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Para fazer amigos com interesses comuns e. aprender fotografia

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Academic year: 2021

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COMPORTAMENTO

Popular no passado, o fotoclubismo voltou a crescer com a era digital. Saiba

como esses grupos funcionam e de que forma divulgam as fotos dos associados

aprender fotografia

A

era digital trouxe alguns avanços notáveis para a fotografia: acelerou o processo de registro das imagens, reduziu custos de produção e ampliou, e muito, a quantidade de pessoas que fotografam. O avanço tecnológico, naturalmente, estimulou o interesse pela técnica e linguagem

fotográficas e, atualmente, tem dado

força a uma forma de associação bastante comum entre os anos de 1960 e 1970: os fotoclubes. Esse tipo de agremiação, que reúne tanto fotógrafos profissionais quanto experts que atuam profissionalmente em diversas áreas, é um

interessante espaço de troca de informações e, principalmente, aprendizagem.

Foi com esse objetivo, por exemplo, que foi fundado, em dezembro de 2009, o Poesia do Olhar Clube de Fotografia, sediado em São Luís (MA). “O gosto por fotografar e a vontade de compartilhar técnicas e dúvidas foram as principais razões para criarmos o fotoclube. Começamos com 12 integrantes, todos

Para fazer amigos com interesses comuns e

Por Diego Meneghetti

Muito Grande, de Alexandre Urch, eleita a melhor foto da 16aBienal Cor, realizada na cidade de Ribeirão Preto, SP, em 2009

A

LEXANDRE

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amadores, que têm a fotografia como hobby e querem ampliar seus conhecimentos. Em nossa agenda, temos palestras com profissionais, passeios fotográficos, além de reuniões periódicas, nas quais trocamos experiências”, conta Sérgio Silva Sombra, presidente do grupo recém-criado. “O nome Poesia do Olhar é porque acreditamos que fotografar é

reconhecer a poesia e a beleza de uma imagem, capturá-la e revelá-la a outras pessoas”, diz.

O incentivo para abrir um fotoclube na capital maranhense partiu do contato de Sombra com a Confederação Brasileira de Fotografia (Confoto), sediada em São Paulo (SP). A entidade, que reúne fotoclubes de todas as regiões do País, facilita o

intercâmbio de informações entre as associações, presta assessoria jurídica aos filiados e promove a Bienal de Arte Fotográfica Brasileira, um concurso nacional com duas edições, P&B e Cor, que se alternam a cada ano. “Com a fotografia digital, houve um aumento no interesse pelo aprendizado da linguagem fotográfica. Mais pessoas passaram a fotografar e querem

Maternidade, de João Rossato, do Grupo Amigos da Fotografia, eleita como a melhor foto da 1aaBienal de Arte Fotográfica Natureza em Cores

J OÃO R OS SA TO

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COMPORTAMENTO

aprender como fazer uma foto mais bonita. Isso pode ser visto na variedade de cursos que existem hoje e, também, no aumento de fotoclubes filiados à Confoto. De 2005 para cá, passamos de uma média de 20 fotoclubes associados, para 70 atualmente cadastrados e mais outros dez grupos em processo de documentação”, conta Ourivaldo Barbosa do Valle, diretor administrativo da Confoto. “Nosso intuito é estimular cada vez mais a criação de fotoclubes pelo Brasil todo. Queremos chegar a 100 associados”, diz Barbosa.

Outro fator favorável para uma participação de interessados nos fotoclubes é a internet, com sites que estimulam os fotógrafos a publicar fotos e trocar informações. Fóruns de discussões e fotologs, como o Flickr (flickr.com), são ferramentas de intercâmbio de

imagens usadas para a exibição de material e discussão de linguagem fotográfica. “Contudo, esses sites geralmente têm um ponto negativo: raras são as vezes que uma foto é criticada, no sentido das pessoas apontarem defeitos e estimularem o desenvolvimento do fotógrafo. Nos fotoclubes, a dinâmica é diferente: claro que há elogios, mas temos um rigor crítico bem alto”, aponta Barbosa. “Por outro lado, publicar uma foto na internet, para que as pessoas opinem sobre ela, é um ato muito impessoal, sem contato físico. As pessoas precisam do

relacionamento pessoal, presencial. Aí entram os fotoclubes”, afirma o diretor da Confederação.

Fundada em 1958, a Confoto leva o mesmo objetivo das associações: incentivar a prática e o aperfeiçoamento da arte fotográfica, para profissionais e

experts. A principal ferramenta de promoção (e também de

reconhecimento do trabalho feito pelos clubes filiados) são as Bienais. A primeira edição foi organizada pela Confoto em parceria com o Foto Cine Clube de Campinas (SP), ainda em 1960, e teve a participação de 15 fotoclubes que enviaram fotos p&b. Somente em 1979 é que foi lançada a edição para fotos coloridas, promovida pelo Clube Foto Filatélico Numismático de Volta Redonda (RJ). Desde essa época, nos anos ímpares ocorrem as Bienais de fotos coloridas e, nos pares, as edição de fotos em p&b, sempre sob a responsabilidade de um fotoclube associado à Confoto. Na última Bienal, realizada em Ribeirão Preto (SP), em 2009, foi lançada também a I Bienal de Arte Fotográfica Natureza em Cores.

As Baianas, feita por Basílio Boarin Neto, do Salvador Foto Clube, para participar da Bienal Cor de 2007: a imagem ganhou o 10lugar

B ASÍLIO B OARIN N ETO

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Gemerson Dias, do Rio de Janeiro (RJ), recebeu medalha de ouro na Bienal P&B de 2006, pela foto Hora do Banho

G

EMERSON

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DINÂMICA

Além de diretor da Confoto, Barbosa é o presidente do Grupo Luminous de Fotografia, fotoclube criado em 2000 e que possui hoje 150 pessoas cadastradas. Nas últimas edições das Bienais P&B e Cor, o grupo angariou os troféus de primeiro colocado na classificação por fotoclubes. O sucesso pode ser creditado ao empenho dos fotógrafos filiados. “Na nossa associação, promovemos reuniões quinzenais. Na primeira quinta-feira de cada mês, há uma palestra com algum profissional convidado e apresentações de ensaios livres dos filiados. No segundo encontro, fazemos o que chamamos de leitura de ensaios: alguns associados trazem fotos sobre algum tema e mostram aos outros integrantes, que analisam criticamente as imagens de cada pessoa. É neste momento em que se aprende fotografia”, afirma Barbosa.

O fotógrafo Alexandre Urch, que integra o Grupo Luminous, obteve também o 20lugar na Bienal Cor de 2009, com a imagem O Pintor

Os primeiros registros do movimento fotoclubista vêm da França, ainda na década de 1850, quando o estudo sobre fotografia envolvia conhecimentos sobre química e física, e fazer uma simples foto demandava pesados

equipamentos.

No Brasil, o fotoclubismo teve

início em 1918, com a criação do Photo Club Helios, em Porto Alegre (RS). Em 1939, foi fundado em São Paulo (SP) o

Foto Clube Bandeirantes, um dos

mais tradicionais e renomados clubes do País. A partir de 1945, a associação, que ainda está em atividade, mudou de nome para Foto Cine Clube

Bandeirantes.

Saiba mais sobre a origem do fotoclubismo

A LEXANDRE U RCH A RQUIVO FCCB

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O destaque fica para a abordagem técnica das reuniões. A primeira reunião do grupo Luminous em março de 2010, por exemplo, contou com uma palestra da fotógrafa paulistana Fifi Tong, que apresentou seu trabalho autoral e comentou sobre suas técnicas de registro de imagens e abordagem das pessoas, particularmente em retratos (veja reportagem sobre Fifi Tong na edição 159 da

Fotografe). Na plateia, 42 pessoas

ouviram as histórias da fotógrafa e puderam fazer perguntas sobre a técnica e a linguagem usada nas imagens apresentadas.

Outro fotoclube que tem se destacado nas últimas Bienais é o Grupo Amigos da Fotografia (GAF), de Ribeirão Preto. Criado em maio de 2000, o clube tem hoje cerca de 80 pessoas cadastradas, de diversas áreas de atuação profissional, o que traz uma diversificação em termos de

capacidade individual e coletiva. “Nosso objetivo é manter o grupo bastante atuante. Organizamos ensaios, passeios fotográficos e fazemos cursos com frequência. Todo final de semana recebemos os associados que estão com

disponibilidade e, além do nosso bate-papo, estamos sempre com a máquina na mão, fotografando, o que é muito importante”, comenta João Rossato, presidente do GAF.

Em dez anos, o Amigos da Fotografia já realizou exposições, editou livros, organizou duas Bienais de foto colorida (em 2005 e 2009), promoveu cursos de fotografia, além de ter participado de mais de cem concursos nacionais e

internacionais, levando para casa algumas premiações. “Na época de Bienais da Confoto, incentivamos a participação dos associados para termos um bom material e concorrer com qualidade com os outros fotoclubes”, comenta.

Em 2009, o grupo recebeu da prefeitura da cidade a doação de um terreno onde será construída a sede do fotoclube. “Nosso grupo ainda está se desenvolvendo. Com uma sede própria, acreditamos que irá crescer muito, consolidando-se como um grupo de elite na fotografia brasileira”, diz Rossato.

BIENAL P&B

Fundado em 1980 por um grupo de bancários apaixonados por fotografia, o Clube do Fotógrafo de Caxias do Sul (RS) é outro exemplo de agremiação em prol do

aprendizado e da troca de

experiências. “Estamos fazendo um extenso trabalho de divulgação do fotoclubismo na cidade e na região, o que tem dado um retorno positivo para o grupo. Além disso, em Caxias do Sul existe um curso de graduação em fotografia, o que colabora para que mais pessoas se interessem pela técnica e se

Infinito Azul, feita pelo fotógrafo Leandro Badalotti, do Clube do Fotógrafo de Caxias do Sul, recebeu menção honrosa na Bienal de 2009

L EANDRO B AD AL OT TI

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aproximem do clube. Isso pode ser visto pelo nosso crescimento: há dois anos havia uma média de 30 sócios; hoje estamos com mais de 70 integrantes”, conta Adriano Soldatelli, presidente do Clube do Fotógrafo.

Ele afirma ainda que a participação de mulheres no fotoclube vem crescendo bastante. “Quando entrei para a associação, em 2006, não havia nenhuma mulher no quadro de sócios. Em nossa última reunião, quase metade do grupo presente era feminino”, destaca.

A dinâmica do fotoclube de Caxias do Sul é semelhante à de outras associações: promovem concursos internos para eleger a melhor foto do mês, escolhida pelos próprios integrantes, fazem reuniões técnicas, palestras temáticas e saídas fotográficas com frequência. “Temos ainda um site, uma lista de discussões por e-mail, página no Flickr, espaço no site da Confoto, mas nossa rotina é essencialmente presencial, com reuniões toda semana. Nossa sede fica no Moinho da Estação, um espaço cultural multiuso da cidade, propício para esses encontros”, comenta Soldatelli.

A Bienal Brasileira de Arte Fotográfica em Preto e Branco de 2010, promovida pela Confoto, será organizada pelo Clube do Fotógrafo de Caxias do Sul, com apoio da prefeitura municipal caxiense. Até o próximo dia 10 de maio, integrantes de fotoclubes associados à Confederação podem inscrever-se para participar do evento, que premiará, simbolicamente, as três melhores fotos elegidas por um júri; os fotoclubes que mais tiverem trabalhos aceitos também serão reconhecidos.

Para participar, os fotógrafos devem enviar até quatro imagens sobre qualquer tema; as fotos devem ser impressas em papel fotográfico sensível ou de

impressoras, de forma comercial ou artesanal, por processos químicos ou digitais. Cada fotoclube pode Acima, Nuvens num Céu de Agosto, de Rodrigo de Freitas, 30lugar na Bienal de 2008;

abaixo, Olho do Mestre Niemeyer, de Jorge André Diehl, menção honrosa no mesmo ano

R ODRIGO DE F REIT AS J ORGE A NDRÉ D IEHL

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NO NO NO NO NO

I participar com quantos autores quiser. A premiação das imagens será realizada entre os dias 4 e 6 de junho de 2010, em Caxias do Sul. “Nossa estimativa é receber cerca de 3.000 fotos para a primeira seletiva da Bienal P&B. Depois, serão expostas 120 imagens para serem julgadas e escolhidas as três melhores. Haverá também 17 menções honrosas”, diz Soldatelli.

Para o diretor da Confoto, as Bienais são um reconhecimento do trabalho que os fotoclubes realizam, ao estimularem a prática e técnica fotográfica. A opinião reflete o esforço das associações para criar um rico espaço de troca e aprendizagem. “Temos associados de várias idades e isso é uma das vantagens da fotografia, ao ser um hobby duradouro e que não tem limite de idade. Você sempre pode aprender mais, trocando

experiências com os amigos. Um de nossos associados, por exemplo, o Walter Brugger, é médico

aposentado, tem 85 anos e frequentemente faz cursos de Photoshop. Ele está sempre à frente do computador, pesquisando novas ferramentas de edição e, com isso, tornou-se um dos associados que mais entendem do programa”, comemora o presidente do Clube do Fotógrafo. F OTOS : M ÁRIO B OCK

Informações de como abrir um fotoclube em sua cidade podem ser obtidas na Confederação Brasileira de Fotografia, por meio do site confoto.art.brou do telefone (11) 5071-7195.

A próxima Bienal de Arte Fotográfica em Preto e Branco recebe trabalhos até o dia 10 de maio de 2010. A premiação das melhores imagens vai ocorrer entre os dias 4 e 6 de junho, na Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, na rua Dr. Montraury, 1.333, Caxias do Sul (RS). A ficha de inscrição e regulamento do concurso estão no site da Confoto.

Serviço

A foto acima, Olhar para o Infinito, rendeu menção honrosa para Tiago Marcon na Bienal de 2008; mesma indicação foi para Linhas II, abaixo, de Antônio Ferreira dos Santos

T IAGO M ARCON A NTÔNIO F ERREIRA DOS S ANTOS

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