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Mensuração do resultado econômico em restaurantes universitários - um estudo sob o enfoque da gestão econômica

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Mensuração do resultado econômico em restaurantes universitários - um

estudo sob o enfoque da gestão econômica

Rodrigo Pinto dos Santos (FEA-USP) - rodrigols9@yahoo.com.br Resumo:

O grande objetivo de uma entidade pública é o de prestar bem seus serviços, atendendo grande parte da população, sempre com o intuito do bem estar coletivo. Porém, nem sempre os usuários destes serviços possuem as condições técnicas necessárias para mensurá-los. Dentre os serviços públicos prestados pela Coseas aos alunos está a alimentação, que realiza serviços com grande esforço e dedicação gerando benefícios à população da USP. Este artigo tem o objetivo de mensurar o resultado econômico dos restaurantes administrados pela Coseas e demonstrar os benefícios econômicos e financeiros gerados à população da USP comprovando assim, eficiência da entidade.

Palavras-chave: Resultado Econômico. Entidade Pública. Coseas Área temática: Gestão de Custos no Setor Governamental

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XVI Congresso Brasileiro de Custos – Fortaleza - Ceará, Brasil, 03 a 05 de novembro de 2009

Mensuração do resultado econômico em restaurantes universitários

- um estudo sob o enfoque da gestão econômica

Resumo

O grande objetivo de uma entidade pública é o de prestar bem seus serviços, atendendo grande parte da população, sempre com o intuito do bem estar coletivo. Porém, nem sempre os usuários destes serviços possuem as condições técnicas necessárias para mensurá-los. Dentre os serviços públicos prestados pela Coseas aos alunos está a alimentação, que realiza serviços com grande esforço e dedicação gerando benefícios à população da USP. Este artigo tem o objetivo de mensurar o resultado econômico dos restaurantes administrados pela Coseas e demonstrar os benefícios econômicos e financeiros gerados à população da USP comprovando assim, eficiência da entidade. Palavras-Chave: Resultado Econômico. Entidade Pública. Coseas

Área Temática: Gestão de Custos no Setor Governamental

1 Introdução

Desde a década de 1990, a gestão pública, no Brasil, passa por mudanças incentivadas por reivindicações sociais que pedem maior eficiência, transparência e eficácia na aplicação dos recursos públicos (BONACIM, 2006: p. 9).

As empresas sem fins lucrativos, com objetivos sociais, com orçamentos a priori definidos exigem a busca da alocação economicamente eficiente dos recursos (AVEGLIANO e CYRILLO, 2001: p. 22).

A escolha do tema deve-se devido ao interesse despertado pelo assunto, de certa forma recente e de escassa bibliografia, bem como da necessidade de maior transparência na mensuração do resultado econômico dos serviços prestados à população (SABATOVICZ e SILVA, 2007: p. 2).

De acordo com Slomski (2001) devido à importância social, econômica e financeira para a população, faz-se necessário mensurar e demonstrar o resultado econômico, a fim de demonstrar o valor adicionado gerado pelo serviço público, uma vez que o arquétipo do serviço público perante a população é negativo; contribuindo, pois, para que os gestores públicos tomem a decisão de continuar prestando esses serviços diretamente, de terceirizá-lo ou até mesmo de eliminá-terceirizá-lo.

O grande objetivo de uma entidade pública é o de prestar bem seus serviços, atendendo grande parte da população, sempre com o intuito do bem estar coletivo. Porém, nem sempre os usuários destes serviços possuem as condições técnicas necessárias para mensurá-los. Dentre os serviços públicos prestados pela Coseas aos alunos está a alimentação, que realiza serviços com grande esforço e dedicação gerando benefícios à população da USP.

As Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) da Divisão de Alimentação COSEAS/USP são isentas de fins lucrativos, com objetivos sociais muito claros: oferecer refeições nutricionalmente adequadas e subsidiadas, com restrições financeiras, definidas pela liberação de recursos do Estado (AVEGLIANO e CYRILLO, 2001: p. 22).

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Considerando o interesse em contribuir para a melhoria do processo de gestão de avaliação do desempenho dos investimentos realizados pela sociedade – através do Estado – em restaurantes universitários públicos, pretende-se, com este trabalho, responder a seguinte questão norteadora de pesquisa: Como apurar o resultado econômico dos

Restaurantes Universitários da Coseas Usp?

Neste sentido, o objetivo geral desta pesquisa é demonstrar como pode ser calculado o resultado econômico dos Restaurantes Universitários da Coseas USP. Para alcançar este objetivo geral proposto, este trabalho está estruturado da seguinte forma: na primeira parte, tem-se a Introdução; na segunda parte, a plataforma teórica em que são apresentados os conceitos de resultado econômico, receitas e custos de oportunidade. A terceira seção destina-se a metodologia, materiais e métodos e as limitações do trabalho para que na quarta parte sejam apresentadas as análises de resultado e na quinta, as considerações finais.

2 Custo de Oportunidade

A literatura consagrou o conceito de custo de oportunidade como o custo resultante de uma alternativa a qual se tenha renunciado (Slomski: 1996, Backer e Jacobsen, 1984; Martins, 2003, Pindyck e Rubinfeld, 1994; Varian, 1994; Catelli, 2001; entre outros), isto é, ao existirem duas alternativas igualmente possíveis, contudo não simultaneamente realizáveis, a renúncia de uma delas estabelece o custo de oportunidade da outra.

Na visão de Martins (2003), custo de oportunidade representa o quanto a empresa sacrificou em termos de remuneração por ter aplicado seus recursos numa alternativa ao invés de em outra.

Este estudo adota o conceito de custo de oportunidade, para entidade públicas, desenvolvido por Slomski (1996: p. 58): “o menor preço de mercado à vista, atribuído ao serviço prestado ao cidadão, como similar qualidade, oportunidade e tempestividade, daquele desprezado por ele ao utilizar o serviço público”.

3 Receita Econômica

Quando se trata de entidade pública, o termo receita refere-se ao recebimento de impostos e das transferências correntes de capital, ou seja, todas as entradas de recursos na entidade, independentemente da entrega de produtos e/ou prestação de serviços.

Uma forma de identificação de receita em serviços públicos é a incorporação do conceito de custo de oportunidade; onde as atividades exercidas por estas entidades teriam, para fins de mensuração de resultado econômico, seu valor em termos de receita (benefícios trazidos à coletividade) equiparado ao menor valor praticado por empresas privadas com fins lucrativos e que atuem na mesma atividade (LOPES; SLOMSKI, 2003; OLAK; NASCIMENTO, 2000).

Slomski (1996: p.57) introduz o conceito de receita econômica para entidades de direito público: “a real e efetiva receita destas entidades seria a multiplicação do custo de oportunidade, que o cidadão desprezou ao utilizar o serviço público, pelos serviços que tenha efetivamente executado, e que sejam faturáveis”.

Ao analisar a definição desse autor, tem-se que a receita econômica é por um lado, o valor pago pelo cidadão no mercado, por utilizar o serviço público ao invés do particular. Por outro, o serviço não pago pela entidade pública a terceiros no mercado (SOUZA et al., 2008: p. 4).

Nota-se que as receitas nas entidades públicas, especificamente nas organizações de assistência social, devem refletir os acontecimentos no sistema físico-operacional, em cada

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atividade desenvolvida para fins de avaliação do desempenho institucional (MOURA e MATSUMOTO, 2005: p. 7).

4 Resultado Econômico

Tornou-se senso comum definir o resultado econômico como o melhor sinalizador do grau de eficácia da empresa. Segundo Catelli e Guerreiro apud Slomski (1996: p. 36), “o lucro ou resultado econômico é o melhor indicador do nível de eficácia das empresas, tendo em vista a sua capacidade de absorver e refletir adequadamente os impactos de todos esses fatores, considerando inclusive a sinergia entre eles”.

Ainda que os autores tratem as expressões lucro e resultado econômico como sinônimos – sabe-se que lucro é a diferença positiva entre receitas e custos, enquanto resultado é a diferença entre os mesmos conceitos, podendo ser positiva ou negativa – percebe-se que se apurado adequadamente, o resultado econômico pode indicar o nível de eficácia da organização (SLOMSKI, 1996).

Para Pereira (2000: p. 111), resultado econômico é a “renda efetivamente proporcionada pelo capital investido num empreendimento” e a renda é dada “pelo fluxo de benefícios líquidos que pode ser obtido de um capital”. Contudo, Slomski (1996) destaca a relevância dos benefícios econômicos gerados no oferecimento de bens públicos, que não visam à geração de resultado financeiro.

Considerando que a entidade pública oferta bens e serviços, muitas vezes gratuitos ou subsidiados, o resultado econômico pode dimensionar o benefício gerado à sociedade. Assim, uma organização sem fins lucrativos não busca, como objetivo principal, o lucro, mas pode buscar a eficiência e competitividade sob a ótica econômica (MILANI FILHO, 2006: p. 4).

Dessa forma, para atenuar o problema da eficiência dessas organizações, particularmente em aspectos de mensuração e evidenciação, uma abordagem econômica, conforme proposta por Slomski (1996), permite a validade da utilização de parâmetros encontrados no mercado para entidades que não visam lucro.

Para Slomski (1996: p. 37), resultado econômico é “a diferença entre a receita econômica e a soma dos custos diretos e indiretos identificáveis à área de responsabilidade que a produziu”.

O autor cita também que a organização pública será eficiente se o seu produto, comparado aos produtos semelhantes encontrados no mercado, apresentar uma situação competitiva e o resultado econômico for positivo (SLOMSKI, 1996).

Nota-se que no caso de empresa pública o investimento é feito mediante pagamento de impostos que devem ser alocados de forma a mostrar eficácia na prestação de serviços e atendimento à população que, no limite, além de usuária direta é a grande contribuinte e avaliadora do serviço público (SABATOVICZ e SILVA, 2007: p. 3).

Destaca-se que há relevância nos benefícios econômicos gerados no oferecimento de bens públicos (Slomski, 1996), que não visam à geração de resultado financeiro. Considerando que as organizações sem fins lucrativos oferecem bens e serviços destinados à coletividade, muitas vezes de maneira gratuita ou subsidiada, o resultado econômico pode dimensionar o benefício gerado à sociedade. Assim, uma organização sem fins lucrativos não busca, como objetivo principal, o lucro, mas pode buscar a eficiência e competitividade sob a ótica econômica (MILANI FILHO: 2006, p. 4).

Milani Filho (2006, p. 4) aponta que uma refeição oferecida gratuitamente – neste estudo é subsidiada, o que não invalida o exemplo - destrói valor para a entidade, considerando-se o consumo de recursos e (quase) ausência de receitas. Contudo, do ponto

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de vista econômico, a entidade mensurará o valor do produto oferecido tomando por base outros bens ou serviços semelhantes que possuam valor de mercado e possibilitem a comparação (MILANI FILHO, 2006). A receita econômica, neste caso, será dada pela melhor alternativa de aquisição do mesmo produto a preço de mercado.

O modelo proposto por Slomski (1996) para o cálculo do resultado econômico apresenta-se no quadro 1:

(+) Receita Econômica Slomski (1996), a define como “a

multiplicação do custo de oportunidade, que o cidadão desprezou ao utilizar o serviço público, pelos serviços que tenha efetivamente executado”.

(-) Custos Diretos dos Serviços Prestados

Para Martins (2003) são os que “podem ser diretamente apropriados aos produtos,

bastando haver uma medida de consumo (quilograma de materiais consumidos, embalagens utilizadas, horas de mão-de-obra utilizadas e até quantidade de força consumida)”.

(=) Margem Bruta

(-) Depreciação É o custo dos ativos alocado aos exercícios beneficiados pelo seu uso no decorrer de sua

vida útil econômica (COELHO,

ZAMBARDA e BATISTELLA, 2003). (-) Custos Indiretos identificáveis dos

Serviços Prestados

Continuando com Martins (2003) “... não oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de alocação tem de ser feita através de estimativa e muitas vezes arbitrariamente (aluguel, a supervisão, as chefias, etc.)”.

(=) Resultado Econômico Para Lopes; Slomski (2003), resultado econômico é “a diferença entre a receita econômica e a soma dos custos diretos e indiretos identificáveis à área de responsabilidade que a produziu”.

Quadro 1 – Demonstração do Resultado Econômico (Fonte: adaptado de Slomski, 1996: p.60)

A figura 1 evidencia os elementos básicos à prestação de contas das organizações públicas, como forma de assegurar a eficiência na aplicação de recursos (investimentos feitos pela sociedade).

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Figura 1 – Fluxo de Prestação de Contas e Avaliação de Resultado no Setor Público (Fonte: adaptado de Bonacim, 2006: p. 42)

Segundo Sabatovicz e Silva (2007, p. 3), a melhor forma de o gestor mostrar ao cidadão contribuinte de que forma utiliza-se de suas contribuições com impostos e sua administração eficaz é através da mensuração do resultado econômico dos seus serviços prestados; já que se não existisse o serviço público, o cidadão utilizar-se-ia do menor preço de mercado a vista para obtê-los. Exatamente, o que se espera demonstrar neste artigo.

5 Metodologia

Para responder a questão de pesquisa, utiliza-se como metodologia o estudo de caso. Conforme apontado por Yin (2005, p.31), o estudo de caso deve ser usado quando “(...) o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real”. Para demonstrar consistência entre a metodologia de pesquisa adotada e a unidade de estudo – organização – busca-se em Yin (2005, p.31) o suporte, já que o autor, ao definir alguns focos principais do estudo de caso, cita os termos “organizações” e “instituições”.

Encontra-se respaldo lógico e teórico para a escolha de um caso único: quando se trata de “(...) caso decisivo ao testar uma teoria bem-formulada” (YIN, 2005, p.55). O presente estudo de caso mensura o Resultado Econômico proporcionado pela Divisão de

Accontability “Prestação de Contas” Demonstrações Contábeis Convencionais Modelos de Avaliação de Desempenho Balanço Social Resultados: Econômicos e Financeiros Resultados: Físicos e Operacionais Sistema de Avaliação de Resultado

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Alimentação da Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS/USP) que oferece refeições padronizadas operacionalizadas em multiplantas.

A pesquisa de campo deste trabalho buscou, portanto, conhecer o resultado econômico da Divisão de Alimentação da Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS/USP), no exercício financeiro de 1997, a preços de maio de 2009. Demonstrando, assim o valor adicionado deste setor e suas unidades no desenvolvimento de uma atividade prestada por Entidade Pública com o intuito do bem-estar social e a prosperidade pública da população.

6 Materiais e Métodos

Para coleta de dados, os principais materiais utilizados foram documentos da Divisão de Alimentação, da COSEAS e da USP, e planilhas especialmente desenvolvidas para o estudo, além de dados secundários.

Para a apuração do Resultado Econômico dos restaurantes universitários foi estabelecido o período de um ano – exercício financeiro de 1997, cujos preços foram corrigidos e atualizados pelo IPCA acumulado até maio de 2009.

O número total de refeições produzidas corresponde ao número efetivo de refeições servidas aos usuários.

7 Limitações

A principal limitação deste trabalho constitui na obtenção de informações, ainda que na Coseas fora implantado um sistema de custos gerenciais, a contabilidade de todas as unidades e divisões da USP é centralizada na Reitoria. Dessa forma, não foi possível obter os custos com serviços públicos (água, energia elétrica e telefone) e com depreciação de equipamentos.

Os primeiros, pela falta de informação adequada e o outro, pela inexistência de dados financeiros dos 1.141 equipamentos, existentes em todas as UANs. No que diz respeito a tais custos, considerou-se estimativas e a parcela relativa à manutenção, uma vez que sua longa existência permite supor ter sido seu valor já amortizado.

Não se objetiva extrair deste estudo de caso fatores de generalização, mas sim expor o benefício econômico gerado pela Divisão de Alimentação da Coseas/USP e, dessa maneira, possibilitar que se façam analogias para outras instâncias que executem o mesmo serviço.

8 Divisão de Alimentação da Coseas/USP

A Divisão de Alimentação da Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS/USP) administra serviços de alimentação das dez Unidades de Alimentação e Nutrição (UANs); destas, seis contam com serviço de distribuição em bandeja estampada e cardápio único e padronizado (composto por arroz, feijão, preparação à base de carne, acompanhamento, salada, sobremesa, bebida e pão), denominadas UAN – Unidades de Alimentação e Nutrição (AVEGLIANO e CYRILLO, 2001: p. 22).

As seis UANs estudadas se localizam na cidade de São Paulo, três se encontram na própria Cidade Universitária e outras três externas a este campus.

O número médio de funcionários alocados para a Divisão de Alimentos são 191, distribuídos em nutricionistas, técnicos em nutrição, auxiliares e cozinheiros, vigias, almoxarifes, auxiliares e técnicos administrativos. Com relação a remuneração, os

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profissionais seguem o regime da CLT e os salários são definidos conforme o nível e faixa salarial da Tabela de vencimentos da USP (AVEGLIANO, 1999: 46).

O Serviço de Distribuição é o responsável pela administração dos materiais utilizados no preparo das refeições. Já o processo de compra de insumos é centralizado e planejado de acordo com as necessidades de cada UAN. Todas as compras e contratações de serviços são realizadas por licitações e obedecem as normas vigentes da Administração Pública.

As UANs, que diferem em localização geográfica e em tamanho (quantidade de refeições produzidas), produziram 1.121.640 refeições em 1997. De modo geral, os cardápios das refeições servidas são compostos por arroz, feijão, preparados a base de carne, acompanhamento, salada, sobremesa, bebida – refrescos naturais de frutas ou leite – e pão.

9 Análise e Discussão dos Resultados

A Receita Econômica deve ser entendida como a multiplicação do custo de oportunidade, que o cidadão desprezou ao utilizar o serviço público, pelos serviços efetivamente executados pela entidade pública e, ele tenha se beneficiado.

Os preços cobrados pelas refeições COSEAS/USP diferenciam-se de acordo com o usuário, os visitantes pagavam R$7,00; os alunos R$1,90 e o teto máximo para os funcionários são de R$2,50. Para o cálculo da receita econômica dos restaurantes universitários, não foram utilizados estes valores. A pesquisa considerou como receita unitária o valor médio pago em três restaurantes comerciais localizados no campus universitário – localizados na Poli, FEA e Eca – onde são servidas refeições por quilo. Nestes locais, o preço médio das refeições foi de R$25,00/quilo.

Segundo informações dos nutricionistas da Coseas, o peso médio de cada refeição servida é de 400g. Desta forma, a receita unitária considerada neste trabalho é abaixo demonstrada:

(1) Receita Unitária = R$ 10,00 (R$25,00/kg x 0,4 kg)

Para apurar a receita econômica é necessário multiplicar a quantidade de serviços prestados pelo seu preço de mercado à vista. O total de refeições produzidas pelas UANs foi de 1.121.640. Já o preço de mercado considerado foi de R$ 10,00. A receita econômica considerada é de R$ 11.216.400.

(2) Receita Econômica = R$ 11.216.400 (R$ 10,00 x 1.121.640)

No global, a mensuração do resultado econômico, demonstrou uma receita de oportunidade de R$11.216.400. Este valor representa quanto que a população universitária gastaria se adquirisse esse serviço no mercado ao invés de utilizar o serviço público.

Uma vez conhecida a receita econômica, o segundo passo é o cálculo dos custos que envolveram o total das refeições produzidas no período de análise. Este cálculo considerou o valor dos gêneros alimentícios, assim como os demais insumos diretos e indiretos empregados na produção.

Quanto aos custos diretos produzidos nas UANs, incluem-se os custos de reposição dos gêneros alimentícios utilizados na produção das refeições, a mão-de-obra direta, os custos com combustíveis, materiais de consumo e demais custos diretos. No período de estudo, as UANs tiveram um custo direto total de R$ 3.798.338, conforme a Tabela 1. Desta forma, o custo direto unitário foi de R$ 3,39.

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Tabela 1 – Custos Diretos das refeições, por UAN, em 1997, a preços de maio de 2009 UAN Gêneros Alimentícios Salário e Encargos Outros Custos Implícitos Total A 527.123 938.433 198.773 2.647 1.465.556 B 263.959 490.008 59.236 1.644 753.968 C 157.421 354.868 49.026 1.413 512.289 D 53.850 137.650 22.640 2.055 191.500 E 46.918 192.085 22.237 6.047 239.003 F 43.583 206.319 15.242 5.159 249.902 Total 1.092.855 2.319.363 367.155 18.965 3.798.338

Observa-se que a mão-de-obra direta (salários e encargos) representa a maior proporção dos Custos Diretos das refeições das UANs, cerca de 61%. Em seguida, o item mais significativo nos Custos Diretos são os gêneros alimentícios com a proporção de 29%. Os demais itens de custos diretos representam por volta de 10%

Já os Custos Indiretos – derivados dos setores de Administração e Serviço de Distribuição – são compostos de salários e encargos do pessoal da administração e dos custos serviços de distribuição, treinamentos, cópias e outros. No período de estudo, os custos indiretos apresentaram o montante de R$ 392.044.

Desse montante, 81% são compostos por salários e encargos que variam em função das variações no número de funcionários ou no numero de horas trabalhadas. O restante dos Custos Indiretos corresponde aos demais custos administrativos – tais como custos de serviços, treinamentos e análise dos alimentos.

Ao se analisar o Custo Total das refeições produzidas pela Divisão de Alimentos, em 1997 (a preços de maio de 2009), no total de R$ 4.190.381, verifica-se que 91% deles são provenientes dos Custos Diretos das UANs, sendo que o restante dos 9% se refere aos Custos Indiretos da Administração e do Serviço de Distribuição.

Com os dados coletados nos restaurantes comerciais da USP e na Divisão de Alimentação, da COSEAS e da USP: Receita Econômica, Custos Diretos dos Serviços Prestados, Custos Indiretos Identificáveis dos Serviços Prestados, foi possível calcular o Resultado Econômico dos Restaurantes Universitários.

Tabela 2 – Mensuração do Resultado Econômico

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ECONÔMICO

(+) RECEITA ECONÔMICA R$ 11.216.400

(-) CUSTOS DIRETOS DOS SERVIÇOS

PRESTADOS R$ 3.798.338

(=) MARGEM BRUTA R$ 7.418.062

(-) DEPRECIAÇÕES -

(-) CUSTOS INDIRETOS IDENTIFICÁVEIS DOS

SERVIÇOS PRESTADOS R$ 392.044

(=) RESULTADO ECONÔMICO R$ 7.026.019

A mensuração do Resultado Econômico, evidenciada na Tabela 2, deu-se nos seguintes dados: uma Receita Econômica de R$ 11.216.400; para gerar tal receita, foram consumidos de R$ 3.798.338 referentes aos Custos Diretos dos Serviços Prestados –

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compostos basicamente pela aquisição dos gêneros alimentícios e mão-de-obra direta – somados aos Custos Indiretos Identificáveis dos Serviços Prestados no montante de R$ 392.044, obtendo-se, dessa forma, um Resultado Econômico (superávit) de R$ 7.026.019 para a sociedade no ano de estudo.

A análise e interpretação do Resultado Econômico da Divisão de Alimentação da Coordenadoria de Assistência Social (COSEAS/USP) permitem apontar que, no ano de 1997, a preços de maio de 2008, o retorno dos recursos consumidos foi significativo, pois com R$ 4.190.381 de custos, a entidade, por meio de seus serviços, gerou um lucro econômico de R$ 7.026.019(63% da Receita Econômica), para a sociedade.

Com esse resultado, observa-se que no geral a alocação de recursos foi gerenciada de forma eficiente. Esse resultado, embora relevante, deve ser analisado com prudência, uma vez que não é possível considerar o preço de mercado de um serviço comprado individualmente daquele que seria comprado em um contrato global, onde possivelmente se negociariam condições mais vantajosas.

Com o serviço público prestado com eficiência, o Resultado Econômico que é integralmente transferido à sociedade naquele período. Esse incremento econômico não é realizado em dinheiro na entidade (Divisão de Alimentação), mas é realizado pelo cidadão que usufruiu o serviço público.

10 Considerações Finais

Este estudo efetuou uma análise do resultado de seis Unidades de Alimentação e Nutrição COSEAS/USP, no ano de 1997, a preços de maio de 2009, com o objetivo de demonstrar o cálculo do Resultado Econômico dos Restaurantes Universitários da Coseas USP. Apresentando um modelo gerencial voltado à tomada de decisão. Ainda que voltado a aspectos gerenciais, tem suas premissas direcionadas a atender dispositivos legais que exigem que a entidade pública se utilize de sistema de custos e demonstre seu resultado econômico, comprovando sua eficiência.

Tal modelo é regido pela Lei Federal 4320/64, na qual evidencia em seu artigo 85 sobre a maneira de organizar os serviços de contabilidade de forma a permitirem a análise e interpretação do Resultado Econômico e Financeiro.

Para que o Resultado Econômico seja mensurado, utilizam-se dados extraídos de um modelo gerencial de administração em que devem ser esclarecidos os valores da receita econômica, do custo de oportunidade e do valor adicionado, desta forma pode-se então mensurar o Resultado Econômico traduzido pelo lucro ou prejuízo da entidade.

Com base na utilização deste modelo de mensuração do Resultado Econômico, apurou-se um Resultado Econômico positivo de R$ R$ 7.026.019; demonstrando, portanto, o valor que a prestação de serviços nas Unidades de Alimentação e Nutrição COSEAS/USP agregou à comunidade universitária, mediante o oferecimento de alimentação subsidiada pela qual a população se utilizou, deixando, promovendo assim, desenvolvimento e garantindo o bem-estar da coletividade.

Referências

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