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ISSN Organização Ana Maria Tavares Cavalcanti Maria de Fátima Morethy Couto Marize Malta

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Organização

Ana Maria Tavares Cavalcanti Maria de Fátima Morethy Couto

Marize Malta

Universidade Estadual de Campinas Outubro 2011

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História da Arte, Estudos Visuais, Cultura Visual: Combates e Debates

Maria Lúcia Bastos Kern

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, CNPq.

Resumo

O presente estudo tem como objetivo analisar estes distintos campos de conhecimento, suas abordagens teórico-metodológicas e os debates das últimas décadas em face às mudanças de paradigmas.

Palavras-Chaves: História da Arte, Estudos Visuais e Cultura Visual Résumé

Le présent étude a pour but d’analyser ces differents champs de connaissance, les approches théoriques et métodologiques et les débats des dernières décennies face aux changemants des paradigmes.

Mots-Clés: Histoire de l’Art, Études Visuelles, Culture Visuelle

I. Introdução

Nas últimas décadas, os Estudos Visuais e a Cultura Visual têm estimulado os debates no campo da arte e da História da arte a respeito dos pressupostos dos paradigmas modernos com os quais os historiadores, teóricos e artistas conceberam as suas práticas. Estas discussões acentuam-se com o aparecimento de novas técnicas de imagens e

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o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa. A arte perde a sua hegemonia ao ser considerada como parcela minoritária das imagens visuais, no momento em que os EV e a CV abordam o amplo repertório das manifestações cotidianas e procuram superar as fronteiras estabelecidas pela HA e a hierarquia entre alta cultura e cultura popular.

A CV expande-se, sobretudo, no mundo anglo-saxão, oriunda dos EV, em contraposição às categorias conceituais da HA. Os estudiosos desse novo campo criticam as restrições institucionais dos métodos interpretativos da crítica, da história e da teoria artística. Ao expandir o foco de estudo a todas as imagens, algumas das premissas sustentadas são resultantes, em parte, das oposições entre pós-modernidade e modernidade, pós-estruturalismo e estruturalismo, hibridismo e pureza.

II. História da Arte, Estudos Visuais e de Cultura Visual

A crise dos paradigmas científicos estimula a revisão dos modelos teórico-metodológicos de cada área do conhecimento e a ruptura de suas fronteiras. As categorias conceituais e o campo de estudo da HA são também revistas face às práticas artísticas contemporâneas e aos questionamentos dos artistas e pesquisadores relativos às limitações da disciplina e às concepções que a permearam na modernidade. Os artistas reivindicam a sua dívida com as artes populares e a cultura de massa, em oposição aos condicionantes dos conceitos idealistas.

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A HA é criticada por ter focalizado apenas a arte erudita, os grandes mestres e os estilos, em detrimento de estudos sobre fotografia, artes decorativas, ilustração, design etc. Nesse patamar crítico, a Estética, a Filosofia e as instituições de arte, como os museus, o ensino e os catálogos de exposições são colocados em xeque por seus enfoques idealistas, universais, formalistas e biográficos, com intenções muitas vezes comerciais e ideológicas.

Os EV e a CV levantam outros questionamentos no que se referem às hierarquias, à pureza e à autonomia da arte, num momento em que os historiadores evidenciam esses problemas conceituais, percebem a existência de múltiplas histórias da arte, ao reconhecerem outras práticas artísticas em distintos territórios. Eles deixam de concentrar as pesquisas nos centros cosmopolitas, graças aos enfoques propiciados pelo pós-colonialismo. Face às interrogações que as imagens e os novos conhecimentos colocam, eles praticam a interdisciplinaridade e revêem o conceito de arte, o delimitando na atualidade a partir da Antropologia.

As ciências humanas, que oferecem suportes às reflexões sobre arte, enfrentam também um processo de reavaliação; enquanto as ciências sociais são retomadas pelos estudiosos dos EV e da CV ao acreditarem que elas possibilitam mais subsídios às novas acepções de visualidade e para pensar o papel da imagem nas mudanças culturais do mundo contemporâneo. Alguns estudiosos subestimam as ciências humanas para fornecerem subsídios a respeito das transformações das imagens, de

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suas inserções no mundo social e dos sentidos que dão ao mesmo. Eles, ao abandonarem as categorias teóricas da HA, partem do pressuposto de que a imagem se constitui como expressão de poder e o seu campo como espaço de tensões políticas e econômicas. Para Nicholas Mirzoeff, a CV explora as ambivalências, os interstícios e os lugares de resistência na vida cotidiana pós-moderna.1

É nesse contexto polêmico e de revisões do conhecimento, de novas tecnologias imagéticas e de expansão dos meios de comunicação de massa que os EV e a CV propõem suplantar o enfoque restrito à arte para abordar todo tipo de visualidade, considerando-a como produção de significados culturais. Os EV focalizam as artes como um ramo, que aborda os processos e as articulações sociais com os quais são elaborados os valores artísticos, seus mecanismos de circulação e de recepção.

José L. Brea2 demonstra a importância de identificação

dos processos de construção específicos do valor artístico, como “fábrica social diferente tanto nos seus mecanismos de circulação pública como nas formas de sua incidência simbólica (em sua recepção)”. A partir desta premissa, a publicidade e os meios de comunicação formam outros dois ramos dos EV e podem tornar compreensível o campo constituído por suas diferenças e articulações sociais, partilhado por crenças e valores acumulados, relativamente estáveis e hegemônicos. Entretanto, ele acredita que

1 MIRZOEFF, N. Una introducción a la cultura visual. Barcelona: Paidós, 2003. p. 31. 2 BREA, J. L. Estudios Visuales. Madri: Akal, 2005. p. 9.

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os EV não podem deixar de verificar as mudanças, as redefinições e os embates simbólicos no interior do campo.

A mudança nos estudos das imagens emerge entre historiadores da arte e arte educadores, sobretudo, nas instituições acadêmicas que reivindicam a interdisciplinaridade e a renovação dos modelos científicos. É nos anos de 1960-70 que a HA começa a ser criticada pelos EC e Comunicação Visual, em parte, motivados pelos movimentos políticos em prol da libertação das convenções sociais. Na Alemanha, muitos estudiosos direcionam as pesquisas à Comunicação Visual e às manifestações cotidianas, que acreditam se constituírem como percepções e identidades sociais. Os estudiosos revisam os pressupostos da Escola de Frankfurt no que se referem à indústria cultural e militam em prol das culturas populares, numa tentativa de democratização. As artes são niveladas às distintas imagens da cultura de massa e analisadas por categorias materialistas. O fim é compreender as imagens mediáticas e as suas repercussões sociais, num momento em que as novas tecnologias intervêm e ampliam a cultura de massa, instaurando outras necessidades de entendimento.

Na França e na Itália, desde os anos de 1960, a comunicação é focalizada pela Semiologia e Semiótica, sob enfoque das mensagens visuais, em trabalhos sobre fotografia, publicidade, televisão, cinema etc. Já na Inglaterra, os estudiosos concentram, inicialmente, a atenção na Antropologia com intenções de intervir nas políticas culturais.3 Posteriormente, são criados cursos

3 WALKER, J; CHAPLIN, S. Opus Cit. p. 71. Como é o caso do Centro de Estudos

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de CV orientados às artes e às imagens dos meios de comunicação.

Nos EUA, as pesquisas emergem nas instituições acadêmicas de artes e educação artística, ao se contraporem aos paradigmas formalistas, e estimulam os debates e a criação de novos cursos. A revista October, editada por Rosalind Krauss (1976), exerce papel importante na reformulação das categorias conceituais de abordagem da arte moderna. Os principais estudos de CV são efetuados a partir das mudanças na linguística, na HA, nos EC e no Pós-Estruturalismo.

John Walker, Sarah Chaplin e Mirzoeff produzem as primeiras publicações,4 em que estabelecem conceitos e

delimitam o campo de estudo. Mirzoeff revisa as acepções e técnicas da história das imagens e da cultura nos mundos moderno e contemporâneo, bem como focaliza as problemáticas da cultura visual global e local. Ele considera a CV “como lugar em que se criam e discutem os significados”5

e que a maior parte da experiência se processa no cotidiano e não nos lugares de observação, como museus e cinema. Já Mitchell6 verifica a descoberta do espectador e define o

campo como “o estudo da estrutura social da experiência visual”, numa perspectiva interdisciplinar que relaciona a “História da Arte com a literatura, a filosofia, os estudos sobre o cinema e a cultura de massas, a sociologia e a antropologia”. Ele acredita que a CV é proveniente dos

intervenções em políticas de raça, classe e gênero.

4 Visual culture: an introducción (1997) e Introduction to visual culture (1999). 5 MIRZOEFF, N. Opus Cit. p. 24-5.

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novos modos de pensar as áreas de conhecimento, de expressão cultural e de comunicação humana, e não apenas resultante de mudanças de percepção geradas pela tecnologia, como muitos estudiosos sustentaram. Na sua concepção, o visual atua como espaço de interação social, de definição de subjetividades e abarca amplo espectro de experiências visuais que compõem o cotidiano. Entretanto, ele tem consciência de que os estudos de CV são recentes e abordam um campo muito extenso e problemático, que não comporta um componente específico. Não se constitui como movimento político, mas é projetado por alguns estudiosos como político.

Norman Bryson delimita também a “visualidade como uma visão socializada” e explica que o sujeito e o mundo participam de discursos que a constroem. Tendo por base a Semiótica, ele pensa que se aprende a ver segundo os códigos de reconhecimento que provém do meio social.7

Para dar conta dos distintos tipos de imagens, a CV parte dos estudos interdisciplinares que focalizam as modalidades de ver, de produções imagéticas e de imaginário, as quais são consideradas como culturalmente elaboradas. Jonathan Cray defende o abandono da acepção de sujeito moderno, por outra, na qual a subjetividade é pensada de forma descentrada e móvel. Entretanto, ao condicionar o estudo da imagem à cultura, Josep Catalã observa que esta abordagem não se aproxima o suficiente da mesma ao não enfocar a sua constituição interna e as suas distinções, detendo-se prioritariamente

7 BRYSON, N. La mirada en campo expandido. In: WALKER, J.; CHAPLIN Una

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nas convenções em que ela é criada e nos seus aspectos externos.8 Como conciliar na CV a diversidade de imagens,

processos e modelos de visualização? Como pensar as imagens da TV, das instalações, do design, da publicidade sem levar em conta as suas especificidades?

As ciências sociais, ao serem privilegiadas para o entendimento do campo, de seus embates e de suas modalidades de circulação, recepção e imposições ideológicas, não oferecem dispositivos conceituais para pensar a imagem nas suas especificidades. Ana Guasch revela também a sua preocupação com a interdisciplinaridade ao salientar que não se pode praticá-la “sem antes dominar certa disciplina.” O perigo está no ecletismo e na indefinição do campo da imagem e da HA.9

Verifica-se ainda que não há entre os pesquisadores unanimidade. Ao contrário, muita discussão e crítica à arte e ao método formalista. Inicialmente, os estudiosos direcionam as pesquisas para gênero (feminismo), raça, classe e etnia. Hoje, a CV aborda as imagens do cotidiano e das artes na procura de entendimento das mesmas e de seus mecanismos para a construção do imaginário coletivo, porém a partir de pressupostos teórico-metodológicos relativamente comuns.

Apesar das críticas e combates à HA, alguns estudos apóiam-se nas metodologias já testadas e revisadas pela disciplina, com o objetivo de compreender os processos de formação da visualidade e de representações, como

8 CATALÃ, J. La imagen compleja. Barcelona: Universitat Autònoma, 2005. p. 19. 9 GUASCH, A. Doce reglas para una nueva academia: La Nueva História del Arte y los

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fenômenos culturais. Mitchell retoma a iconologia de Erwin Panofsky e afirma os estudos das imagens como o descobrimento pós-linguístico das mesmas, um complexo jogo entre a visualidade, os aparatos, as instituições e os discursos. Neste sentido, é importante também se considerar a arte e sua complexidade, sem ignorar as singularidades. Não se pode deixar de considerar que a arte é portadora de um pensamento que lhe é peculiar e distinto das imagens dos meios de comunicação de massa.

Para Fiz, deve-se analisar não apenas os fenômenos e as práticas visuais que são comuns aos grupos sociais no mundo contemporâneo, mas também o distinto e o específico que compõem a cultura. A CV deve ser pensada como construção visual do social e instauradora das especificidades de mundos.10 De outra forma, a imagem é

concebida num cenário de renúncia, de perda do específico e dos meios que a formalizam como linguagem visual em prol do contexto. Este se constitui como premissa própria e hegemônica da CV e a imagem não consegue se revelar em sua plenitude, frente aos grandes sistemas.11

Outra questão que se coloca é a atual estetização das imagens visuais que propiciam a ausência de limites entre arte e não arte, operando contra a arte ao minimizá-la. Para Fiz, a solução estaria na gradação das diferenças que deveria ser pensada na experiência visual e nas artes sem romper com os vínculos cotidianos, nem com a história,

10 MÁRCHAN F. Las artes ante la Cultura. In: BREA, J. L. Opus Cit. p. 83-90. 11 SANCHEZ, P. El arte en su “Fase Poscrítica”: la ontologia de la Cultura Visual. In:

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porém capaz de se distanciar dos mesmos, para pensar as diferenças.

Entretanto, os estudiosos da CV ao instituir a crítica e os novos métodos de pesquisas a respeito do visual acreditam ter colaborado com a expansão de enfoques da disciplina de HA sobre as práticas artísticas e imagéticas. Outros estudiosos louvam a retomada das origens da disciplina e revisam Wolfflin, Riegl, Warburg para refletir a respeito das alternativas e das possibilidades de construir novos enfoques. As revisões da disciplina têm sido estímulos às reflexões e às experimentações entre os historiadores. Na atualidade, verifica-se a expansão da HA para outros campos do conhecimento e a pesquisa empírica, a partir de fontes diversificadas, também tem permitido reformular conceitos e metodologias de análise, sem deixar de focar as especificidades das práticas artísticas. Estas possibilitam importantes revisões historiográficas.

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