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Denise Déo Dias. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alves de Almeida

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Denise Déo Dias

Avaliação do estresse oxidativo e atividade da δ-aminolevulínico

desidratase em tecidos de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus)

exposta a chumbo e benzo[a]pireno

São José do Rio Preto

2015

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Denise Déo Dias

Avaliação do estresse oxidativo e atividade da δ-aminolevulínico

desidratase em tecidos de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus)

exposta a chumbo e benzo[a]pireno

Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Biologia Animal, junto ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio Preto.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Alves de Almeida

São José do Rio Preto

2015

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Dias, Denise Déo

Avaliação do estresse oxidativo e atividade da δ-aminolevulínico desidratase em tecidos de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) exposta a chumbo e benzo[a]pireno / Denise Déo Dias. -- São José do Rio Preto, 2015

49 f. : il. gráfs., tabs.

Orientador: Eduardo Alves de Almeida

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas

1. Ecologia aquática. 2. Toxicologia ambiental. 3. Tilápia (Peixe) - Efeito da poluição da água. 4. Metais pesados - Contaminação.

I. Almeida, Eduardo Alves de. II. Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas.

III. Título.

CDU – 577.4

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IBILCE UNESP - Câmpus de São José do Rio Preto

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Denise Déo Dias

Avaliação do estresse oxidativo e atividade da δ-aminolevulínico

desidratase em tecidos de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus)

exposta a chumbo e benzo[a]pireno

Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Biologia Animal, junto ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de São José do Rio Preto.

Comissão Examinadora

Prof. Dr. Eduardo Alves de Almeida

UNESP – São José do Rio Preto

Orientador

Profa. Dra. Lilian Castiglioni

FAMERP – São José do Rio Preto

Prof. Dr. Luis Octavio Regasini

UNESP – São José do Rio Preto

São José do Rio Preto

23 de fevereiro de 2015

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RESUMO

Metais pesados e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são poluentes altamente tóxicos, encontrados em diversos lugares do mundo, na maioria das vezes conjuntamente. Dentre os metais pesados podemos destacar o chumbo, que é comumente encontrado em ambientes aquáticos. No grupo dos HPAs, o benzo[a]pireno (BaP) merece destaque, visto que pode apresentar efeito genotóxico e mutagênico, bem como carcinogênico. O objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da intoxicação por chumbo no metabolismo de detoxificação do BaP. Visto que o chumbo interfere no metabolismo de heme proteínas e que algumas destas são essenciais para a metabolização e excreção do BaP. A hipótese testada foi que a intoxicação por chumbo altera o metabolismo de detoxificação do BaP. O organismo modelo para este estudo foi tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).

Palavras-chave: Toxicologia. Interação. Porfobilinogênio. Metal pesado. Hidrocarboneto policíclico aromático.

(6)

ABSTRACT

Heavy metals and polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) are highly toxic

pollutants, found in different parts of the world, most of the time together. Among the heavy metals we can highlight the lead, which is commonly found in aquatic environments. A relevant PAHs is benzo[a]pyrene (BaP), they may have genotoxic, mutagenic and carcinogenic effects. The aim of this study was to evaluate the effects of lead poisoning in BaP detoxification metabolism. Whereas the lead interferes with the metabolism of heme proteins and some of these are essential for the metabolism and excretion of BaP. The hypothesis tested was that the lead poisoning changes the BaP detoxification metabolism. The model organism for this study was Nile tilapia (Oreochromis niloticus).

Keywords: Toxicology. Interaction. Porphobilinogen. Heavy metal. Polycyclic aromatic hydrocarbon.

(7)

“Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é

o vínculo da perfeição.”

(1Cl 3, 14)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

 A Deus, por me ajudar a concluir mais esta caminhada;

 Ao meu esposo, amigo, companheiro de sempre, amor da minha vida, Adriano. Sem ele tudo teria ficado mais difícil;

 A minha família, por sempre estar comigo, apoiando e ajudando. Tenho pais maravilhosos e irmãs que amo muito;

 As minhas amigas lindas, Julia, Jaque, Elô, DaniA e DaniE, por sempre estarem dispostas a ouvir reclamação e entender esta fase que estamos passando;

 Ao pessoal do laboratório, que me ajudou em tudo, principalmente quando estavam escrevendo e eu incomodava para tirar dúvidas dos protocolos. Mas em especial para a Ju e a Isa que ajudaram em todas as fases, e as mais importantes, Dany e Cintya, sem elas eu não teria terminado meu mestrado;  Ao meu orientador, prof. Dr. Eduardo Alves de Almeida, por permitir que eu

voltasse à vida acadêmica e por todos os ensinamentos;  À Capes pela bolsa concedida.

Acredito que não existem palavras suficientes para agradecer a imensa contribuição de todos. Acho que, durante estes dois anos, evolui como pessoa e pesquisadora e nada seria possível sem vocês. Só conseguimos crescer com a ajuda de pessoas especiais. Muito obrigada!

(9)

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DA TABELA LISTA DE ABREVIATURAS 1. INTRODUÇÃO ... 10 1.1. Chumbo... 12 1.2. Benzo[a]pireno ... 13

1.3. Enzima δ-aminolevulínico desidratase ... 15

2. OBJETIVOS ... 17 2.1. Geral ... 17 2.2. Específicos ... 17 3. JUSTIFICATIVA ... 18 4. MATERIAL E MÉTODOS ... 20 4.1. Os animais ... 20 4.2. Etapa um ... 20 4.3. Etapa dois ... 21 4.3. Etapa três ... 23 4.4. Análises bioquímicas ... 24

4.4.1. δ-aminolevulínico ácido desidratase (ALAD) ... 24

4.4.2. Homogeneização para EROD, CAT, GPx, GST e GR 25 4.4.3. Atividade da EROD ... 25 4.4.4. Catalase ... 26 4.4.5. Glutationa peroxidase (GPx) ... 26 4.4.6. Glutationa-S-transferase (GST) ... 26 4.4.7. Glutationa redutase (GR) ... 27 4.4.8. Peroxidação lipídica ... 27 4.4.9. Quantificação de proteína ... 28 4.5. Análise estatística ... 28 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 28 5.1. Etapa um ... 28 5.2. Etapa dois ... 31 5.3. Etapa três ... 36 6. CONCLUSÕES ... 45 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 45

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LISTA DE FIGURAS

1. Estrutura de alguns dos HPAs mais abundantes no ambiente ... 14

2. Biossíntese dos tetrapirróis ... 16

3. Diagrama do desenho experimental da etapa 2 do projeto ... 23

4. Diagrama do desenho experimental da etapa 3 do projeto ... 24

5. Atividade da enzima ALAD em fígado na etapa 1 ... 29

6. Atividade da enzima ALAD brânquia na etapa 2 ... 31

7. Atividade da enzima EROD em brânquia na etapa 2 ... 33

8. Atividade da enzima catalase em brânquia na etapa 2 ... 34

9. Atividade da enzima GST em brânquia na etapa 2 ... 35

10. Nível de peroxidação lipídica em brânquia na etapa 2 ... 35

11. Atividade da enzima ALAD em fígado e brânquia na etapa 3 ... 37

12. Atividade da enzima catalase em fígado e brânquia na etapa 3 ... 38

13. Atividade da enzima EROD em fígado e brânquia na etapa 3 ... 39

14. Atividade da enzima GR em fígado e brânquia na etapa 3 ... 41

15. Atividade da enzima GPx em fígado e brânquia na etapa 3 ... 42

16. Atividade da enzima GST em fígado e brânquia na etapa 3 ... 43

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LISTA DE TABELA

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LISTA DE ABREVIATURAS

AhR Receptor de hidrocarbonetos aromáticos ALA Ácido δ-aminolevulínico

ALAD δ-aminolevulínico ácido desidratase Arnt Transportador nuclear de AhR

BaP Benzo[a]pireno

BSA Albumina de soro bovino

CAT Catalase

CDNB 1-cloro-2,4-dinitrobenzeno COPRO Coproporfirinogênio oxidase

Cu Cobre

CYP1A1 Isoforma 1A1 do citocromo P450 CYP1A2 Isoforma 1A2 do citocromo P450 CYP1B1 Isoforma 1B1 do citocromo P450

DHPY Ácido 3,6-dihidropirazina-2,5-dipropanóico DNA Ácido desoxirribonucleico

DOVA Ácido 4,5-dioxivalérico

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético ERO Espécie reativa de oxigênio EROD 7-etoxirresorufina-0-deetilase

FeCh Ferroquelatase

GR Glutationa redutase

GPx Glutationa peroxidase

GSH Glutationa reduzida (γ-glutamato–cisteína–glicina)

GSSG Glutationa oxidada

GST Glutationa S-transferase

HPA Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos HPLC High-performance liquid chromatography

MDA Malondialdeído

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NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato p Valor de probabilidade do teste de hipótese

Pb Chumbo

PBG Porfobilinogênio

PMSF Phenylmethanesulfonyl fluoride PROTO Protoporfirina oxidase

SE Erro padrão

Se Selênio

Tris (hidroximetil)aminometano

UROD Uroporfirinogênio descarboxilase UROS Uroporfirinogênio III sintase UV/Vis Ultra-violeta/ luz visível

XRE Elemento responsivo a xenobiótico

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1. INTRODUÇÃO

A humanidade tem alterado o seu modo de vida, sobretudo nos dois últimos séculos, e com aumento da população, industrialização, atividades agrícolas os ambientes aquáticos se tornaram cada vez mais contaminados com uma ampla gama de poluentes (ALMEIDA et al., 2007). O ambiente aquático, por exemplo, está se tornando cada vez mais ameaçado por um número alarmante de contaminantes (GOKSOYR; FÖRLIN, 1992).

Juntamente com todas estas transformações, ocorreram grandes acidentes com produtos químicos, que despertaram o interesse do homem pelas questões ambientais, e culminaram com o desenvolvimento de estudos direcionados, principalmente, para a degradação, bioacumulação e toxicidade de substâncias químicas. Neste contexto se desenvolveu a área da ecotoxicologia (ZAGATTO, 2006).

A ecotoxicologia é a ciência que estuda os efeitos negativos das substâncias naturais ou sintéticas sobre os organismos vivos, populações e comunidades, sob as mais diferentes esferas, incluindo assim a interação das substâncias com o meio nas quais os organismos vivem num contexto integrado. Deste modo, o ecotoxicologista busca efeitos em parâmetros tradicionais, tais como dados de toxicidade e os efeitos dos tóxicos sobre as funções moleculares, celulares e fisiológicas de indivíduos, espécies ou populações expostos (DALLINGER; HÖCKNER, 2013).

Em contato com os organismos, as substâncias tóxicas provocam uma cascata de reações, podendo levar a intoxicação ou desintoxicação por diferentes vias (VAN DER OOST et al, 2003). A metabolização acontece via biotransformação, que são reações comumente divididas em duas fases, I e II.

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11 As reações de fase I introduzem grupos mais polares na molécula de xenobióticos, gerando compostos mais nucleófilos. Nesta fase, ocorrem reações de oxidação, redução e hidrólise (JOKANOVIC, 2001).

Na fase II, os metabólitos polares são conjugados a moléculas endógenas, formando compostos hidrossolúveis, facilmente eliminados na urina, por exemplo (JOKANOVIC, 2001). Entretanto, durante as reações de fase I e II pode acontecer a ativação metabólica, que torna estes compostos mais tóxicos. Pode ainda, ocorrer a formação de metabólitos reativos, como espécies reativas de oxigênio (EROs). Estes radicais livres podem levar a oxidação de elementos celulares, tais como lipídios, carboidratos, DNA e proteínas (ONUKI et al., 2002).

Para proteger as células contra os danos oxidativos, os organismos desenvolveram mecanismos proteção celular, os antioxidantes. Estas substâncias podem ser divididas em: enzimas antioxidantes (superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase, glutationa redutase, entre outras) e antioxidantes não enzimáticos (γ-glutamato–cisteína–glicina – GSH –, α-tocoferol, ascorbato, etc.) (VAN DER OOST, 2003).

Os biomarcadores são parâmetros mensuráveis frente à exposição de um organismo a determinados contaminantes (CAO et al, 2012). Dentre eles podemos citar os ensaios bioquímicos, como a inibição de enzimas, visto que existem diversas substâncias cujo mecanismo de ação tóxica se baseia na inibição destas nos organismos vivos (PAOLIELLO; SILVA, 2004). Outro biomarcador amplamente utilizado é a determinação da peroxidação lipídica, visto que este processo demonstra a capacidade de espécies reativas levarem a uma serie de respostas na célula (VAN DER OOST, 2003).

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1.1. Chumbo

Metais são contaminantes facilmente encontrados em ambientes aquáticos. São considerados perigosos por terem alta persistência, alta toxicidade, tendência à bioacumulação, e porque se tornam disponíveis no ambiente por diversas atividades antropogênicas (ATCHISON; HENRY; SANDHEINRICH, 1987). Dentre os metais podemos destacar o chumbo, que é largamente empregado em indústrias e por isso um dos contaminantes ambientais mais comuns, tóxico para os homens e para os animais (CAVALCANTE, 2009).

Em peixes, esse metal se acumula principalmente nas brânquias, fígado, rins e ossos (SALGADO, 2003). De maneira geral, a intoxicação por chumbo pode induzir danos oxidativos, na interação deste com as moléculas do organismo (SEVCIKOVA et al., 2011). Íons de chumbo têm grande afinidade por grupos sulfidrila de enzimas antioxidantes, deste modo, o Pb pode inativar a glutationa, ligando-se a sulfidrila, bem como inibir enzimas como a GST, GR e GPx, diminuindo os níveis de glutationa (FLORA et al, 2012).

Em contato com diversos organismos, o chumbo interfere na síntese do heme ao bloquear a incorporação do ferro na protoporfirina IX e ao inibir a função de enzimas envolvidas na via de síntese do heme, incluindo ácido aminolevulínico desidratase e ferroquelatase (KOSNETT, 2005). Em consequência, em longo prazo, a intoxicação pode desencadear problemas na hematopoese e levar a anemia em peixes, que por sua vez pode resultar em distúrbios imunológicos e reprodutivos (SREBOČAN; POMPE-GOTAL; PREVENDAR-CRNIĆ, 2001).

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13 A enzima δ-aminolevulínico ácido desidratase (ALAD) é altamente sensível à inibição por chumbo, mesmo em baixa concentração deste metal no ambiente já é possível observar uma correlação negativa entre a ALAD e o chumbo. Por isso, é um dos melhores bioindicadores para exposição ambiental para este metal (AMORIM, 2003; SREBOČAN; POMPE-GOTAL; PREVENDAR-CRNIĆ, 2001). Isso porque, o chumbo inibe a atividade desta enzima, substituindo os átomos de zinco (Zn2+), que promovem a ligação das subunidades da enzima através dos resíduos de cisteína (ERSKINE et al., 1997). Além disso, em presença de metais, como o chumbo, a glutationa pode sofrer auto oxidação, resultando na formação de radicais livres (GIULIO et al 2009).

1.2. Benzo[a]pireno

Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) são compostos constituídos de carbono e hidrogênio, cujas moléculas apresentam, no mínimo, duas unidades aromáticas fundidas. São compostos altamente persistentes no ambiente e, geralmente, com elevada toxicidade, podendo apresentar atividades carcinogênicas e/ou mutagênicas (FERRIZZI, 2011).

Os HPAs se tornam disponíveis no ambiente através de fontes naturais e antrópicas. As principais fontes naturais destes compostos são queimadas e incêndios naturais, emissões vulcânicas e síntese por micro-organismos. As fontes antrópicas são, principalmente, a queima de combustíveis fósseis e aporte de óleos crus e derivados de petróleo no meio ambiente (ALMEIDA et al., 2007). Dentre os HPAs podemos citar o benzo[a]pireno (BaP) (Figura 1).

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Figura 1. Estrutura de alguns dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPAs) mais abundantes no ambiente.

Segundo Au et al. (1999), peixes expostos a esta substância podem apresentar diversas alterações ultraestruturais nos hepatócitos, em geral, aumento na quantidade de grânulos de lipofuscina, peroxissomos, lipídios, mitocôndrias e lisossomos, leve proliferação do retículo endoplasmático rugoso e depleção do glicogênio. Diversos trabalhos relacionam os HPAs, como o benzo[a]pireno, com câncer de pulmão, pele e bexiga.

Acredita-se que a toxicidade do BaP decorre da formação de seus metabólitos intermediários e os danos oxidativos causados pelas EROs derivadas (WANG et al., 2013). Os metabólitos são formados a partir de um mecanismo de ativação, envolvendo diversas enzimas, como o citocromo P450 (RUAN et al, 2006). Um dos metabólitos do BaP são as BaP-quinonas, cuja

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15 toxicidade está relacionada a espécies reativas de oxigênio e radicais semiquinona (KIM, KWACK, LEE; 2000).

O BaP é capaz de causar indução significativa de enzimas de fase I e II de biotransformação, bem como, estresse oxidativo e peroxidação lipídica (TRIDICO et al., 2010; AU et al., 1999). Algumas das enzimas de biotransformação induzidas pelo BaP são os citocromos P450, em geral CYP1A1, CYP1A2 e CYP1B1. Os citocromos P450 estão envolvidos no mecanismo de detoxificação, no qual o benzo[a]pireno é hidroxilado por ação catalítica destas enzimas. Esta reação converte os HPAs em substâncias mais solúveis para a excreção (VOET et al., 2000).

A via de ativação da transcrição dos genes dessas enzimas envolve fases citosólica e nuclear. No citoplasma, o BaP se liga ao receptor de hidrocarbonetos aromáticos (AhR), que então conjuga-se com seu co-ativador, o transportador nuclear de AhR (Arnt). Juntos, eles migram para o núcleo e interagem com um elemento promotor de transcrição (o elemento responsivo a xenobiótico – XRE), que estimula a transcrição dos genes supracitados (VIJAYARAMAN et al., 2012).

1.3. Enzima δ-aminolevulínico desidratase

Tetrapirrol é um grupo de moléculas essenciais para a vida, presentes em organismos procariontes, assim como, eucariontes. Este grupo inclui moléculas como as heme proteínas, clorofilas, bacterioclorofilas, vitamina B12, coenzima F430, dentre outras moléculas (FUKUDA; CASAS; BATLLE, 2005). A biossíntese deste grupo requer a ação conjunta de até 10 enzimas (Figura 2) (HEINEMANN; JAHN; JAHN, 2008).

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Figura 2. Biossíntese dos tetrapirróis. ALAD = δ-aminolevulínico desidratase; UROS = uroporfirinogênio III sintase; UROD = uroporfirinogênio descarboxilase; COPRO = coproporfirinogênio oxidase; PROTO = protoporfirina oxidase; FeCh = ferroquelatase.

As heme proteínas são moléculas importantes em diversos grupos de seres vivos, como arqueias, bactérias e eucariotos (HEINEMANN; JAHN; JAHN, 2008). Elas possuem diversas funções biológicas, como transferência de elétrons, transporte de oxigênio, catálise, dentre outras (LIN; WANG, 2013).

A enzima ALAD está envolvida na biossíntese do grupamento heme, e apresenta alto grau de similaridade em sua sequência (HEINEMANN; JAHN; JAHN, 2008). Ela catalisa a condensação assimétrica de duas moléculas de ácido aminolevulínico, formando uma molécula de porfobilinogênio (PBG) (BARDAG-GORCE; FRENCH, 2011).

Diversas substâncias podem causar a inibição da enzima ALAD, dentre elas, apresentam grande interesse os metais pesados como o mercúrio

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17 (GUPTA et al., 2013), o chumbo (ONUKI et al., 2002), o arsênico (Jain; Gadre, 2004) e pesticidas como o clomazone (MENEZES et al., 2014). A inibição da ALAD provoca o acúmulo de seu substrato (ácido δ-aminolevulínico – ALA) (ONUKI et al., 2002). Uma vez acumulados, estes substratos podem ser biotransformados e causarem efeitos tóxicos para as células.

Em pH básico, o ALA é enolizado e, na presença de íons metálicos, sofre oxidação, gerando espécies reativas de oxigênio (EROs) e o ácido 4,5-dioxivalérico (DOVA). O DOVA, por sua vez, provavelmente está relacionado com atividade genotóxica, pois é capaz de formar adutos cíclicos em sua reação com resíduos de adenina e guanina de DNA (DUTRA; BECHARA, 2005). Outra via possível de biotransformação do ALA é a condensação do ALA, gerando produto cíclico, o ácido 3,6-dihidropirazina-2,5-dipropanóico (DHPY), que, em presença de íons Cu2+, levam a formação de EROs, podendo causar danos no DNA (ONUKI et al., 2002; ONUKI et al., 2005).

2. OBJETIVOS 2.1. Geral

Avaliar se a exposição ao chumbo interfere na indução de heme-proteínas relacionadas à biotransformação (CYP1A) e defesa antioxidante (Catalase) e em enzimas relacionadas à glutationa (glutationa S-transferase, glutationa peroxidase e glutationa redutase) induzidas pelo BaP.

2.2. Específicos

I. Avaliar se a inibição da ALAD pelo Pb interfere na indução do CYP1A e catalase em animais expostos a BaP;

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II. Observar se a presença de PBG reverte os efeitos da inibição da enzima ALAD, não prejudicando a produção de CYP1A e catalase;

III. Avaliar se o tratamento com o Pb altera os níveis de GSH dos peixes, interferindo nas respostas de enzimas GSH-dependentes, e se o tratamento com N-acetil-cisteína previne estes efeitos por estimular a síntese da GSH.

3. JUSTIFICATIVA

A enzima ALAD é uma das primeiras enzimas da via de síntese de grupamentos heme, essencial às heme-proteínas, convertendo o ácido aminolevulínico (ALA) a porfobilinogênio (PBG). Essa enzima é altamente sensível à inibição por chumbo, mesmo em baixa concentração e, por esse motivo, a avaliação de sua inibição tem sido amplamente usada em animais aquáticos como biomarcador para exposição ao chumbo (AMORIM, 2003; SREBOČAN; POMPE-GOTAL; PREVENDAR-CRNIĆ, 2001). Como consequência da inibição dessa enzima, ocorre um acúmulo do precursor ALA no organismo e deficiências na produção de grupos heme (ONUKI et al., 2002), alterando drasticamente o metabolismo celular.

O acúmulo de ALA pode, ainda, catalisar a formação de espécies reativas de oxigênio (EROs) que levam à oxidação de elementos celulares como lipídeos, açúcares, DNA e proteínas (ONUKI et al., 2002). Dentre os enzimáticos, destacam-se as enzimas superóxido dismutase, catalase (CAT) e glutationa peroxidase, as quais tendem a aumentar de atividade em situações de produção de EROs. Entretanto, considerando que a CAT é uma heme-proteína, é possível que nos casos onde a geração exacerbada de EROs provenha do acúmulo do ALA pela inibição da ALAD, a enzima não consiga ser

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19 devidamente produzida para interceptar as EROs, levando a lesões das biomoléculas. Entretanto, essa hipótese ainda não foi testada.

Outra classe de heme-proteínas muito usada como biomarcadores de exposição a poluentes ambientais é a dos CYP P450, que respondem a inúmeros tipos de contaminação. Mais especificamente a isoforma 1A do citocromo P450 (CYP1A) é extremamente responsiva a hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), tais como o benzo[a]pireno (BaP) (GOKSOYR; FÖRLIN, 1992) e, por isso, são comumente avaliadas em animais expostos a esses tipos de compostos. Porém, por se tratar também de uma heme-proteína, a indução e atividade da CYP1A são dependentes do correto funcionamento da ALAD de forma a garantir a produção adequada do grupamento heme a ser inserido em sua estrutura. Dessa forma, problemas na síntese de grupamentos heme, tais como aqueles decorrentes da inibição da ALAD pelo chumbo, poderiam levar a prejuízos na indução da CYP1A caso a célula fosse exposta conjuntamente a inibidores da ALAD, como o chumbo, e HPA, como o BaP. Entretanto, essa hipótese igualmente nunca foi testada.

Considerando os mecanismos descritos acima, e a falta de conhecimentos sobre a influência da atividade da ALAD na indução da CYP1A, propomos avaliar neste projeto se a inibição da ALAD pelo chumbo interfere na indução do CYP1A em animais expostos a BaP, visto que os organismos podem produzir respostas biológicas quanti e qualitativamente diferentes das esperadas pela ação dos contaminantes sozinhos (MOZETO E ZAGATTO, 2006).

Além disso, como dito anteriormente, a ALAD promove a conversão de ALA em PBG. Se essa enzima for inibida, o ALA acumula e os níveis de PBG

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diminuem, culminando na não-síntese do heme. Assim, espera-se que injetando o produto da reação inibida nos animais, possa reverter o efeito na síntese do heme, e que assim a produção da CYP1A não fique prejudicada.

4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Os animais

A espécie de peixe utilizada nos experimentos deste projeto foi a Tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus. Os animais utilizados nos experimentos foram obtidos no Centro de Aquicultura da Unesp de São José do Rio Preto. Foram selecionados animais com peso em torno de 50 g (8 a 14 cm), sem distinção de sexo.

Eles foram acondicionados individualmente em diversos aquários com 17 L. Em todas as etapas, os aquários foram mantidos sob aeração, pH e temperatura constantes em um fotoperíodo ambiente. Os níveis de amônia de cada aquário foram monitorados no início, fim e a cada troca de água do experimento. Em todas as fases os animais foram expostos em aquários individuais e cada grupo era composto por cinco indivíduos, totalizando cinco réplicas verdadeiras.

A água contaminada dos aquários foi tratada através de filtros de carvão ativado antes de ser descartada no ambiente. Evitando a contaminação ambiental.

4.2. Etapa um

A primeira etapa do projeto foi composta por testes a fim de determinar a menor concentração de chumbo que tivesse capacidade de apresentar

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21 alterações na atividade da ALAD. Durante esta fase foram desenvolvidos três experimentos a fim de otimizar as condições de exposição ao Pb para as próximas etapas do projeto (fases dois e três). O Pb foi utilizado na forma de acetato de chumbo II e a concentração deste reagente foi ajustada para que as concentrações nominais finais de Pb nos aquários fossem 1, 10 e 50 mg/L. Após exposição por três dias (experimentos 1 e 2) ou sete dias (experimento 3) os animais foram anestesiados por imersão em água contendo 100 mg/L de benzocaína, e os fígados e brânquias foram coletados. O material foi então processado para ensaio da atividade da enzima ALAD, catalase e EROD.

4.3. Etapa dois

A segunda etapa do trabalho foi testar os efeitos do chumbo (Pb) e do benzo[a]pireno (BaP) conjuntamente nos parâmetros bioquímicos das tilápias. Foi realizado novo experimento, composto por 10 grupos amostrais, a saber:

- Grupo 1: Controle 7 dias; - Grupo 2: Controle 14 dias;

- Grupo 3: Controle 14 dias, com injeção de solução salina no 8º dia; - Grupo 4: Chumbo por 7 dias;

- Grupo 5: Pb por 14 dias;

- Grupo 6: Pb por 7 dias, BaP a partir do 8º dia, coleta com 14 dias; - Grupo 7: Pb por 7 dias, BaP e injeção de porfobilinogênio (PBG) no 8º dia, coletado no 14º dia;

- Grupo 8: Pb por 7dias, injeção de PBG no 8º dia, material coletado no 14º dia;

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- Grupo 9: Sem contaminantes por 7 dias, adição de BaP no 8º dia, coleta do material no 14º dia;

- Grupo 10: Sem adição de contaminantes. No 8º dia foi injetado PBG e as amostras foram coletadas no 14º dia.

A figura 3 mostra um diagrama representando o desenho experimental da etapa 2. A concentração de chumbo utilizada foi 10mg/L, a concentração de benzo[a]pireno foi 0,5 mg/L e a concentração de PBG injetado nos animais foi 1,34 mg/kg. A concentração de BaP já foi utilizada em outros experimentos do laboratório e sabe-se que é capaz de provocar efeitos em tilápias.

A coleta do material seguiu a mesma metodologia dos experimentos anteriores. Todas as amostras foram armazenadas em freezer a -80° C até o processamento. As análises nesta fase foram: enzimas de biotransformação (CYP1A, GST), de biossíntese de grupamento heme (ALAD) e antioxidante (catalase), bem como a peroxidação lipídica.

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23

Figura 3. Diagrama representando o desenho experimental da etapa 2 do projeto, indicando os dias em que cada um dos compostos (Pb e benzo[a]pireno) foi adicionado nos aquários, e/ou porfobilinogênio injetado nos peixes. As linhas representam a duração da exposição, quando os animais foram coletados para as análises bioquímicas.

4.3. Etapa três

Na última fase, foi realizado outro experimento testando nova concentração de Pb e sem a utilização de PBG. Nesta etapa a concentração de Pb foi de 50 mg/L. Além disso, um grupo recebeu injeção de N-acetil-cisteína (NAC) na concentração de 0,5 mg/kg. Todos os tratamentos foram mantidos por 14 dias. Os grupos amostrais deste experimento foram:

- Grupo 1: Controle 14 dias;

- Grupo 2: Controle, com injeção de solução salina no 8º dia;

1

7 8

14

dias

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 Pb Pb Pb Pb Pb salina BaP BaP+PBG PBG BaP PBG

1

7 8

14

dias

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7 Grupo 8 Grupo 9 Grupo 10 Pb Pb Pb Pb Pb salina BaP BaP+PBG PBG BaP PBG

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- Grupo 3: Pb durante os 14 dias;

- Grupo 4: Pb por sete dias e BaP a partir do 8º dia até o 14º dia;

- Grupo 5: Pb por sete dias e BaP e NAC a partir do 8º dia até o 14º dia; - Grupo 6: Sem contaminantes por 7 dias com adição de BaP no 8º dia. A figura 4 apresenta um diagrama representativo do experimento da fase 3. Após a exposição os animais foram mortos por overdose de anestésico (benzocaína) e tiveram seus fígados e brânquias retirados para as análises enzimáticas da ALAD, EROD, catalase, glutationa peroxidase (GPx), glutationa

S-transferase (GST), glutationa redutase (GR) e níveis de peroxidação lipídica.

Figura 4. Diagrama representando o desenho experimental da etapa 3 do projeto, indicando os dias em que cada um dos compostos (Pb e benzopireno) foi adicionado nos aquários, e/ou N-acetilcisteína injetado nos peixes. As linhas representam a duração da exposição, quando os animais foram coletados para as análises bioquímicas.

4.4. ANÁLISES BIOQUÍMICAS

4.4.1. δ-aminolevulínico ácido desidratase (ALAD)

A atividade da ALAD foi quantificada pelo método de Sassa (1982) modificado por Bussolaro; Filipak Neto; Oliveira Ribeiro (2010), e no presente

1 7 8 14 dias Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Pb Pb Pb salina BaP BaP+NAC BaP 1 7 8 14 dias Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Pb Pb Pb salina BaP BaP+NAC BaP

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25 estudo. Este método quantifica o porfobilinogênio formado pela enzima da amostra, com modificações. Quando ele reage com a solução de Ehrlich, produz uma cor vermelho-rósea. Para isso, as amostras foram homogeneizadas em PBS (pH 7,8). Na primeira fase do trabalho (experimentos 1 e 2) a homogeneização ocorreu na proporção de 1:10 m:v, centrifugadas a 12000 g, por 20 minutos a 4°C, e utilizadas diretamente no ensaio. No experimento 3 e demais fases, a proporção de tecido:tampão utilizada foi de 1:4 m:v. A temperatura na qual ocorreu a reação também foi diferente. Nos experimentos 1e 2, a temperatura utilizada foi 25° C. Nos demais ensaios, a temperatura foi 37° C. Essa diferença no protocolo do ensaio faz parte dos testes para padronizar o mesmo.

4.4.2. Homogeneização para EROD, CAT, GPx, GST e GR

Os tecidos foram homogeneizados (1:4 massa:volume) em tampão Tris HCl 20 mM, pH 7,4 contendo sacarose 0,5 M, KCl 0,15 mM e 1 mM de inibidor de protease (PMSF) e centrifugados a 10.000 g por 20 minutos a 4° C. O sobrenadante foi coletado e novamente centrifugado a 50000 g por 60 minutos a 4° C. A fração sobrenadante foi coletada para os ensaios das enzimas GST, CAT, GR e GPx. O pelet foi ressuspendido com 100 µL de tampão Tris 100 mM, pH 7,5 contendo EDTA 1 mM, ditiotreitol 1 mM, KCl 100 mM e 20% de glicerol para a quantificação da atividade da EROD.

4.4.3. Atividade da EROD

Na fração microssomal foi medida as atividades da EROD, como indicativo da isoforma 1A do citocromo P450. Sua atividade foi quantificada

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segundo o método de BURKE et al. (1985), modificado, no qual é observado um aumento na fluorescência como resultado da formação de resorufina (λexcit= 537 nm, λemiss = 583 nm). O substrato 7-etoxiresorufina foi utilizados nos ensaios da EROD, na concentração final de 5 μM. A formação do produto fluorescente foi monitorada por 3 min a 30°C por leitor de microplacas.

4.4.4. Catalase

A quantificação de sua atividade foi realizada de acordo com o método de Beutler (1975). Neste método medimos a velocidade da decomposição do peróxido de hidrogênio (H2O2) pela enzima, através do decréscimo de absorbância em 240 nm, a 30°C.

4.4.5. Glutationa peroxidase (GPx)

A análise da GPx foi feita pela técnica de Sies; Moss (1978). Este método baseia-se na medida do decréscimo de absorbância a 340 nm, promovido durante a redução da glutationa oxidada (GSSG). A redução é catalisada por glutationa redutase (GR) em presença de NADPH a 30°C.

4.4.6. Glutationa-S-transferase (GST)

A atividade da GST (100 mM) foi avaliada pelo método de Keen; Habig; Jakoby (1976), que consiste no aumento da absorbância a 340nm, utilizando glutationa reduzida (GSH) e 1-cloro-2, 4-dinitrobenzgeno (CDNB) como substrato.

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27

4.4.7. Glutationa redutase (GR)

A quantificação da atividade da enzima GR foi realizada de acordo com Carlberg e Mannervik (1985), neste método a atividade é medida através da estimativa de consumo de NADPH. No ensaio, ocorre redução da absorbância durante os dois minutos de leitura a 340 nm e 30º C.

4.4.8. Peroxidação lipídica

O nível de peroxidação lipídica foi determinado através da quantificação do produto formado pela combinação de malondialdeído (MDA) e o ácido tiobarbitúrico, extraídos da amostra através do uso de butanol. Para realizar esta análise, previamente os tecidos foram homogeneizados (1:3 m:v) em tampão Tris HCl 0,1M, pH 8,0. Em seguida, foram adicionados 300µL de solução de ácido 2-tiobarbitúrico (TBA) a 0,28 M em HCl 0,2M. As amostras foram incubadas por 40 minutos a 90°C e após esse período o produto da reação foi extraído com 1mL de n-butanol.

A quantificação foi realizada através de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com detecção UV/Vis em 532 nm. Solução de fosfato de potássio monobásico, 50 mM, pH 7,0, juntamente com metanol a 40%, foi utilizada como fase móvel. As amostras foram injetadas diretamente no HPLC e bombeadas isocraticamente. A quantificação foi feita com base na curva padrão, que se constituiu de padrões conhecidos de MDA obtidos pela hidrólise do tetrametoxipropano. Os dados foram expressos em nm/mg de tecido (NOGUEIRA et al., 2011).

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4.4.9. Quantificação de proteína

A quantificação da concentração de proteína foi realizada segundo o método de Bradford (1976) usando albumina de soro bovino (BSA) como padrão e lidas em 595 nm em leitor de microplacas. Foi utilizado 1 µL de amostra para fígado e 1,5 µL para brânquia.

4.5. Análise estatística

Para análises dos resultados, foram aplicados os testes para normalidade (Shapiro-Wilk) e homogeneidade (Levene). Para dados normais e homogêneos, utilizou-se análise de variância (ANOVA One-Way), seguida pelo teste de Bonferroni, na etapa um e dois, e Fisher, na etapa três. Dados não normais e/ou não homogênios foram analisados por teste de Kruskall-Wallis, seguido pelo teste de Dunn. As diferenças foram consideradas significativas quando p < 0,05. Dados normais e homogêneos são expressos na forma de média e desvio padrão, e mediana e erro padrão, para dados não normais e/ou não homogêneos.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Etapa um

Durante a primeira fase do trabalho, foram testadas três diferentes concentrações de Pb para se encontrar a menor delas que provocasse efeito inibitório significante na atividade da enzima ALAD. Nesta etapa, foram realizados três experimentos a fim de encontrar as melhores condições de estudo. O material obtido no experimento 1 foi utilizado somente para a padronização do protocolo da enzima ALAD, que não era previamente

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29 analisada rotineiramente no laboratório. Neste período testamos diferentes concentrações de substrato e reagentes, quantidades de amostra, temperaturas de incubação; portanto, não são mostrados resultados dessa etapa.

No experimento 2, os animais foram expostos por três dias às diferentes concentrações de Pb propostas, porém não foram observadas diferenças na atividade hepática da ALAD. Dessa forma, num terceiro experimento optamos por aumentar o tempo de exposição ao Pb por 7 dias, quando então a atividade da enzima ALAD apresentou decréscimo significativo em comparação ao grupo controle nas concentrações de 10 mg/L e 50 mg/L (p=0,0129) (Figura 5).

Figura 5. Atividade da ALAD, expressa em quantidade de porfobilinogênio (nmol) produzido por hora por mg de proteína de tecido, em fígado de tilápias do Nilo expostas a chumbo por sete dias, nas concentrações de 1, 10 e 50 mg/L. Dados representam mediana ± S.E. A atividade da enzima ALAD diminuiu em peixes expostos a 10 e 50 mg/Lde chumbo (p=0.0129). * = p<0,05 quando comparado com o controle.

Apesar do efeito do Pb na atividade da ALAD, nenhuma das concentrações do Pb causou alteração na atividade da CAT e EROD em fígado de tilápias do Nilo, conforme mostrado na tabela 1. Apesar da catalase e da

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CYP1A serem heme-proteínas, e o resultado esperado ser uma queda na atividade das mesmas (p=0,4085; p=0,7618, respectivamente).

Tabela 1. Atividade da Catalase e da EROD (U/mg poteína) no fígado. Valores da mediana ± erro padrão. Atividade da catalase e CYP1A não foram afetadas pela exposição a chumbo (p=0.4085 e p=0.7618, respectivamente); U = quantidade de enzima que catalisa uma reação com velocidade de formação de 1 µmol de produto por minuto.

Catalase EROD

Tratamentos Mediana Erro padrão Mediana Erro padrão

Controle 31,65 11,44 6524,97 20122,88

1 mg/L de Pb 27,68 8,96 8080,27 2964,62

10 mg/L de Pb 28,39 5,15 22150,61 8909,19

50 mg/L de Pb 21,42 1,34 28715,11 11548,11

Considerando a ausência de efeitos do Pb na atividade da ALAD após 3 dias de exposição, e sua inibição após 7 dias, podemos especular que a inibição observada tenha tardado para acontecer, porém sem dar tempo ainda de isso interferir com a atividade das heme proteínas. Frente a estes resultados é que optamos por expor os animais ao BaP somente após o oitavo dia de experimento, quando então a ALAD já estivesse inibida. Assim, o início da exposição ao BaP, que teoricamente levaria a necessidade de indução da CYP1A para sua biotransforamçao e da catalase por eventual aumento do estresse oxidativo, se daria num momento onde a ALAD já estivesse inibida.

Além disso, de acordo com Flora e colaboradores, somente inibições acima de 80 % causam alterações na síntese de heme-proteínas. As inibições observadas no presente trabalho não ultrapassaram este patamar, e talvez por isso não foram observadas diferenças na CAT e EROD nesse momento.

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31

5.2. Etapa dois

Na segunda fase do trabalho o experimento foi realizado com o intuito de entender a implicação da intoxicação por Pb no metabolismo de detoxificação do BaP. Como observado, o Pb tem ação inibitória sobre a enzima ALAD, que converte o ácido aminolevulínico a porfobilinogênio; deste modo hipotetizamos que a injeção de PBG seria capaz de reverter os efeitos do metal. Nesta etapa foram realizados ensaios enzimáticos para ALAD, CAT, EROD e GST e níveis de peroxidação lipídica em brânquia.

Apesar de ter sido significante inibida pelo Pb no experimento anterior, nesta etapa, inesperadamente a enzima ALAD não apresentou diferenças significativas em nenhum dos tecidos avaliados após exposição por 7 e 14 dias a 10 mg/L de Pb, quando todos os grupos foram comparados entre si (Fig 6).

Figura 6. Atividade da enzima ALAD, expressa através da quantidade de porfobilinogênio produzido (nmol / h / mg de proteína) em brânquias de tilápias após exposição por 7 ou 14 dias. Barras representam a mediana e o erro padrão. p = 0,0603.

Em estudos conduzidos em ratos, por Fujita e Ishihara (1988), a inibição da enzima ALAD foi revertida por uma maior expressão desta proteína, de forma a compensar a perda da atividade pela inibição inicial, o que seria uma

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possível explicação para nossos resultados. Porém deve-se ressaltar que no experimento da fase 1, a atividade da ALAD foi inibida significantemente pelo Pb na mesma concentração, o que contradiz essa hipótese. No caso dos demais grupos experimentais, é possível que a adição de outros tratamentos (tratamentos Pb + BaP, Pb + BaP + PBG, Pb + PBG) possa ter ativado mecanismos de resposta que possibilitaram ao organismo a normalidade da atividade enzimática, porém essa é uma hipótese que precisa ser melhor elucidada.

Por terem sido realizados em épocas diferentes do ano, é possível que os dados contraditórios para a atividade da ALAD após exposição ao Pb do experimento anterior, para esse, possam estar relacionados a variações fisiológicas sazonais. De todas as formas, os dados demonstram que apesardos distintos tratamentos, as tilápias não apresentaram déficit nessa enzima, possivelmente proporcionando a correta síntese de grupamentos heme de acordo com sua demanda metabólica, o que pode ser comprovado pela resposta da EROD no experimento. Conforme mostra a figura 7, o BaP isoladamente induziu significativamente a atividade da EROD. Caso houvesse inibição da ALAD, era esperado um prejuízo nessa indução da EROD, o que não foi observado, visto que aqueles grupos previamente expostos ao Pb e posteriormente ao BaP (Pb+BaP e Pb+BaP+PBG), apresentaram a mesma indução da EROD.

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33

Figura 7. Atividade da EROD, expressa em Ln da quantidade em pmol de resorufina formado por minuto por mg de proteína de tecido, em brânquia de tilápias do Nilo após 7 ou 14 dias de exposição. Barras representam a mediana e o erro padrão. p = 0,0003; + = diferença significativa com relação ao tratamento PBG.

Entretanto, os dados da atividade da catalase demonstram que a hipótese de eficiente demanda de grupamentos heme apesar da potencial inibição da ALAD pelo Pb não é totalmente correta. Animais tratados com BaP sem tratamento prévio com Pb apresentaram aumento significativo em relação ao controle para a atividade da CAT em brânquia (Figura 8), indicando uma resposta celular frente ao incremento de radicais livres na célula possivelmente oriundos da metabolização do BaP. Porém, aqueles grupos expostos ao BaP que foram previamente tratados com Pb não apresentaram o mesmo aumento da catalase. Frente a estes resultados, podemos concluir que, apesar de não observarmos efeitos na atividade da enzima ALAD nesta fase, animais expostos anteriormente ao Pb não tiveram a mesma capacidade de estímulo da CAT frente aos radicais livres, o que pode estar relacionado a um possível efeito de inibição da ALAD pelo chumbo ao longo da exposição ao BaP, em algum dos dias, entre o sétimo e o décimo quarto dia de exposição, onde a atividade da ALAD não foi mensurada. Interessantemente, o tratamento dos peixes expostos ao Pb e BaP com PBG não causou a reversão do efeito de

+ + + 1,0 2,7 7,3 19,7 53,1 143,5 387,4 1046,0 A ti vi da de da ER O D ( pmol de re so ru fi na /m in/m g pr o te ína ) Tratamentos Controle 7d Controle 14d Controle NaCl Pb 7d Pb 14d Pb + BaP Pb + BaP + PBG Pb + PBG BaP PBG

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não indução da CAT. Talvez as concentrações de PBG injetadas não tenham sido suficientes para se observar esse efeito, sugerindo que mais estudos necessitam ser realizados para melhor esclarecer essa hipótese.

Figura 8. Atividade da enzima catalase, expressa em U/mg de proteína, em brânquia de tilápias do Nilo após 7 ou 14 dias de exposição. Barras representam média e o desvio padrão. p = 0,000257; * = diferença significativa com relação ao controle 7 dias; # = diferença significativa com relação ao tratamento BaP; U = quantidade de enzima que catalisa uma reação com velocidade de formação de 1 µmol de produto por minuto.

Com relação a atividade da enzima dependente de glutationa testada nessa etapa, a GST, pudemos observar que foi induzida somente no grupo exposto ao BaP isoladamente (figura 9). A GST atua no metabolismo de fase II do BaP, e sua indução nesse grupo corrobora esse dado. No entanto, nos grupos expostos ao BaP com exposição prévia ao Pb (Pb+BaP e Pb+BaP+PBG), essa indução não ocorreu, o que pode indicar um um decréscimo na concentração de glutationa em função da exposição ao Pb, interferindo assim na indução da GST. Na presença de metais pesados como o Pb, pode ocorrer inibição da mesma por causa da depleção de GSH no organismo exposto, uma vez que a GSH pode atuar como quelante desse metal, tendo como consequência a diminuição de sua disponibilidade metabólica (WON et al., 2011; SRIKANTH et al., 2013).

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35

Figura 9. Atividade da enzima GST, expressa em U/mg de proteína de tecido, em brânquia de tilápias do Nilo após 7 ou 14 dias de exposição. Barras representam a mediana e o erro padrão. p = 0,0182; + = diferença significativa com relação ao tratamento PBG; U = quantidade de enzima que catalisa uma reação com velocidade de formação de 1 µmol de produto por minuto.

O malondialdeído (MDA) é um dos bioindicadores mais usados na literatura científica para a ocorrência de lipoperoxidação em sistemas biológicos (FAIZAN et al., 2014). Nesta fase do estudo, foi quantificada a presença de MDA em brânquia (Fígura 10). Não foram obtidas diferenças significativas entre os tratamentos, sugerindo que os mecanismos de defesa antioxidantes impediram a ocorrência de peroxidação lipídica.

Figura 10. Nível de peroxidação lipídica expresso em quantidades de malondialdeído (MDA) (pmol / mg de proteína) em brânquia de tilápias após 7 ou 14 dias de exposição. Barras representam a mediana e o erro padrão. p = 0,2248.

+ 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 A ti vi da de e nzim át ica (U /m g de pr o te ína ) Tratamentos Controle 7d Controle 14d Controle NaCl Pb 7d Pb 14d Pb + BaP Pb + BaP + PBG Pb + PBG BaP PBG

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5.3. Etapa três

Em função do efeito do Pb em uma possível diminuição dos níveis de GSH nos animais, implicando numa deficiência da ativação da GST pela exposição ao BaP, foram feitos estudos adicionais para melhor avaliar o efeito do Pb em enzimas dependentes de glutationa, além do enfoque na ALAD e heme proteínas. Nessa etapa, como o enfoque foi mais relacionado à questão da possível deficiência de glutationa em decorrência da exposição ao Pb, grupos expostos ao Pb e BaP foram também injetados com N-acetilcisteína (NAC), importante precursor da síntese de glutationa. Assim, a hipótese para esse modelo experimental era de que possíveis decréscimos na atividade de enzimas dependentes de glutationa pela exposição ao Pb, pudessem ser revertidas pela injeção de NAC, uma vez que propiciaria o aumento da síntese da glutationa. Ainda, por não ter sido vista inibição da ALAD pelo Pb no experimento anterior da fase 2 do projeto, na presente etapa a concentração do Pb foi aumentada de 10 para 50 mg/L. Ainda, nessa etapa além da brânquia, o fígado foi também avaliado.

Primeiramente, com relação a atividade da ALAD, novamente não foram observadas quaisquer alterações de atividade em nenhum dos grupos testados (figura 11). Entretanto nesse experimento só foram avaliados animais coletados após 14 dias de exposição. Pode-se especular que tenha havido inibição da enzima nos sete primeiros dias de exposição, como observado no experimento da fase 1 do projeto, porém a atividade foi recuperada após 7 dias adicionais de exposição, não apresentando diferença estatística comparado ao grupo controle ao final dos 14 dias de exposição. Fujita e Ishihara (1988) sugeriram

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37 que a ausência de inibição da ALAD em alguns casos pode ser provocada por maior expressão da proteína ao longo do tempo.

Figura 11. Atividade da ALAD, expressa em quantidade de porfobilinogênio (nmol) produzido por hora por mg de proteína de tecido, em fígado (A) e brânquia (B) de tilápias do Nilo após 14 dias de exposição. Barras representam mediana e erro padrão para fígado, e média e desvio padrão, para brânquia. Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos. p = 0,4426 e 0,293621, respectivamente.

Por se tratar de uma heme-proteína, era esperada uma redução na atividade da catalase (ERCAL et al., 2001) nos organismos expostos a chumbo, que não foi observada nos tecidos testados (Figura 12). Apesar da metabolização do BaP liberar radicais livres, também não houve incremento na atividade da catalase em todos os grupos tratados com este contaminante, ao

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contrário do experimento anterior, onde na mesma concentração de BaP pelo mesmo período, houve aumento significativo dessa enzima.

Figura 12. Atividade da enzima catalase expressa em U/mg de proteína em fígado (A) e brânquia (B) de tilápias do Nilo após 14 dias de exposição. Barras representam média e desvio padrão para fígado, e mediana e erro padrão, para brânquia. Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos. p = 0,526715 e 0,1214, respectivamente; U = quantidade de enzima que catalisa uma reação com velocidade de formação de 1 µmol de produto por minuto.

Outra heme-proteína testada foi a EROD, esperávamos que organismos tratados com Pb não apresentassem indução da CYP1A quando expostos a BaP, por falta de grupamentos heme. Entretanto, apesar da exposição a chumbo, o BaP foi capaz de causar elevada indução da atividade da EROD (Figura 13).

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Figura 13. Atividade da EROD, expressa em pmol de resorufina formado por minuto por mg de proteína de tecido, em fígado (A) e brânquia (B) de tilápias do Nilo após 14 dias de exposição. Barras representam mediana e o erro padrão. p = 0,0033 e 0,0004, respectivamente; * = diferença significativa com relação ao controle; º = diferença significativa com relação ao tratamento Pb;

Em experimentos conduzidos em tilápias (O. mossambicus), Basha e Rani (2003) observaram um incremento na atividade de todas as enzimas testadas (CAT, superóxido dismutase, xantina oxidase, GST, GPx) até o sétimo dia de exposição a cadmio, após este período, a atividade se manteve constante até o 15º dia, quando começou a declinar. Eles concluíram assim que pode existir um mecanismo de detoxificação que funcione em longo prazo. Utilizando de igual pensamento, era esperado que a inibição da ALAD após 7 dias prejudicasse a indução da CYP1A, o que não ocorreu, demonstrando que

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o organismo possui mecanismos eficazes de contornar o problema, possivelmente gerando respostas dentro do período do experimento.

A enzima glutationa redutase (GR) é responsável por reduzir a glutationa oxidada (GSSG) a GSH, deste modo, contribui para o sistema de defesa antioxidante. O chumbo provoca a inibição desta enzima uma vez que se liga ao grupamento –SH do sítio ativo da GR (ERCAL et al., 2001). Entretanto, neste estudo observou-se aumentos significativos dessa enzima com relação ao controle nos tratamentos Pb e Pb + BaP em fígado (Figura 14). Esse efeito foi observado apenas no fígado. Podemos inferir que nesse tecido o Pb esteja diminuindo a concentração de GSH, de forma a causar um aumento da taxa de regeneração da mesma a partir de GSSG de forma a compensar a baixa disponibilidade de GSH para a célula. Interessantemente, no grupo tratado com Pb+BaP+NAC, não houve aumento da GR, o que sugere que a NAC pode ter estimulado a síntese de GSH pelo organismo, diminuindo assim a necessidade de sua regeneração a partir de GSSG.

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Figura 14. Atividade da enzima GR, expressa em U/mg de proteína, em fígado (A) e brânquia (B) de tilápias do Nilo após 14 dias de exposição. Barras representam a média e o desvio padrão. p = 0,001431 e 0,615987, respectivamente. * = diferença significativa com relação ao controle; @ = diferença significativa com relação ao tratamento Pb + BaP; U = quantidade de enzima que catalisa uma reação com velocidade de formação de 1 µmol de produto por minuto.

O chumbo pode interagir com metais essenciais ao organismo, tal qual o selênio (Se), esta ligação reduz a disponibilidade do Pb. O Se funciona como co-fator para a enzima glutationa peroxidase, por isso em intoxicações por Pb é esperada a inibição da atividade da GPx (KASPERCZYK et al., 2012). Nossos resultados não mostram efeitos significativos na atividade da GPx (Figura 15), mas novamente nos levam a pensar que os organismos apresentam mecanismos complexos em resposta aos contaminantes testados.

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Figura 15. Atividade da enzima GPx, expressa em U/mg de proteína, em fígado (A) e brânquia (B) de tilápias do Nilo após 14 dias de exposição. Barras representam mediana e o erro padrão para fígado, e média e o desvio padrão, para brânquia. p = 0,1956 e 0,119279, respectivamente; U = quantidade de enzima que catalisa a formação de 1 µmol de produto por minuto.

Como visto anteriormente, o BaP pode estimular a atividade da GST enquanto que a pré-exposição ao Pb dificultou esse processo. No experimento da etapa 3, novamente a GST foi induzida pelo BaP (significantemente maior que o controle no fígado e que o grupo exposto ao Pb na brânquia), porém nesse caso, nos dois tecidos, o chumbo não diminuiu a ativação da GST tal como observado no experimento da etapa 2 (Figura 16). Uma hipótese para esse resultado contraditório é que, apesar de uma possível diminuição da concentração de GSH, que na etapa anterior interferiu na indução da GST, a maior concentração de Pb possa ter ativado de forma mais incisiva vias de

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43 detoxificação do Pb, como a síntese da própria GSH. Ainda que não tenha sido observada diferença estatística, o grupo que recebeu Pb+BaP+NAC apresentou atividade da GST ligeiramente mais alta que o grupo que recebeu apenas Pb+BaP, o que poderia ser um indício da importância da GSH na manutenção da resposta da GST ao BaP.

Figura 16. Atividade da enzima GST, expressa em U/mg de proteína, em fígado (A) e brânquia (B) de tilápias do Nilo após 14 dias de exposição. Barras representam a mediana e o erro padrão para fígado, e média e o desvio padrão, para brânquia. p = 0,009574 e 0,000588, respectivamente; * = diferença significativa com relação ao controle; ^ = diferença significativa com relação ao controle injetado com solução salina; º = diferença significativa com relação ao tratamento Pb; U = quantidade de enzima que catalisa a formação de 1 µmol de produto por minuto.

A intoxicação por Pb, assim como a causada por BaP são capazes de gerar EROs, que, por sua vez, podem provocara oxidação dos componentes

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celulares, como os fosfolipídios da membrana plasmática. A quantificação de MDA, o produto da reação dos radicais livres com os ácidos graxos da membrana, neste estudo, não mostrou efeitos significativos nos tecidos testados (Figura 17).

Figura 17. Nível de peroxidação lipídica, expresso em quantidades de malondialdeído (MDA) (pmol / mg de proteína), em fígado (A) e brânquia (B) de tilápias do Nilo após 14 dias de exposição. Barras representam a mediana e o erro padrão. p = 0,3407 e 0,0789, respectivamente.

Em estudos realizados em Eisenia fetida, Duan e colaboradores (2015) observaram que somente alta concentração (500 mg/kg) de BaP era capaz de provocar respostas significativas na quantidade de MDA dos organismos. Com isso, eles concluíram que os organismos eram bem tolerantes ao BaP e/ou que os mecanismos de defesa antioxidantes eram muito eficientes. Em nosso

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45 estudo, não foram observadas diferenças entre os tratamentos, com isso, podemos hipotetizar, assim como Duan e colaboradores (2015), que os peixes conseguiram neutralizar os efeitos oxidativos sobre as membranas celulares, graças a ação de antioxidantes.

6. CONCLUSÕES

A. O chumbo é capaz de causar inibição da atividade da enzima

ALAD nas concentrações de 10 e 50 mg/L em tilápias do Nilo, entretanto a exposição por 14 dias pode não apresentar diferenças, visto que estes organismos podem se tornar tolerantes ou os mecanismos para contornar os problemas são muito eficientes;

B. A inibição causada pelo Pb neste experimento, não foi suficiente

para alterar a síntese de heme-proteínas, portanto não ocorreu inibição da atividade das enzimas CAT e EROD, ainda que a catalase tenha sido induzida pelo BaP e não no tratamento Pb +BaP;

C. O PBG não foi capaz de reverter os efeitos do chumbo sobre a

CAT e EROD na concentração e período de exposição testados neste trabalho.

D. A presença de NAC não provocou respostas diferentes nas

enzimas GSH-dependentes GST e GR, visto que essas conseguiram ser estimuladas na presença de BaP, mesmo nos grupos não injetados com NAC.

07. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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