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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS: POLÍTICAS DE INCLUSÃO INDÍGENA E SEUS REFLEXOS NAS EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS: POLÍTICAS DE

INCLUSÃO INDÍGENA E SEUS REFLEXOS NAS

EXPERIÊNCIAS ACADÊMICAS

Iracy Martins de Amorim(UFT)1 iracyamorim@uft.edu.br Carlos Alberto Moreira de Araújo Junior(UFT)2

adm.junior@uft.edu.br Carlos Wiennery da Rocha Moraes(UFT)3

carloswmr@hotmail.com

Resumo: Este estudo, em fase inicial, busca problematizar as políticas de inclusão indígenas e seus reflexos nas experiências desses sujeitos, na Universidade Federal do Tocantins (UFT). Objetivamos analisar como as políticas de inclusão indígena se materializam nas experiências desses acadêmicos, vivenciadas no processo de formação. Nesse sentido, daremos voz aos discentes a fim de emergir escutas que contribuam para uma melhor receptividade e adequação, desses sujeitos, nesse processo, uma vez que essa comunidade indígena, historicamente, foi injustiçada e ficou excluída da civilização urbana. A metodologia consiste, primeiramente, na pesquisa de campo na UFT, pelo período de 3 (três) meses para observarmos os movimentos acadêmicos no que toca a essa temática. Após, partiremos para observação participante, em sala de aula. Na oportunidade, faremos uso de ficha-roteiro para registrarmos a relação entre professores, alunos indígenas e não indígenas e, assim, delinearmos o questionário semi-estruturado a ser aplicado aos sujeitos da pesquisa. As indagações serão abertas e fechadas. De posse do questionário aplicaremos perguntas a 20 (vinte) acadêmicos indígenas. Para complementar, entrevistaremos os professores para compreendermos como esses profissionais contribuem nessa temática, nas aulas expositivas. Os dados terão como finalidade buscarmos resultados que nos façam conhecer as dificuldades enfrentadas, por acadêmicos indígenas, no processo de formação, assim como, os desafios provocados, em razão do impacto e contraste da cultura indígena e a vida que esses sujeitos experienciam na capital de palmas.

Palavras-chave: Políticas de inclusão indígenas, formação, universidade.

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Graduada em Ciências Contábeis e Pós-Graduada em Gestão e Auditoria na Administração Pública.

2

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Luterana do Brasil (CEULP/ULBRA).

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INTRODUÇÃO

Hoje, convivemos em um mundo, multifacetado, envolvido por ideologias dominantes, caracterizado por contrastes e desigualdades, onde, a grande maioria da população sofre escassez e exclusão. Não se trata apenas de má distribuição de recursos financeiros, mas de outros bens e direitos necessários a uma sociedade constituída por classes desiguais. Nesse sentido, concordamos com Guimarães (2002, p.17) ao citar que “O político se constitui pela contradição entre a normatividade das instituições sociais que organizam desigualmente o real e a afirmação de pertencimento dos não incluídos”.

A percepção do sentimento de exclusão é nítida no discurso da população indígena e provoca certas coerções de força, que contribuem para a legitimidade de ações de inclusão no âmbito das instituições públicas. Essa reação popular tem surtido efeito nas políticas estatais e precisa ser mais consistente, pois ainda é pouco expressiva, no que toca às questões desses sujeitos. Em razão disso, nesse trabalho, procuramos dar voz aos acadêmicos indígenas para compreendermos como as legislações, voltadas para essa comunidade, são trabalhadas na Universidade Federal do Tocantins (UFT) e como elas se materializam no processo acadêmico.

Nessa direção, do contexto de ações sociais indígenas, entendemos que a eficiência dessa política não se otimiza apenas pelo fato de se abrir cotas para esses sujeitos, mas também, da necessidade do entendimento que socialmente essa comunidade tem costumes diferenciados que devem ser considerados e respeitados para que eles possam ser incluídos, de fato, na universidade e na sociedade urbana. Em razão disso, a pergunta norteadora desse trabalho é: Como se efetiva o processo de formação indígena na Universidade Federal do Tocantins – UFT – campus de Palmas TO? Com base nesse questionamento formulamos o nosso objetivo geral que é analisar as políticas de inclusão indígena e como elas se materializam nas experiências desses acadêmicos, vivenciadas no processo de formação na Universidade.

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METODOLOGIA

A pesquisa se define como “um estudo de caso, de natureza qualitativa, compreendido como uma estratégia metodológica que consiste na abordagem, com técnicas apropriadas, de situações específicas” (DUARTE, 2011, p. 70). O caso pode ser um acontecimento, individual ou coletivo, dentro de um determinado contexto ou situação social, caracteriza ainda, conforme Yin (2005), uma forma de se fazer pesquisa investigativa de fenômenos atuais dentro de seu contexto real, em situações em que as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não estão claramente estabelecidos (DURTE, 2011).

Para iniciar, faremos um estudo bibliográfico sobre o tema, buscando a identificação de um grande número possível de informações, com ênfase nos trabalhos já concluídos que envolvem o estudo dos indígenas na universidade. As fontes a serem pesquisadas incluem principalmente artigos, livros, dissertações, teses e publicações científicas outras. Consideramos no corpus do trabalho o sistema de cotas indígenas que determina 02 acadêmicos indígenas em cada curso. Também será considerada a quantidade de cursos oferecidos no campus pesquisado.

Pretendemos realizar pesquisa de campo, no período de três meses. Observaremos os movimentos estudantis que envolvem questões indígenas na UFT. Na ocasião, faremos a observação participante em sala de aula, registrando em ficha-roteiro acontecimentos, bem como impressões em torno da relação professores-alunos indígenas e professores-alunos não indígenas e a relação entre todos os alunos. A observação participante é definida por Erthal (2003, p. 38) como “uma técnica, cuja finalidade é levantar o “maior número de informações nas áreas cognitiva, afetiva e psicomotora”, estando a primeira entre as mais complexas”.

Nessa ocasião, será aplicado um questionário a 20 (vinte) acadêmicos indígenas da UFT. Este questionário será composto por questões de caráter semi-estruturado, com perguntas fechadas e abertas. Entrevistaremos, na oportunidade, professores da graduação a fim de compreendermos como eles contribuem no processo

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de formação dos alunos que têm muitas vezes a Língua Portuguesa como segunda língua, portanto, podem apresentar dificuldades básicas, não tão perceptíveis em alunos não indígenas. O estudo será realizado na Universidade Federal do Tocantins, em Palmas.

Os dados terão a finalidade de apresentar resultados que nos façam conhecer as dificuldades enfrentadas por estudantes indígenas na academia, bem como os desafios provocados em razão do contraste da cultura indígena e a vida que esses sujeitos experienciam na universidade. Para tanto, os dados serão analisados pelo cruzamento das informações geradas por questionários e entrevistas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Brasil surgiu, no século XV4, por intermédio de uma política expansionista, na qual, Portugal, formou nesse território uma colônia de exploração. Para que houvesse a estabilização do poder da coroa portuguesa na colonia era necessário, que esse país, imposse sua ideologia dominante para postergar sua autoridade. Nesse sentido, era necessária a manipulação das classes que aqui viviam. Nesse contexto, sendo o índigena nativo no território brasileiro, ele foi um dos primeiros a passar pelo processo de subordinação. Para isso era necessário que os padres Jesuítas ensinassem a essa comunidade regras de conduta a fim de promover a manipulação e exploração dessa comunidade (MORAES, 2013)

Segundo Meliá, “pressupõe-se que os índios não têm educação, porque não tem a nossa cultura’’(MELIÁ, 1979, p. 9)”. Esta afirmação direciona algo totalmente discriminatório que vem se arrastando ao longo da história, pois eles possuem uma cultura, uma língua que constroem sua identidade. Segundo Coracini (2010), não há como falar de identidade sem questionar a subjetividade. Nesse sentido, o sujeito indígena contribuiu com sua cultura voltada para a natureza, mesmo que em termos do sensu comum. Nesse sentido, a comunidade indígena é importante, pois como diz Boa Ventura, toda ciência nasce do senso comum.

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Por se tratar de uma comunidade acostumada com a liberdade e não se adaptar ao processo de escravidão, o indígena foi massacrado e ficou a margem da sociedade e por isso tem sofrido exclusão social até os dias atuais. É pensando em reparar as marcas provocadas pela injustiça histórica, no sentido de dirimir as desigualdades que as políticas públicas, ainda que de forma incipiente, têm procurado, através de ações sociais, abrir espaços para que os indígenas se adequem a sociedade urbana acreditamos que é através da educação que essa inclusão pode se efetivar. O artigo 205 da Constituição Federal de 1988 menciona que

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania (BRASIL 2006).

Apesar que, a Carta Magna, supracitada, apresente a educação, como direito de todos, observa-se que as comunidades indígenas continuam sendo desrespeitadas e marginalizadas, mesmo nos dias atuais. A reivindicação de uma política de educação escolar diferenciada e de qualidade ainda é motivo de luta coletiva de lideranças e organizações indígenas em amplitude nacional. Sendo a educação um direto de todos, necessariamente precisa-se de uma política educacional que seja coerente com a cultura dos povos indígenas.

A partir da Constituição Federal de 1988, o Estado Brasileiro estabeleceu uma nova postura de reconhecimento e valorização dos povos indígenas (BRASIL, 2010). A política integracionista da nova Constituição começou a reconhecer a diversidade das sociedades indígenas que havia no país, mas apontava como objetivo o fim desta diversidade. Para Maggie e Frey (2004), um País democrático deveria considerar cada ser humano como um cidadão, com os mesmos direitos e deveres, respeitando as diversidades culturais.

Biasi (2002) destaca as conquistas sociais garantidas na Constituição Federal de 1988, que, porém, aponta para a ausência de políticas públicas na área de educação que

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de fato direcionam, e garantam o direito à educação que atendam as particularidades da população indígena.

É preciso esforço para compreender as contradições que aborda entre os direitos constitucionais garantidos aos povos indígenas, e os problemas decorrentes de condicionamentos históricos e culturais, presentes na sociedade não-indígena, que dificultam à implantação e implementação de políticas públicas que estejam de acordo com as exigências legais e que sejam adequadas as comunidades indígenas (BIASI, 2002).

É nesse sentido que procuramos conhecer tais políticas e entender como elas se efetivam na experiência dessa comunidade. Logo, nesta pesquisa pretendemos dar voz aos indígenas para que falem de suas angústias e alegrias, decepções e conquistas no espaço universitário da UFT na capital do Tocantins.

Como um trabalho científico se pauta na relevância social, entendemos que este estudo pode trazer escutas que contribuam para uma melhor adequação, no processo de inclusão e formação indígena, uma vez que historicamente esses sujeitos foram excluídos da sociedade. Trata-se de entender a adaptação desse sujeito nessa nova realidade na universidade e no contexto urbano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A população brasileira é composta de uma multiplicidade de raças e etnias, que apontam para diferentes formas de sujeitos com identidades culturais diversas. É primordial que os contrastes das diferenças culturais indígenas sejam reconhecidos e dirimidos, por meio das ações de políticas públicas de educação. Há uma necessidade fundamental que tais políticas amenizem a distância e o preconceito entre indígenas e não indígenas, para a garantia dos direitos sociais. Portanto, com a análise das histórias de vida dos acadêmicos indígenas, na universidade, pretendemos buscar sentidos e escutas, que contribuam para promoção da equidade social, a fim de melhorar o

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planejamento de ações nas políticas públicas relacionadas ao currículo universitário no que toca as questões indígenas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição Federal do Brasil. Brasília: Senado, 2006.

BIASI. M. F. A Política Estadual de Assistência Social.” Povos indígenas e políticas públicas da assistência social no Rio Grande do Sul” Subsídios para a construção de políticas públicas diferenciadas às Comunidades Kaingang e Guarani. Secretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social– STCAS Estado do Rio Grande do Sul, ano 2002.Porto Alegre/RS: 2002, v., p. 37-40.

CORACINI, M. J. R. F. Discurso e escrit(u)Ra: entre a necessidade e a (im)possibilidade de ensinar. In: Escritura de si e a alteridade no espaço papel tela – alfabetização, formação de professores, línguas materna e estrangeira / Beatriz M. Eckert-Hoff e Maria J. R.F. Coracini (org). Campinas, SP: mercado de letras, 2010. ERTHAL, T. C.. Manual de psicometria. 7. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. DUARTE, Jônatas G. Análise discursiva das práticas de educação ambiental no ensino fundamental: estudo de caso em uma escola municipal em palmas – TO. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente da Fundação Universidade Federal do Tocantins– UFT. Disponível em http://www.uft.edu.br/ciamb/documentos/Dissertacoes/jonatas2011.pdf. Acesso em novembro de 2011.

GUIMARÃES, E. Os limites do Sentido. Campinas: Pontes Editores, 2002;

MEILÁ, Bartolomeu. Educação Indígena e Alfabetização. São Paulo: Loyola, 1979. MORAES, C. W. da R. Histórias de vida e formação: análise de relatos de professores licenciados em matemática pela EaD/ Unitins. 2013. 196 f. (Dissertação Mestrado em Letras: Ensino de Língua e Literatura) Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal

do Tocantins, Araguaína, 2013. Disponível em

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MAGGIE, Y; FRY, P. A Reserva de Vagas para negros nas universidades brasileiras. Revista Estudos Avançados. V.18 n.50, São Paulo: Scielo Brasil, 2004. SOUZA, C. Politicas Públicas: Uma Revisão da Literatura. IN. sociologia nº 16. 2006.

YIN, R K. Estudo de caso. Planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

Referências

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