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Entomofauna de importância agrícola e uso de agrotóxicos no Bioma Cerrado Mato Grosso

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Manaus, 23 a 25 de novembro de 2011

http://www.entomologia.ufam.edu.br/I_SEAMA-Programacao.html

Entomofauna de importância agrícola e uso de agrotóxicos no

Bioma Cerrado – Mato Grosso

Evandson José dos Anjos Silva – UNEMAT 1

Marcio Ferreira - UFMT

1

Contato: Laboratório de Abelhas e Vespas Neotropicais, Universidade do Estado de Mato Grosso, Departamento de Biologia. Av. Tancredo Neves s/n, Cavalhada, Cáceres, MT, Brasil, 78200-000. e-mail: beevandson@uol.com.br

Introdução

O ano de 2008 entrou para a história como o ano em que o Brasil conquistou o posto de maior consumidor de agrotóxicos do planeta, posição antes ocupada por décadas pelos Estados Unidos da América. Já em 2009 foram comercializados 789.974 toneladas de agrotóxicos, distribuídos em mais de 400 tipos diferentes de substâncias, movimentando cerca de US$ 7 bilhões com a venda de aproximadamente 2.200 diferentes subprodutos no Brasil.

A imprensa brasileira e regional têm destacado algumas manchetes sobre os agrotóxicos há alguns anos, e temos os seguintes exemplos recentes: Mato Grosso lidera o consumo de agrotóxicos. Cidadão é exposto a 50 kg de agrotóxicos todos os anos. Proteste alerta para o teor de agrotóxicos nas uvas. Agrotóxico Endossulfam será proibido no País só em 2013. Mato Grosso é destino de agrotóxico ilegal que vem da China.

Servindo também de exemplo, apenas uma ação da Polícia Federal em setembro de 2011 foram apreendidos mais de 32 toneladas de agrotóxicos ilegais e/ou contrabandeados em Primavera do Leste, município que dista 237 km da capital mato-grossense e que tem grande de destaque na produção

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agrícola no estado, tendo sua economia baseada na soja e no algodão. Tais apreensões têm sido recorrentes em todas as regiões do estado.

Após consultas a algumas instituições governamentais, temos que os dados acerca dos insetos de importância agrícola para o estado ainda são incipientes para vários grupos, oriundos de estudos pontuais, e os dados oficiais ainda não foram reunidos numa publicação.

Os estudos em Mato Grosso ainda são incipientes em particular para os grupos de insetos polinizadores das várias culturas agrícolas, evidenciando a necessidade de pesquisas também nesta área, que pode ser uma fonte alternativa de renda para os produtores rurais para incrementar um sensível aumento na produtividade nas lavouras de várias culturas. De quebra, os produtores rurais poderiam obter lucro com um subproduto nobre derivado dos serviços gratuitos prestados pela abelha exótica Apis mellifera L., 1758: o mel.

De acordo como IBGE (2010), historicamente a produção de mel da abelha-do-mel no estado flutuou muito nas últimas décadas. Os primeiros registros datam de 1974, com uma produção de 60.709 kg, com uma severa redução na produtiva em 1979, com apenas 500 kg de mel. Em 1990, a produção registrada foi de 158.078 kg, e em 2000, 191.547 kg. Mais recentemente, a produção de mel de A. mellifera atingiu a marca de 493.879 kg em 2008, e no último levantamento foi de 428.035 kg.

É interessante notar que se desconhece a comercialização e, tampouco, a produção do mel das abelhas nativas da região Neotropical. Sem dúvida, uma das alternativas sustentáveis seria o manejo das várias espécies de abelhas-sem-ferrão (Apidae: Meliponini), que podem oferecer uma nova alternativa de renda com a produção de mel e de própolis, recursos com relativa abundância na Amazônia brasileira.

A expansão da área cultivada em Mato Grosso nos últimos 20 anos

De acordo com dados fornecidos pelo IBGE (2010), a área usada em 1990 para as culturas permanentes (abacate, banana, caqui, figo, goiaba, laranja, limão, maçã, mamão, manga, maracujá, marmelo, pera, pêssego e tangerina) foi de 119.736 hectares, passando a 95.999 ha no ano 2000, com redução para 51.794 ha em 2010.

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Já a área cultivada por culturas temporárias (soja, girassol, milho etc ) no estado foi de 2.356.878 hectares, passando a 4.715.558 ha no ano 2000, e atingindo a marca dos 9.376.401 ha em 2010. Isso vem a representar um aumento de aproximadamente 300% em duas décadas, podendo-se depreender daí o incremento acentuado no uso de agrotóxicos no território mato-grossense.

Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a área plantada com soja será de 6,8 milhões de ha no ciclo atual, com uma previsão de 21,5 milhões de toneladas colhidas no campo.

Mato Grosso como o celeiro do Mundo

Os agricultores no estado de Mato Grosso adquiriram em 2009 cerca de 73.284 toneladas de herbicidas, 16.262 toneladas de fungicidas, 33.568 toneladas de inseticidas, 26 toneladas de acaricidas, 57 toneladas de formicidas e mais de 13 toneladas de defensivos agrícolas, movimentando mais de R$ 2 bilhões. Esses são dados fornecidos Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (SINDAG). Neste cenário alarmante, Mato Grosso é de longe o estado da federação detentor do maior consumo de agrotóxicos: são aplicados 46,2 kg de agrotóxicos por habitante por ano, o maior volume do país, superando em mais de 1000% o índice nacional, que é em torno de 4 kg por brasileiro por ano, de acordo com a ANVISA.

Tomando como base o uso de agrotóxicos nos estados brasileiros, o SINDAG indica que mais de um bilhão de litros de veneno foram pulverizados no território brasileiro, dos quais mais de 150 milhões de litros foram aplicados nas lavouras do tão propalado ‘celeiro do mundo’: o estado de Mato Grosso. Para esta entidade, há a necessidade de se utilizar Medidas de Manejo Integrado (MIP), leia-se o uso de herbicidas, de inseticidas, de fungicidas etc para a ‘sustentabilidade’ da produção de alimentos, posto que as infestações por insetos de importância agrícola (denominadas pragas) causam cerca de 40% de danos à produção vegetal, sendo 15% das doenças causadas por fungos, por bactérias, por vírus, por nematoides etc.

No Brasil do século XXI são 84 fabricantes de defensivos agrícolas, cuja distribuição é realizada por 6.000 revendas e mais 1.500 cooperativas

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agrícolas. Estão registrados no país 1.500 produtos comerciais, sendo 476 herbicidas, 398 inseticidas, 383 fungicidas, 160 acaricidas, 26 nematicidas, 15 bactericidas, 18 inseticidas biológicos e 6 cupinicidas, sendo pouco mais da metade de tais agrotóxicos moderadamente ou pouco tóxicos. Das 725 mil toneladas de produtos formulados e comercializadas em 2009, as principais classes foram os herbicidas (429.693 t; US$ 2,5 bilhões), os inseticidas e os acaricidas (150.189 t; US$ 2,1 bilhões), os fungicidas (89.889 t; US$ 1,8 bilhões) e outros, os quais responderam por 55.806 toneladas. A soja é a principal cultura (48%), seguida do milho (11%), cana-de-açúcar (8%), algodão (7%), café (4%) e citros (3%) (Menten et al. 2010).

Mato Grosso é o Estado líder em vendas de agrotóxicos, respondendo por 20% do faturamento das empresas, sendo seguido por São Paulo (15%), pelo Paraná (14%), pelo Rio Grande do Sul (11%), por Goiás (10%) e por Minas Gerais (9%). Segundo o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV), que gerencia a destinação das embalagens vazias de agrotóxicos em 412 unidades de recebimento, em 2009 foram recolhidas 28,7 mil toneladas de embalagens, sendo 94% das embalagens plásticas coletadas, o que lançou o Brasil ao posto de 1º lugar no mundo também neste quesito: desde 2005 foram retiradas do campo 584 toneladas de embalagens (Menten et al. 2010).

Para o SINDAG, o uso da tecnologia de defensivos agrícolas no Brasil ainda é considerado relativamente baixo (US$ 88/ha) quando comparado com a França (US$ 197/ha) e com o Japão (US$ 851/ha), sendo o custo para o agricultor brasileiro bem menor (US$ 7,40/t) quando comparado ao EUA (US$ 9,41/t), França (US$ 22,14/t) e Japão (US$ 72,87/t).

O SINDAG ressaltou, todavia, a maior necessidade de utilização de defensivos no Brasil nas culturas da soja (ferrugem), do milho (lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae. Fig. 1), manchas foliares) e do algodão (manchas foliares, bicudo

Anthonomus grandis Boheman, 1843 (Coleoptera: Curculionidae. Fig. 2) e Bemisia tabaci (Gennadius, 1889) (Homoptera, Aleyrodidae. Fig. 3)).

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Fig.1. S. frugiperda. Fig. 2. A. grandis. Fig. 3. B. tabaci. Fonte: Embrapa Algodão (2011)

Dentre outros insetos que causam danos às plantações do coqueiro (Fontes et al. 2002) podemos destacar os besouros (Coleoptera: Curculionidae) da broca-do-olho-do-coqueiro ou bicudo Rhynchophorus palmarum L, 1764, da broca-do-estipe ou broca-do-tronco Rhinostomus barbirostris Fabricius, 1775, da broca-do-pedúnculo-floral-do-coqueiro Homalinotus coriaceus Gyllenhal, 1836.

Algumas das infestações por insetos registradas para a cultura do arroz nas terras altas de Mato Grosso (Barrigossi et al. 2006) são o percevejo-do-grão Oebalus poecilus (Dallas, 1851) (Fig. 4), o percevejo-do-percevejo-do-grão Mormidia sp. (Fig. 4) e o percevejo do colmo Tibraca limbativentris Stal, 1860 (Fig. 4)

(Heteroptera, Pentatomidae).

Fig. 4. O. poecilus Fig. 5. Mormidia sp. Fig. 6. T. limbativentris Fonte: Embrapa Arroz e Feijão (2006)

Os insetos acima elencados são uma parte do problema que assola as lavouras em Mato Grosso, e diante desse cenário se faz necessário buscar dados atualizados nos órgão que tratam da defesa agrícola no estado, tanto dos insetos quanto do uso indiscriminado de agrotóxicos usados para o controle populacional de tais infestações.

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Contrapondo o SINDAG, a ANVISA tem trabalhado na reavaliação de várias substâncias ativas, mas proibiu apenas o uso de quatro ingredientes ativos e restringiu severamente o uso de outros 19, utilizados na fabricação de mais de 300 agrotóxicos no país. Decisões judiciais impediram a agência de realizar a reavaliação de 14 ingredientes ativos utilizados em mais de 200 agrotóxicos. Apoiada pela sociedade civil organizada e pela Advocacia Geral da União, a ANVISA conseguiu reverter as decisões judiciais para a reavaliação de 13 substâncias ativas, a exceção do Acefato. Isso fez com que o Brasil continuasse a produzir e a importar agrotóxicos proibidos em diversos países, como os EUA, a União Europeia e a China.

Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos

Os dados fornecidos em 2009 pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) e divulgados recentemente pela ANVISA são alarmantes porque exames feitos em 20 alimentos usados frequentemente pelos brasileiros apontaram contaminação por agrotóxicos não autorizados e a presença de resíduos químicos acima do limite permitido, o que amplia ainda mais os riscos para a saúde humana. Assim como a ANVISA, em 2009 o IDEC efetuou testes e identificou a presença do agrotóxico Endossulfan (associado a danos aos sistemas nervoso, imunológico, endócrino e malformações em embriões e nos fetos), produto proibido para a lavoura do feijão.

Os casos mais graves foram registrados no pimentão, com 80% das amostras contaminadas por agrotóxicos, seguidos da uva (56,4%), do pepino (54,8%) e do morango (50,8%) e, por último, o feijão, com ‘apenas’ 3% das amostras insatisfatórias. Neste sentido, o IDEC sugere que a melhor opção é consumir alimentos orgânicos e, quando comprar alimentos convencionais, dar preferência aos produtos da época, desde que com origem identificada, controlada.

Visão estratégica para perceber o futuro

Considerando-se, a partir de um ponto de vista macro-estratégico, que grande parte de todo o volume de inseticidas comercializados em Mato Grosso é direcionada para controlar um número relativamente pequeno de espécies de insetos potencialmente pragas de alto impacto econômico, o direcionamento mais lógico quanto aos esforços em pesquisas sobre os métodos de controle

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recai, certamente, no controle biológico e na resistência de plantas a insetos. Ainda que alguns outros métodos também possam ser utilizados com eficiência em alta escala, como plantas/culturas armadilhas, os métodos culturais, a utilização de feromônios, dentre outros. Na Tabela 1 apresentamos uma dimensão desta questão, na perspectiva comentada acima.

Tabela 1. Principais infestações agrícolas das grandes culturas no Estado de Mato Grosso, relativas às safras durante o período de 2005 a 2010.

Cultura Vernáculo (nome comum) Espécie Status e o

Potencial de uso do CB Algodão Pulgões Aphis gossypii Golver,1887

Myzus persicae Sulzer, 1776

Médio Curuquerê-do-algodão Alabama argilacea (Hüebner, 1818) Baixo Bicudo-do-algodoão Anthonomus grandis Boheman, 1893 Baixo Lagarta Spodopetra frugiperda (Smith, 1797)

Spodopetra eridania (Stoll, 1782)

Baixo Lagarta-rosada Pectinophora gossypiella Saunders, 1844 Baixo Mosca-branca Bemisia tabaci (Gennadius, 1889) Baixo Lagarta-falsa-medideira Pseudoplusia includens (Walker, 1857) Médio Soja Lagarta-da-soja Anticarsia gemmattalis Hübner, 1818 Alto

Lagarta-falsa-medideira Pseudoplusia includens (Walker, 1857) Médio Percevejo-pequeno Piezodorus guildini (Westwood, 1837) Médio Percevejo-marrom Euschistus heros (Fabricius, 1794) Médio Percevejo-castanho Scaptocoris castaneae (Perty, 1830) Médio Tamanduá-da-soja Sternechus subsignatus Boheman, 1836

Vaquinhas (complexo de espécies) Cerotoma sp Megascelis sp Maecolaspis sp Baixo

Mosca-branca Bemisia tabaci Médio

Milho Larva-alfinete Diabrotica spp. Médio

Lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda Alto Lagarta-da-espiga Helicoverpa zea (Boddie, 1850) Baixo Lagarta-elasmo Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848) Baixo Lagarta-rosca Agrotis ipsilon Hufnagel, 1766 Baixo Percevejo-barriga-verde Dichelops furcatus (Fabricius, 1755) Baixo

Arroz Lagarta-elasmo Elasmopalpus lignosellus Baixo

Lagarta-rosca Agrotis ipsilon Baixo

Curuquerê-dos-capinzais Mocis latipes Baixo

Lagarta-militar Spodoptera spp Baixo

Cana- de-açúcar

Broca-da-cana-de-açúcar Diatraea sacchralis (Fabricius, 1794) Alto Broca-gigante Telchin licus (Drury, 1773) Baixo

Lagarta-elasmo Elasmopalpus lignosellus Baixo

Curuquerê-dos-capinzais Mocis latipes (Guennée, 1852) Baixo Cigarrinhas

(complexo de espécies)

Mahanarva fimbriolata (Stål, 1854) Médio

Percevejo-castanho Scaptocoris castaneae Médio

Complexo de coleobrocas Stenocrates sp

Migdolus fryanus (Westwood, 1863) Sphenophorus levis (Vaurie, 1978) Metamasius hemipterus L. 1765

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De um modo geral, este cenário evidenciado para o Estado de Mato Grosso é um reflexo do que ocorre na maior parte do Brasil, principalmente nas regiões onde as grandes monoculturas são implantadas. O desafio que se apresenta, portanto, é como priorizar, no sentido de motivar e mobilizar esforços para a utilização de métodos de controle de insetos que sejam alternativos ao uso de inseticidas.

Fig. 7. Euschistus heros, percevejo-marrom: seus danos à cultura são semelhantes aos dos outros percevejos já descritos. Ainda podemos dizer que esse percevejo tem importância maior em regiões de temperaturas elevadas e nos estados de latitudes mais baixas.

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Fig. 8. Adulto do tamanduá-da-Soja Elasmopalpus lignosellus.

Fig. 9. Larva de Telchin licus (Foto: FEREIRA, M. N. 2011)

Considerações Finais

Antes consideradas práticas inapropriadas por alguns setores produtivos, que ainda usam a Revolução Verde como pretexto para o uso indiscriminado de vários matizes de agrotóxicos, o cultivo de produtos orgânicos se torna cada vez mais importante na sociedade do século XXI e é reconhecido como prática sofisticada justamente pela elevada diversidade de

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culturas agrícolas empregadas em cultivos múltiplos, vindo a prover dieta variada, gerar renda, reduzir riscos de enfermidades, de infestações por insetos e doenças várias, de modo a deixar em evidência as vantagens da policultura sobre a monocultura (Altieri 1989).

Diante desse cenário, a Agroecologia tem buscado retomar o seu devido lugar e é uma das bases científicas para a construção de novos paradigmas socioambientais, onde o uso intensivo de agroquímicos visando o lucro rápido com elevado custo socioambiental terá que ceder espaço para o retorno de práticas agrícolas baseadas em alguns princípios ecológicos, como o controle biológico de infestações nas lavouras, uma área em franca expansão em que pode reduzir de forma considerável o volume de agrotóxicos no campo, o que viria a trazer benefícios diretos à saúde humana e à melhoria na integridade e na saúde dos ecossistemas brasileiros.

Outra perspectiva, também interessante e viável, está associada aos produtos biológicos de controle, que são menos agressivos à saúde humana que os agrotóxicos (químicos) tradicionais, cujo uso foi autorizado pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) a partir das conclusões do Comitê Técnico para Assessoramento para Agrotóxicos (CTA), que reúne integrantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da ANVISA e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

O programa federal de incentivo ao registro de produtos biológicos visa ampliar o uso de defensivos biológicos, ora representando apenas 3% do segmento, ou 41 produtos dentre as 1.430 marcas comercializadas no país. Há uma projeção que até 2015 entre 7% a 10% dos agrotóxicos autorizados para venda no Brasil sejam biológicos.

Dentro desta perspectiva, um programa de manejo de pragas de qualquer cultura agrícola, que esteja estruturado técnica e eticamente, deve seguir os preceitos fundamentais do manejo integrado de pragas – MIP, priorizando-se o compromisso com a redução dos riscos de intoxicações, de contaminações e de desequilíbrios ecológicos. Neste sentido, as tendências atuais estão na utilização de inseticidas de baixa toxicidade, produtos seletivos, devido a mecanismos de ação específicos, controle biológico e uso mais

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intenso de métodos de monitoramento, especialmente através de feromônios sexuais.

A utilização de alguns produtos biológicos, especialmente entomopatógenos (Beauveria bassiana, Nomuraea rilyei e Baccilus thuringiensis, Bt) têm se mostrado tão eficientes quanto o uso de inseticidas

químicos, como tem ocorrido no controle de lagartas, cigarrinhas e alguns coleópteros, em várias culturas. Através das plantas geneticamente modificadas, num primeiro momento, com a introdução de genes de B.

thuringiensis, já podem ser observadas algumas modificações significativas nas

estratégias de manejo de algumas pragas, principalmente nas culturas de milho, soja e algodão. Cabe-nos, a partir deste conjunto de tecnologias, construir modelos apropriados para serem operacionalizados dentro da perspectiva da sustentabilidade.

Neste sentido, é evidente a necessidade de um trabalho sinérgico envolvendo todos os setores da sociedade, desde os órgãos públicos, como o MAPA, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público Estadual (MPE/MT), a CONAB, a EMATER, a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), instituições que possuem pesquisadores qualificados para desenvolver pesquisas aplicadas e monitorar a qualidade das águas, dos solos, do ar e avaliar a integridade da fauna nativa e as implicações do uso de agrotóxicos.

Também as ONGs e as entidades representantes do setor produtivo poderiam trabalhar em sinergia para que se tenham dados reais sobre os impactos negativos na fauna de insetos devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos no estado.

Referências

Altieri MA (1989) Agroecologia. As bases científicas da Agricultura Alternativa. PTA/FASE, Rio de Janeiro, 240p.

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Da Silva, CAD (2011) Pragas do algodoeiro. Embrapa Algodão. Disponível em: http://www.cnpa.embrapa.br/produtos/algodao/publicacoes/cba7/VIICBA_palest

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