NOBAS DI SAUDI - N° 02/09
PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL
REPRESENTAÇÃO DA OMS NA GUINÉ—BISSAU
O Roteiro para a Redução da Mortalidade Materna e
Neonatal na Guiné Bissau
A situação da mortalidade materna e neo-natal na Guiné Bissau é preocupante e não é somente uma questão de saúde pública, senão vejamos: a taxa de mortalidade materna é de 818/100.000 nados vivos; a neonatal de 55/1000 nados vivos e a infan-til de 138/100.00 nados vivos. Estão intrinsecamente ligadas a um conjunto de factores sociais tendo por um lado o esta-tuto da mulher, seu elevado nível de anal-fabetismo, a pobreza, etc)e por outro lado, a desigualdade no acesso aos serviços de cuidados obstétricos de urgência (COU); a baixa taxa de utilização destes serviços; a fraca qualidade dos serviços de COU, teste-munhada por apenas 13% de estruturas sanitárias que tinham condições mínimas exigidas para os cuidados obstétricos e neonatal de urgência de base e completos. A proporção de partos assistidos evolui len-tamente (29% em 2003 e 30% em 2005), entre outros.
Para dar resposta a esses problemas, foi elaborado e validado em finais do ano 2006 o roteiro para a redução da Mortalidade Materna e Neonatal (MMNN) tendo por objectivos:
• Prestar uma assistência de qualidade durante a gravidez, o parto, o período pós-parto, e aos recém nascidos, a todos os níveis do sistema de saúde;
• Reforçar as capacidades dos indiví-duos, das famílias e das comunidades, no sentido de melhorar a saúde mater-na e dos recém-mater-nascidos.
O processo de elaboração e de advocacia começou desde Abril de 2005 com o lança-mento oficial da estratégia do roteiro no
país, na presença dos parceiros implicados na iniciativa. De seguida, o Ministério da Saúde Pública criou uma equipa de coorde-nação multisectorial e multidisciplinar encarregue de conduzir o processo.
Em Junho de 2006 teve inicio a formação de facilitadores nacionais dos países lusó-fonos, organizado pela OMS, a fim de facili-tar o processo. Este atelier, veio dar uma dinâmica ao processo que culminou com a elaboração do presente documento.
O roteiro consta de três partes:
1—Análise da situação sobre a mortalidade materna e neonatal na Guiné Bissau;
2—Visão e princípios que orientam as estratégias e as intervenções a serem utili-zadas com vista o alcance dos Objectivos do Milénio (ODM) e,
3—Mecanismos de implementação, segui-mento e avaliação e o orçasegui-mento detalhado para os 3 primeiros anos.
Sessão de formação em Cuidados Obstétricos Neonatal de Urgência com a
Apesar de não existir um plano de acção e um documento de advocacia, algumas acções constituem actividades de rotina ao nível do País, nomeadamente: a capa-citação dos recursos humanos; a repara-ção e/ou construrepara-ção de serviços com os respectivos equipamentos incluindo meios de transportes nas regiões seleccionadas. Os grandes desafios na implementação deste roteiro são:
►Reforço do sistema de saúde em todas as vertentes para uma resposta atempada e eficaz aos cuidados obstétricos, sobretu-do em situações de urgência;
►Aposta continua no reforço das capaci-dades científicas, técnicas e de investiga-ção, tanto dos serviços como dos recursos humanos para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados; uma ênfase será dada a institucionalização das auditorias das mortes maternas e neonatais;
►Identificação de mecanismos de reten-ção de quadros nas zonas mais periféri-cas, sobretudo nas ilhas;
►A participação activa das populações para que o nível local esteja preparado e saiba interagir com o sistema de saúde, diminuindo o peso deste;
►Apesar do empenho das autoridades sanitárias e dos parceiros implicados, para completar o ciclo de planificação, é necessário o seguimento e avaliação da execução das actividades e fazer as adap-tações necessárias.
Sendo que o problema da Mortalidade Materna e Neonatal não diz respeito ape-nas a saúde pública mas sim a todos os intervenientes, os mecanismos de coorde-nação devem ser respeitados para que os resultados sejam canalizados numa só via e possam ser quantificados.
A plenária durante a apresentação do plano
A epidemia da cólera tem sido um dos gra-ves problemas de saúde publica na Guiné Bissau nos últimos anos.
Do inicio da epidemia em 1986 a data pre-sente, a situação tem vindo a tornar-se cíclico embora com algumas interrupções como tem sido o caso entre 1988 à 1993 onde a situação parecia ser controlada. De 1994 a data presente a situação tem vindo a evidenciar-se com mais frequência com elevado numero de casos e de mortes devido a cólera.
O quadro a seguir ilustra a evolução da epidemia desde o início a data presente:
Plano Estratégico de Prevenção e Resposta à Cólera na
Guiné—Bissau
Perante esta realidade, o Ministério da Saú-de na perspectiva Saú-de poSaú-der combater e trolar melhor a epidemia, envolveu–se con-juntamente com os parceiros do desenvol-vimento do sector da saúde, na elaboração e implementação de um Plano Estratégico de Prevenção e Resposta a Epidemia da Cólera na Guiné-Bissau, 2009-2013.
O Sistema das Nações Unidas nomeada-mente a OMS, o UNICEF e o UNDP, asso-ciaram-se a iniciativa e empenharam-se na mobilização tanto de recursos financeiros como na A.T. necessários à elaboração do importante documento nacional que traça as linhas mestras estratégicas mais ade-quadas às realidades socio-económicas, ambientais e do sistema nacional de saúde. Com base na análise da situação, foram definidas os seguintes eixos estratégicos de intervenção: O reforço de: • Coordenação; • Vigilância epidemiológica; • Actividades de resposta; • Sistema de saude; • Promoção de pesquisa;
• Implementação de intervenções espe-cificas no dominio do saneamento, higiene e acesso à água potável;
• Reforço de actividades de comunica-ção para a mudança de comportamen-tos.
Na cerimónia de lançamento oficial do pla-no, o Representante da OMS na Guiné— Bissau, frisou que embora o documento se relaciona exclusivamente a cólera mas o modelo pode ser adaptado à outras situa-ções de epidemias. Realçou a importância da vertente Laboratorial para a vigilância epidemiológica na detecção precoce dos surtos e consequente resposta rápida que permita salvar vidas através da prevenção de novos casos e mortes devido a cólera. Manifestou o interesse do SNU em conti-nuar a mobilizar sinergias para a imple-mentação do plano e de outros apoios em termos de equipamentos e materiais na sequência da anterior epidemia.
Finalmente considerou que a Equipa Cen-tral de Resposta Rápida deve ser dotada de condições necessárias para formar as equi-pas regionais.
Quando foi dado a conhecer nos finais do mês de Abril deste ano a ocorrência da Gripe A H1N1 nos seres humanos, a Representação da OMS na Guiné Bissau, alertou o Governo sobre a necessidade de se fortalecer a vigilância e os preparativos para fazer face a um eventual surto da doença no país. Assistiu à Direcção de Higiene e Epidemiologia do Ministério da Saúde a integrar a doença nas informa-ções semanais no quadro da Vigilância Integrada das Doenças e Respostas.
Para além de compilar e pôr à disposição do Ministério da Saúde Pública as infor-mações clínicas básicas sobre a doença, procedeu a entrega de 2.200 embalagens de 10 kits individuais de medicamentos TAMIFLU, 50 kits de PPE equipamentos de protecção individual, para além de materiais de colecta e transporte de amostras. Trata-se de medicamentos e materiais tanto para o tratamento de pes-soas infectadas como para a prevenção de indivíduos directamente expostos aos casos infectados e ainda de protecção individual para o pessoal de atendimento e de pronto-socorro aos casos suspeitos e confirmados.
Com o apoio da OMS e de outros parcei-ros, o Comité Nacional Multisectorial de Gestão das Epidemias elaborou um plano
de luta contra a doença com destaque para a capacidade de resposta adequada à uma eventual epidemia. Trata-se de medidas que visam reforçar a vigilância epidemiológica em termos da capacidade de comunicação, de investigação rápida de casos suspeitos e reciclagem de equi-pas de intervenção rápida.
Nessa perspectiva, dois centros de trata-mento foram identificados a nível de Bis-sau e um centro em cada uma das regiões sanitárias, para tratamento de casos. Principais eixos de intervenção:
Para além das estruturas de coordenação existem ainda as seguintes estruturas técnicas com tarefas específicas:
►Comissão Clínica e Medicamentos ►Comissão de Vigilância Epidemiológica ►Comissão de Mobilização Social
►Comissão de Higiene e Saneamento ►Coordenação
A coordenação técnica é assegurada pelo Comité Nacional Técnico de Vigilância e Controle das Epidemias presidida pela Direcção Geral da Saúde Publica no qual estão representados o Sistema das Nações Unidas, as ONGs Nacionais e Internacio-nais e alguns organismos públicos.
Prevenção e Resposta a Gripe A H1N1 na Guiné Bissau
O Representante da OMS e a Equipa do Ministé-rio da Saúde no acto da entrega de Tamiflu
grante do actual PNDS II, tendo como gran-des gran-desafios, os riscos económicos e políti-cos que o país enfrenta.
Com o objectivo de tentar corrigir a situa-ção actual dos RHS na Guiné Bissau, o plano contempla quatro vertentes estratégi-cos (ver figura—1) a saber:
1) Reforço da governação, administração e gestão do pessoal da saúde;
2) Reforço dos valores de referência; isto consiste em conduzir uma reflexão para Instalar a Ordem das Profissões de Saúde e Associações Profissionais, para o exercício da sua função reguladora do exercício pro-fissional para benefício do cidadão;
3) Melhoria das condições de trabalho e motivação do pessoal, nesta fase, as acções previstas para a melhoria das condições de trabalho e de motivação do pessoal da saú-de consistirá em rever o quadro saú-de salários, subsídios e diferentes tipos de incentivos e os critérios de atribuição dos mesmos, assim como o sistema de pagamento. Esta visão inclui a garantia de condições técni-cas necessárias para o bom desempenho profissional, e garantia de condições de bio segurança aos trabalhadores da saúde. 4) Reforço da capacidade de formação/ produção dos recursos humanos da saúde. Para a materialização deste ponto, é impe-rativo garantir o reforço da capacidade de formação do Ministério da Saúde Pública, dando uma atenção particular à Faculdade de Medicina para satisfazer as necessida-des em médicos generalistas, à melhoria das condições de trabalho e motivação do
Planificação dos Recursos Humanos no sector da Saúde
na Guiné—Bissau
O processo de elaboração do Plano Nacio-nal de Desenvolvimento de Recursos Humanos da Saúde (PNDRHS II) passou pela auscultação do pessoal utente e outros parceiros do sector da saúde através de grupos focais com vista ao levantamento do ponto de situação dos Recursos Huma-nos no País. O processo beneficiou de várias assistências técnicas entre outros a da estimação de necessidades até 2017 em termos de recursos humanos e financeiros. Os indicadores definidos como base para a elaboração deste documento, foram de 10.000 habitantes ou seja:
• Número de médicos por 10.000 hts;
• Número de quadros médios(categoria) por 10.000 hts.
O referido plano assenta nos princípios e conclusões alcançados da revisão do ante-rior Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário em particular o dos recursos humanos. Este documento faz parte inte-
Apresentação da Estratégia de Cooperação Técni-ca com o Governo
Os custos da formação local e de contra-tação dos novos quadros, estima-se em 3,44 mil milhões de CFAs ou seja 6,72 milhões de USD até 2017, enquanto que o valor de bolsas para a formação no exte-rior, é estimado em 2,92 mil milhões de CFAs ou seja 5,71 milhões de USD.
(MI = Monotoria e Implementação)
A massa salarial a ser suportado pelo Orçamento Geral do Estado corresponde-ria à 3,38 mil milhões de CFAs a preços constantes de 2009, ou 4,28 mil milhões tendo em conta a inflação prevista sem contar com a política de descompressão salarial.
A implementação deste PNDRHS II passa-rá pela refinação e aprovação ministerial, até o seu lançamento e a sua adequação com às exigências futuras que visam um conjunto de acções, já mencionadas neste documento. Esta iniciativa permitirá a Guiné-Bissau tornar-se auto-suficiente na produção dos seus quadros, na vigência do PNDS II.
pessoal docente da Escola Nacional de Saú-de, de forma à garantir a optimização do seu funcionamento;
5) É fundamental o desenvolvimento e a implementação dum programa de formação para gestores do Sistema Nacional de Saú-de.
As necessidades do sistema de saúde em termos de Recursos Humanos, tendo em conta o crescimento da população terão que crescer de 34,4% ao longo dos dez anos, passando de 2.118 em 2007 para 2.846 até 2017 distribuído da seguinte for-ma:
Profissionais de saúde do nível médio, será de 55%; os médicos 42% e a duplicação dos enfermeiros gerais. Assim o número deseja-do de efectivos à formar, até 2017 será mais de 1.748 técnicos, dos quais 170 médicos de clínica geral, 45 especialistas, 495 técni-cos médios e 978 enfermeiros.
10 Monitorização & avaliação 9 Investigação 8 Formação e Desenvolvi-mento de competências 7 Incentivos à implementação 6 Instrumenta-lização da gestão Mobilização dos principais actores Desenv. dos programas nacionais 3 Definição e apropriação de prioridades 2 Sistema de informação de RHS 1 Plano de comunicação
MI-PNDRHS
II 5 Mobilização de parceiros 4 Orçamentação e Mobilização de recursos