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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO PRIMEIRA CÂMARA SESSÃO DE 18/08/2015 ITEM 99

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PRIMEIRA CÂMARA – SESSÃO DE 18/08/2015 – ITEM 99

TC-045291/026/13

Contratante: Prefeitura Municipal de Guarulhos. Contratada: Viação Transpérola Ltda.

Autoridade que Dispensou a Licitação e que firmou o Instrumento: Maria Helena Ribeiro (Secretária de Obras e Serviços

Públicos).

Objeto: Locação de veículos utilitários.

Em Julgamento: Dispensa de Licitação (artigo 24, inciso IV, da Lei

Federal nº 8.666/93 e posteriores atualizações). Contrato celebrado em 11-09-13. Valor – R$456.480,00. Justificativas apresentadas em decorrência de assinatura de prazo, nos termos do artigo 2º, inciso XIII, da Lei Complementar nº 709/93, pelo Conselheiro Renato Martins Costa, publicadas no D.O.E. de 08-02-14 e 30-05-15.

Advogados: Alberto Barbella Saba, Edma dos Santos Silva, José

Roberto Hatje, Ligia Fernanda Kazokas, Maristela Brandão Vilela, Vanessa Araújo Bueno de Godoy e outros.

Fiscalizada por: GDF-8 - DSF-I. Fiscalização atual: GDF-8 - DSF-I.

RELATÓRIO

Cuidam os autos do ajuste firmado pela Prefeitura Municipal de Guarulhos com a empresa Viação Transpérola Ltda., visando à locação de veículos utilitários.

Em exame dispensa de licitação, fundada no artigo 24, inciso IV, da Lei de Licitações1, e Contrato nº 11501/2013

1 Art. 24. É dispensável a licitação: (...)

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou

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(fls.158/166), assinado em 11/9/13, mediante valor de R$ 456.480,00 e vigência aprazada para seis meses.

Consoante relato da equipe de inspeção (fls.194/199), o procedimento contou com reserva financeira correspondente às despesas do exercício de 2013, autorização para licitar, parecer técnico-jurídico e ato de ratificação da dispensa.

A Fiscalização mencionou, contudo, a existência do instrumento judicial de Mandado de Segurança nº 3021530-65.2013.8.26.0224, em cujos autos o Excelentíssimo Juiz de Direito da 2ª Vara da Fazenda Pública do Foro de Guarulhos reconheceu que a empresa vencedora do Pregão Presencial nº 03/2011, Brasil Dez Locadora de Veículos e Transporte Ltda., possui o direito de iniciar a execução do contrato firmado com a Municipalidade para aluguel de utilitários.

A decisão judicial, proferida em 1º/7/13, também determinou a suspensão de certames licitatórios instaurados pelo Executivo com a finalidade de locação de veículos (Pregões nº 38/13, 39/13 e 43/13).

concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

(...)”

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Não obstante, o Poder Executivo teria promovido dispensa de licitação e pactuado com a Viação Transpérola ao arrepio do decisório prolatado em sede de mandado de segurança.

Consta que o contrato com a citada empresa teria sido suspenso, mas a Administração não logrou comprovar o cumprimento da medida liminar em favor da operadora Brasil Dez.

A Fiscalização ponderou que não quedou plenamente evidenciada a situação emergencial invocada, bem como que os orçamentos prévios não declinaram as mesmas especificações do ajuste celebrado, divergindo na quantidade de horas mensais (cotação=250 horas/mês, contrato=240 horas/mês) e no tempo de uso dos veículos da frota (cotação=10 anos de uso, contrato não menciona a idade da frota), tornando impossível aferir a adequação do preço avençado.

ATJ sugeriu chamar os responsáveis para esclarecer a motivação do ajuste em caráter emergencial (fls.206/208).

Assim foi feito (fl.209).

Em resposta, o Poder Executivo (fls.216/346) argumentou que o Pregão Presencial nº 003/2011 visava à formação de ata de registro de preços, de modo que a empresa Brasil Dez Ltda. não tinha assegurado direito líquido e certo à celebração de contrato.

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A vencedora da contenda contava com a preferência na aquisição ou mera expectativa de direito.

Acrescentou que, na verdade, houve convocação da Brasil Dez para apresentação de documentos e assinatura da ata; porém, a interessada procrastinou a entrega dos papéis relativos à sua habilitação e até 5/11/13 não carreou quaisquer documentos, ficando impossibilitada de firmar o instrumento, nos termos do artigo 55, inciso XIII, da Lei Federal nº 8.666/932.

Defendeu que o impasse com a concorrente Brasil Dez privou a Administração da prestação de serviços de locação necessários a seu funcionamento pleno, mormente quanto ao risco potencial de paralisação dos serviços de manutenção, como prevenção de enchentes, limpeza de córregos, conservação de vias, etc.

Afiançou, ainda, que a divergência na cotação preliminar não influenciou o resultado do ajuste.

ATJ, a seu turno, ponderou que: a contratação da Viação Transpérola prejudicou a empresa vencedora do certame 2 Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

(...)

XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação.

(...)

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anterior, beneficiária de decisão judicial; a situação tida como emergencial decorreu, de fato, de más ações da própria Municipalidade; não restou esclarecida a compatibilidade do preço pactuado com o mercado; não existe nos autos orçamento detalhado em planilhas para sustentar a composição dos custos unitários; e restaram vilipendiados os princípios constitucionais da economicidade e eficiência. Pugnou pela irregularidade dos atos praticados (fls.348/351).

SDG não discordou (fls.353/355), ressaltando que a concessão da segurança judicial em 1º/7/13 concedeu à Brasil Dez Ltda. o direito de executar o objeto do certame havido em 2011 e que, não obstante, a dispensa de licitação veio a lume dois meses após a edição a expedição do mandamus. Não há provas de que a empresa Brasil Dez tenha protelado a apresentação de documentos.

Asseverou que, conforme papéis de fls.177/178 e 186, o ajuste em apreço também foi atingido pela decisão judicial, sob alegação de que o Poder Executivo não estava cumprindo a liminar concedida.

Aduziu SDG que não restou, de fato, caracterizada a emergência, mas sim a ineficiência da gestão, posto que não foram adotadas medidas saneadoras no momento oportuno.

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Reforçou a inexistência de justificativa para os preços ofertados, uma vez que os orçamentos de fls.57/61 possuem especificações diversas do pacto celebrado com a Viação Transpérola, destacando que não foi exigido o tempo máximo de uso dos automóveis. Tais alterações afetaram a composição da planilha orçamentária.

Aplicadas as disposições do artigo 2º, inciso XIII, da Lei Complementar nº 709/93 (fl.356), a Prefeitura veio afirmar que: os serviços emergenciais contratados foram suspensos assim que houve notificação da decisão judicial, em 31/10/13; os documentos exigidos por lei foram anexados ao processo; os pagamentos efetuados à contratada entre 12/09 e 31/10/13 estão sustentados por parecer jurídico favorável; e o saldo de empenho foi devidamente cancelado (fls.360/368).

Foi garantido ao MPC o direito de vista dos autos, que o exerceu nos termos do Ato Normativo PGC nº 06/14 (fl.370-verso).

Nada mais foi dito. É o relatório.

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VOTO

Assinalo, por oportuno, que foram respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa, de modo que, após o último acesso dos interessados aos autos, os órgãos técnicos não colacionaram senões que pudessem ser considerados no presente decisório.

Os autos abrigam ajuste emergencial havido entre a Prefeitura Municipal de Guarulhos e a empresa Viação Transpérola Ltda., com o objetivo de locar veículos utilitários.

Destaco que os órgãos de instrução convergiram no sentido da irregularidade da matéria e não vislumbro motivos para dissentir, porquanto avalio que os desacertos tiveram início na seleção do fundamento legal para a celebração do pacto, qual seja, a dispensa de licitação fundada na emergência ou calamidade pública, ditada pelo 24, inciso IV, da Lei de Licitações.

Adrede, reporto-me, por necessário, à cronologia dos atos praticados pela Administração.

Em 2011, o Poder Executivo, visando a preencher lacuna na locação de veículos, promoveu o Pregão Presencial nº 003/2011, do qual se sagrou vencedora a empresa Brasil Dez Locadora de Veículos e Transportes Ltda.

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Ocorre, no entanto, que referida empresa precisou recorrer ao Poder Judiciário, através de mandado de segurança, para ver reconhecido seu direito de executar os serviços licitados.

Aliás, a decisão liminar, proferida em 1º/7/2013, também determinou a suspensão de outros certames licitatórios instaurados pelo Executivo com a finalidade de locação de veículos (Pregões nº 38/13, 39/13 e 43/13).

Não obstante tal comando judicial, o Executivo promoveu, deliberadamente, dispensa de licitação e pactuou o fornecimento do mesmo objeto com a Viação Transpérola, ao arrepio do mandamus.

Extraio, em caráter ilustrativo, excerto do texto judicial de fls.303-in fine e 304, relatando que “a impetrante (Brasil Dez) possui o direito adquirido de iniciar a execução do contrato (...) uma vez que (...) preencheu todos os requisitos constantes do mesmo (do edital) se tornando vencedora e habilitada para execução dos serviços mencionados”.

Consoante histórico de fls.185/188, ainda no mês de julho de 2013 foram expedidos os ofícios notificatórios de estilo e, em meados de agosto, a decisão foi agravada e depois embargada pelo Poder Público municipal, sendo que, em 30/9/2013, o Judiciário

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censurou, enfim, a contratação de terceiro, a Viação Transpérola, para executar o mesmo objeto atribuído à locadora Dez Brasil Ltda.

Portanto, reputo inaceitável a alegação de defesa de que somente em 31/10/2013 houve ciência do curso tomado pelo mandado de segurança.

Cai, assim, em descrédito a assertiva de boa-fé na contratação da empresa Transpérola, haja vista que a abertura do processo de dispensa de certame se deu em 2/8/2013 e a assinatura do pacto emergencial em 11/9/2013, quando já havia sido expedida a liminar em mandado de segurança.

Além do mais, a decisão municipal de suspender o pacto em tela mostrou-se tardia, conquanto, segundo papéis de fls.177/178, o ato de suspensão somente veio a lume no mencionado 31/10/2013. Até aquela data houve prestação de serviços e despesas correspondentes.

Por tais razões, entendo descaracterizada a situação de emergência invocada para dar suporte à dispensa de licitação.

Mais. A pesquisa de preços preliminar para embasar a compatibilidade do montante avençado com a média de mercado contém especificações distintas daquelas que viriam a ser

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contratadas com a Transpérola. Vale destacar que a empresa se beneficiou ao cotar determinado preço e, depois, praticar valor mais elevado. Vejamos:

Papéis de fls.57/61 informam valores ofertados por três fornecedores com relação à locação de utilitários por 250 horas/mês. Em especial, a Viação Transpérola assim discriminou seus serviços (fl.60):

Item Horas/mês Característica Valor unitário

1 250 Micro-ônibus R$ 29,40

2 250 Kombi R$ 12,50

3 250 Van R$ 15,82

Todavia, na descrição do objeto contida no instrumento de contrato, em franco prejuízo para a Prefeitura, constam exatamente os mesmos preços da consulta prévia, mas com relação a serviços efetuados por 240 horas/mês.

Como agravante, a expressão “com limite de uso de até 10 (dez) anos” constante da pesquisa foi simplesmente suprimida das obrigações contratuais, também em prejuízo da Administração.

Diante das considerações acima, acolhendo as manifestações da Fiscalização, de ATJ e de SDG, sem oposição do douto MPC, voto pela irregularidade da dispensa de licitação e

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do Contrato nº 11501/2013, havido entre a Prefeitura Municipal de Guarulhos e a empresa Viação Transpérola Ltda., com vistas à locação de veículos utilitários, aplicando-se em consequência as disposições do artigo 2º, incisos XV e XXVII, da Lei Complementar nº 709/93.

Consigno que a invocação dos ditames do inciso XXVII, acima referido, importa que o atual Prefeito Municipal, Sebastião Almeida, informe a esta Egrégia Corte as providências administrativas complementares adotadas em função das imperfeições anotadas, comunicando, em especial, a eventual abertura de sindicância.

Ainda, com fundamento no artigo 104, inciso II, da Lei Complementar nº 709/93, aplico multa no valor correspondente a 250 (duzentas e cinquenta) UFESPs à autoridade que ratificou a dispensa e firmou o instrumento, Maria Helena Ribeiro, Secretária de Serviços Públicos, a ser recolhida ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Contas do Estado, nas agências do Banco do Brasil, na forma da Lei 11.077, de 20 de março de 2002.

Decorrido o prazo recursal e ausente prova junto a este Tribunal do recolhimento efetuado, no prazo constante da notificação prevista no artigo 86 da Lei Complementar nº 709/93, o

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Cartório fica autorizado a adotar as providências necessárias ao encaminhamento do débito para inscrição na dívida ativa, visando posterior cobrança judicial.

RENATO MARTINS COSTA Conselheiro

Referências

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