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Cabe comentar que no tipo em apreço o significado de água potável está em sentido amplo, ou seja, não precisa ser quimicamente pura.

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Academic year: 2021

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1 Artigo 270, CP

Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal

Art. 270 – Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo:

Pena – reclusão, de dez a quinze anos.

§ 1º – Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.

1. Conceito e Objetividade Jurídica:

O objeto jurídico protegido pela norma é a saúde pública, a incolumidade pública, no especial aspecto da saúde pública, ou seja. saúde de um número indeterminável de pessoas componentes de certo grupo social.

Cabe comentar que no tipo em apreço o significado de água potável está em sentido amplo, ou seja, não precisa ser quimicamente pura.

A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “envenenar”, seja a água destinada ao uso comum ou particular ou as substâncias alimentícias ou medicinais para consumo. Não é necessário que o veneno seja absolutamente letal, bastando apenas um mal estar que pode por perigo à saúde.

Veneno é substância, química ou orgânica, que altera ou destrói as funções vitais. A conduta deve recair sobre água potável (a água própria para uso alimentar), não sendo necessário que seja pura. A tutela penal é exercida em relação à água potável pública ou particular. Substância alimentícia é toda a substância, sólida ou líquida, destinada à alimentação. Pouco importa tratar-se de alimento de primeira necessidade ou não. Substância medicinal é toda a substância, sólida ou líquida, empregada na cura ou prevenção de moléstias, seja de uso interno ou externo.

Segundo Victor Gonçalves e Pedro lenza, para que haja o crime, o agente deve querer a contaminação de água potável, de uso comum ou particular. Na realidade, como se cuida de delito de perigo comum, só haverá crime se a água se destinar ao consumo de toda a coletividade ou ao consumo particular de pessoas indeterminadas (hóspedes de um hotel, detentos de uma prisão, funcionários de uma repartição etc.). Assim, o envenenamento da água contida numa garrafa ou num copo o qual se sabe que será ingerida por pessoa determinada caracteriza crime de lesões corporais ou homicídio. Entrega a Consumo e Depósito de Substância Envenenada:

Dispõe o art. 270, § l.°. do CP, que está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.

Entregar a consumo significa fornecer a um número indeterminado de pessoas a água ou a substancia envenenada, a título gratuito ou oneroso.

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Na modalidade "manter em depósito" é indispensável que o sujeito tenha o fim de distribuir a água ou substância envenenada a um número indeterminado de pessoas, pouco importando que o objeto material seja entregue ao público a título oneroso ou gratuito, e ainda que o agente não consiga atingir sua finalidade de distribuí-la. Trata-se, portanto, de crime formal. O crime é também permanente, sendo possível a prisão em flagrante enquanto a água ou substância estiver em depósito.

Se o sujeito envenena a água ou substância e. após, a entrega a consumo, a segunda conduta é impunível.

Sujeitos do Delito:

O sujeito ativo pode ser cometido por qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. Também incorre no crime aquele que entrega ao consumo ou tem em depósito as substâncias envenenadas.O sujeito passivo é a coletividade (sociedade).

Elementos Subjetivos do Tipo: O elemento subjetivo é o dolo.

Na hipótese típica de "depósito de substância envenenada" a lei penal exige, além do dolo. um especial elemento subjetivo, consistente na finalidade de distribuir ao publico a substância envenenada.

Consumação e Tentativa:

No envenenamento de água potável ou substância medicinal (CP, art. 270, caput) o crime consuma-se no momento em que o objeto material é envenenado, independentemente da superveniência de qualquer resultado perigoso, isto é, prescindindo-se o dano, que é presumido pelo legislador.

Nas modalidades previstas no § lº do art. 270 do CP o crime consuma-se com o oferecimento ao público da substância envenenada ou com a guarda do objeto material, independentemente do eletivo consumo ou distribuição do objeto material.A tentativa é perfeitamente admissível, salvo no caso de culpa. Trata-se de crime formal de perigo abstrato.

Culpa

Art. 270, § 2º – Se o crime é culposo:

Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Aumento de pena

Art. 285 – Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267.

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Se do desastre doloso resultar lesão grave ou gravíssima, se aumenta a pena da metade; se resultar em morte, do dobro. Se culposo aumenta-se, respectivamente, da metade e da pena aplicada ao homicídio + 1/3.

Art. 258 – Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

Causas de aumento de pena

Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se resulta lesão grave, a pena será aumentada em metade e, se resulta morte, será aplicada em dobro. Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosas, ou seja, pressupõem dolo na conduta inicial (crime contra a saúde pública) e culpa em relação ao resultado (lesão grave ou morte). Em havendo dolo quanto ao evento morte, o agente responde por homicídio doloso qualificado pelo envenenamento. Da mesma forma, se a provocação de lesão grave é intencional, o agente responde por crime de lesão corporal (em concurso com o crime contra a saúde pública).

A Lei n. 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em sua redação originária, considerava o crime em estudo, quando qualificado pelo resultado morte, de natureza hedionda. Posteriormente, a Lei n. 8.930/94 alterou referida lei e excluiu tal figura do rol dos delitos hediondos.

Distinção

O crime em estudo não foi revogado pelo art. 54 da Lei n. 9.605/98 que pune a poluição de águas. Com efeito, o delito do Código Penal possui pena muito maior porque diz respeito ao envenenamento de água potável, enquanto o delito da lei ambiental pune a poluição por outro tipo de substância.

Ação penal

É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, salvo se resultar lesão ou morte, hipóteses em que a pena máxima supera dois anos.

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"CORRUPÇÃO OU POLUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL"

Art. 271 – Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo e nociva à saúde:

Pena: Reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Modalidade Culposa:

Parágrafo Único: se o crime é culposo.

Pena: Detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.

Água potável, conforme Victor Gonçalves e Pedro Lenza, é aquela apta ao consumo (ingestão, banho etc.). Existem águas correntes que são potáveis, porém, em sua maior parte não o são, devendo ser colhidas (em rios, açudes, represas) e submetidas a tratamento pelas empresas responsáveis. Assim, quem poluir ou corromper água, de uso comum ou particular, apta ao consumo humano, incorre no crime em análise.

Por sua vez, em seu tratando de poluição lançada sobre água não potável, haverá o crime do art. 54, caput, da Lei n. 9.605/98 e, caso tal poluição torne necessária a interrupção do abastecimento público de água em uma comunidade, estará presente o crime qualificado do art. 54, § 1º, III, da mesma lei.

Quando se diz que determinadas águas não são potáveis, não se quer dizer necessariamente que estejam poluídas. Conforme já mencionado, as águas de rios e represas, normalmente, não são potáveis, devendo passar por processos de filtragem e decantação para a retirada de impurezas naturais (sujeira, coliformes fecais de animais, detritos provenientes de algas, micro-organismos etc.) e adição de cloro antes de serem destinadas ao consumo humano. Caso, todavia, alguém lance esgoto ou substâncias nocivas em rio ou represa que sirva à coleta para fornecimento a uma comunidade, incorre no crime do art. 54, § 1º, III, da Lei n. 9.605/98, porque não se trata de água potável. Caso, porém, se trate de água já tratada ou que seja naturalmente potável, a conduta tipifica o crime mais grave do art. 271 do Código Penal.

Objetividade Jurídica: Tem como objeto jurídico a incolumidade pública em especial à saúde pública. Sujeitos do tipo:

Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo, trata-se de crime comum; sendo sujeito passivo a coletividade e as pessoas prejudicadas por não poderem fazer uso da água ou por terem feito uso da água poluída.

Conduta: a conduta é corromper, no sentido de estragar, desnaturar, infectar, tornando-a nociva à saúde ou intolerável pelo mau sabor ou odor. Poluir é sujar, macular a água, transformando-a em imprópria para o consumo. O objeto material é a água potável de uso comum ou particular, desde que destinada à alimentação de indeterminado número de pessoas, o perigo é abstrato.

Elemento Subjetivo: é o dolo genérico, existindo no parágrafo 1º a modalidade culposa.

Consumação: O crime consuma-se com a efetiva impropriedade ou nocividade provocada pela corrupção ou poluição independente de real dano às pessoas. Trata-se de crime material, que só se consuma quando a água

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se tornar imprópria para o consumo de número indeterminado de pessoas. Com a poluição, presume-se o risco à coletividade (perigo abstrato).

É admitida a tentativa. É possível quando o agente lança sujeira na água, mas não a torna imprópria para o consumo.

Assim, trata-se de crime formal de perigo abstrato.

Causas de aumento de pena

Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se resulta lesão grave, a pena será aumentada em metade e, se resulta morte, será aplicada em dobro. Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosas, ou seja, pressupõem dolo na conduta inicial (crime contra a saúde pública) e culpa em relação ao resultado (lesão grave ou morte). Em havendo dolo quanto ao evento morte, o agente responde por homicídio doloso. Da mesma forma, se a provocação de lesão grave é intencional, o agente responde por crime de lesão corporal (em concurso com o crime contra a saúde pública). Ação penal

É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, salvo se resultar morte, hipótese em que a pena máxima supera dois anos.

Referências

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