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Artigo RESUMO. Palavras-chave: Amebas de Vida-Livre. Lago. Solo. Água. Naegleria e Acanthamoeba.

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A r t i g o

RESUMO

As amebas de vida-livre (AVLs) são protozoários unicelulares encontrados em

di-versos ambientes como, por exemplo, solo, poeira, ar, piscinas, lagos, soluções

de limpeza de lentes de contato, esgotos, unidades de ar-condicionado etc. Os

gêneros com relevância em Saúde Pública são Naegleria e Acanthamoeba. O

ob-jetivo do trabalho foi o de avaliar a ocorrência de AVLs em amostras aleatórias de

solo e água de três lagos do município de Barretos-SP. Foram coletadas doze

amostras de solo através de raspado ao redor dos lagos e doze amostras de

água. Para o isolamento de

AVLs foi utilizado o meio de cultura ágar-soja. Uma pequena

porção dos raspados de solo foram semeados no centro de cada placa com

ágar--soja. O isolamento das AVLs de amostras de água foi obtido por centrifugação e

o sedimento foi aspirado e semeado nas placas com meio de cultura. Após 48

ho-ras foi realizada a primeira análise microscópica, por exame direto. A identificação

das amebas foi feita pela observação de cistos, trofozoítos e flagelados. Das doze

amostras de solo, oito (66,66%) das amostras foram positivas para AVLs. Dentre

as amostras positivas, o gênero Naegleria apareceu em todas (100%) as amostras.

Já das doze amostras de água, dez (83,33) foram positivas para AVLs. Dentre as

amostras positivas, houve predomínio do gênero Naegleria e menor prevalência do

gênero Acanthamoeba e Vannella. Após uma semana realizou-se a segunda análise

das amostras para nova avaliação microscópica. Das doze amostras de solo, todas

apresentaram positividade para AVLs. Dentre as amostras positivas, houve

predo-mínio do gênero Naegleria, enquanto o gênero Vannella esteve presente em apenas

uma (8,33%) amostra. Enquanto que das doze amostras de água, onze (91,67%)

foram positivas para AVLs. Dentre as amostras positivas, houve predomínio do

gê-nero Naegleria, enquanto o cisto de Acanthamoeba esteve presente em 1 (8,33%)

amostra. Posteriormente, as amebas observadas com características morfológicas

do gênero Naegleria foram submetidas à prova de flagelação para confirmação do

gênero. Seis amostras de solo e duas de água foram positivas para a prova de

fla-gelação, já que estas apresentaram formas flageladas. Concluímos que, conforme

a literatura especializada, os gêneros Naegleria e Acanthamoeba

são frequ

entes na

natureza, especialmente no ambiente pesquisado. A caracterização das espécies

e o potencial patogênico das mesmas deverão ser estudados posteriormente para

as recomendações de medidas de profilaxia.

Palavras-chave: Amebas de Vida-Livre. Lago. Solo. Água. Naegleria e Acanthamoeba.

Patrícia Rodella*, Ana Cláudia Facio, Ana Paula Facioe Mônica Cristina Capella

Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos - UNIFEB *Correspondência (Professora orientadora) E-mail: pati.rodella@gmail.com

ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE

AMEBAS DE VIDA LIVRE (AVL) EM

AMOSTRAS DE SOLO E ÁGUA DE LAGOS

DO MUNICÍPIO DE BARRETOS – SP

ISOLATION AND IDENTIFICATION OF

FREE-LIVING AMOEBA (FLA) IN SOIL AND WATER

SAMPLES FROM LAKES OF THE CITY OF

BARRETOS-SP

(2)

INTRODUÇÃO

As amebas de vida livre potencialmente patogênicas (AVLs) são protozoários aeróbios que estão amplamen-te distribuídos no meio ambienamplamen-te, sendo encontradas em todos os continentes e nas mais diversas altitudes. São altamente resistentes a temperatura, pH e a vários produ-tos desinfetantes, bem como ao cloro e a outros sistemas de desinfecção e a condições extremas do ambiente. As AVLs mais comumente encontradas com capacidade pa-togênica são as pertencentes ao gênero Acanthamoeba, e a espécie Naegleria fowleri. (BOTTONE, 1993; VIVES-VARA et al., 1993).

As AVLs não requerem um hospedeiro em seu ciclo vital (“vida livre”) e as infecções são consideradas acidentais (como nos casos de meningites agudas por Naegleria sp. (BOTTONE, 1993; VIVESVARA et al., 1993).

Atualmente, dentre as de interesse médico, são inclu-ídas várias espécies do gênero Acanthamoeba sp, além da Naegleria fowleri, já que estas são importantes cau-sas de infecções, principalmente em indivíduos debili-tados e imunocomprometidos. (BOTTONE, 1993; VIVES-VARA et al., 1993).

As AVLs são ubiquitárias no ambiente. Espécies de Naegleria preferem ambientes aquáticos, natural ou artificialmente aqueci-dos e o solo, enquanto espécies de Acanthamoeba ocorrem em qualquer ambiente. (BOTTONE, 1993; VIVESVARA et al., 1993).

A porta de entrada das amebas pode tanto ser o trato res-piratório quanto úlceras de pele, mucosas e microtraumatis-mos nos olhos, relacionadas à inalação de poeiras contami-nadas e contato (lazer, consumo e higiene pessoal e de lentes contato) com águas contaminadas (FERNANDEZ & CRESPO, 1992; MARTINEZ, 1985).

A infecção por Naegleria sp ocorre através da entrada de água contaminada nas vias nasais, com maior frequência ao mergulhar ou nadar em águas doces com deficiência no Sa-neamento Básico. O diagnóstico pode ser feito pelo exame microscópico do fluido cefalorraquidiano recém coletado, no qual se identificam amebas móveis. As infecções causadas pelas AVL são de caráter grave e podem levar a morte. O diagnóstico é de difícil realização e não há medicamentos que atuem eficazmente contra elas, por isso o tratamento geral-mente é composto de antifúngicos e antibacterianos (FER-NANDEZ & CRESPO, 1992; MARTINEZ, 1985).

most relevance in public health. The present study aims to evaluate the FLA

occur-rence in random samples of dirt and water of three lakes of the city of Barretos,

SP.  Twelve samples of water and dirt from the shore of the lakes were collected.

To isolate the FLA, agar-soy was used as culture medium.  Small part of the dirt

sample was spread in the center of the Petri dish containing the growth medium. To

isolate the FLA from the water, the liquid was centrifuged, the sediments were

col-lected and spread in the growth medium. After 48 hs of incubation the first analysis

was realized on the light microscope.  The amoebas were identified by observation

of cists, trophozoites and flagellates.  Eight of twelve (66.6%) of the dirt samples

were positive to FLA and all of them presented the  Naegleria

  genus.  In the water samples, ten of them (83

,3%) were positive to FLA; in these samples there was a

prev-alence of the Naegleria

 genus,  Acanthamoeba 

e Vannella

 genres were also observed in a small proportion. One week later, the second microscopic analysis was realized.  At this time, all dirt samples were positive to FLA, showing prevalence of the Naegleria genus, the 

Vannella 

genus was observed in one sample (8,3%). In the water samples,

eleven (91,67%) were positive to FLA, showing prevalence of the Naegleria

 genus, the Acanthamoeba cists were observed in one sample (8,3%).

To confirm the genus,

amoebas showing morphological characteristics of Naegleria

 were submitted to the flagellation test. Six samples of dirt and two samples of water were positive to the flagellation test. In conclusion, the dirt and water samples from the lakes used in this study contain the Naegleria and Acanthamoeba genres.  Although this genres were usually observed in nature, the characterization and the pathogenic potential requires further analysis in order to prepare the prophylactic measures in these locations.

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A r t i g o

MATERIAL E MÉTODOS

Fontes de Isolamento das amebas

As amostras de água (120 mL) foram coletadas da su-perfície dos três lagos, em frascos estéreis de vidro, tota-lizando 12 amostras. Já as amostras de solo foram coleta-das através de raspado ao redor dos lagos, num total de 12 amostras de solo, ou seja, de 4 locais (pontos) de cada lago. Estas amostras foram escolhidas aleatoriamente. Meio de cultura

Para o isolamento de AVLs foi utilizado o meio ágar--soja (FORONDA, 1979), preparado da seguinte forma: 0,2 g de farinha de soja, 100 mL de água destilada esterilizada e 1,5g de ágar bacteriológico.

A farinha de soja foi dissolvida em água destilada e dei-xada em repouso por 24 horas. Após esse período essa suspensão foi filtrada em papel de filtro e o ágar bacterio-lógico foi acrescentado à solução. O meio foi autoclavado a 121ºC por quinze minutos e após resfriamento foi distri-buído em 24 placas de Petri (90 x 15 mm).

Semeadura

Uma pequena porção dos raspados de solo foram se-meados no centro de cada placa com ágar-soja.

O isolamento das AVLs de amostras de água foi obtido por centrifugação (2500 rpm por 5 minutos) e o sedimento foi aspirado e semeado em placas de Petri com ágar soja. As placas foram colocadas em sacos plásticos para evitar a dessecação e mantidas a temperatura ambiente. Após 48 horas foi realizada a primeira análise microscó-pica por exame direto. Para isto, cerca de 1 mL de água destilada esterilizada foi aplicada à placa e, após isso, par-te da suspensão foi retirada para avaliação microscópica. Após uma semana realizou-se a segunda análise mi-croscópica por exame direto. Para isso, utilizou-se 1 mL de água destilada esterilizada, a qual foi aplicada à placa e após isso parte da suspensão foi retirada para nova ava-liação microscópica.

A identificação das amebas foi feita pela observação de cistos, trofozoítos e flagelados. As amebas observadas com características morfológicas do gênero Naegleria fo-ram submetidas à prova de flagelação para confirmação do gênero.

Prova de flagelação

Para prova de flagelação, as amebas foram inoculadas no meio onde ocorreu seu isolamento e incubadas a 28ºC por 18 a 24 horas. O crescimento resultante foi coberto com água destilada esterilizada e incubado a 37ºC. A leitura foi fei-ta colocando-se uma gofei-ta do líquido entre lâmina e lamínula

e observando-se, ao microscópio, o aparecimento de formas flageladas ativamente móveis. Essa leitura foi feita a cada trin-ta minutos por quatro horas.

RESULTADOS

A ocorrência das amebas de vida livre observada dentre as doze amostras de solo e doze amostras de água coletadas em locais aleatórios dos lagos do município de Barretos-SP foi expressiva.

Amostras de solo

Na primeira análise microscópica, após lavagem das pla-cas, os resultados das amostras de solo do primeiro e segun-do lagos foram os seguintes: das quatro amostras coletadas, três (75%) foram positivas para AVLs, com formas flageladas sugestivas para o gênero Naegleria. Já nas amostras do ter-ceiro lago, das quatro amostras, apenas duas (50%) foram positivas para AVLs sugestivas para o gênero Naegleria.

Analisando a ocorrência das AVLs do gênero Naegle-ria nas amostras de solo coletadas ao redor dos três lagos, observou-se que as amostras dos lagos 1 e 2 foram as que apresentaram maior positividade. A única morfologia encon-trada nessas amostras foi a forma flagelada.

Após uma semana realizou-se a segunda lavagem das amostras para nova avaliação microscópica. Os resultados das amostras de solo do primeiro, segundo e terceiro lago foram os seguintes: das doze amostras coletadas, todas (100%) foram positivas para AVLs.

Amostras de água

Na amostra de água do primeiro e segundo lagos, das quatro amostras, três (75%) foram positivas para AVLs, sendo que na amostra de água do lago 1, observou-se formas flageladas su-gestivas para o gênero Naegleria com positividade de 75%. Os resultados do lago 2 podem ser verificados na Figura 1.

Na amostra de água do lago 2, observou-se 45% de po-sitividade com formas flageladas sugestivas para o gênero Naegleria e 30% para o gênero Vannella.

Figura 1. Porcentagem de AVL na amostra de água do Lago 2

30% 45% 25% Naegleria Negativo Vannella

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Figura 2. Porcentagem AVL na amostra de água do Lago 3

Na amostra de água do lago 3, foram observadas as formas trofozoítica, cística e flagelada sugestivas do gênero Naegleria, a qual a positividade encontrada foi de 50% e para o gênero Vannella foi de 37,5%, sendo que em 12,5% das amostras foi encontrada a forma cística do gênero Acanthamoeba.

Analisando a ocorrência das AVLs dos gêneros Naegleria, Vannella e Acanthamoeba nas amostras de água coletadas da superfície dos três lagos, observou-se que as amostras do lago 3 foram as que apresentaram maior positividade.

Os resultados da segunda análise do lago 1 podem ser vistos na tabela abaixo:

Tabela 1. Resultado da presença de amebas de vida livre, nas amostras de água coletadas da superfície de 4 locais diferentes de cada lago (2ª análise)

Amostra de Água

Locais coletados Positivo Negativo % de positividade

Lago 1 3 1 75

Lago 2 4 0 100

Lago 3 4 0 100

Total 11 1 12

Na amostra de água do lago 1, visualizou-se as formas trofozoítica, cística e flagelada sugestivas do gênero Naegle-ria, a qual a positividade encontrada foi de 75%.

Na amostra de água do lago 2, visualizou-se as formas trofozoítica, cística e flagelada sugestivas do gênero Naegle-ria, a qual a positividade encontrada foi de 80% e visualizou--se também cistos do gênero Acanthamoeba com positivida-de positivida-de 20%.

Na amostra de água do lago 3, visualizou -se as formas trofozoítica, cística e flagelada sugestivas do gênero Naegle-ria, a qual a positividade foi de 100%.

Figura 3. Forma flagelada sugestiva do gênero Naegleria

A Figura 4 representa a forma trofozoítica do gênero Van-nella, as Figuras 5 representam estruturas císticas sugestivas do gênero Naegleria.

Figura 4. Forma trofozoítica do gênero Vannella

Figura 5. Morfologia típica de cistos de Naegleria

37,5% 12,5%

50% Naegleria A cant hamoeba Vannella

(5)

A r t i g o

Posteriormente, as amebas observadas com caracterís-ticas morfológicas do gênero Naegleria foram submetidas à prova de flagelação para confirmação do gênero. Esta prova foi realizada a partir da segunda análise microscópica, pois foi a que apresentou maior positividade. O resultado dessa prova, encontra-se nas Tabelas 2 e 3:

thamoeba, que ocorre em qualquer ambiente segundo

Bottone e colaboradores (BOTTONE, 1993), esteve

pouco presente nas amostras, e estas estavam apenas

na água dos lagos.

O gênero Vanella não possui nenhum relato na

li-teratura de patogenicidade, no entanto, pode carregar

alguns patógenos. Hoffmann e colaboradores

relata-ram a presença de um organismo Microsporidian-like

“KW19” dentro de Vannella proveniente de amostras de

água de torneira (HOFFMANN et al., 1998). De acordo

com o presente trabalho, o gênero foi facilmente

iden-tificado através da forma flutuante, característica de

Vannella.

Na primeira análise microscópica

não houve o crescimento em todas as amostras de solo e água de

AVLs.

Das doze amostras de solo, oito (66,66%) foram

po-sitivas para AVLs. Dentre estas, o gênero Naegleria

apareceu em todas (100%) as amostras. Já das doze

amostras de água, dez (83,33%) foram positivas para

AVLs. Dentre as amostras positivas, houve predomínio

do gênero Naegleria e menor prevalência do gênero

Acanthamoeba e Vannella.

Desta maneira, foi necessária a realização de uma

segunda análise, após uma semana, a qual apresentou

maior positividade.

No presente estudo, a frequ

ência de

AVLs nas

amostras de solo foi elevada. Foram encontradas

AVLs nas doze (100%) amostras de solo

coleta-das. Nas amostras de solo houve a predominância

do gênero Naegleria, enquanto o gênero Vannella

esteve presente em apenas uma (8,33%) amostra.

Tsvetkova e colaboradores (2004) encontraram uma

alta frequ

ência de

AVLs em amostras de barro. Em

nosso trabalho, o local de coleta das amostras de

solo (ao redor dos lagos) se encontrava bem

úmi-do. Giazzi (1996) demonstrou a prevalência de AVLs

em 23 amostras de solo e outros locais e obteve um

percentual de 86,9% para espécies de

Acanthamo-eba e 39,1% para espécies de Naegleria. Os cistos

de Acanthamoeba

são bastante resistentes a inúmeras condições adversas inclusive à dessecação. Os cistos de

Naegleria são menos resistentes a essa situação (

SINGH,

1997). A frequência por nós encontrada

não condiz com os achados anteriores, pois no nosso trabalho o gênero Naegleria apareceu em quase todas as

amos-tras de solo analisadas, pois estas estavam úmidas,

facilitando então a sua viabilidade.

A frequência de AVLs nas amostras de água também

foi relativamente elevada. Das 12 amostras de água, 11

(91,67%) foram positivas para AVLs. Dentre as

amos-tras positivas houve predomínio do gênero Naegleria,

enquanto o cisto de Acanthamoeba esteve presente em

uma (8,33%) amostra.

Nas amostras positivas para AVLs, observou-se

maior predominância do gênero Naegleria (91,67%)

Tabela 2. Tempo de Incubação das amostras de solo positivas para amebas do Gênero Naegleria

Amostra de Solo (Gênero Naegleria) Tempo de Incubação (em min) Locais coletados 30 60 90 120 150 180 210 240

Lago 1 2 0 0 0 0 1 0 0

Lago 2 0 1 0 0 0 0 0 0

Lago 3 2 0 0 0 0 0 0 0

Total 4 1 0 0 0 1 0 0

Tabela 3. Tempo de Incubação das amostras de água positivas para amebas do Gênero Naegleria

Amostra de Água (Gênero Naegleria) Tempo de Incubação Locais coletados 30 60 90 120 150 180 210 240 Lago 1 0 0 0 0 0 0 0 0 Lago 2 0 0 0 1 0 0 0 0 Lago 3 0 0 0 0 0 0 1 0 Total 0 0 0 1 0 0 1 0 DISCUSSÃO

As AVLs

são protozoários aeróbios que estão distribuídos

em diferentes lugares do mundo como solo, água

de rios, lagos, piscinas, além de serem encontradas

também em água mineral garrafadas e nas lentes de

contato. Espécies de Naegleria preferem ambientes

aquáticos, natural ou artificialmente aquecidos e o

solo, enquanto, espécies de Acanthamoeba ocorrem

em qualquer ambiente. (BOTTONE, 1993; VIVESVARA

et al., 1993). Conforme resultado do presente estudo,

pôde-se constatar nas amostras de solo e água

coleta-das dos três lagos a presença de AVLs com predomínio

do gênero Naegleria, as quais foram confirmadas

atra-vés da prova de flagelação. Enquanto o gênero

(6)

Acan-em amostras ambientais, no nosso trabalho,

represen-tantes do gênero Naegleria foram mais frequentes nas

amostras de solo e água.

A partir da segunda lavagem das placas e observação

microscópica realizou-se a prova de flagelação para

con-firmar o gênero Naegleria. Algumas amebas

pertencen-tes a outros gêneros podem apresentar características

morfológicas semelhantes, mas somente espécies de

Naegleria possuem a capacidade de flagelação dentro

das condições do teste.

O isolamento primário de AVLs é descrito na

lite-ratura através da semeadura de amostras (de diversas

origens) em placas de ágar contendo meio de cultura. A

manutenção da cultura é feita através dos repiques que

consistem na retirada de um pedaço de ágar contendo

cistos e/ou trofozoítos e posterior implantação no

cen-tro de uma nova placa. Para a purificação da cultura e

crescimento em cultura axênica (monoclonal), repiques

consecutivos são realizados e, em alguns casos, com

associação de antifúngicos e antibacterianos. Mesmo

após a cultura purificada e o crescimento em cultura

axênica, as placas de isolamento primário são

man-tidas, na maioria dos casos (SCHUSTER, 2002). Não

foram realizadas tentativas de purificação das culturas

por antifúngicos ou antibacterianos para preservar as

amebas inicialmente isoladas e para não diminuir as

populações de AVLs.

Como era esperado, houve contaminação das amostras por bactérias e fungos de esporos resistentes, especialmente naquelas que foram coletadas do solo, já que amostras am-bientais sempre são muito contaminadas.

Contudo, a contaminação das amostras de solo não im-possibilitou a visualização e a documentação das formas evo-lutivas das amebas.

Existe um meio de cultura definido para espécies pa-togênicas de Naegleria, uma vez que há diferenças na de-manda nutricional de espécies patogênicas e não patogê-nicas. Para as espécies não patogênicas, há a necessidade de maior aporte nutricional. No gênero Acanthamoeba, na maioria das vezes, espécies patogênicas e não patogêni-cas apresentam um bom crescimento no mesmo meio de cultura. O meio de cultura que melhor proporciona o cres-cimento de Acanthamoeba é o PPYG (proteose peptona ou peptona, extrato de levedura e glucose). As concentrações dos componentes desse meio podem variar (SCHUSTER, 2002). No Brasil, em 1979, a professora Dra. Annette Silva Foronda, em sua tese de doutorado, relatou a viabilidade do uso do meio de cultura ágar-infusão de soja (FORON-DA, 1979). A autora comparou o crescimento de amebas em diversos meios de cultura e constatou a eficácia do

Todas os lagos onde foram coletadas as

amos-tras de solo e água estão localizados em ambientes

abertos, isto é, ao ar-livre. Não se estabeleceu

ne-nhuma relação entre a presença de AVLs e o tipo

de ambiente, neste caso, aberto. No entanto, Górnik

e colaboradores (2004) analisaram amostras de

pis-cinas em ambientes fechados e ao ar-livre a fim de

estabelecer a frequ

ência de

AVLs potencialmente

pa-togênicas. No estudo acima relatado foram

observa-das cepas patogênicas somente em piscinas ao

ar--livre, AVLs foram encontradas nos dois ambientes.

Como no presente estudo não foi realizado nenhum

teste de patogenicidade, não podemos afirmar sobre

essa característica nos gêneros encontrados,

embo-ra os gêneros Acanthamoeba e Naegleria contenham

espécies potencialmente patogênicas. Entretanto,

o autor acima referido afirma que a precipitação

at-mosférica e a poluição orgânica transportada pelos

banhistas para as piscinas ao ar livre podem

favore-cer o potencial de virulência das cepas encontradas

nesses ambientes.

Os lagos de onde foram obtidas as amostras de

solo e água estão situados em um local de lazer, ponto

turístico da cidade de Barretos, onde frequentemente

as pessoas fazem caminhadas, pescam, lancham e

encontram amigos. Como algumas crianças e

adoles-centes utilizam os lagos para banhar-se, esta atitude

se torna preocupante, uma vez que o estudo acima

concluiu que a poluição orgânica transportada pelos

banhistas, nesse caso para os lagos, pode favorecer o

potencial de virulência das AVLs.

Sabe-se hoje que algumas espécies de AVLs podem

comportar-se como parasitas facultativos de seres

hu-manos e de animais domésticos. Elas podem invadir

o sistema nervoso central e outros órgãos, causando

morte ou incapacidade permanente (GIAZZI,1996).

Atualmente, as espécies de maior importância

clí-nica são Naegleria fowleri e várias espécies do gênero

Acanthamoeba. A doença causada pelo agente

etioló-gico N. fowleri

é a doença

Meningoencefalite Amebiana

Primária (MAP), que é uma doença neurológica

caracte-rizada por lesões necrotizantes e hemorrágicas do

sis-tema nervoso central com uma evolução clinica rápida

e fatal.

Já a Encefalite Amebiana Granulomatosa (EAG) e

Ceratite por Acanthamoeba (infecção crônica da

cór-nea) podem ser causadas por várias espécies do gênero

Acanthamoeba. A Acanthamoeba pode causar também

infecções disseminadas, principalmente em pacientes

com AIDS ou transplantados (MURUKAWA et al., 1995).

(7)

A r t i g o

R E f E R ê N C I A S

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Referências

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