O antes da Bíblia:
Deus
MANIFESTA-‐SE
ao HOMEM
Introdução
1. No encontro anterior, partimos da observação da
Bíblia, tai como ela se nos apresenta hoje.
Em primeiro lugar, procurámos conhecê-‐la no seu aspecto exterior.
Em seguida, veriNicámos que nela encontra eco tudo o que é humano.
Finalmente, constatámos que os dois grandes protagonistas desta obra são Deus e o homem..
Introdução
2. Hoje, vamos recuar no tempo, vamos até ao "antes"
da Bíblia, pois, antes de ser escrita, a Bíblia foi vida, foi diálogo, foi história.
Na verdade, e como é lógico, primeiro que surgisse
como livro, aconteceu o que ela nos relata e
transmite: a manifestação de Deus na história do homem.
Introdução
3. Deus, no seu imenso amor, quis dar-‐se a conhecer ao homem, quis manifestar-‐lhe a sua vida íntima,
quis estabelecer com ele um diálogo de amizade. Por isso mesmo, Deus entrou na história, veio
amorosamente ao encontro dos homens, para conversar com eles (Dei Verbum 21).
Neste diálogo, Deus manifesta também qual é o seu projeto, qual é o seu programa, qual é a sua
proposta para a vida do homem, de cada homem, da humanidade inteira.
Introdução
Deste modo, Deus quer admitir os homens à comunhão
com Ele, quer que os homens participem da sua vida
divina, quer que os homens façam parte da sua família. Numa palavra: Deus quer dar pleno sentido à vida do
homem. Homem que vive no mundo e inserido na história, mas cuja vida não se esgota neste mundo nem nesta história.
Características da manifestação
de Deus aos homens
1. A manifestação de Deus só é possível, quando
aparece no mundo um ser capaz de escutar, de
entender, dialogar e amar.
Esse ser é o homem que Deus criou à sua imagem e semelhança.
Características da manifestação
de Deus aos homens
2. Para se encontrar com o homem, Deus não hesita em entrar na história.
É precisamente na história, onde se desenrola a vida
do homem, que Deus faz sentir a Sua presença e faz ouvir a Sua voz. A partir deste momento, a história torna-‐se uma aventura comum a Deus e ao homem!
Características da manifestação
de Deus aos homens
3. Para se fazer entender pelos homens, Deus usa a linguagem humana (os homens não entenderiam uma linguagem de anjos!). E querendo ser verdadeiramente
acessível, Deus fala a linguagem da amizade.
Em Ex 33,11, lemos: "Deus falava com Moisés face a
face, tal como um homem fala com um seu amigo”.
Trata-‐se de uma imagem que serve para exprimir o nível de familiaridade que Deus estabelece com o homem.
Características da manifestação
de Deus aos homens
4. Não devemos imaginar Deus a falar de um modo
direto com o homem, com o povo de Israel, como nós falamos uns com os outros.
Normalmente, Deus dirige-‐se ao povo através de
mediadores humanos (entre os quais se distinguem os profetas).
Características da manifestação
de Deus aos homens
Deus manifesta-‐se também através de meios
humanos que podem ser:
• um sonho (Gen 37: os sonhos de José nos quais se revela o seu
papel primordial em relação aos restantes irmãos);
• uma visão (Is 6: na qual se põe em evidência a santidade e a
transcendência de Deus);
• os próprios acontecimentos da história do povo de
Características da manifestação
de Deus aos homens
5. Como bom pedagogo que é, Deus não ensinou tudo de uma só vez.
Assim como o professor não ensina tudo aos alunos
no primeiro dia de escola, mas vai-‐se adaptando às suas possibilidades e capacidades, assim Deus, cheio de paciência e sábia pedagogia, se vai manifestando, lenta e progressivamente, ao longo de muitos
Características da manifestação
de Deus aos homens
É muito importante reter este aspecto.
Ele nos ajudará a compreender um certo número de coisas imperfeitas que encontramos no AT e que
chocam a nossa sensibilidade.
Estas imperfeições surgem, não porque Deus não quisesse ou não soubesse ensinar melhor, mas porque os homens não estavam em condições de aprender mais e viver melhor.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
1. Deus nunca esteve ausente do mundo que criou.
Em nenhum momento da história, Deus deixou de se interessar pela humanidade. No entanto, é a partir do século XIX a.C. que Deus, de um modo mais
direto, faz sentir a sua presença no mundo dos homens. É então que começa o seu diálogo com Abraão.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
A este homem, um pastor seminómada oriundo da Mesopotâmia, Deus manifesta-‐se como amigo,
como um Deus que se preocupa com a vida do homem e com o seu futuro.
Nesse sentido, Deus promete a Abraão uma
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
Deus tem presente, no seu projeto, um povo, o Povo de Israel, através do qual pretende realizar
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
2. Já dissemos que também os acontecimentos são reveladores de Deus.
Entre os acontecimentos da história do povo de
Israel, ocupa um lugar de destaque o Êxodo (a saída da terra do Egito que acontece no Séc. XIII a. C).
Aqui, Deus apresenta-‐se como Alguém que conhece e ama profundamente o seu povo.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
2. Ler Ex 3,7-‐9: reparai nos verbos de que Deus é
sujeito: "Vi... ouvi... desci...”
• “Vi..." implica um movimento de Deus na direção do seu
povo -‐ interessa-‐se por ele, vê e apercebe-‐se da sua situação.
• "Ouvi..." pressupõe um movimento do povo em direção
de Deus: o clamor do povo chega até Deus.
• "Desci..." de novo o movimento parte de Deus para o
povo. Porque não é insensível àquela situação, porque ama o povo, Deus passa à ação, desce para o libertar da terra do Egito.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
Deus, o nosso Deus, é um Deus que ama a
liberdade e que quer que os homens vivam em liberdade!
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
3. Deus ama de tal modo o povo de Israel que decide
estabelecer com ele uma aliança, um compromisso que marque, para sempre, o relacionamento entre
Deus e o Povo.
Estamos a referir-‐nos à, assim chamada, aliança do Sinai.
Deus compromete-‐ se a proteger e a abençoar o povo de Israel.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
Do povo, Deus exige um amor radical e exclusivo
que se há-‐de traduzir no cumprimento dos dez
mandamentos.
Nesta etapa, Deus põe em evidência que Ele é o
único Deus, o único Senhor do povo e da sua história.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
4. Um momento privilegiado da manifestação de Deus
aos homens acontece pela mediação dos profetas
(Sec. viu -‐ v a.C).
Estes proclamam a Palavra de Deus diante do povo.
Deste modo, Deus pretende iluminar todos os aspectos da vida do homem e do povo.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
O projecto salvíQico-‐libertador abrange o homem na sua totalidade, enquanto ser que se relaciona
com Deus, que vive no mundo e se relaciona com o seu semelhante.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
5. Toda a manifestação de Deus, durante o tempo do
AT, está dominada pela promessa-‐esperança da
salvação.
Ler Gen.3.15
Desde o princípio, Deus tem em vista o salvador. E com Ele chegamos à plenitude da revelação
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
6. "Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos
pelos profetas, falou-‐nos Deus nestes nossos dias que são os últimos, através de seu Filho" (Heb 1,1).
Jesus é o cume e a plenitude da manifestação, do diálogo de Deus com a humanidade.
Em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro
homem, acontece o encontro pessoal de Deus com o homem.
2-‐ Alguns momentos mais relevantes da
manifestação de Deus na história da humanidade
Ninguém melhor do que Jesus podia dar a conhecer
Deus ao homem, pois, como Ele diz: "Ninguém
conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11,25ss).
Em Jesus Cristo, Deus entra pessoalmente na história dos homens: "E o Verbo fez-‐se carne e
habitou entre nós"(Jo 1,14), e "Deus visitou e redimiu o
Conclusão
Apenas nos limitámos a alguns momentos do longo processo revelador de Deus.
No entanto, foi o suNiciente para nos apercebermos que Deus manifesta um projeto de amor que diz respeito aos homens de todos os tempos.
Conclusão
Ora, uma vez que Deus tinha em vista a salvação de todos os povos, e dado que a revelação direta de Deus se limitou a algumas pessoas, segue-‐se, como exigência lógica, a necessidade de transmitira Palavra de Deus.
Conclusão
No início, predomina a transmissão oral (Séc XIX-‐XI a.C).
A partir do Séc X a.C., surgem breves textos
(transmissão escrita) que nos narram algumas histórias ou acontecimentos considerados mais signiNicativos.
Conclusão
Num terceiro período, dá-‐se a elaboração dos livros que constituem a Bíblia (este trabalho termina no Nim do
Séc. I d.C).
E agora a transmissão continua, porque em todos os
tempos, em todos os lugares e a todos os povos deve ser proclamada a Palavra de Deus.
A REVELAÇÃO EM SI MESMA
Natureza e objecto da revelação
2
. Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria,revelar-‐se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por
meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cfr. Ef. 2,18; 2 Ped. 1,4).
A REVELAÇÃO EM SI MESMA
Natureza e objecto da revelação
Em virtude desta revelação, Deus invisível (cfr. Col. 1,15; 1 Tim. 1,17), na riqueza do seu amor fala aos homens como
amigos (cfr. Ex. 33, 11; Jo. 15,1415) e convive com eles (cfr. Bar. 3,38), para
A REVELAÇÃO EM SI MESMA
Natureza e objecto da revelação
Esta «economia» da revelação realiza-‐se por meio de ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na
história da salvação, manifestam e conNirmam a
doutrina e as realidades signiNicadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido.
A REVELAÇÃO EM SI MESMA
Natureza e objecto da revelação
Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-‐se-‐ nos, por esta revelação, em Cristo, que é,
simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação (Cfr. Pio XII, Encíclica Divino afglante Spiritu, 30 set. 1944: AAS 35 (1943) 314; EB 556.).