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Aula nº FURTO QUALIFICADO

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Academic year: 2021

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Curso/Disciplina:

Direito Penal (Parte Especial)

Aula: 37

Professor(a):

Marcelo Uzêda

Monitor(a): Vanessa Souza

Aula nº. 37

1. FURTO QUALIFICADO

“Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.

(...)

Furto qualificado

§ 4º – A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;

II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III – com emprego de chave falsa;

IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.

§ 5º – A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.”

a) “I – COM DESTRUIÇÃO OU ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO À SUBTRAÇÃO DA COISA;”

Obstáculo é tudo aquilo que tenha a finalidade precípua de proteger a coisa e que não seja a ela inerente; deve ser exterior à coisa.

 Romper é eliminar o obstáculo sem destruí-lo.

Ex.: Desarmar o sistema de alarme; deslocar porta com é de cabra; desmontar cadeado;

Destruir o obstáculo é usar de violência contra a coisa, eliminando ou fazendo desaparecer aquilo que o impedia de levar a efeito a subtração.

STJ: Não obstante o posicionamento outrora exarado acerca da irrazoabilidade de se considerar o furto "qualificado" quando há rompimento do vidro do veículo para a

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subtração do som automotivo, e considerá-lo "simples" quando o rompimento se dá para a subtração do próprio veículo, a Terceira Seção desta Corte, no julgamento do EREsp n.º 1.079.847⁄SP, firmou a orientação de que a subtração de objeto localizado no interior de veículo automotor mediante o rompimento de obstáculo - quebra do vidro - qualifica o furto. Superior Tribunal de Justiça STJ - HABEAS CORPUS : HC 205967 SP 2011/0102966-9

Ementa PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ESPECIAL. 1. VIOLAÇÃO AO ART. 155, § 4º, I, DO CP. NÃO OCORRÊNCIA. ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO PARA SUBTRAÇÃO DO PRÓPRIO VEÍCULO. CONFIGURAÇÃO DA QUALIFICADORA. 2. NECESSIDADE DE ULTRAPASSAR BARREIRA INDISPENSÁVEL À SUBTRAÇÃO DA COISA. IRRELEVÂNCIA DO OBJETO EFETIVAMENTE FURTADO. 3. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Não é possível deixar de reconhecer a prática de furto qualificado

apenas e simplesmente por se ter avariado o próprio bem subtraído, pois referida circunstância não tem o condão de desconfigurar o efetivo rompimento de obstáculo. Não há dúvidas de que as portas, os vidros e o alarme do carro visam exatamente impedir ou pelo menos dificultar sua subtração e dos bens que estão no seu interior, sendo ainda inquestionável a necessidade de transposição desta barreira para que se furte tanto o carro quanto os objetos do seu interior. 2. A

conduta em ambos os casos é a mesma, consiste em romper obstáculo como meio necessário para subtrair coisa alheia móvel, o que denota sua maior reprovabilidade, ante a utilização de meios excepcionais para superar os obstáculos defensivos da propriedade. Dessa forma, é indiferente para configurar referida qualificadora analisar qual o bem subtraído. 3. Recurso especial a que se nega provimento. (Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1395838 SP 2013/0261696-0)

Por muito tempo a jurisprudência do STJ tinha a posição esdrúxula no sentido de que arrombar a porta do carro para levar o carro, como o vidro é inerente ao carro, o furto seria simples, porém se eu quebrasse o vidro do carro, para levar o som do carro ou algum objeto dentro do carro então seria furto qualificado porque o vidro em relação ao objeto dentro do carro seria obstáculo.

O STJ mudou de entendimento no sentido de que tanto faz se eu quero subtrair o carro inteiro ou um objeto dentro da carro, é furto qualificado do mesmo jeito.

b) II – COM ABUSO DE CONFIANÇA, OU MEDIANTE FRAUDE, ESCALADA OU DESTREZA;

O abuso se verifica quando há um especial vinculo subjetivo de confiança depositado pela vitima no agente. A mera relação de emprego não caracteriza confiança, mas pode incidir a agravante genérica das relações domesticas, de coabitação ou hospitalidade (Art. 61, II, ‘F”, CP)

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Ementa HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. PACIENTE DENUNCIADA PELA PRÁTICA DE CRIME DE FURTO SIMPLES. SENTENÇA QUE CONDENA A RÉ POR FURTO QUALIFICADO PELO ABUSO DE CONFIANÇA. QUALIFICADORA NÃO-NARRADA NA PEÇA ACUSATÓRIA. OCORRÊNCIA DE MUTATIO LIBELLI. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 1. Não se vislumbra, na espécie, a necessária correlação entre a denúncia, que imputou à ora Paciente a prática do crime de furto simples, e a sentença prolatada, que a condenou por furto qualificado pelo abuso de confiança, uma vez que a peça acusatória tão-somente narrou que a ré trabalhava como doméstica na residência da vítima, sem apontar, contudo, a existência de relação de confiança entre empregada e empregador. 2. Tratando-se de mutatio libelli, deveria ter sido aplicado o regramento do artigo 384 do Código de Processo Penal, restando, portanto, evidenciado o constrangimento ilegal contra a Paciente. 3. Ordem concedida para anular a sentença condenatória e o acórdão que a manteve, na parte em que condenou a ora Paciente como incursa na agravante prevista no inciso II,do § 4º, do art. 155, do Código Penal, determinando que outra seja proferida após a efetivação dos atos processuais a que se referem o artigo 384 do Código de Processo Penal.

Superior Tribunal de Justiça STJ - HABEAS CORPUS : HC 89440 MG 2007/0201969-1

EMENTA HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO MEDIANTE O ABUSO DE CONFIANÇA (ART. 155, 4.º, INCISO II, DO CÓDIGO PENAL). ALEGAÇAO DE QUE A EMPREGADA DOMÉSTICA TRABALHAVA A POUCO TEMPO NA RESIDÊNCIA DA VÍTIMA. CIRCUNSTÂNCIAS DE ENTREGA DAS CHAVES E OSTENTAÇAO DE BOAS REFERÊNCIAS POR PARTE DA ACUSADA. PRÉVIA CONFIANÇA CARACTERIZADA. ORDEM DENEGADA. 1. Estando comprovada a relação de confiança entre a

empregada doméstica e a vítima que a contrata seja pela entrega das chaves do imóvel ou pelas boas referências de que detinha a Acusada cabível a incidência da qualificadora "abuso de confiança" para o crime de furto ora sob exame.

Precedente. 2. Ordem denegada.

Superior Tribunal de Justiça STJ - HABEAS CORPUS : HC 192922 SP 2010/0227466-9

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Fraude é o ardil, a dissimulação, a insidia, utilizada pelo agente para distrair a atenção da vítima a fim de facilitar a subtração.

A fraude é empregada para iludir a vigilância do ofendido, que não tem conhecimento de que o objeto material está saindo da esfera de seu patrimônio.

No estelionato, a fraude faz com que a vítima incida em erro e é empregada para obter o seu consentimento.

Exemplo: Individuo com coletinho do banco, não sendo funcionário do Banco; Furto mediante fraude na internet; Furto de energia elétrica do vizinho.

Atenção: Adulterar o marcador do relógio de energia elétrica é estelionato.

EMENTA HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO-CABIMENTO. RESSALVA DO ENTENDIMENTO PESSOAL DA RELATORA. FURTO MEDIANTE FRAUDE. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE ESTELIONATO. IMPROPRIEDADE. DOSIMETRIA DA PENA. EXACERBAÇÃO DA PENA-BASE. CULPABILIDADE, CONDUTA SOCIAL E PERSONALIDADE. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. MAUS ANTECEDENTES E REINCIDÊNCIA. EXISTÊNCIA DE VÁRIAS CONDENAÇÕES COM TRÂNSITO EM JULGADO. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. REITERAÇÃO DELITIVA E VALOR EXPRESSIVO DO BEM. INAPLICABILIDADE DA FIGURA PRIVILEGIADA. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. CONSUMAÇÃO DO DELITO. POSSE TRANQÜILA DA RES. DESNECESSIDADE. REGIME PRISIONAL FECHADO. CONDENAÇÃO INFERIOR A QUATRO ANOS. POSSIBILIDADE. RÉU REINCIDENTE. PRESENÇA DE CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR SANÇÕES RESTRITIVAS DE DIREITOS. DESCABIMENTO. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM DE HABEAS CORPUS CONCEDIDA, DE OFÍCIO.1. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal e ambas as Turmas desta Corte, após evolução jurisprudencial, passaram a não mais admitir a impetração de habeas corpus em substituição ao recurso ordinário, nas hipóteses em que esse último é cabível, em razão da competência do Pretório Excelso e deste Superior Tribunal tratar-se de matéria de direito estrito, prevista taxativamente na Constituição da República. 2. Esse entendimento tem sido adotado pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, com a ressalva da posição pessoal desta Relatora, também nos casos de utilização do habeas corpus em substituição ao recurso especial, sem prejuízo de, eventualmente, se for o caso, deferir-se a ordem de ofício, em caso de flagrante ilegalidade. 3. No caso, cumpre anotar que o furto mediante fraude não se confunde com o estelionato. Segundo Damásio, "[n]o furto, a fraude ilude a vigilância do ofendido, que, por isso, não tem conhecimento de que o objeto material está saindo da esfera de seu patrimônio e ingressando na disponibilidade do sujeito ativo. No estelionato, ao contrário, a fraude visa a permitir que a vítima incida em erro. Por isso, voluntariamente se despoja de seus bens, tendo consciência de que eles estão saindo de

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seu patrimônio e ingressando na esfera de disponibilidade do autor." 4. Na hipótese em tela, a vítima entregou as chaves de seu carro para que o Paciente, na qualidade de segurança da rua, o estacionasse, não percebendo que o seu veículo estava sendo furtado. Conforme ressaltado pelo Tribunal de origem, a vítima "não tinha a intenção de se despojar definitivamente de seu bem, não queria que o veículo saísse da esfera de seu patrimônio", restando, portanto, configurado o furto mediante fraude. 5. Não pode o magistrado sentenciante majorar a pena-base fundando-se, tão somente, em referências vagas, genéricas, desprovidas de fundamentação objetiva para justificar a exasperação, como ocorrido, na hipótese, com relação à culpabilidade, à conduta social e à personalidade do Paciente. 6. No entanto, na espécie, a exasperação da pena-base restou devidamente justificada nos maus antecedentes do réu, comprovados por sentenças condenatórias transitadas em julgado, que não foram utilizadas para configurar a reincidência. 7. Inaplicável, no caso, a causa de diminuição de pena prevista no § 2.º do art. 155 do Código Penal, tendo em vista que o Paciente não é primário e o valor da res furtivae é expressivo, não tendo o condão de caracterizar um pequeno valor. 8. "O tipo penal classificado como furto consuma-se no momento, ainda que breve, no qual o agente se torna possuidor da res, não se mostrando necessária a posse tranquila." (AgRg no REsp 1.265.654⁄RS, 6.ª Turma, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJe de 15⁄02⁄2012.) 9. Inexiste constrangimento ilegal na fixação do regime inicial fechado de cumprimento de pena ao réu reincidente, que teve a pena-base fundamentadamente fixada acima do mínimo legal, ainda que condenado a pena inferior a quatro anos, dada a interpretação conjunta dos arts. 59 e 33, §§ 2º e 3.º, do Código Penal. 10. A substituição da pena reclusiva não se mostra socialmente recomendável à espécie, uma vez que o Paciente já foi condenado por outros crimes contra o patrimônio. Incidência, na hipótese, do disposto no § 3.º do art. 44 do Código Penal. 11. Writ não conhecido. Ordem de habeas corpus concedida, de ofício, apenas para redimensionar a pena privativa de liberdade do Paciente, fixando-a em 03 (três) anos de reclusão, em regime fechado, e 15 (quinze) dias-multa, mantida, no mais, a condenação. Superior Tribunal de Justiça STJ - HABEAS CORPUS : HC 217545 RJ 2011/0209400-8

Exemplo: Guardador de carros de rua que fica com a chave para estacionar para melhor colocar ali na rua é comum no Rio de Janeiro; caso do teste drive (golpe do Test Drive);

d) ESCALADA

É o ingresso no lugar do furto, por uma via de acesso que normalmente não é utilizada. Há utilização de um meio artificial, incomum (não violento ex.: escada, corda) ou a demanda de um esforço extraordinário (saltar, rastejar).

Pode ser por meio de túnel subterrâneo ou não, e não ser necessariamente no sentido ascendente.

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Ex.: furto ao cofre do Banco Central; e) DESTREZA

O agente se vale de uma especial habilidade manual para retirar a coisa da vítima sem que ela perceba (“mão leve”).

Se a própria vítima perceber a subtração, não há que se falar em destreza, é furto simples. Não há tentativa de furto qualificado por destreza, se é surpreendido pela própria vítima.

Há tentativa de furto qualificado pela destreza, quando um terceiro impede a consumação do delito.

f) COM EMPREGO DE CHAVE FALSA:

É qualquer instrumento ou engenho que sirva para abrir uma fechadura, sem danificá-la.

Não há furto qualificado se a chave verdadeira que foi achada ou furtada ou se é encontrada na fechadura.

Se o sujeito consegue ardilosamente apanhar a chave verdadeira ou faz cópia, trata-se de furto qualificado pelo emprego de fraude.

A qualificadora só se verifica quando a chave falsa é utilizada externamente a “res furtiva”, vencendo o agente o obstáculo propositadamente colocando para protege-la.

Ementa PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO QUALIFICADO. EMPREGO DE CHAVE FALSA.INSTRUMENTO UTILIZADO PARA ABRIR O VEÍCULO E, EM OUTROS CASOS, PARALIGAR O MOTOR. CARACTERIZAÇÃO DA QUALIFICADORA EM AMBOS OS

CASOS.CONCURSO DE AGENTES. ACÓRDÃO COM FUNDAMENTO

EMINENTEMENTECONSTITUCIONAL. REGIME PRISIONAL. CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS DEOFÍCIO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA DECLARADA NO TOCANTE À RÉSÔNIA SCHECATO. 1. Esta Corte tem se manifestado no sentido de que "o conceito de chave falsa abrange todo o instrumento, com ou sem forma de chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura, incluindo mixas"(HC nº 101.495/MG, Relator o Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe de 25/8/2008), incidindo a qualificadora, portanto, quando a denominada "chave mixa" é utilizada tanto para abrir o veículo, como para ligar o motor. 2. Se o acórdão recorrido decide a controvérsia sob enfoque eminentemente constitucional, a matéria não pode ser examinada em recurso especial. 3. Fixado o regime aberto na sentença, sem recurso do Ministério Público quanto a esse ponto, deve ser concedida ordem de habeas corpus, de ofício, para restabelecê-lo. 4. Sendo de um ano e oito meses a pena imposta, verifica-se que decorreram mais de quatro anos desde o julgamento da apelação, operando-se a prescrição da pretensão punitiva, nos termos do artigo109,

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inciso V, c/c o artigo 110, § 1º, ambos do Código Penal, uma vez que não ocorreu qualquer causa interruptiva desde então. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. Habeas corpus concedido de ofício para restabelecer o regime aberto. Reconhecida, em relação à ré Sônia Schecato, a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva.

Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 658288 RS 2004/0049240-8

Até 2007 o STJ não reconhecia a qualificadora da chave falsa na ignição (SUPERADA).

Atenção caiu na prova CESPE:

Ementa CRIMINAL. RESP. FURTO. USO DE "MIXA". QUALIFICADORA DO USO DE CHAVE FALSA. CONFIGURAÇÃO. CONCURSO DE PESSOAS. MAJORANTE DO CRIME DE ROUBO. APLICAÇÃO AO FURTO QUALIFICADO PELA MESMA CIRCUNSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. REINCIDÊNCIA EXCLUÍDA. IMPROPRIEDADE. ATENUANTE. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 231/STJ. RECURSO PROVIDO. I. O conceito de chave falsa abrange todo o instrumento, com ou sem forma de chave, utilizado como dispositivo para abrir fechadura, incluindo gazuas, mixas, arames, etc. II. O uso de "mixa", na tentativa de acionar o motor de automóvel, caracteriza a qualificadora do inciso IIIdo § 4º do art. 155 do Código Penal. III. Tendo o Tribunal a quo, apesar de reconhecer a presença da circunstância qualificadora do crime de furto, recorrido aos princípios da proporcionalidade e da isonomia para aplicar dispositivo legal estranho ao fato, assume papel reservado pela Constituição Federal ao parlamento. IV. Como não existe paralelismo entre os incisos I, II e III do § 4º do art. 155 do Código Penal com os demais incisos do § 2º do art. 157 do Estatuto Repressivo, a fórmula aplicada resultaria numa reprimenda diferenciada para indivíduos que cometem furto qualificado naquelas circunstâncias, o que é inconcebível. V. O agravamento da pena pela reincidência reflete a necessidade de maior reprovabilidade do réu voltado à prática criminosa. Impropriedade de sua exclusão sob fundamento da perda de sua função teleológica. VI. Não se admite a redução da pena abaixo do mínimo legal, ainda que havendo incidência de atenuante relativa à menoridade. Incidência da Súmula 231/STJ. VII. Recurso provido.

Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 906685 RS 2006/0263506-7

STJ CONTRA:

Ementa PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO. QUALIFICADORA DO EMPREGO DE CHAVE FALSA. CONFIGURAÇÃO. - A qualificadora do emprego de chave falsa, no

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crime de furto, incide se a chave for utilizada para a subtração no sentido de alcançar a coisa, pois o fundamento dessa causa refere-se ao acesso do agente ao objeto material, não alcançando, portanto, o resultado final do crime. - Recurso especial conhecido e desprovido.

Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 284385 DF 2000/0109222-7

g) MEDIANTE CONCURSO DE DUAS OU MAIS PESSOAS: JURISPRUDÊNCIA DO STJ:

Exemplo: se alguém empresta o seu carro para um ladrão carregar o objeto que vai subtrair, o furto não é qualificado pelo concurso de agentes porque quem emprestou o carro é mero participe.

EMENTA HABEAS CORPUS. ART. 157, § 2.°, I E II, C.C. ART. 70, DO CÓDIGO PENAL. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE RECURSO ESPECIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) DELITO EFETUADO COM EMPREGO DE ARMA BRANCA. POSSIBILIDADE DE AUMENTO DE PENA DEVIDAMENTE FUNDAMENTADO. (3) CONCURSO DE PESSOAS. MAIS DE UM AGENTE. CARACTERIZAÇÃO. (4) MAJORANTES. QUANTUM DE ACRÉSCIMO. SÚMULA Nº 443 DESTA CORTE. ILEGALIDADE MANIFESTA. (5) CRIME COMETIDO MEDIANTE UMA SÓ AÇÃO. PATRIMÔNIOS DIVERSOS. CRIME ÚNICO. IMPOSSIBILIDADE. CONCURSO FORMAL. (6) REGIME INICIAL FECHADO. PENA-BASE. MÍNIMO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO. GRAVIDADE ABSTRATA. DIREITO AO REGIME MENOS SEVERO. SÚMULAS 718 E 719 DO STF E SÚMULA 440 DO STJ. FLAGRANTE ILEGALIDADE. (7) WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. 1. É imperiosa a necessidade de racionalização do emprego do habeas corpus, em prestígio ao âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica do sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem como substitutiva de recurso especial. 2. A utilização de arma branca (pedaços de vidros cortantes) no delito de roubo é causa de aumento de pena prevista no inciso I, § 2.º do artigo 157 do Código Penal. Também não há falar em afastamento da qualificadora em razão de não ter havido perícia da arma branca. Nesse toada, mutatis mutandis, o entendimento pacificado da Terceira Seção no sentido da desnecessidade de apreensão e perícia da arma de fogo para que seja configurada a causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal, desde que os demais elementos probatórios demonstrem sua utilização na prática do delito. Ressalva de entendimento da relatora. 3. Para a caracterização do concurso de agentes é suficiente a concorrência de duas ou mais pessoas na execução do crime, circunstância evidenciada no caso, até porque este writ foi impetrado em favor de

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dois pacientes, cuja ação penal é a mesma. 4. Em se tratando de roubo com a presença de mais de uma causa de aumento, o acréscimo requer devida fundamentação, com referência a circunstâncias concretas que justifiquem um aumento mais expressivo, não sendo suficiente a simples menção ao número de majorantes presentes. Súmula n.º 443 desta Corte. Ilegalidade flagrante. 5. É assente neste Tribunal Superior que, praticado o crime de roubo mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, não há se falar em crime único, mas sim em concurso formal, visto que violados patrimônios distintos. Precedentes. 6. Não é possível a imposição de regime mais severo que o fixado em lei com base apenas na gravidade abstrata do delito. Para exasperação do regime fixado em lei é necessária motivação idônea. Súmulas n.º 718 e n.º 719 do Supremo Tribunal Federal e Súmula n.º 440 deste Superior Tribunal de Justiça. 7. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, ratificada a liminar, a fim de reduzir as penas dos pacientes para 6 (seis) anos, 2 (dois) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, mais 15 (quinze) dias-multa, estabelecendo o regime inicial semiaberto, mantidos os demais termos da sentença e do acórdão.

Superior Tribunal de Justiça STJ - HABEAS CORPUS : HC 232102 SP 2012/0018425-0 - Rel. e Voto

Súmula 442 do STJ - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.

Referências

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