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Parecer sobre filme de domingo, dia 28 de Outubro 2012

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Parecer sobre filme de domingo, dia 28 de Outubro 2012

Nos dias que se seguiram, recebi algum correio de telespectadores, todo ele crítico em relação à exibição do referido filme:

“Reparei esta tarde no filme que passou na RTP1, e qual não foi o meu espanto, quando verifiquei alguma linguagem que pode perfeitamente ser considerada obscena para um filme que nem classificação M18 parece ter. Não me parece adequado que termos (substitutivos de pénis) que nem me atrevo a escrever aqui, sejam apresentados (nem neste horário nem em outro). Não me parece que seja de interesse público este tipo de conteúdos, apesar do filme parecer inofensivo.”

____________

“Serve o presente para demonstrar a minha indignação pela emissão do filme Adoro-te à Distância, emitido entre as 17:15 e às 19:08 de 28-10-2010 (domingo).

Filme com nudez explícita e linguagem indecente, indigna de uma televisão de serviço público, ao domingo”

__________

Comentário - Filme da RTP 1 "Adoro-te...à Distância"

“Sr Provedor, quero apresentar o meu mais veemente protesto pela exibição

pornográfica do "adoro-te a distancia "' pois considero um escândalo passar filmes deste tipo as 6 horas da tarde. Por favor, senhores responsáveis da programação, tenham decência e pudor! Lembrem-se de que há crianças a ver TV a esta hora." __________

Reclamação: A RTP não educa mas expõe a imoralidade em horário familia

“Exmo. Sr. Provedor, Acha que vale a pena? Qual o papel pedagógico e formativo da RTP? Os programadores e responsáveis educam também assim os seus filhos e netos?

Face a este correio pedi um esclarecimento ao Diretor de Programas, Hugo Andrade:

31 de Outubro de 2012

(2)

Caro Diretor

Recebi algumas queixas sobre o filme que a RTP emitiu, na tarde de domingo.

Gostaria de ter a sua reação urgente sobre o porque foi este emitido e porque não foi suspensa a sua emissão.

Cumprimentos

José Carlos ABRANTES

Dado que não recebi qualquer resposta fiz um parecer que remeti ao Diretor de Programas.

E-mail de 12 de Novembro de 2012

Caro Diretor

Ao abrigo da lei nº 8/2007 compete ao Provedor "Produzir pareceres sobre as queixas e sugestões recebidas, dirigindo-os aos órgãos de administração e aos demais

responsáveis visados;". (1, b) artigo 27) É o que faço com este e-mail.

A lei impõe, também que "Os pareceres e as conclusões referidos nas alíneas b) e c) do n.o 1 são sempre comunicados aos responsáveis pelos serviços e pessoas visados, que, no prazo fixado pelo provedor ou, na sua ausência, no prazo máximo de cinco dias, devem comunicar resposta fundamentada ao respectivo provedor e adoptar as medidas necessárias." (nº 3 do artigo 27) Solicito assim a reação adequada para incorporar na divulgação pública do parecer que farei na sexta-feira, dia 15 de Novembro.

Com os melhores cumprimentos

(3)

José Carlos Abrantes Provedor do Telespectador

PARECER SOBRE EXIBIÇÃO DO FILME

“Adoro-te... À Distância”, no dia 28 de Outubro de 2012

No passado dia 28 de Outubro, os telespectadores foram surpreendidos com um filme “Adoro-te... À Distância”, um familiar para a tarde de domingo.

Alguns telespectadores fizeram-me chegar os seus veementes protestos. O filme utilizou linguagem desbragada e algumas cenas pouco adequadas a crianças e a jovens que, naquela hora, viam tranquilamente o serviço público de televisão.

Faz parte do meu estatuto ouvir os diretores, neste caso o Diretor de Programas. Foi o que fiz, sem obter resposta.

Tenho de considerar que este episódio é grave e por várias razões:

1) Descredibiliza o esforço do serviço público em passar uma imagem de seriedade, de cumprimento da lei, de sintonia com os valores das famílias. Aliás, diz o nº 4, do artigo 27º da Lei 8/2011 que “a emissão televisiva de quaisquer outros programas suscetíveis de influírem de modo negativo na formação da personalidade de crianças e

adolescentes deve ser acompanhada da difusão permanente de um identificativo visual apropriado e só pode ter lugar entre as 22 horas e 30 minutos e as 6 horas. “

2) Mostra que o filme não foi visionado com a atenção e responsabilidade que eram exigidas.

3) Um último aspeto tem a ver com a supervisão e controlo da emissão. Como é possível que ninguém tenha, no decurso da emissão, tomado a decisão adequada, tirando o filme de antena?

(4)

Não deixa igualmente de ser preocupante o silêncio do Diretor de Programas, pois há o dever de cooperação institucional, consagrado na lei nº 8/2007:

Artigo 26.o Cooperação

3 — Os órgãos, estruturas, serviços e trabalhadores da Rádio e Televisão de Portugal, S. A., e, em especial, os diretores de programação e de informação devem colaborar com o provedor do ouvinte e com o provedor do telespectador, designadamente através da prestação e da entrega célere e pontual das informações e dos documentos

solicitados, bem como da permissão do acesso às suas instalações e aos seus registos, sem prejuízo da salvaguarda do sigilo profissional.

Todas estas circunstâncias exigem a maior atenção nos mecanismos de escolha, na validação da emissão e do controle dos programas para que ocorrências fortuitas, como esta, não lesem a imagem do Serviço Público.

Chamo também a atenção para a necessidade de maior cooperação institucional, prevista na Lei.

Lisboa, 12 de Novembro de 2012

José Carlos Abrantes Provedor do Telespectador

Resposta de Hugo Andrade:

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Data: 13 de Novembro de 2012 10:33:09 WET Para: José Carlos Abrantes

Assunto: Parecer sobre filme de domingo dia 28 de Outubro 2012

Dr. José Carlos Abrantes, Senhor Provedor,

Cumpre-me, em primeiro lugar, apresentar o meu pedido de desculpas pela

circunstância de não ter sido possível antecipar o esclarecimento que me solicitou em 31 de Outubro.

Com efeito e neste particular período, imperativos de natureza profissional têm

dificultado a observância de algumas das atribuições inerentes à Direção de Programas. Tomo a liberdade de sublinhar este aspeto precisamente para clarificar a sua referencia ao dever de cooperação institucional prevista na lei nº 8 / 2007 – como é devidamente salientado no parecer elaborado pelo Senhor Provedor.

Com a maior consideração e apreço, permita-me discordar da sua posição nesta matéria. O relacionamento da Direção de Programas com o Gabinete do Provedor tem sido caracterizado com disponibilidade e atenção. Neste sentido, cumpre-me recordar a recetividade com que tenho colaborado no programa “A VOZ DO CIDADÃO” sempre que o Senhor Provedor tem suscitado a participação ou qualquer esclarecimento do Diretor de Programas.

Esclarecida a divergência que, apesar de tudo e neste contexto, corresponde a um elemento periférico, relativamente à emissão do filme “ADORO-TE À DISTÂNCIA” exibido na RTP 1, no Domingo, dia 28 de Outubro às 17:00h., peço considere o seguinte comentário:

1. A Direção Geral de Espetáculos atribuiu ao filme “ADORO-TE À DISTÂNCIA” a classificação > 12 anos;

2. Não obstante este parâmetro que constitui uma referencia para a organização da estrutura de programação e identificação de horários de transmissão relativamente ao CINEMA, admito que a sua emissão na tarde de domingo, em horário familiar, correspondeu a um equivoco;

3. Embora o argumento da obra constitua uma narrativa adequada ao módulo de programação em que o filme veio a ser transmitido, o registo e a linguagem utilizadas são reprováveis e inaceitáveis tendo em consideração o perfil do publico naquele horário e o quadro de responsabilidades do serviço publico de televisão;

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4. A admissão do erro – que a Direção de Programas assume integralmente – não dispensa a justificação do descuido:

a. A programação de cinema é elaborada atenta a qualidade da obra, a data de produção, o tipo de conteúdo, a temática, o elenco, a classificação da DGE, e, por outro lado, o preço e o potencial comercial de cada um dos filmes

disponíveis;

b. De uma forma geral, a Direção de Programas visiona as obras cinematográficas em carteira, ou, no limite, acede à sua sinopse e outros materiais para decidir a programação adequada;

c. Neste caso, o visionamento foi verificado na língua de origem e os elementos descritos na sinopse não denunciavam a utilização de linguagem ordinária e inconveniente;

d. Sobressai ainda o facto da unidade onde é efetuada a tradução e

legendagem da programação estrangeira não ter assegurado junto da Direção de Programas a informação devida e o consequente desaconselhamento da emissão do filme no horário previsto;

e. Com efeito, a unidade de tratamento de programas que garante a tradução, legendagem, sonorização ou dobragem de filmes, séries ou documentários estrangeiros, deve assegurar ainda o controlo de qualidade onde, entre outros aspetos, se inclui a análise e avaliação do conteúdo atento o horário de emissão definido na programação;

5. Em ambos os momentos – na programação e no tratamento do programa posterior – por omissão ou negligencia, verificou-se uma avaliação deficiente;

6. Para compreensão correta do incidente, devo ainda acrescentar que a orientação editorial relativamente à tradução de qualquer produto tem consagrado o respeito integral do argumento, guião ou diálogos originais – em nome da integridade da obra e respeito pelos seus autores;

7. Uma ultima palavra para esclarecer que a supervisão de emissão constituiu uma estrutura operacional na cadeia de distribuição de programas, sem intervenção na análise de conteúdos;

Em síntese, a programação do filme “ADORO-TE À DISTÂNCIA” no horário em que foi transmitido resultou de um lapso evidente da sua avaliação e do incumprimento de um procedimento e norma de funcionamento. Em qualquer circunstancia e para além da averiguação e apuramento das responsabilidades internas, em conclusão, permita-me partilhar o seguinte:

Dada a natureza do erro, a responsabilidade do equívoco deve ser atribuída à Direção de Programas;

O procedimento de tratamento de programas estrangeiros foi corrigido com a introdução da obrigatoriedade da elaboração de um relatório de avaliação do

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conteúdo (onde são ainda refletidas observações técnicas quanto à qualidade dos suportes e sinais áudio e vídeo) para apreciação da Direção de Programas; Do ponto de vista editorial, todos os produtos estrangeiros que venham a ser exibidos antes das 22:00h e que utilizem linguagem grosseira, imprópria ou indecorosa, devem ser objeto de uma tradução flexível e condescendente para evitar o registo ordinário, ofensivo ou injurioso (sem, no entanto, promover o desvio ou alteração da narrativa da obra);

Peço aceite os melhores cumprimentos,

Hugo Andrade

Direção de Programas de Televisão E-mail de 14 de Novembro 2012 Caro Diretor

Muito agradeço a sua resposta que enriquecerá o meu parecer, na sua divulgação pública, pelas precisões que acrescenta.

Quero agradecer toda a cooperação que tem tido com o Provedor e que já sublinhei no meu relatório do ano de 2011. Quanto ao programa, nada de novo tenho a acrescentar, parecendo-me equilibradas as explicações e as decisões.

É em casos como este que a ausência de resposta, num primeiro momento, é mais evidente e o vazio mais difícil de preencher, como deve compreender.

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José Carlos ABRANTES Provedor do Telespectador

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