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A Utilização da História Oral na Remontagem do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

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Academic year: 2021

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A Utilização da História Oral na Remontagem do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

Como tudo começou?

Na visão da idealizadora a Dra Maria Lúcia Cardoso dos Santos, em entrevista cedida ao pesquisador em setembro de 2012.

Em 1995 o então diretor da Faculdade de Odontologia de Diamantina (FAFEOD) o Sr. Geraldo Walter de Aguilar, convida a enfermeira Dra Maria Lúcia Cardoso dos Santos para criar o curso de graduação em enfermagem na cidade de Diamantina, devido a sua experiência prévia em criação de cursos de graduação em enfermagem nas Faculdades Federais do Triângulo Mineiro e Medicina de Uberaba.

Neste mesmo ano, a Dra Maria Lúcia chegou a Diamantina para conhecer a cidade e a estrutura inicial sobre a qual seria montado o curso de graduação em enfermagem. Porém é surpreendida pela realidade encontrada, pois ela acreditava que encontraria um curso autorizado, com estrutura curricular montada, estrutura física de laboratórios, salas de aulas e corpo docente oferecido pela FAFEOD e ainda campos de estágios propícios para as práticas de enfermagem. Como isso não havia sido providenciado e a entrada dos alunos seria anualmente em vestibular realizado no fim do ano, não foi possível iniciar o curso em 1996. Exatamente nesse ano todo esse trabalho inicial foi executado, através de reuniões com o MEC para aprovação do curso, reuniões na FAFEOD para aquisição de docentes e estrutura física. E contatos diretos com prefeito, secretário de saúde e diretores de hospitais para definição dos campos de estágio. Apesar de ter pensado em desistir a Dra. Maria Lúcia seguia firme em seus propósitos:

Quando eu observei aquele curso ser criado de forma tão pouco elaborada, sem área física adequada, sem docentes, sem laboratórios e sem estrutura curricular, senti vontade de romper o compromisso assumido com o diretor. Mas, como não sou de recuar frente às dificuldades que a vida me apresente, não era ali que eu iria desistir. Enfrentei a luta consciente do quanto teria que trabalhar e vencer as dificuldades

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(SANTOS, 2012).

Nesse primeiro momento, surgem duas vertentes, uma de que realmente o curso era necessário para Diamantina e região e outra de que era necessário que esse se estruturasse sobre bases sólidas. Provavelmente este foi o primeiro e maior desafio para efetivação do curso de graduação em enfermagem na FAFEOD

A necessidade de ser criado um curso de graduação em enfermagem em Diamantina era muito evidente, só que o grande atropelo em que aconteceram as coisas para a instalação do mesmo é que foi totalmente desastroso para o curso

(SANTOS, 2012).

Outra dificuldade a ser superada foi referente a falta de docentes na área da enfermagem, uma vez que a instituição só possuía o curso de odontologia e os professores eram concursados apenas para esse fim. Assim não havia uma possibilidade para a interdisciplinaridade e compartilhamento de disciplinas. O universo era apenas a faculdade de Odontologia, a qual funcionava assim há mais de 40 anos.

Porém, após várias reuniões dos docentes com a direção e certa imposição do diretor, ficou definido que os docentes da odontologia deveriam dar aulas para o curso de enfermagem

O diretor respondeu com uma certa impaciência que eles eram professores da instituição, podiam e deveriam ajudar naquela situação emergencial. Assim foi marcada outra reunião comigo e os professores da odontologia para maiores detalhes e expor o conteúdo de algumas disciplinas básicas e adaptações necessárias para ministração das mesmas

(SANTOS, 2012).

Devido às limitações desses docentes em abordarem outras estruturas além da cabeça e pescoço, foi necessária a contratação de um docente aposentado pela FAFEOD, o médico e cirurgião, Dr. João Meira, que aceitou prontamente o convite

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Ele foi muito solicito e falou que assumiria a disciplina para enfermagem prontamente. A partir desse momento, comecei a acreditar que estava no caminho certo. A disciplina de anatomia começou um pouco atrasada, mas começou muito bem

(SANTOS, 2012).

Outro fator limitante para a implantação do curso de graduação em enfermagem foi a ausência de cadáveres no laboratório de anatomia

Eu resolvi esse inconveniente de forma inusitada. Solicitei a construção de tanques com soluções adequadas para colocar corpos e entrei em contato com a Faculdade de medicina de Uberaba, para conseguir dois cadáveres para o nosso curso. Fui de caminhonete com o motorista levando dois caixões para o transporte dos cadáveres até Diamantina. Quando cheguei aqui, solicitei ao motorista que colocasse no pátio de entrada os caixões que eu iria conversar com o diretor que ao ver o quadro solicitou a todos que fizessem uma oração pelos defuntos

(SANTOS, 2012).

Os demais laboratórios das disciplinas básicas eram utilizados apenas pelo curso de odontologia e foram adaptados para receberem os alunos do curso de enfermagem.

Os docentes contratados para as disciplinas da enfermagem eram profissionais dos serviços de saúde do município, foram contratados pela FAFEOD com uma baixa remuneração e não possuíam vínculos com a instituição. Necessitavam ser bem orientados quanto à necessidade do curso de enfermagem e a importância da contribuição dos mesmos para o andamento e aprovação do curso.

No primeiro semestre de 1997, com o curso já em funcionamento os alunos da primeira turma perceberam as grandes dificuldades do processo de implementação e começaram a questionar sobre a formação que eles queriam e a formação que teriam se mudanças radicais não acontecessem imediatamente

Eu sabia que os alunos estavam aborrecidos com a situação do curso. Certo dia eles vieram falar comigo, dizendo: professora, nós fizemos o vestibular e a senhora sabe que temos direitos de ter um curso bom, com professores contratados para ministrarem as disciplinas e assim não dá

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(SANTOS, 2012).

Muitos acontecimentos marcaram o percurso do processo de formação profissional dos alunos do curso de graduação em enfermagem da FAFEOD. Dentre vários acontecimentos vale ressaltar a decisão de participação desses alunos no processo de construção do curso, após um apelo da própria coordenadora

Aqueles que tiverem dispostos a ficar e lutar comigo por uma faculdade que no amanhã se orgulharão dela, então vamos arregaçar as mangas e sem grandes reclamações trabalharem comigo, acreditando num amanhã promissor onde vocês se orgulhem de terem sido alunos dessa faculdade

(SANTOS, 2012).

Com o curso em pleno funcionamento, novos docentes contratados e as disciplinas básicas em andamento. Foi montado o laboratório de procedimentos e os estágios iam sendo estruturados. Os alunos tinham a possibilidade de realizarem suas atividades práticas em vários cenários. A teoria e a prática para formação profissional andavam juntas, permitindo aos alunos incorporarem o conhecimento através de uma supervisão docente e uma interação entre as disciplinas

Os estágios ou procedimentos de cada disciplina começavam logo após a parte teórica da disciplina ou concomitante. Esta situação era desenvolvida no laboratório de procedimentos ou fundamentos e nos estágios dentro dos hospitais acompanhados de perto pela professora responsável. Às vezes uma disciplina podia ter estágios em diferentes lugares, conforme o intercâmbio entre as disciplinas

(SANTOS, 2012).

Por deficiência do município de Diamantina, os estágios curriculares nos ambientes hospitalares e postos de saúde foram estruturados por meio de parcerias com o Hospital das Clínicas de Belo Horizonte e com diversas prefeituras do Vale do Jequitinhonha

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Fui ao hospital escola do Hospital das Clínicas de Belo Horizonte tentar estágio para os alunos. Lá só tinha estágio para alunos do curso de enfermagem da UFMG, mas eu implorei para diretora e falei para ela sobre a nossa realidade no Vale do Jequitinhonha, ela aceitou e assim o estágio hospitalar estava garantido. Para o estágio comunitário eu procurei outros municípios conversando com prefeitos e fazendo parcerias, foi assim que conheci todo o Vale do Jequitinhonha, com metade dos alunos no campo de estágio hospitalar e a outra metade nos postos de saúde

(SANTOS, 2012).

Os hospitais de Diamantina foram se adequando para receberem os alunos e somente no ano de 2006 o estágio hospitalar passa a ser desenvolvido integralmente nos dois hospitais do município. Isso por meio de uma ampliação do contrato já existente entre essas instituições e a UFVJM (Termo Aditivo 002/2006).

A preocupação da coordenadora do curso de enfermagem com a formação profissional dos primeiros alunos fica evidente no seguinte relato

Eu disse para os alunos da necessidade de fazer um trabalho de conclusão de curso orientado por um docente. Fui com eles até o fim, fazendo-os conscientes de que o enfermeiro precisava pesquisar, escrever trabalhos e se titularem o mais cedo possível para serem bons profissionais. Não se contentarem apenas com a graduação. Todo começo é difícil, mas não é impossível, é só querer

(SANTOS, 2012).

Assim foi a história da construção do curso de graduação em Enfermagem da FAFEOD que se tornou Faculdades Federais Integradas de Diamantina (FAFEID) e atualmente UFVJM, nas doces palavras da querida fundadora Dra Maria Lúcia Cardoso dos Santos.

Referências

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