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Senhor Procurador, 1. Dos antecedentes

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Academic year: 2021

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A Sua Excelência o Senhor

ALAN ROGÉRIO MANSUR SILVA Procurador da República no Estado do Pará Rua Domingos Marreiros, 690 – Umarizal CEP 66.010-021 Belém/PA

Senhor Procurador,

Os alunos abaixo-assinados, matriculados no Curso de Adaptação a Segundo Oficial de Náutica – ASON, turmas 03/2012 e 04/2012, do Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar – CIABA, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar DENÚNCIA no que concerne ao direito de concluir o mencionado curso realizado pela Marinha do Brasil, em função da deficiência de vagas disponíveis para o período obrigatório de estágio embarcado (praticagem), e por consequência REQUERER a devida intervenção do Ministério Público Federal.

1. Dos antecedentes

Os Oficiais de Marinha Mercante são profissionais responsáveis pela operação das embarcações empregadas no transporte marítimo, executando tarefas de nível gerencial e operacional relacionadas à navegação, às comunicações, à gestão de recursos humanos e materiais, ao zelo por passageiros e pelas cargas transportadas.

Para ingressar na carreira de Oficial da Marinha Mercante, o candidato deverá matricular-se nos cursos ministrados pela Marinha do Brasil, com destaque para as três oportunidades listadas a seguir:

1) Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante – EFOMM, para jovens de até 23 anos de idade, em regime militar durante 3 anos de curso;

2) Curso de Acesso a Segundo Oficial de Náutica ou Máquinas – ACON/M, ministrado durante 6 meses para profissionais já empregados na Marinha Mercante, ou;

3) Curso de Adaptação a Segundo Oficial de Náutica ou Máquinas – ASON/M, ministrado pelo período de 12 meses para profissionais com curso superior completo, em áreas de interesse da Marinha do Brasil.

Para todos os casos mencionados, a conclusão do curso exige a realização de estágio embarcado com duração prevista nos respectivos currículos dos cursos, para aprimoramento dos conhecimentos teóricos e práticos ministrados no curso presencial em terra.

Com a crescente demanda por recursos humanos qualificados para assumir o papel de Oficiais de Marinha Mercante na navegação de cabotagem (entre portos nacionais) ou no apoio às plataformas de produção de petróleo, a Marinha do Brasil tem

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aberto diversas vagas para os cursos de Acesso e Adaptação, de maneira a complementar a formação de Oficiais pelas Escolas de Formação, com capacidade limitada.

Os requerentes foram devidamente selecionados em processo seletivo de admissão aos cursos de Adaptação a Segundo Oficial de Máquinas e de Adaptação a Segundo Oficial de Náutica da Marinha Mercante – ASOM/N, sob a coordenação da Marinha do Brasil por intermédio da Diretoria de Portos e Costas – DPC. O mencionado processo seletivo foi orientado pelo Edital s/nº - DPC, de 12 de dezembro de 2011 (ANEXO I), que estabeleceu os critérios de participação no certame, incluindo a realização de provas de caráter eliminatório e classificatório, constituindo exames de conhecimentos específicos além de testes de suficiência física.

Superada a etapa de seleção, os alunos requerentes encontram-se em fase de conclusão do período acadêmico de 1.532 horas/aula, ministradas no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar – CIABA, em Belém/PA, com início datado de 06 de agosto de 2012 e término previsto pelo Edital para o dia 31 de agosto do corrente ano.

Concluído o período acadêmico, os alunos receberão a designação de Praticante a Oficial de Náutica – PON, para que seja realizado o período de 12 (doze) meses de estágio obrigatório embarcado, para então serem designados Segundo Oficial de Náutica da Marinha Mercante e assim desenvolver as atividades concernentes ao cargo nas embarcações empregadas na navegação marítima.

Contudo, passados 12 meses de dedicação e empenho para concluir o curso de maneira satisfatória, os alunos requerentes veem seus esforços ameaçados justamente pela deficiência nas vagas disponibilizadas pelo CIABA para realização do período de praticagem obrigatória. Esse é um claro sinal do descompasso entre o número de vagas ofertadas pela Marinha do Brasil para os cursos ASON/M e o quantitativo de vagas disponíveis para a realização do estágio embarcado.

2. Dos fatos.

Destacamos que a total falta de perspectiva para conclusão do curso ASON, atualmente enfrentada pelos alunos requerentes, intensifica-se à medida que percebe-se uma ineficiência por parte da Marinha do Brasil e órgãos subordinados no sentido de estabelecer medidas que venham mitigar o atual cenário. Com o objetivo procurar conhecer as medidas que estariam em curso para angariar vagas de praticagem aos futuros formandos do CIABA, os mesmos alunos ora requerentes manifestaram uma série de questionamentos através do Ofício s/nº datado de 17 de junho do corrente, encaminhado ao Senhor Comandante do CIABA (ANEXO II). Em resposta ao documento, foi recebida a Carta nº12/2013- CIABA-20.1, datada de 22 de julho de 2013 (ANEXO III), que apresenta uma série de respostas e colocações evasivas, e que demonstram a pouca ação efetiva por parte da Marinha do Brasil e órgãos subordinados para contornar o grave quadro referente a falta de vagas para praticagem.

Para comprovar esse fato, informamos que existem turmas de alunos ASOM formados em novembro de 2012 que ainda aguardam uma oportunidade para realizar o estágio embarcado, como pode ser comprovado por representantes do CIABA.

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Não satisfeito com o péssimo cenário observado para a efetiva conclusão dos cursos ASON, o Comando do CIABA vetou qualquer chance dos alunos angariarem, por meios próprios, vagas junto às empresas de navegação, sob alegação de que “aceitar a indicação nominal de um praticante que está no final da fila, em detrimento aos que obtiveram melhores colocações nas suas turmas, é prejudicar o praticante que estudou bastante e obteve as melhores classificações” de acordo com o item 5 da Carta nº12/2013- CIABA-20.1 (ANEXO III).

O entendimento do CIABA em relação a indicação nominal de alunos por empresas é contraditório no sentido em que os alunos, tanto os primeiros colocados como os últimos, não têm tido acesso a quaisquer vagas de praticagem oferecidas por aquele Centro de Instrução, ou seja, TODOS estão sendo prejudicados. Tal determinação do CIABA tem repercussão ainda no direito das empresas de navegação de livre escolha dos praticantes que irão embarcar em seus navios.

Para agravar a situação dos alunos requerentes, os mesmos encontram-se ameaçados por uma concorrência desleal com a iminente formatura de mais duas turmas de curso ASON (turmas 05/2012 e 06/2012), sob coordenação da Fundação de Estudos do Mar – FEMAR, realizado nas dependências da Faculdade de Estudos Avançados do Pará – FEAPA, em Belém/PA. Merece destaque o fato de ambas as turmas 05 e 06 sequer estarem inicialmente previstas pelo Edital referente ao processo de chamamento público, o qual foi significativamente alterado no transcorrer do certame (ANEXO IV) e que certamente trará prejuízos incomensuráveis aos alunos ora requerentes.

De maneira bastante simplificada, após término do período acadêmico a distribuição das vagas para realização da praticagem deverá seguir o critério da classificação escolar, conforme prevê o subitem 2.29 da NORMAM-30/DPC. Já é do conhecimento dos alunos requerentes que o curso ASON ministrado na FEAPA não obedeceu aos mesmos critérios de avaliação observados no CIABA, sendo que as médias finais daqueles alunos apresentam valores significativamente superiores às médias apresentadas pelos alunos do CIABA. Isso incorrerá certamente em uma classificação na qual os últimos colocados do processo de seleção previsto pelo Edital DPC (turmas 05 e 06) estarão mais bem colocados no ranking geral para cessão das vagas de praticagem.

Não é o interesse dos alunos requerentes prejudicar os alunos que cursaram FEAPA, mas uma demonstração de total despreparo por parte da Marinha do Brasil e seus órgãos subordinados, no planejamento e execução dos cursos do Ensino Profissional Marítimo acarretará em enormes prejuízos caso a data do término das turmas 05/2012 e 06/2012 não seja respeitada. Ressaltamos que já foram obtidas informações desse Centro de Instrução de que a formatura das turmas ASON 05 e 06 de 2012 está sendo antecipada para o dia 30 de agosto do corrente, ou seja, no mesmo dia da formatura das turmas 03 e 04 de 2012.

Contudo, o que se observou recentemente foi uma completa falta de organização e planejamento por parte da Marinha do Brasil e órgãos subordinados, na realização dos cursos, em função da indisponibilidade de vagas para o embarque dos alunos que concluíram o período acadêmico do curso (praticantes). Ressalta-se que esses embarques são realizados em embarcações de empresas privadas engajadas no transporte marítimo, que não possuem qualquer obrigação de receber a bordo os praticantes, que o fazem de maneira voluntária, arcando com os custos de permanência do aluno.

Esse tipo de situação vem se intensificando recentemente pelo excessivo número de turmas criadas para os cursos de Adaptação a Segundo Oficial de Náutica – ASON,

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ministrados nos Centros especializados da Marinha do Brasil no Rio de Janeiro/RJ e Belém/PA. Tal fato merece uma especial atenção das autoridades competentes, pois vem acarretando em uma série de prejuízos aos alunos dos cursos, assim como ao erário, conforme demonstrado a seguir:

1) O prejuízo de ordem financeira se dá, uma vez que para participar de um curso ASON, os alunos provenientes de diversas localidades do país foram induzidos a abandonar suas atividades profissionais para dedicarem-se integralmente ao curso, alimentados por sonhos de uma carreira promissora na Marinha Mercante, que tem evoluído significativamente com as políticas públicas promovidas pelo Governo Federal para modernização da frota nacional e organização da infraestrutura envolvida, tais como portos e vias navegáveis.

Após 1 (um) ano de dedicação exclusiva e grande empenho dos alunos para concluir o curso presencial, sob condições desgastantes que incluem o sistemático atraso nos auxílios financeiros de direito dos alunos, conforme procedimento administrativo dessa PR/PA nº1.23.000.001144/2013-56, não existe perspectiva para realização do estágio embarcado, que é condição obrigatória para conclusão do curso. Dessa maneira, alunos e seus familiares encontram-se totalmente desamparados, o que possivelmente forçará uma tomada de decisão extrema, como o abandono de todo o esforço envidado até o momento, sem direitos à indenização ou qualquer outro beneficio que traga alguma compensação pelo tempo dedicado à um objetivo em vão.

2) Além dos prejuízos individuais e coletivos advindos da incerteza quanto a realização da praticagem, é necessário destacar que a inconclusividade do curso acarretará em prejuízos econômicos aos cofres públicos, uma vez a realização dos cursos é totalmente custeada com recursos do Governo Federal. Para se ter uma ideia da dimensão desse problema, apresentamos uma memória de cálculo simplificada relacionada ao custo para realização de um curso ASON para uma turma de 25 alunos (ANEXO V).

Conforme memória de cálculo apresentada de maneira bastante simplificada, desconsiderando os custos de manutenção predial, material de ensino e auxílio moradia (quando cabível), um curso ASON para 25 alunos tem um custo de R$359.260,00, para o período de 12 meses. Assim, para cada aluno desistente pela inviabilidade de conclusão do curso em função da falta de vagas para praticagem, o erário é lesado em R$14.370,00.

Destacamos que, na contramão dos esforços para mitigar esse tipo de prejuízo, a Marinha do Brasil vem ampliando discriminadamente o número de vagas ofertadas aos cursos ASON/M tanto para o Rio de Janeiro como para Belém, chegando a um total de 14 novas turmas para o exercício de 2013 e 2014.

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3. Das considerações finais.

Considerando os fatos apresentados pelo presente documento, mormente a indisponibilidade de vagas para realização do estágio obrigatório embarcado, os alunos abaixo-assinados entendem que algumas medidas são necessárias para minimizar eventuais prejuízos aos formandos, conforme listadas a seguir:

1) Intervenção junto à Marinha do Brasil, por intermédio da Diretoria de Portos e Costas e do Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar no sentido de se conhecer as providências adotadas para evitar prejuízos aos formandos, conforme preconizado pelo subitem 2.23 da NORMAM 30/DPC;

2) Que os alunos interessados tenham plenas garantias do Comando do CIABA de que o ranking para concessão das vagas de estágio embarcado deverá seguir o critério da classificação final do curso, respeitada a ordem de início e término do curso, ou seja, as turmas ASON 03/2012 e 04/2012 deverão ter prioridade de embarque em relação às turmas 05/2012 e 06/2012.

3) Que seja aceita a indicação nominal por aluno formando realizada por empresas de navegação, quando se tratar de vaga não disponibilizada pelo CIABA, propiciando aos alunos a possibilidade de angariar novas vagas por meios próprios;

4) Que o CIABA mantenha uma relação do ranking de classificação dos alunos que irão embarcar, de maneira atualizada e disponível na página eletrônica daquele Centro de Instrução, permitindo aos alunos formandos um fiel acompanhamento dos embarques.

4. Do pleito.

Ante todo o exposto, os alunos abaixo-assinados REQUEREM junto ao Ministério Público Federal a apreciação dos fatos apresentados e a devida intervenção junto aos órgãos competentes no sentido de mitigar eventuais prejuízos aos formandos do Curso de Adaptação a Segundo Oficial de Náutica – ASON, do Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar.

Atenciosamente, Belém, 15 de agosto de 2013. Nº Nome CPF RG 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49

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ANEXO I

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ANEXO II

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ANEXO III

Carta nº12/2013- CIABA-20.1, datada de 22 de julho de 2013, de resposta aos questionamentos dos alunos do CIABA.

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ANEXO IV

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ANEXO V

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MEMÓRIA DE CÁLCULO SIMPLIFICADA

Custos para viabilizar a realização do Curso de Adaptação a Segundo Oficial de Náutica – ASON, para uma turma de 25 (vinte e cinco) alunos, de acordo com os valores estabelecidos pela NORMAM-30/DPC.

1.532 horas/aula (previstas no currículo do curso) X

R$ 55,00 hora/aula paga ao instrutor__ Total de R$ 84.260,00.

25 auxílios financeiros mensais no valor de R$700,00 X

12 meses_______________ Total de R$210.000,00.

Merenda escolar diária de R$10,00 X

25 alunos X

260 dias úteis no ano__________ Total de R$65.000,00

Valor total: R$ 359.260,00 Valor final por aluno: R$14.370,00.

Observação: não forma discriminados valores referentes a manutenção predial, auxílio moradia, material de ensino e equipe de apoio e demais custos envolvidos nos cursos.

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