomendações; requisitar diligências, exames, perícias, documentos, instauração de procedimentos administrativos etc., em face de pessoas físicas e jurídicas, privadas ou públicas, inclusive suas autoridades, visando à proteção ou recuperação da integridade do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, à luz do artigo 129, incisos I ao IX, da Constituição Federal; dos artigos 5°, incisos I ao VI, 6º, incisos I ao XX, e 8º, incisos I ao IX, da Lei Complementar n° 75/93; da Resolução nº 87/06 do Conselho Superior do Ministério Público Federal e da Resolução nº 23/07 do Conselho Nacional do Ministério Público.

Enfeixam-se, pois, nas atribuições do Ministério Público Federal, especialmente da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão: artigos 11 a 16 da Lei Complementar nº 75/1993, verbis:

“Art. 11. A defesa dos direitos constitucionais do cidadão visa à garantia do seu efetivo respeito pelos Poderes Públicos e pelos prestadores de serviços de relevância pública”.

Art. 12. O Procurador dos Direitos do Cidadão agirá de of ício ou mediante representação, notif icando a autoridade questionada para que preste inf ormação, no prazo que assinar.

Art. 13. Recebidas ou não as informações e instruído o caso, se o Procurador dos Direitos do Cidadão concluir que direitos constitucionais f oram ou estão sendo desrespeitados, deverá notif icar o responsável para que tome as providências necessárias a prevenir a repetição ou que determine a cessação do desrespeito verif icado. Art. 14. Não atendida, no prazo devido, a notificação prevista no artigo anterior, a Procuradoria dos Direitos do Cidadão representará ao poder ou autoridade competente para promover a responsabilidade pela ação ou omissão inconstitucionais.

Art. 15. É vedado aos órgãos de defesa dos direitos constitucionais do cidadão promover em juízo a defesa de direitos individuais lesados.

§ 1º Quando a legitimidade para a ação decorrente da inobservância da Constituição Federal, verif icada pela Procuradoria, couber a outro órgão do Ministério Público, os elementos de informação ser-lhe-ão remetidos.

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§ 2º Sempre que o titular do direito lesado não puder constituir advogado e a ação cabível não incumbir ao Ministério Público, o caso, com os elementos colhidos, será encaminhado à Defensoria Pública competente. Art. 16. A lei regulará os procedimentos da atuação do Ministério Público na def esa dos direitos constitucionais do cidadão.”

Segundo o enunciado das Resoluções nº 67 do XIV Encontro Nacional dos Procuradores e Procuradoras dos Direitos do Cidadão, ocorrido no ano de 2008, revela-se necessário o acompanhamento uniforme em torno dos problemas relacionados à prestação do serviço público por parte do INSS.

Forte nisso, o Ministério Público Federal, por seu órgão de defesa dos direitos do cidadão, está, constitucional e legalmente, investido das atribuições para agir em prol dos interesses públicos e sociais postos neste instrumento, conforme se verá.

2 – CONSIDERANDO

O CANCELAMENTO DE

BENEFÍCIOS DE SEGURADOS SEM PRÉVIA DECISÃO JUDICIAL DE

CESSAÇÃO

Os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez são prestações continuadas, com prazo indeterminado e sujeitos a revisão periódica.

Com efeito, o artigo 46 do Decreto 3.048/99 estabelece que o beneficiário de aposentadoria por invalidez deve-se submeter a exames médico-periciais bienalmente, sob pena de sustação do pagamento do benefício.

No caso do benefício de auxílio-doença, que cuida de incapacidade total e temporária, o benefício persiste até quando o segurado estiver impossibilitado de realizar atividade laborativa, sendo assim necessário a realização de perícias periódicas para a constatação da impossibilidade de desempenho de atividade laborativa, conforme o artigo 77 do Decreto 3.048/99 prescreve, também sob pena de suspensão do benefício.

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Destarte, uma vez que exame médico-pericial demonstre a possibilidade de retorno do segurado às atividades laborais, e o INSS indefira o benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, resta ao segurado, inconformado com a decisão administrativa, postular a adequada prestação jurisdicional.

Ajuizada, pois, ação judicial em prol do segurado, sob o pálio dos princípios e garantias processuais, eventual procedência do pedido conforma a sentença jurisdicional em prol da pretensão do segurado, impondo-se ao INSS, consequentemente, obrigação previdenciária continuada.

Posteriormente, no entanto, o INSS pode exonerar-se de tal obrigação, exonerar-se ela for extinta ou modificada por novo provimento editado pelo Poder Judiciário.

Nessa ordem de idéias, o artigo 290 do Código de Processo Civil, cuidando das prestações periódicas, ordena:

“Art. 290. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, considerar-se-ão elas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor; se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las, a sentença as incluirá na condenação, enquanto durar a obrigação.”

Relativamente, ainda, às prestações periódicas ou continuadas, o Código de Processo Civil estabelece que essas apresentam peculiaridades quanto à imutabilidade da coisa julgada material. Dessa forma, tratando-se de relação continuada, essa pode ser alterada, caso haja modificação no estado de fato ou de direito, in verbis:

“Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo:

I- se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modif icação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que f oi estatuído na sentença;”

Com efeito, diante de fato ou de direito superveniente, o INSS pode pleitear a revisão do que foi decidido em

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sentença, e o juiz, em nova decisão, pode alterar o julgado anterior, adaptando-o, assim, ao novo estado de coisas.

Noutras palavras, ao ser apurado, através de perícias médicas, que o segurado do INSS já não mais faz jus ao benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, outrora concedido judicialmente, esse poderá ser modificado ou extinto, mediante postulação da apropriada tutela jurisdicional pelo INSS ao Juízo competente.

Não cabe, entretanto, de forma nenhuma, ao INSS, por ato próprio, cancelar um benefício previdenciário outrora concedido judicialmente. Agindo assim, viola princípios e regras constitucionais, especialmente a separação dos poderes, o devido processo legal, a inafastabilidade da jurisdição, a ampla defesa, o contraditório e o juiz natural, albergados pelos artigos 2º e 5º, incisos XXXV, LIV, LV e LIII da Carta Magna.

3 – CONSIDERANDO AS CONCLUSÕES

Postos os considerandos acima, impende proclamar que as medidas tomadas pelo Instituto Nacional de Seguro Social, ao suspender ou cancelar administrativamente benefício previdenciário, outrora estabelecido judicialmente, usurpa função do Poder Judiciário e ofende os mencionados princípios e regras constitucionais e legais ; lesa direitos dos cidadãos segurados do INSS.

4 – RECOMENDA ao Instituto Nacional de Seguro Social, pelo seu Presidente , concernente aos benefícios previdenciários de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, concedidos judicialmente, determine as providências necessárias e adequadas, a fim de que a sobredita autarquia:

4.1 – efetue perícias médicas periódicas para verificar eventual permanência da incapacidade ou modificação das condições de saúde dos segurados em gozo daqueles benefícios; e

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4.2 – caso as perícias médicas apontem superação da incapacidade que tenha justificado a concessão dos benefícios, postule a modificação ou extinção da obrigação previdência continuada em processo judicial, ao Juízo competente.

5 – REQUISITA ao Instituto Nacional de Seguro Social, no prazo de 20 (vinte) dias, encaminhe a esta Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão resposta pertinente ao acatamento do que se recomendou acima e relate as providências consequentemente adotadas.

Goiânia, 4 de novembro de 2009.

AILTON BENEDITO DE SOUZA Procurador da República

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