EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DAS CÂMARAS REUNIDAS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS
ICLEIA PESSOA RÊGO, brasileira, solteira, comerciante, vice-prefeita da cidade de Tefé/AM, portadora da CI/R nº 3063568-3 SSP/AM, cpf 642724272-53, domiciliada e residente à Rua Tamuana nº 2055- Mutirão, Tefé, Amazonas, cep : 69470-000, por sua advogada infra-assinado, conforme documento de procuração , com escritório situado à Rua do Comércio 2, nº41, Parque Dez de Novembro, Manaus, Amazonas, cep:69055-000, aonde recebe, intimações, citações, avisos e demais documentos de praxe, vêm perante Vossa Excelência, impetrar
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR
contra ato do SENHOR ANTENOR MOREIRA PAZ, PREFEITO
MUNICIPAL DA CIDADE DE TEFÉ, que poderá ser encontrado na sede
da Prefeitura à Rua Olavo Bilac, Centro,no Município de Tefé, cep: 69470-000.
I – DO CABIMENTO
Os atos administrativos, em regra, são os que mais ensejam
lesões a direitos individuais e coletivos; portanto estão sujeitos a impetração de Mandado de Segurança.
O objeto do Mandado de Segurança será sempre a correção de ato ou omissão de autoridade, desde que, ilegal e ofensivo de direito individual ou coletivo, líquido e certo, da Impetrante.
O Art. 5º, LXIX,da Constituição Federal do Brasil, determina:
“Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público”.
O art.37 da Constituição Federal dispõe:
“ A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...”
Assim, mediante a negativa do Impetrado em efetuar o pagamento do salário do mês de fevereiro e posteriores da Vice- Prefeita do Município de Tefé, ora Impetrante,ferindo os direitos constitucionais, direito líquido e certo, e em conformidade do Art.50, II, “e”, da Lei Complementar nº17/97- Lei da Divisão e da Organização Judiciária do Amazonas, é competente para a apreciação do presente Mandado de Segurança as Colendas Câmaras Reunidas do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas.
II – DA TEMPESTIVIDADE
Em virtude da negativa do pagamento dos subsídios da Impetrante desde o último dia útil do mês de fevereiro de 2014, ou seja, 28/02/2014, bem como do afastamento de fato das funções de Vice- Prefeita, encontra-se o presente totalmente tempestivo.
III-DOS FATOS
A Impetrante foi eleita vice-prefeita da cidade de Tefé, nas eleições municipais de 7 de outubro de 2012, juntamente com o prefeito, Senhor Antenor Moreira Paz, conforme Diploma Eleitoral expedido pela 9ª Zona Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral, documento em anexo.
Assim, a Impetrante tendo em vista o cargo político exercido, recebe como remuneração o valor de R$ 9.000,00 ( nove mil reais), conforme documento em anexo.
Entretanto, algumas diversidades ideológicas estão acarretando graves lesões aos direitos constitucionais e eleitorais, bem como, às atividades laborais da Vice- Prefeita.
Surpreendentemente, o impetrado inconformado com os questionamentos realizados pela Impetrante, decidiu pelo não
pagamento dos subsídios desta, e consequentemente por inúmeras
represálias e ameaças. Portanto, vem, sem outra alternativa, recorrer
ao Poder Judiciário a modo de reaver o que é deveria ser seu
Ademais, a Impetrante está sendo impedida de exercer, efetivamente o cargo de Vice- Prefeita, ao qual faz jus, conforme foi eleita pelo voto popular.
Conforme se comprova nos autos, duas notificações da Impetrante ao atual Prefeito do Município de Tefé,foram emitidas, o qual até o momento, sequer manifestou-se a modo de resolver o embate, ora questionado.
Tão logo, junta em anexo, o extrato bancário da Impetrante, onde comprova-se a falta do pagamento do mês de fevereiro de 2014.
Na realidade o que se passa é a mais pura coação e constrangimento por parte do Impetrado, ao negar o pagamento do salário da Impetrante, e impedi-la de exercer seu cargo.
Esta atitude destoa do sistema jurídico vigente, ou seja, de prevalência do interesse particular em desfavor do interesse público, social, fundamental e constitucional da Impetrante.
IV-DO ABUSO DE PODER E ILEGALIDADE
Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de poder se configura como ilegalidade. Não se pode permitir que a conduta de um agente público, fora dos limites, possa compatibilizar-se com a legalidade.
Frisa-se que o Impetrado, Agente público deveria prezar sobre o bem estar da coletividade, o Interesse Público, administrar o Município conforme a Legislação, os Princípios Administrativos e Constitucionais.
Desta feita, não priorizar desavenças pessoais deixando de realizar com a devida eficácia e probidade, a administração Municipal.
Do momento da negativa em efetuar o pagamento do salário da Vice- Prefeita, ora Impetrante, por mera liberalidade, sem
atividades laborais, resta evidenciado o abuso de poder por parte do Impetrado.
Como se não bastasse, o Impetrado comunica para todos que estiverem presentes na Prefeitura e moradores, que não realizará qualquer pagamento de salário a Impetrante.
Assim, pela atuação duvidosa do Impetrado, bem como a justa expectativa da sociedade de uma eficiente, espontânea e integral defesa dos mesmos interesses, notadamente os relacionados com a probidade administrativa, a proteção do patrimônio público e social, a qualidade dos serviços públicos e de relevância pública, se faz necessária a Intervenção do Ministério Público.
A jurisprudência dispõe de caso semelhante já julgado, a saber:
TJ-PI - Apelação Cível AC 200900010025838 PI (TJ-PI)
Data de publicação: 29/06/2010 Ementa: APELAÇAO CÍVEL. NAO PAGAMENTO DOS VENCIMENTOS E DOS SUBSÍDIOS DO VICE-PREFEITO. ILEGALIDADE. INCONTROVERSO O NAOPAGAMENTO AO VICE-PREFEITO DOS VENCIMENTOS E DOS SUBSÍDIOS A QUE TEM DIREITO. 1- O sistema remuneratório dos agentes políticos municipais está determinado pela Constituição Federal , notadamente no seu art. 29 , devendo, entretanto, ser fixado por lei de iniciativa da Câmara Municipal, de cada Municipalidade. Sentença mantida, decisão unânime.
TJ-SE - MANDADO DE SEGURANÇA MS 2011123221 SE (TJ-SE)
Data de publicação: 23/05/2012
Ementa: MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. SUSPENSAO DO PAGAMENTO DE SUBSÍDIO FIXADO EM LEI DO VICE-PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CARIRA. ATO ILEGAL A SER REPARADO PELO MANDAMUS. ORDEM CONCEDIDA. - Se o agente público deixa de recebervencimentos, parciais ou integrais, por ato abusivo do poder público, o mandado de segurança pode garantir o pagamento, porque a autoridade coatora, no ato de esquivar-se de sua obrigação, não efetuando o pagamento ao servidor, omite-se
ante as determinações legais, afrontando diversos princípios constitucionais, incorrendo, portanto, em patente ilegalidade. Encontrado em: TRIBUNAL PLENO Impetrante: GEOFRANCIO DE JESUS REIS. Impetrado: PREFEITA DO MUNICIPIO DE CARIRA
TJ-BA - REEXAME NECESSÁRIO REEX 2620922008 BA 26209-2/2008 (TJ-BA)
Data de publicação: 10/02/2009
Ementa: ADMINISTRATIVO - REMESSA NECESSÁRIA - MANDADO DE SEGURANÇA - VICE-PREFEITO MUNICIPAL - SUBSÍDIO - SUSPENSAO DOPAGAMENTO POR ATO DO
PREFEITO - AUSÊNCIA DE MOTIVAÇAO IDÔNEA -
ILEGALIDADE MANIFESTA - SEGURANÇA CONCEDIDA. 01. É MANIFESTAMENTE ILEGAL O ATO DO ALCAIDE QUE
DETERMINA A SUSPENSAO DO PAGAMENTODOS
VENCIMENTOS DO VICE-PREFEITO, SEM INDICAR
QUALQUER MOTIVO RAZOÁVEL. 02. JAMAIS A SUSPENSAO
DO PAGAMENTO A UM SERVIDOR ESPECÍFICO SE
AFIGURARÁ COMO MEDIDA LEGÍTIMA. RETER AS VERBAS DE APENAS UM AGENTE PÚBLICO, SOB O PRETEXTO DE CONTENÇAO DE DESPESAS, BEIRA O ABSURDO, REVELANDO A UTILIZAÇAO DA MÁQUINA PÚBLICA PARA PROMOVER MANOBRA POLÍTICA. 03. SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO.
Portanto, evidente que a atitude do Impetrado é abusiva e ilegal, violando os direitos constitucionais da Impetrante, bem como de atuar em seu cargo, devendo o Ministério Público intervir no Município, para que seja sanada qualquer ilegalidade.
Diante da Carta Magna, da Doutrina e da Jurisprudência
aqui expostas e demais matérias reguladoras da espécie, claros estão os atos abusivos e ilegais que sofre o impetrante.
Mostram os fatos e provados estão, que houve abuso de autoridade, sendo certo os danos causados a impetrante e sua família, além dos moradores do Município, que mediante as atitudes contrárias ao Princípios Administrativos Constitucionais, age com improbidade, lesionando a todos.
Manifesto está o perigo do dano patrimonial, moral e a necessidade “in continenti” do pedido.
ISTO POSTO, a impetrante requer a V. Exª. deferir a segurança LIMINARMENTE INALDITA ALTERA PARTS, ante a ofensa ao direito líquido e certo e o perigo da demora.
O “fumus boni iuris” apresenta-se fartamente demonstrado pelo impetrante nos autos, onde se comprova a existência do direito incontestável, líquido e certo, requerido.
Assim, anexa aos autos, as notificações enviadas ao Prefeito, para que regularizasse o pagamento do salário, bem como os extratos bancários, onde não consta o depósito do salário do mês de fevereiro.
Nobre Julgadores, cristalino está o direito da Impetrante em ver concedida a medida liminar pleiteada.
O “periculum in mora” é fato indiscutível, questão de vida e sobrevivência familiar ameaçada que está, mais ainda será pela demora na prestação jurisdicional.
Em que pese o fato do não recebimento do salário da Impetrante, ser de extrema importância, de caráter alimentar, a questão também se baseia no fato do impedimento de exercer efetivamente o seu cargo político, atingindo diretamente a sociedade de Tefé.
Sobretudo, sendo certo que o comportamento do Impetrado em relação à Impetrante, encontra ampla rejeição no ordenamento jurídico brasileiro.
VI - DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
1)Que seja deferida a LIMINAR INALDITA ALTERA PARTS, a imediata reintegração de fato, ao cargo da impetrante, assim como o pagamento das verbas remuneratórias desde a data da impetração deste mandado e o deferimento definitivo da presente segurança confirmando a liminar deferida, em 48 horas, sob pena de prisão do Prefeito Municipal de Tefé, o Senhor ANTENOR MOREIRA PAZ;
2)Que seja notificada a autoridade coatora para que preste informações;
3)Que seja concedido o benefício da gratuidade da justiça, uma vez que a Impetrante não recebera salário desde o mês de fevereiro de 2014, encontrando-se hipossuficiente;
4)Que os autos sejam remetidos ao
ilustre Ministério Público, para que se necessário, haja a Intervenção no Município de Tefé.
Tudo por medida da mais relevante
JUSTIÇA!
Dá-se à causa, o valor de R$ 108.000,00 (cento e
oito mil reais).
Termos em que Pede Deferimento
Manaus, 24 de março de 2014.