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FENOLOGIA E PRODUÇÃO DE SEMENTES DE Euterpe edulis - MART EM TRECHO DE FLORESTA DE ALTITUDE NO MUNICÍPIO DE MIGUEL PEREIRA-RJ

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FENOLOGIA E PRODUÇÃO DE SEMENTES DE Euterpe edulis

-MART EM TRECHO DE FLORESTA DE ALTITUDE NO MUNICÍPIO

DE MIGUEL PEREIRA-RJ

GEÂNGELO PETENE CALVI1

FÁTIMA C. M. PIÑA-RODRIGUES2

1. Bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq/UFRRJ, discente do Curso de Engenharia Florestal; 2. Professor do Departamento de Silvicultura, Instituto de Floresta UFRuralRJ.

RESUMO: CALVI, G. P. e PIÑA-RODRIGUES, F. C. M. Fenologia e produção de sementes de Euterpe edulis - MART em trecho de floresta de altitude no Município de Miguel Pereira-RJ. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n.1, p. 33-40, jan.-jun., 2005. Os

eventos fenológicos relacionados com a reprodução da espécie Euterpe edulis foram estudados em um trecho de floresta ombrófila densa de altitude no município de Miguel Pereira - RJ. Em duas áreas de diferentes estádios sucessionais (cultivo abandonado e floresta explorada) foram marcadas 10 arvores / local para realização de observações. O número médio de cachos e a quantidade de sementes por cacho não apresentaram diferença entre as áreas estudadas. O estabelecimento das plantas em área de cultivo abandonado (3,3 %) foi maior do que na floresta explorada (0,6%). Do total médio de sementes (µ= 3257) apenas 1,7% se estabeleceram, quando protegidas da ação de vertebrados pelo uso de gaiolas.

Palavras-chave: palmiteiro, regeneração, sementes florestais, ecologia, silvicultura.

ABSTRACT: CALVI, G. P. e PIÑA-RODRIGUES, F. C. M. Phenology and seed production of Euterpe edulis - M ART in altitudinal area of Atlantic Forest in Miguel Pereira-RJ. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n.1, p. 33-40, jan.-jun., 2005. The

phenological events related to reproduction of Euterpe edulis were studied in a montana dense forest in Miguel Pereira - RJ - Brazil. Phenological observations were made in 10 trees in two distinct successional stages (abandoned agriculture and exploited forest). There was no difference between the areas in relation to seed production, but the abandoned agriculture produced a greater number of fruits and seeds. Seedling establishment in the abandoned cultivation area (3.3%) was bigger than exploited forest (0.6%). Only 1.7% of total seed production (µ= 3257) turns on established seedlings, when protected from vertebrates. Seed remotion/predation in the studied area was high and could affect establishment of natural regeneration.

Key Words: heart palm tree, regeneration, forest seed, ecology, silviculture.

O palmiteiro (Euterpe edulis - Mart), também conhecido como juçara ou içara, é uma palmeira nativa da Floresta Tropical Atlântica do Brasil, com área de ocorrência estendendo-se desde o sul da Bahia (15º S) até o litoral norte do Rio Grande do Sul (30°S), adentrando, no sul, até o leste do Paraguai e Norte da Argentina (57°W) (CARVALHO, 1993). O palmito de Euterpe

edulis – Mart, é um dos produtos não

madeiráveis mais explorados em Floresta Atlântica. A facilidade de extração e comercialização estão entre os principais responsáveis pelo processo predatório. Embora o manejo sustentado da espécie seja possível, o corte de todos os indivíduos de populações nativas, incluindo plantas

INTRODUÇÃO

A fenologia estuda a ocorrência de eventos biológicos repetitivos, como os reprodutivos e os efeitos responsáveis pelo desencadeamento destes em relação a fatores bióticos e abióticos, dentro de uma ou de várias espécies (LIETH, 1974). Sendo assim, atrav és deste estudo é possível conhecer como é organizada a distribuição temporal dos recursos (flores e f rutos), entender a dinâm ica de reprodução e regeneração das plantas, bem como a relação entre plantas e animais, como alimentação, polinização e dispersão (MORELLATO 2003; MORELLATO e LEITÃO FILHO 1996).

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que produzem sementes, é ainda a prática mais comum (GALLETI e CHIVERS, 1995). Em conseqüência desta superexploração, a regeneração da espécie f icou comprometida a ponto de eliminá-la em vastas áreas de sua ocorrência natural (NODARI e GUERRA, 1986).

O conhecim ento dos padrões de florescimento de uma espécie, fornecidos por estudo de morfologia floral e de fenologia, além do conhecimento sobre a dispersão dos frutos desta espécie, é básico para compreender tanto o seu processo, quanto o seu sucesso reprodutivo (FISCH e MANTOVANI, 1998). A fenologia de Euterpe edulis se caracteriza por um longo período de floração, conforme Lorenzi (1992) iniciando no mês de setembro, prolongando-se até dezembro.

A abundante produção de frutos e o amplo período de produção (maio a novembro) apresentam especial relevância para a manutenção da fauna, pois grande é a diversidade de animais que utilizam destes frutos na sua dieta básica (REIS, 1995). A fauna, por sua vez, é responsável pela dispersão dos frutos, contribuindo para o f luxo gênico da espécie (REIS et

al.,1994b). A manutenção do estoque de

sementes é essencial para se propor ações de manejo que venham a possibilitar o uso sustentável da espécie.

A germinação da espécie é lenta e heterogênea, apresentando taxas altas de germinação e vigor em sementes recém coletadas, entretanto, suas sementes perdem rapidamente a viabilidade (BOVI e CARDOSO, 1976). Por ser uma espécie plenamente adaptada a condições de sub bosque, forma-se então um denso banco de plântulas, no aguardo de condições favoráveis de luz para seu crescimento (PAULILO, 2000).

Dado ao seu v alor econôm ico e ecológico, E. edulis tem sido bastante estudado em seus aspectos ecológicos (NODARI e GUERRA, 1986; GALETTI e CHIVERS, 1995; FISCH & MANTOVANI 1998; PAULILO 2000) e reprodutivos (BOVI

e CARDOSO, 1976; REIS et al, 1993; REIS, 1995; MANTOVANI, 1998), no entanto as pesquisas tem se concentrado em áreas de florestas de cota abaixo de 800m e em regiões dos Estados do Sul e Sao Paulo, com poucos trabalhos em regiões montanas, em especial no Rio de Janeiro (CALVI et al., 2003).

O objetivo deste trabalho foi avaliar os padrões fenológicos dos indivíduos de

Euterpe edulis em áreas submetidas a

manejos distintos, visando quantificar a produção de frutos e acompanhar o desenvolvimento e estabelecimento de plântulas desta espécie.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo – A pesquisa se

desenv olveu em área sob o domínio f isionôm ico-ecológico da Floresta Ombrófila Densa ou Floresta Pluv ial Tropical (RIZZINI, 1997), na Fazenda Igapira, situada no município de Miguel Pereira -RJ, a aproximadamente 98 km da cidade do Rio de Janeiro, com altitude média de 919 m. O clima da micro-região enquadra-se no tipo Am, tropical úmido, segundo a classificação de Köppen, com temperatura média anual variando de 15,7°C a 27,7°C. A pluviosidade média anual é de 2250mm e o domínio climático pode ser dividido em mesotérmico, com pouco ou nenhum déficit hídrico (IBAMA, 1996). A cobertura vegetal dominante em toda a área é a Floresta Ombrófila Densa Montana, apresentando árvores entre 20 e 30 metros, com as emergentes podendo alcançar 40 metros, sob as quais ocorre

Euterpe edulis - Mart. de m aneira

expressiva. A área total ocupara 440 ha, sendo contígua a Reserva Biológica do Tinguá. A partir da cota de 800m até 1000m tem-se cobertura florestal de estádios iniciais de sucessão, como resultado de abandono de uma antiga área de cultivo de milho, feijão, banana e outras culturas, desocupada há aproximadamente

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40 anos, com presença marcante de espécies arbóreas de início de sucessão das f am ílias Melastom ataceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae, Poaceae (taquara e taquaruçu). Apresenta uma segunda fisionomia onde houve a cerca de 40 anos extração seletiva de madeira, tendo ficado sob manejo de palmiteiro, em regime de rendimento sustentado de 1995 até 1999. As parcelas de estudo foram estabelecidas entre as cotas 800m e 1000m, sendo estudados dois ambientes: (a) área agrícola abandonada -correspondente ao antigo cultivo agrícola, situada entre 950m a 970m de altitude e (b) Floresta explorada - área com cobertura florestal densa, explorada seletivamente, situada entre as cotas 970m a 1070m. Em cada local foram instaladas 10 parcelas de 30m x 10m (300m²), totalizando 3000m² amostrados por ambiente.

Fenologia e produção de sementes - Para

o estudo de fenologia de Euterpe edulis foram marcadas de forma aleatória na área 10 matrizes nas duas áreas de estudo (cultivo agrícola abandonado e floresta ex plorada), totalizando 20 matrizes m arcadas. Os indiv íduos f oram observados mensalmente considerando as fenofases de floração, transcorridas desde o início do desenvolvimento do botão até a flor senescente, frutificação, desde o início do aparecimento dos frutos até a sua dispersão e mudança foliar. As fenofases f oram def inidas de acordo com os critérios, a saber: Flor: presença de botões ou f lores abertas; Flor Senescente: caracterizado pela presença de flores secas, já em processo de senescência; Fruto Pequeno: presença de frutos ainda v erdes de pequeno diâmetro; Fruto Grande: cachos contendo frutos de grande diâmetro, podendo ou não estar maduros; Abortado: Presença de cachos onde as flores foram abortadas e não apresentam formação de frutos; Dispersão: frutos aptos para a liberação e o processo de dispersão. Os eventos fenológicos foram quantificados em relação a sua intensidade,

duração, regularidade e periodicidade de acordo com metodologia descrita por Piña-Rodrigues (1999). Quantificação da

produção de frutos- Para a análise da

produção de frutos de Euterpe edulis foram marcados três matrizes por cota das quais foi contabilizada a quantidade média de frutos produzidos, quantidade de cachos produzidos, média de sementes por cacho, tax a de germinação e v igor destas sem entes obtida com ensaios em laboratório. Os testes de germinação em laboratório foram instalados à temperatura de 300C em substrato areia. As

observações foram semanais, e foram consideradas com o germ inadas as sementes que apresentassem emissão do botão germinativo. O ensaio foi encerrado aos 45 dias após a instalação e com os dados obtidos calculou-se a percentagem final de germinação. Para avaliação do vigor foi utilizado o teste de primeira contagem do teste de germ inação.

Acompanhamento de plântulas1- Neste

trabalho av aliou-se a emergência e predação de sementes dispostas em armadilhas distribuídas nas parcelas das duas áreas de estudo, ao longo do gradiente de altitude, totalizando 18 armadilhas de 20cm2 (9/cota), com 50

sementes/gaiola, coletadas todas na mesma época e com o mesmo grau de maturação. Foi instalada uma amostra controle por tratamento, sem a proteção da armadilha. A periodicidade de avaliação foi mensal. Estas armadilhas, distribuídas pelas parcelas por sorteio, foram envoltas por uma tela metálica com uma malha de 1,6cm permitindo apenas a passagem de insetos e luz. As sementes predadas foram encam inhadas ao Laboratório de Entomologia Florestal da UFRuralRJ para reconhecimento das espécies de insetos. As sementes germinadas e estabelecidas 1 Esta análise foi um a continuidade do estudo “Germinação e predação in situ de sementes de Euterpe

edulis – Mart em floresta ombrófila densa de altitude no

município de Miguel Pereira-RJ” conduzida como parte de projeto de pesquisa de bolsista PIBIC da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

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f oram m arcadas, identif icadas e acompanhadas mensalmente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Fenologia e produção de sementes - As

matrizes marcadas em cada área foram observadas mensalmente e iniciaram sua atividade reprodutiva no mês de novembro, 123 dias após o inicio das observações (Figura 1).

Por outro lado, a oferta assincrônica de frutos permite que, por um maior período, haja disponibilidade de recursos para alimentação da fauna, garantindo assim sua manutenção mesmo em períodos de menor disponibilidade na floresta (estação seca). REIS et. al. (1993) e MANTOVANI (1998) também encontraram resultados semelhantes em estudo com a mesma espécie em uma área de floresta atlântica em São Paulo. Segundo os autores, pode ainda haver variações no número de indivíduos florescendo por ano, dentro de um a m esm a população o que f oi ev idenciado por REIS, (1995), acompanhando uma população de Euterpe

edulis por dois anos em Blumenau, SC.

Foi a frutifição, encontrando-se frutos em desenvolvimento de novembro a julho.

O comportamento na área de cultivo agrícola abandonado mostrou-se distinto da área de floresta explorada. Na área agrícola abandonada houve florescimento antecipado. Neste local, o dossel apresentou-se mais aberto que na área de floresta explorada, o que possibilita maior penetração de luz. Segundo MORELLATO (2003), este é um dos fatores relevantes para determinar a entrada ou não de muitas espécies em fase de reprodução. A brusca variação na quantidade total de cachos do mês de novembro para dezembro (153 dias de observ ação) na área de floresta explorada resultou da retirada de um indivíduo em fase reprodutiva que estava sendo acompanhada, para exploração de palmito. Tal fato demonstra que, o corte de palmito na fase de reprodução da planta é prática executada pelos palmiteiros locais. A manutenção deste procedimento pode vir a influenciar no estoque de sementes disponív eis para a recuperação e manutenção da produtividade da área.

Quantificação da produção de frutos- A

quantidade média foi de três cachos por indivíduo. Estes dados coincidem com os de MATTOS & MATTOS (1976), segundo os quais a primeira florada de um indivíduo ocorre a partir dos 6 a 7 anos, e produz em Foi observado que a floração não ocorreu

de forma sincronizada entre os indivíduos e entre as áreas. Poucos indiv íduos apresentaram florescimento em novembro (n = 7), sendo o pico de plantas em florescimento observado no mês de junho (n = 14). O florescimento assincrônico favorece a distribuição da maturação de frutos durante maior período, no entanto, pode restringir o fluxo gênico entre plantas (REIS, 1993). A 0 2 4 6 8 10 12 14 16 A g o S e t O u t No v D e z J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l T o ta l d e C a c h o s B 0 2 4 6 8 10 12 14 16 A g o S e t O u t N o v D e z J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l T o ta l d e C a c h o s

Flor Flor S enes c ent e Frut o P equeno Frut o Grande A bort ado Dispers ão

Figura 1. Ocorrência dos eventos fenológicas de

Euterpe edulis Mart em uma floresta ombrófila

densano município de Miguel Pereira, RJ. (A) floresta explorada; (B) área agrícola abandonada.

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media três cachos de frutos por ano. A quantidade média de frutos por cacho (infrutescência) foi igual a 3257 frutos/cacho e 3365 frutos/cacho, para a área agrícola abandonada e f loresta ex plorada respectivamente. A similaridade dos dados sugere não haver diferença entre as áreas estudadas. Reis (1995) encontrou valores de produção de frutos muito próximos em seu estudo. Os dados obtidos sugerem uma regularidade na produção de sementes/ frutos, mesmo em áreas bioclimáticas distintas como Santa Catarina (REIS, 1995) e Rio de Janeiro.

Acompanhamento de plântulas- As

porcentagens de emergência no campo do tratamento gaiola foram 8,6 % para a área de cultivo agrícola abandonado e 10,2 % área de floresta explorada (CALVI e PIÑA-RODRIGUES, 2003). Houv e baix a porcentagem de emergência, quando com parada com a germ inação em laboratório (79,4%) (Figura 2). As condições f av oráv eis no laboratório possibilitam a ex pressão de sua capacidade germinativa. No campo, o ataque por insetos, microorganismos e outros animais reduzem sua viabilidade e conseqüentemente, sua germinação.

As plântulas do tratamento testemunha (sem gaiola) apresentou v alores de emergência baixos. Para as áreas de cultivo agrícola abandonado (3,3%) e de floresta explorada (0,6%). Este fato pode ser explicado pela predação e remoção das sementes por macro-predadores ou dispersores visto que estavam sem a proteção das gaiolas.

Na área de cultivo agrícola abandonado houve um maior estabelecimento das plântulas com a proteção da gaiola em relação a área de floresta explorada (8 e 4 respectivamente). Para o tratamento sem a proteção das sementes com as gaiolas o estabelecim entos das plântulas originadas foi igual a zero nas duas áreas estudadas (Figura 3).

Do total de 900 sementes dispostas no campo (450 com e 450 sem a proteção da gaiola), em cada área, apenas 8 foram estabelecidas na área de cultivo agrícola abandonado e quatro se estabeleceram na área de floresta explorada, destas, apenas as plântulas provenientes do tratamento com a proteção da gaiola conseguiram se estabelecer. Esta baix a tax a de estabelecimento está diretamente ligada a alta taxa de predação/remoção sofridas pelas sementes quando encontradas em am bientes naturais. As perdas de sementes por predação e remoção foram altas, reduzindo a em ergência e o estabelecimento das plântulas. O efeito da remoção das sementes no estabelecimento das mesmas pode ser ainda maior que o da predação, conforme se observa quando não se protege as sementes dos macro predadores. Estas, na grande maioria, são remov idas, porém o seu sucesso no estabelecimento não pôde ser constatado.

Figura 2. Potencial germinativo de sementes de

Euterpe edulis (Mart) em condições de laboratório. y = -1,3398x2 + 18,645x - 29,59 R2 = 0,7779 0 10 20 30 40 50 60 0 6 12 18 24 31 36 42 49 54 S em entes G er m inadas Dias Y = -29,58 + 18,645x - e, 3398x2

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Figura 3. Estabelecimento acumulativo de plântulas de Euterpe edulis, em diferentes áreas no município de Miguel Pereira, RJ.

Estudos que enfoquem a remoção (dispersão) devem ser feitos para que se conheça o destino das sem entes removidas. Os principais responsáveis pelo processo de predação das sementes foram insetos da família Scolytidea. A proteção das sementes em gaiolas foi eficiente em reduzir a ação dos remotores (agentes dispersores ou predadores), m as demonstrou que a taxa de predação é intensificada quando as sementes se mantêm agrupadas, como se observou para as sementes sem gaiolas, tanto na área agrícola quanto na floresta explorada. A dispersão das sementes próximas à planta-mãe poderia ser afetada pela predação, se não ocorrer a ação dos remotores. No entanto, viabiliza maior estabelecimento de plântulas na vizinhança. Para cada cacho produzido por planta, pode-se extrapolar que 8,6% das sementes germinariam, mas apenas 1,7% poderiam se estabelecer nas condições da área de cultivo, por exemplo. Isto representa que de um cacho (X

_

= 3257 frutos) seriam obtidas 55 plântulas. No entanto esta

situação somente se verificaria no caso de proteção das sementes contra remoção/ predação.

Tanto na área de floresta explorada quanto na área agrícola abandonada, o estabelecimento foi nulo, quando as sementes não foram protegidas. Isto reflete a necessidade urgente de ações de repovoamento da área de estudo e cessão completa, por alguns anos, da exploração de palmito.

Os dados obtidos indicam que a prática mais adequada seria o plantio de mudas, uma vez que estudos realizados na área constataram um baixo estabelecimento de plântulas via semeadura direta (SA-ROCHA

et al. 2002).

CONCLUSÃO

Os dados apresentados nos levam a concluir que:

 Na região estudada a fase reprodutiva entre indivíduos de Euterpe edulis não é sincrônica;

 Não há diferença entre o número médio de cachos e número de sementes por cacho produzidos por indivíduo nas áreas de estudo;

 Na área agrícola abandonada os indivíduos produziram maior número de cachos e de sementes por cacho, além de ser nesta área, que houve maior número de plântulas estabelecidas;

 A remoção das sementes afetou diretamente o estabelecimento das mesmas no local de dispersão, de maneira tão expressiva quanto a predação por invertebrados;

 Práticas de replantio dev em ser adotados para manter a sustentabilidade de produção e estabelecimento de Euterpe

edulis.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem Gilberto Terra por suas idéias, comentários e valiosas

S em Gai ola 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 A g o S e t O u t N o v D e z J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l P n tu la s E s ta b e le c id a s Á rea agrícola F loresta explorada C om Gaiola 0 2 4 6 8 10 12 A g o S e t O u t N o v D e z J a n F e v M a r A b r M a i J u n J u l P lâ n tu la s E s ta b e le c id a s Área agrícola Flores ta explorada

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discussões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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