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Alargamento da União Europeia:

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Academic year: 2021

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Estudos Económicos Aplicados

Ano Lectivo 2003/2004

Alargamento da União Europeia:

Que oportunidades para a economia

portuguesa?

Grupo

Angélica Borges Madureira, nº 990401040

Diana Orlanda Afonso Carvalhido Silva, nº 990401062 Lígia Sofia Gonçalves Soares Nogueira, nº 990401077

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Áreas de Estudos: Economia Portuguesa, Integração Europeia Orientador : Professora Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos

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AGRADECIMENTOS…

… À Professora Doutora Maria da Conceição Pereira Ramos o nosso grande apreço pela orientação, assistência e disponibilidade essenciais para a prossecução correcta deste trabalho.

… Às Delegações do ICEP em Praga, Varsóvia, Budapeste e Lisboa pela resposta pronta que sempre deram aos nossos e-mails, prestando os esclarecimentos solicitados.

… À Mota-Engil por, apesar de não ter disponibilidade para as entrevistas, nos ter respondido ao inquérito que propusemos sobre as suas estratégias e motivações de internacionalização.

… Aos nossos pais, pelas horas que passamos ausentes devido à execução do trabalho e à procura de informação que este exigiu.

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RESUMO

O Alargamento da União Europeia é um tema da actualidade que tem suscitado muita discussão de ordem político-económica. A reflexão passa pelas possíveis ameaças para Portugal, com a entrada dos 10 novos membros ocorrida no passado dia 1 de Maio, bem como pelas oportunidades que temos ao alcance, e das quais podemos beneficiar.

Neste sentido, foi feito neste trabalho, em primeiro lugar, uma abordagem teórica sobre problemática do Alargamento, analisando os traços gerais de um processo de integração económica. A metodologia utilizada baseia-se numa análise comparativa, com dados obtidos do cruzamento de várias fontes estatísticas, que permitem, em cada tema, saber a posição de Portugal em relação aos referidos países. O nosso objectivo é, pois, avaliar as vantagens que podem advir do Alargamento da UE para a economia portuguesa ao nível do comércio, investimento e turismo, nomeadamente comparativamente à Polónia, República Checa e Hungria.

Podemos concluir que Portugal detém vantagens comparativas ao nível do comércio em alguns sectores representativos da exportação nacional como o dos materiais de construção, do calçado, dos vinhos, e dos bens de equipamento. Ao nível do investimento, as oportunidades de negócio são nos sectores tradicionais, onde Portugal possui vantagens tecnológicas; nos sectores onde se verificam défices de investimento, como a construção e obras públicas; e sector financeiro e das tecnologias de informação. No turismo, os PECO constituem actualmente mercados emissores emergentes para Portugal.

Os pontos de atracção destas economias relevam-se ao nível dos baixos custos da mão-de-obra, dos elevados níveis de qualificação e escolaridade, da detenção de factores que possibilitam a acumulação de competências tecnológicas bem como ao nível dos incentivos que oferecem aos investidores. Portugal, detém vantagens em termos de produtividade, infraestruturas, estabilidade institucional, experiência de integração e ambiente de negócios.

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ÍNDICE DE CONTEÚDOS

AGRADECIMENTOS… ... I RESUMO ... II ÍNDICE DE CONTEÚDOS ... III ÍNDICE DE QUADROS... VI ÍNDICE DE GRÁFICOS ... VII

INTRODUÇÃO... 1

CAPÍTULO 1. TEORIA DA INTEGRAÇÃO: O CASO DO ALARGAMENTO AO LESTE EUROPEU... 2

1.1. Teoria da Integração Económica... 2

1.1.1. A Convergência Real em processos de Integração Económica ... 4

1.1.2. Razões para a existência de processos de Integração Económica ... 6

1.2. O alargamento aos países do Leste Europeu... 6

1.2.1. A Estratégia de Pré-adesão ... 7

1.3. A UEM e o Euro... 8

1.4. O impacto do alargamento nos fluxos de mão-de-obra... 10

1.5. Conclusão... 11

CAPÍTULO 2: CARACTERIZAÇÃO GENÉRICA DOS 10 NOVOS MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA... 12

2.1. Dimensão e demografia ... 12

2.2. Indicadores macroeconómicos... 13

2.3. Indicadores relativos ao mercado de trabalho ... 14

2.4. Indicadores do padrão de vida ... 15

2.5. A questão dos fundos estruturais ... 16 CAPÍTULO 3: OPORTUNIDADES PARA A ECONOMIA PORTUGUESA BA

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3.1. Considerações iniciais... 17

3.2. Comércio... 17

3.2.1. Aspectos teóricos do comércio internacional ... 17

3.2.2. Regime de importação ... 19

3.2.3. Caracterização das exportações e importações portuguesas... 20

3.2.4. Oportunidades para a economia portuguesa ao nível do comércio ... 20

3.2.5. Parcerias: a melhor forma de penetração nos mercados ... 26

3.3. Investimento ... 27

3.3.1. Motivações do investimento português nestes países... 27

3.3.2. Regime de investimento... 29

3.3.3. Investimento Directo e os PECO ... 30

3.3.3.1. Investimento Directo de Portugal na República Checa, Hungria e Polónia ... 31

3.3.3.2. Investimento Directo da Hungria, Polónia e República Checa em Portugal ... 32

3.4. Turismo... 34

3.4.1. O Turismo em Portugal... 34

3.4.2. Fluxos de Turismo da Hungria, República Checa e Polónia com destino a Portugal... 35

CAPÍTULO 4. ALGUNS PONTOS DE ATRACÇÃO DA HUNGRIA, REPÚBLICA CHECA E POLÓNIA... 37

4.1. Custo da mão-de-obra ... 37

4.2. Educação e formação profissional... 39

4.2.1. O conceito de capital humano... 39

4.2.2. Análise comparativa de alguns indicadores de educação e formação na Hungria, República Checa, Polónia e Portugal... 40

4.3. Investigação & Desenvolvimento... 45

4.4. Incentivos ao investimento ... 50

CAPÍTULO 5. CASOS DE SUCESSO DE PENETRAÇÃO DAS EMPRESAS PORTUGUESAS NA HUNGRIA, POLÓNIA E REPÚBLICA CHECA ... 51

5.1. Metodologia ... 51

5.2. Estudo de casos de empresas: Motivações, estratégias, projectos e desafios futuros ... 51

5.2.1. Grupo Mota-Engil... 51

5.2.1.1. Polónia: Um caso de sucesso ... 53

5.2.1.2. Hungria: Um mercado maduro no centro da Europa ... 53

5.2.2. Jerónimo Martins ... 54

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CONCLUSÃO ... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 59

ANEXOS ... 64

Anexo 1: Breve Resenha Histórica do processo de Integração Europeia ... 64

Anexo 3: O Acervo Comunitário... 66

Anexo 4: Enquadramento histórico geral dos 10 novos Estados Membros ... 69

Anexo 5: Oportunidades comerciais ... 70

Anexo 6: Iniciativas do Governo para promover as exportações... 72

Anexo 7: Principais investidores e principais sectores receptores de investimento 73 Anexo 9: Dormidas de estrangeiros e receitas de Portugal... 76

Anexo 10: Caracterização do sector da educação e formação profissional nos PECO ... 77

Anexo 11: Áreas de formação dos Cursos de Especialização Tecnológica ... 83

Anexo 12: Prioridades de cada novo membro da UE ao nível da I&D... 84

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Síntese Simplificada da despesa prevista da UE com o alargamento em

2000-2006 em milhares de milhões de euros... 8

Quadro 2: Dimensão e demografia dos 10 novos membros e Portugal... 12

Quadro 3: Indicadores macroeconómicos dos 10 novos países membros da UE e Portugal... 14

Quadro 4: Indicadores relativos ao Mercado de Trabalho dos 10 novos países membros da UE e Portugal ... 15

Quadro 5: Padrão de vida dos 10 novos países membros da UE e Portugal ... 15

Quadro 6: Análise fundos estruturais... 16

Quadro 7: % importações da EU 15 ... 21

Quadro 8: % exportações da EU 15... 21

Quadro 9: Taxa de cobertura das exportações pelas importações (%) ... 22

Quadro 10: Integração de mercado - Troca de bens ... 22

Quadro 11: Taxa de cobertura (%) ... 23

Quadro 12: Comércio de Portugal com a República Checa, Hungria e Polónia por Sectores da Indústria segundo os principais factores de competitividade ... 25

Quadro 13: Comércio de Portugal com a República Checa, Hungria e Polónia - Vantagens Comparativas Reveladas ... 26

Quadro 14:Número de dormidas (inclui apenas número de dormidas na hotelaria global), em Portugal... 35

Quadro 15: Número total de dormidas em Portugal ... 35

Quadro 16: Salário nominal bruto mensal, em euros... 37

Quadro 17: Salários Nominais nas manufacturas, em índice ... 38

Quadro 18: Salários Nominais na construção, em índice ... 38

Quadro 19: Salários Nominais nos transportes, armazenagem e telecomunicações, em índice... 38

Quadro 20: Custos laborais horário na indústria, em euros, para o ano 2002 ... 38

Quadro 21: Diplomados (ISCED 5–6), em 2001... 42

Quadro 22: Diplomados (ISCED 6)... 42

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Quadro 24: Empresas que fornecem formação em percentagem de todas as empresas . 43

Quadro 25 - Cursos de FPC em empresas com e sem “novas tecnologias”, 1999 ... 43

Quadro 26: Despesa em I&D em % do PIB ... 46

Quadro 27: % da despesa doméstica em I&D financiada pelo governo... 47

Quadro 28: % da despesa doméstica em I&D financiada pelo exterior ... 47

Quadro 29: Graduações em Ciência e Tecnologia - Licenciaturas em Ciência e Tecnologia por cada 1000 habitantes entre 20 - 29 anos ... 48

Quadro 30: Número de patentes registadas no European Patent Office (EPO)... 49

Quadro 31: Pessoal em I&D ... 49

Quadro 32: Importações a preços correntes, em milhões de euros... 70

Quadro 33: Exportações a preços correntes, em milhões de euros... 71

Quadro 34: Cobertura das exportações pelas importações ... 71

Quadro 35: Evolução da Balança Comercial portuguesa com a República Checa, Hungria e Polónia em milhares de €... 71

Quadro 36: Evolução das exportações portuguesas para a República Checa, Hungria e Polónia em milhares de €... 71

Quadro 37: Evolução das importações portuguesas da República Checa, Hungria e Polónia em milhares de €... 71

Quadro 38: Comércio de Portugal com a República Checa, Hungria e Polónia, por Sectores da Indústria segundo a Intensidade Tecnológica... 72

ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1: Evolução da Balança Comercial portuguesa com a República Checa, Hungria e Polónia, em milhares de € ... 23

Gráfico 2: Distribuição geográfica das importações portuguesas ... 70

Gráfico 3: Distribuição geográfica das exportações portuguesas ... 70

Gráfico 4: Dormidas de estrangeiros em Portugal... 76

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INTRODUÇÃO

O recente alargamento da UE aos países da Europa Central e Oriental (PECO), o maior de sempre é, sem dúvida alguma, um dos maiores desafios para a economia da União em geral e para a economia portuguesa em particular. Neste novo espaço europeu, vamos enfrentar novos desafios, mas também surgirão novas oportunidades. Que limitações da nossa economia se tornarão mais evidentes?

Esta problemática motivou o nosso estudo, no qual efectuaremos uma análise dinâmica e comparativa entre a economia portuguesa e três economias da Europa Central, particularmente a Polónia, a Hungria e a República Checa. Não pretendemos hierarquizar os países por ordem de preferência/ atractividade, mas compreender os vários mecanismos motores da transformação de interesse entre os agentes económicos. Procuraremos aplicar conhecimentos adquiridos noutras disciplinas, das quais Integração Económica e Economia Portuguesa.

No capítulo 1, apresentaremos o enquadramento teórico do processo de integração europeia e as suas possíveis implicações nos mecanismos de convergência/divergência de uma economia.

No capítulo 2, efectuaremos uma caracterização geral dos PECO através de indicadores macroeconómicos, demográficos, do mercado de trabalho e do padrão de vida. Abordaremos também a questão dos fundos estruturais.

No capítulo 3, estudaremos as relações de Portugal com os três países, objecto do nosso estudo em termos de Comércio, Investimento e Turismo.

No capítulo 4, analisaremos mais pormenorizadamente alguns importantes factores de competitividade, particularmente, os custos laborais da mão-de-obra, a educação e formação profissional, a Investigação & Desenvolvimento e os incentivos ao investimento.

No capítulo 5, descreveremos alguns casos de sucesso de empresas portuguesas presentes nestes países, especificamente os casos dos grupos Mota-Engil, Jerónimo Martins e Portugal Telecom.

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Capítulo 1. TEORIA DA INTEGRAÇÃO: O CASO DO ALARGAMENTO AO LESTE EUROPEU

1.1. Teoria da Integração Económica

Um processo de integração económica consubstancia-se na integração de mercados de bens, serviços, factores de produção e tem como elemento essencial a liberdade de circulação. O seu principal objectivo é a elevação do bem-estar, via aumento da eficiência na afectação de recursos. Os elementos essenciais numa integração económica são:

• a supressão de barreiras nas trocas económicas entre os países envolvidos;

• a discriminação do resto do mundo, relativamente ao qual se colocam/mantêm barreiras;

• o desenvolvimento de formas de cooperação e/ou coordenação entre os países envolvidos ( eventualmente com limitações ao uso de políticas nacionais ou mesmo adopção de políticas comuns).

Existem critérios de classificação da integração económica, nomeadamente um critério de âmbito económico, outro de índole político-geográfico e um designado de critério “quanto ao método de integração”. O primeiro faz a distinção entre integração sectorial, a qual abrange apenas sectores delimitados da actividade económica e a integração geral, que abrange a generalidade dos sectores económicos. Segundo Robson, em 1985, à luz do segundo critério, a integração pode ser dividida por áreas de abrangência, podendo ser nacional, internacional ou mundial. A integração nacional consiste na integração de regiões dentro das fronteiras de um Estado-Nação. A integração internacional é mais abrangente, sendo um processo em que economias nacionais separadas se constituem numa região económica alargada, nomeadamente instituída por acordos entre países. A forma geograficamente mais abrangente é a integração mundial que consiste numa integração de mercados, mas à escala global. Tinberger, em 1965, classificou a integração como negativa ou positiva, segundo o critério do método de integração. A integração positiva implica a adopção, pelos Estados participantes de acções positivas, nomeadamente a modificação dos quadros

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institucionais e instrumentos legais, administrativos e técnicos existentes e, sobretudo, a instituição de políticas comuns, vinculativas para todo o espaço integrado. Por seu turno, a integração negativa caracteriza-se pela simples remoção das barreiras à liberdade de circulação, deixando-se a concretização efectiva da integração das economias ao funcionamento dos mercados e à acção dos agentes económicos.

As formas de integração que tradicionalmente podemos encontrar são: a Área de Comércio Livre (ACL), a União Aduaneira (UA), o Mercado Único, o Mercado Comum, a União Económica, a União Monetária, a União Económica Monetária e, no limite, a União Económica Total. Na prática, num dado processo de integração, verificam-se, com frequência, combinações de características de algumas das formas e, como tal, não há uma divisão estanque entre cada nível de integração e não há um processo linear desde a ACL até à União Económica Total.

A ACL permite o livre comércio intra-área, existindo, por um lado, abolição de todas as restrições aduaneiras e quantitativas no comércio entre parceiros e, por outro lado, manutenção de autonomia na política comercial relativamente a países terceiros. A UA está no patamar acima e prevê não só o livre comércio intra-área, como também a adopção de uma política comercial comum, nomeadamente uma pauta externa comum. O Mercado Único caracteriza-se pelo afastamento de barreiras alfandegárias assim como de barreiras invisíveis que coloquem entraves à concorrência entre economias. O Mercado Comum acrescenta à UA a liberdade de circulação de factores de produção, capital e trabalho, sendo que a este último nível, as relações são regulamentadas por normas nacionais, normas comuns ou por um misto de ambas. Na União Económica, promove-se, para além de tudo o que está previsto no nível anterior, a coordenação, ou mesmo unificação de um importante número de políticas económicas, política fiscal e orçamental, politica monetária, … A União Monetária preconiza uma política cambial e monetária única e, implicitamente, uma forte integração da restante política macroeconómica. Prevê a adopção de um sistema de câmbios fixos com convertibilidade absoluta das moedas dos estados-membros ou existência de moeda única. A conjugação das características da União Económica e da União Monetária dá origem a uma União Económica e Monetária. O expoente máximo da integração é o da União Económica Total, em que o nível de integração atingido é análogo ao de uma

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economia nacional, com políticas comuns em todas as áreas relevantes. Implica alguma integração política, eventualmente do tipo federal.

1.1.1. A Convergência Real em processos de Integração Económica

Segundo Robson, em 1985, integração económica “designa uma situação ou um processo envolvendo a combinação de economias separadas em regiões económicas mais alargadas”1. Os autores não são unânimes em considerar que estes processos de integração económica são, por si só, geradores ou não de convergência real. A convergência económica numa área envolvendo diferentes economias consubstancia-se numa crescente aproximação das variáveis económicas consideradas, mercê de progressos mais rápidos nas economias que se situam num patamar inferior, relativamente à média da área. A convergência económica pode ser real ou nominal. A primeira expressa “ a aproximação dos níveis de bem-estar económico, geralmente avaliado pelo PIB pc”2. A convergência nominal refere-se à “tendência rumo a uma maior uniformização das variáveis nominais (indicativas da estabilidade macroeconómica)”3.

Considerando os modelos neoclássicos, nomeadamente o modelo de Solow, estes assumem que, para além de tecnologias iguais e exógenas, existe uma dinâmica de convergência entre economias abertas que assenta nos rendimentos decrescentes à escala do factor capital. É sabido que um país com baixo stock de capital e baixo rendimento tem uma elevada produtividade marginal do capital e do rendimento do capital. Devido à abertura proporcionada por um processo de integração económica, naturalmente haverá transferência de capital dos países mais ricos (onde é mais abundante) para os países mais pobres (onde é mais escasso), com vista a retirarem vantagem de retornos mais elevados. Tal processo possibilitará a maior acumulação de capital e um crescimento mais rápido nas economias mais pobres do que nas mais ricas, esperando-se, portanto, a convergência dos rácios capital/trabalho, produtividade do trabalho e rendimento per capita entre países. As hipóteses assumidas pela teoria neoclássica do crescimento são igualmente consideradas na teoria da integração económica, desde o trabalho de Viner em 1950. Estes modelos assumem que a

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mobilidade internacional de capital e o comércio são mecanismos geradores da convergência ao nível dos preços, custos e níveis de rendimento. Se posteriormente o processo de integração avançar para a União Monetária, o processo de convergência real é posteriormente estimulado, mercê da redução dos custos de transacção.

As ilações retiradas com base no modelo neoclássico têm sido questionadas4 e têm igualmente surgido modelos que se baseiam na nova teoria de crescimento endógeno. Estes, contrariamente ao preconizado pelos modelos neoclássicos não consideram que de um processo de integração económica resulte necessariamente convergência entre as economias mais desenvolvidas e menos desenvolvidas. Romer, em 1986, afirmou que os retornos de capital não têm que diminuir necessariamente e, por seu turno, Lucas, em 1988, afirmou que há a possibilidade de transferência de massas criticas, isto é, capital humano muito qualificado dos países mais pobres para os mais ricos e, sendo os rendimentos crescentes do capital humano uma força indutora do crescimento económico, naturalmente que estes fluxos poderão funcionar como veiculo de divergência.

Os contributos da nova geografia económica, cujo pioneiro foi Krugman em 19915, procuram explicar porque é que a integração económica pode conduzir a um aumento das desigualdades económicas, recorrendo para o efeito a conceitos como os de economias de aglomeração e spillovers de conhecimento num enquadramento internacional. Estes modelos salientam o papel do comércio e do IDE como canais de spillovers tecnológicos e consideram que a convergência através da difusão tecnológica será o resultado mais provável.

Para além destas abordagens, também devemos destacar o papel dos capitais públicos, nomeadamente a dotação em infra-estruturas, que têm significativas externalidades na produtividade, bem como o efeito da credibilidade associado a politicas de estabilização, as quais reduzem o prémio de risco do país ao nível das taxas de juro, o que é um factor chave no contexto da crescente globalização.

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Panagariya, 2000 considera que os efeitos ao nível do bem-estar decorrentes da integração económica são mais ambíguos quando, por exemplo, no caso da integração europeia, a abertura ao comércio é apenas parcial, toma a forma de acordo preferencial.

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1.1.2. Razões para a existência de processos de Integração Económica

As razões políticas6, normalmente são importantes para a existência de um processo de integração, mas não são suficientes para a sua sobrevivência. No caso concreto da União Europeia, razões políticas estiveram na génese do processo da integração europeia e explicam a sua evolução. Graça Ferreira, em 1997, considera que os objectivos políticos passam pela conquista de maior importância no contexto internacional dos países envolvidos a nível político e económico, a quebra do isolamento internacional, assim como o cumprimento de objectivos internos como a estabilidade e normalização política.

As razões económicas passam pela existência de ganhos económicos potenciais e assentam fundamentalmente na possibilidade de melhorar a eficiência da estrutura produtiva e de potenciar o crescimento económico dos Estados envolvidos. Numa perspectiva estática, permitirá ganhos de especialização produtiva de acordo com as vantagens comparativas e ganhos por melhoria dos termos de troca entre a área integrada e o Resto do Mundo. Numa perspectiva dinâmica, existirão ganhos associados à exploração de economias de escala, economias de aprendizagem, ganhos nas quantidades e qualidades dos factores produtivos disponíveis, associados a alterações dos padrões e volumes de investimento e ganhos de eficiência associados ao aumento da concorrência intra-área.

1.2. O alargamento aos países do Leste Europeu7

O actual alargamento de 15 para 25 estados-membros é passo muito importante no processo de continua evolução que é a integração europeia e constitui um acontecimento histórico que põe termo a séculos de divisão. A reunificação de Europa significa um continente mais forte, mais estável e democrático, com um mercado único que trará vantagens económicas aos seus 450 milhões de cidadãos. A integração dos novos estados-membros aumentará, de acordo com o Eurostat, a população da UE em cerca de 28%, enquanto o PIB europeu crescerá apenas cerca de 4%. Uma das primeiras

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Apesar de inicialmente as razões políticas serem fundamentais, as razões económicas são essenciais para a sustentabilidade do processo.

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Sendo o presente alargamento mais um passo no já longo processo de integração europeia, achamos pertinente fazer uma breve resenha histórica deste processo, que colocamos no anexo 1, assim como fazer

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prioridades da União é melhorar o nível de vida dos novos estados-membros, que se situa nitidamente abaixo da média de UE. O alargamento terá um impacto económico significativo, dado que um mercado mais vasto e integrado estimulará o crescimento económico, tanto nos “antigos” como nos novos estados-membros, que beneficiarão dos investimentos das empresas da Europa Ocidental e do acesso aos recursos de UE destinados ao desenvolvimento regional e social. O processo de integração da economia destes países no resto da UE já está em marcha, uma vez que os acordos comerciais negociados e aplicados ainda antes da adesão já eliminaram praticamente todos os entraves e contingentes pautais que dificultavam as exportações daqueles países para os actuais estados-membros.

O alargamento oferece aos países candidatos uma oportunidade de melhorarem os seus níveis de vida e as suas perspectivas em termos de competitividade global. Estes países já efectuam entre metade a dois terços das suas trocas comerciais com a UE. O rápido crescimento do comércio contribui para desenvolver novos mercados e os investimentos. A plena integração alcançada com a adesão, juntamente com a adopção de normas comuns no mercado único mais vasto do mundo, contribuirá para reforçar as oportunidades de atingir um crescimento sustentável, do ponto de vista económico, social e ambiental.

1.2.1. A Estratégia de Pré-adesão

Para ajudar os países candidatos nos preparativos para a adesão à União, esta definiu uma estratégia de pré-adesão, no quadro da qual a UE presta assistência e apoia o investimento nos países candidatos, com o objectivo de promover a evolução necessária para que se possam adaptar mais rapidamente às condições de adesão à UE.

A estratégia de pré-adesão da UE consiste, entre outros, nos seguintes instrumentos e mecanismos: acordos de associação; relatórios periódicos; parcerias de adesão; participação nos programas e agências da UE e a assistência financeira directa de pré-adesão aos dez PECO. Esta assistência aumentou para mais do dobro a partir de

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2000: entre 2000 e 2006 será concedida anualmente ajuda no montante de 3120 milhões de euros11 (Ver quadro 1 sobre a assistência financeira da UE aos países candidatos à adesão), através do programa Phare e de dois instrumentos de pré-adesão, o ISPA (instrumento estrutural de pré-adesão, que prestará apoio ao investimento nos sectores dos transportes e do ambiente) e o Sapard (programa de ajustamento estrutural no domínio da agricultura e do desenvolvimento rural). Com efeito, a UE investe largas somas para apoiar a modernização da sociedade dos países candidatos, frequentemente mediante a transferência de “Know-how” e de formação no domínio dos novos métodos de trabalho.

Os programas de sectores como a educação, a formação profissional, a juventude, a investigação, a energia, o ambiente, as pequenas e médias empresas e a saúde pública foram abertos à participação dos países candidatos, proporcionando assim novas oportunidades aos cientistas, aos cidadãos e aos empresários desses países e contribuindo para dotar os funcionários nacionais da capacidade de gestão desses programas depois da adesão.

Quadro 1: Síntese Simplificada da despesa prevista da UE com o alargamento em

2000-2006 em milhares de milhões de euros

Tipo de Apoio 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Phare 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Sapard 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 ISPA 1 1 1 1 1 1 1 Pós-adesão 6 8 11 13 15 Despesa total da UE com o alargamento 3 3 9 11 14 16 18

Fonte: Comissão Europeia (2001), A União Europeia: O Alargamento Continua, A Europa em

Movimento, Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, Luxemburgo, p.16

1.3. A UEM e o Euro12

A adesão dos países de Europa Central e Oriental à União Económica e Monetária (UEM) está prevista para daqui a cerca de dois anos. De acordo com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, a integração destes países na área euro deverá ser um processo multilateral, sucessivo e faseado até culminar na adopção do

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Comissão Europeia (2001), A União Europeia: o Alargamento Continua, Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, Luxemburgo, p. 14

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euro por parte destes países. O regime de taxas de câmbio destas economias é muito vasto, desde regime de câmbios fixos até regime de câmbios flutuantes pelo que, no processo de adesão à União Europeia e à área euro, os regimes cambiais destes países terão que ser objecto de algumas alterações.

Nos últimos 3 anos, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu definiram a sua posição, coordenaram os seus pontos de vista e apresentaram estratégias para os regimes cambiais dos PECO na sua corrida para a União Europeia e para a área euro. Consideram que este processo é composto de 3 fases distintas:

- A primeira fase – fase de pré-adesão – vigorou até ao passado dia 1 de Maio de 2004. Nesta, os PECO tinham plena autonomia na fixação dos seus sistemas cambiais e gozavam de soberania na condução da política monetária. Porém, tinham que adoptar o acervo comunitário, no que respeita à UEM, ou seja, liberalização dos fluxos de capitais, Banco Central independente, proibição de financiamentos directos do Banco Central ao governo e acesso preferencial do governo às instituições financeiras;

- A segunda fase – fase de adesão – começou com a adesão destes países à União Europeia e vai culminar com a sua inclusão na zona euro. Nesta fase, estas economias perdem uma parte significativa da sua soberania monetária (mas não toda!) e as suas taxas de câmbio tornam-se uma matéria de interesse comum. Excessivas flutuações das taxas de câmbio serão consideradas inconsistentes com o próprio funcionamento do mercado único e potencialmente perigosos para todos os estados-membros. Com vista a ir de encontro ao critério de convergência de Maastricht no que respeita à estabilidade das taxas de câmbio, os novos estados-membros têm que aderir, pelo menos durante 2 anos, ao “mecanismo de taxas de Câmbio II” (ERM II), um sistema de taxas de câmbio fixas mas ajustáveis13. Espera-se que adiram à UEM em 2006, sendo o período de vigência do sistema ERM II fulcral para a preparação destes países para a adesão. Basicamente, o que o ERM II pretende é assegurar um adequado nível de convergência entre os “antigos” membros da UE e os novos membros. Por fim, os novos estados-membros da UE deverão partilhar as ambições da UEM e não lhes será dada a possibilidade de se oporem à adesão ao euro, uma vez reunidas as condições para o fazerem. Esta não é, contudo, uma questão relevante, na medida em que todos eles já expressaram o interesse em aderir à área euro tão cedo quanto possível.

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ERM II é um sucessor do ERM I, cuja vigência terminou com a introdução da UEM em 1999, e destina-se aos novos estados-membros que ainda não estão preparados para aderir à área euro.

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- A terceira fase – fase do Euro – começa quando os países da Europa Central e Oriental cumprirem os critérios para a inclusão na zona euro, adoptarem o euro e abandonarem as suas moedas nacionais. A partir daí, os PECO têm os mesmos direitos e obrigações na condução na politica monetária única que os outros membros da UEM.

Sendo certo que, em conformidade com o Tratado da União Europeia, os países não vão poder adoptar o euro imediatamente após a sua adesão, a participação na zona euro constitui o objectivo último dos futuros estados-membros. Nessa altura, participarão na política monetária única, orientada para a estabilidade bem como na política de taxa de câmbio única. O Tratado prevê que até essa data os estados-membros se esforcem por alcançar o grau elevado de convergência sustentável necessário à adopção do euro, não precisando, contudo, o calendário para alcançar tal objectivo. A sua concretização dependerá das características económicas de cada pais e do êxito que este obtiver em matéria de aplicação das políticas orientadas para uma convergência sustentável.

1.4. O impacto do alargamento nos fluxos de mão-de-obra

Com a passagem para uma UE com 25 estados-membros, uma das questões que coloca maiores interrogações e suscita mais polémica é a questão da liberalização dos fluxos de mão-de-obra à escala da União e as consequentes implicações que tal facto poderá ter a nível social. A União afirmou claramente que a plena aplicação do acervo de Schengen exigia um processo bietápico. Numa primeira etapa, aquando da adesão, os países aderentes deverão ter alcançado um nível elevado de controlo nas fronteiras, embora algumas disposições especiais, como a partilha de infra-estruturas e equipamentos ou a realização de patrulhas comuns possam ser previstas com outros estados-membros. A supressão dos controlos nas fronteiras internas só se verificará decorrido algum tempo após a adesão e será objecto de um processo de decisão distinto para cada estado-membro, com base na plena aplicação do acervo de Schengen.

Quando se analisa a questão da livre mobilidade de trabalhadores a questão da dimensão social, da eficiência económica e da estabilidade politica emergem como fundamentais. A questão da migração é mais importante nos dois países que partilham fronteira com o Leste Europeu: Áustria e Alemanha. Mais de 80% da população dos 10

(20)

novos estados-membros que vive na Europa Ocidental reside nestes dois países14. Porém, Boeri e Brucker em 2001 afirmaram que o impacto nestas duas economias nos salários e no emprego não será assim tão significativo. Os elevados níveis de desemprego na Alemanha podem ser vistos como um equilíbrio político nacional estável que reduz significativamente a mobilidade laboral. Por outro lado, o equilíbrio social na Alemanha é grandemente afectado pelos fluxos de imigração ilegal. Como tal, é natural que o governo tente limitar a imigração, nomeadamente oriunda da Polónia. Na Áustria, não é o problema do desemprego que é mais grave, mas sim o facto de esta mão-de-obra imigrante vir engrossar o leque de pessoas que trabalham em profissões de “menor valor acrescentado”. Posto isto, a Alemanha e a Áustria alcançaram isenções ao princípio da livre circulação de mão-de-obra, no decurso de negociações feitas entre a UE e os novos estados-membros.

Durante sete anos os fluxos de mão-de-obra vão ser adiados e fortemente controlados, colocando-se deste modo restrições à livre circulação de factor trabalho o que permitirá “combater” o que era entendido ser uma pressão politica significativa sob os governos nacionais.

1.5. Conclusão

A dimensão deste alargamento suscita interrogações tais como o aumento da imigração, afluxos de mão-de-obra barata, e saber até que ponto a economia dos novos membros poderá competir com a dos restantes países da UE . A harmonização das normas num mercado único alargado proporcionará novas oportunidades a exportadores e importadores dos países terceiros, que poderão estabelecer relações comerciais com esse grande mercado com base numa regulamentação comercial unificada, numa pauta aduaneira única e em procedimentos administrativos harmonizados. As condições de investimento e comércio serão melhores o que contribuirá, por seu turno, para promover a prosperidade. A existência de uma Europa unificada reforçará também os valores em que assenta o organismo vivo que é a UE, o que lhe permitirá assumir um papel cada vez mais importante na cena política e económica internacional e exercer uma influência cada vez maior no mundo em que vivemos.

14

Kemmerling, Achim (August 2003) “Report on the social dimension of Ezoneplus”, Working paper nº13, August 2003

(21)

Capítulo 2. CARACTERIZAÇÃO GENÉRICA DOS 10 NOVOS MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA

Neste ponto pretende-se fazer uma análise geral aos 10 novos membros da União Europeia (UE): Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa, Chipre e Malta. Esta passará por uma breve resenha histórica, a que se seguem indicadores demográficos, macroeconómicos, do mercado de trabalho e do padrão de vida, que revelam a situação destes países. Por último, será referida a questão dos fundos estruturais. No anexo 4 encontra-se um resumo do enquadramento histórico dos 10 novos Estados membros da UE.

2.1. Dimensão e demografia

Uma das vertentes em que se reflecte a entrada destes 10 novos países é o aumento significativo em superfície terrestre do conjunto de países que compõem a União Europeia. No quadro seguinte podemos ver que a maioria dos países apresenta uma dimensão inferior a Portugal, sendo a Hungria e Polónia os únicos com dimensão superior. Realizando os cálculos, a entrada destes países apenas faz aumentar a área terrestre da União Europeia em 22,8%. Este aumento torna-se significativo devido a terem aderido um número relativamente grande de países.

Quadro 2: Dimensão e demografia dos 10 novos membros e Portugal

Área terrestre (Km2) 2002 População média (103) 2001 Taxa de crescimento natural (por 1000 hab)

2001 UE15 3234568 377850 1,1 Eslováquia 49035 5397 -0,2 Eslovénia 20273 1992 -0,5 Estónia 45227 1364 -4,3 Hungria 93030 10118 -3,4 Letónia 64589 2355 -5,6 Lituânia 65300 3478 -2,6 Polónia 312685 38638 0,1 Rep. Checa 78866 10283 -1,7 Chipre 9251 762 4,8 Malta 316 393 2,4 Portugal 91916 10299 0,7

Fonte: Eurostat e Comissão Europeia

(22)

habitantes, em 2001. O aumento de população na UE 25, face à UE 15 é de 19,8%, semelhante, portanto, ao aumento de superfície. Contudo, estes países apresentam uma taxa de crescimento natural negativa (à excepção da Polónia, Chipre e Malta), o que revela decréscimo da população, caso as migrações se mantenham constantes.

2.2. Indicadores macroeconómicos

Em seguida são apresentados diversos indicadores macroeconómicos, que pretendem reflectir as condições económicas gerais de cada país. O cálculo do PIB pc à PPC (Paridade do Poder de Compra) permite comparar directamente os valores destes indicadores em diferentes países. A PPC indica, para os variados países, as unidades de moeda nacional necessárias para comprar o mesmo cabaz básico de bens e serviços.

Este indicador do PIB de um país torna-se representativo recorrendo PIB per capita. Chipre é o único destes países que apresenta um valor superior a Portugal e, portanto, o que está mais próximo da média da UE 15, com 23340 em 2001. O Chipre obteve um crescimento muito positivo da PIB em 2001 com 4,1%, sendo que a Lituânia o país que mais cresceu a este nível, com 7,7%, um valor bastante superior ao de Portugal e ao da média da UE 15. Como foi referido do capítulo 1, tal demonstra a tendência de convergência dos países mais atrasados economicamente face aos mais desenvolvidos.

A taxa de inflação varia muito de país para país, sendo relativamente preocupantes os valores atingidos pela Eslovénia e Hungria, 8,6% e 9,1%, respectivamente, em 2001.

Os valores da dívida pública em percentagem do PIB são em todos os países mais baixos que em Portugal, à excepção de Malta e Chipre, cujos valores se aproximam mais da média da UE 15.

A taxa de desemprego elevada de países como a Polónia (20%) e Eslováquia (19,4%), são bastante preocupantes, uma vez que podem levar à migração de trabalhadores para outros países da UE, a médio longo prazo.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do sector privado revela a capacidade dos agentes económicos, que não o Estado, investirem em equipamento produtivo. Estes países apresentam valores relativamente semelhantes aos de Portugal,

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em 2001, embora o estádio de mudança produtiva em que se encontra a sua indústria exigir, provavelmente, um investimento maior.

Exceptuando a Polónia, as exportações em percentagem do PIB são superiores à média da UE 15 e a Portugal em todos os países, o que denota a abertura destas economias.

Quadro 3: Indicadores macroeconómicos dos 10 novos países membros da UE e

Portugal 2001 PIB pc (em PPC) Crescimento anual do PIB (%) Taxa de inflação (%) Dívida pública em % PIB Taxa de desemprego (%) 2002 FBCF do sector privado em % PIB Exportações de bens e serviços (em % do PIB) UE15 23340 1,5 2,2 63,2 7,5 17,9 36 Eslováquia 10430 3,3 7,2 48,7 19,4 25,7 73 Eslovénia 15920 3 8,6 26,9 6 23,8 60 Estónia 9020 5 5,6 4,7 9,1 22,4 91 Hungria 12020 3,7 9,1 53,5 5,6 19,8 61 Letónia 7790 7,7 2,5 16,2 12,9 25,6 45 Lituânia 8850 6 1,3 23,4 13,1 18 50 Polónia 9770 1,1 5,3 36,7 20 17,2 28 Rep. Checa 14100 3,3 4,5 25,2 7,3 24,3 71 Chipre 18290 4,1 2 64,4 5,3 14,6 47 Malta 16110 -0,8 2,5 61,8 7,5 .. 88 Portugal 16480 1,6 4,4 55,6 5 23,1 31 Fonte: Eurostat

2.3. Indicadores relativos ao mercado de trabalho

Tomando a UE 15 como base, podemos observar no quadro seguinte as diferenças de produtividade entre países e face a UE15. Assim, apenas Chipre, Malta e Eslovénia apresentam produtividade superior à portuguesa. Apesar das altas taxas de escolarização (também presentes no quadro), muito superiores às de Portugal e até às da média da UE15, a produtividade não acompanha este indicador positivo. Tal pode estar ligado a carências organizacionais de adaptação da mão-de-obra ao processo produtivo, à possível menor qualidade do ensino nesses países, ou à falta de empresas onde aplicar da melhor forma os conhecimentos adquiridos. As taxas de crescimento do emprego são, na generalidade, baixas, embora as taxas de emprego sejam semelhantes às de Portugal. De referir ainda o crescimento elevado dos custos do trabalho verificados na Polónia e em Malta, apesar de haver uma tendência descendente acentuada em países como a Letónia e a Lituânia, em 2001.

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Quadro 4: Indicadores relativos ao Mercado de Trabalho dos 10 novos países membros da UE e Portugal 2001 Produtividade por pessoa empregada (em PPC) EU15=100 Taxa de crescimento do emprego (%) Crescimento dos custos do trabalho (%) Taxa de emprego % 15 - 64 anos % de pessoas entre os 20 e os 24 anos que completaram o ensino secundário UE15 100 1,2 0,5 64,1 73,4 Eslováquia 53 0,6 -1,2 56,8 94,4 Eslovénia 67,1 0,5 0,1 63,8 85,9 Estónia 40,8 0,8 -3 61,3 79,5 Hungria 61 0,4 3,3 56,5 84,4 Letónia 36,4 -0,4 -4,6 58,7 70,3 Lituânia 38,8 .. -6,6 60,1 81,2 Polónia 47,9 -2,2 5,3 55 88,6 Rep. Checa 52,9 -0,1 2,4 65,1 90,5 Chipre 79,9 .. .. 65,9 84,2 Malta 81,4 2,9 4,4 54,2 .. Portugal 64,8 1,4 0,9 68,7 43,2 Fonte: Eurostat

2.4. Indicadores do padrão de vida

Para analisar esta questão, vejamos os dados do quadro 10:

Quadro 5: Padrão de vida dos 10 novos países membros da UE e Portugal

2001

Comparação do nível de preços

(EU15=100)

Veículos de passageiros por cada

100 habitantes

Consumo final das famílias e instituições não financeiras

(milhões de €) UE15 100 50 5184087,4 Eslováquia 43,2 24 13453,2 Eslovénia 70,6 44 12304,1 Estónia 54 30 3496,2 Hungria 50,2 24 30657,7 Letónia 52,6 25 5336,5 Lituânia 49,9 32 8785,3 Polónia 60,7 27 134453,1 Rep. Checa 48,8 34 34998,3 Chipre 81,2 37 6965,9 Malta 72,9 50 2592,2 Portugal 72 50 75258,1

Fonte: Eurostat e Comissão Europeia

A comparação do nível de vida entre os diferentes países pode ser feita de acordo com os dados da tabela acima apresentada. Tomando a UE15 como referência, verificamos que Chipre e Malta têm níveis de preços superiores aos de Portugal,

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conseguindo-se nos restantes países adquirir bens a um custo mais baixo, sendo o valor mais baixo na Eslováquia. Revelando o padrão de vida mais baixo nos 10 novos Estados Membros temos o número de veículos por cada 100 habitantes, que é sempre não superior ao de Portugal. O consumo final das famílias é maior na Polónia, mas tal está certamente ligado população média que é igualmente superior.

2.5. A questão dos fundos estruturais

A atribuição de fundos estruturais pela União Europeia tem carácter compensatório (para os países/ regiões mais pobres) dos efeitos esperados da agudização da concorrência derivada à consumação do Mercado Único. O primeiro objectivo dos fundos estruturais, e para o qual é canalizado 70% do orçamento disponível é, portanto, o desenvolvimento das regiões estruturalmente menos desenvolvidas. Eram assim consideradas as áreas onde o PIB pc fosse inferior a 75% da média da UE (acetatos de Integração Económica, Abril 2004). Logo, a entrada destes 10 novos Estados Membros, que possuem na generalidade um PIB pc inferior ao de Portugal, tende a baixar a média, e consequentemente o patamar em que somos abrangidos. Reportando-nos ao quadro seguinte verificamos que na UE a 15 países encontravamo-nos abrangidos por este critério - percentagem do PIBpc cerca de 70,6 da média da UE. A entrada destes 10 países aumentou esse valor para cerca de 77,4%. Este é, pois, um problema que preocupa as autoridades, e para os quais se procuram soluções, nomeadamente através de outros meios compensatórios.

Quadro 6: Análise dos fundos estruturais

PIB per capita (em PPC)

UE25 21300 UE15 23340 Portugal 16480 % PIB pc de Portugal face à UE15 70,608%

% PIB pc de Portugal face à UE25 77,371%

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Capítulo 3. OPORTUNIDADES PARA A ECONOMIA PORTUGUESA DA HUNGRIA, REPÚBLICA CHECA E POLÓNIA

3.1. Considerações iniciais

A adesão dos Países Candidatos à União Europeia (PECO) vai conduzir a uma deslocação do centro de gravidade da União para Leste. Portugal, como país situado no extremo ocidental da Europa, vai ter de contrariar essa tendência, quer através do reforço das relações comerciais com esses mercados, quer, sobretudo, através do investimento nessa área.

Neste capítulo vamos então tratar de algumas oportunidades, avaliando qualitativamente e quantitativamente em que medida elas existem e deverão ser aproveitadas pelo Estado e agentes económicos em Portugal. A escolha destes países recai sobre o facto de serem os que mantêm mais directamente relações com Portugal, aos mais diversos níveis, como irá ser apresentado. Os indicadores utilizados em cada um dos subcapítulos foram os que se mostraram mais adequados aos objectivos e à análise comparativa a que nos propusemos.

3.2. Comércio

Ao longo da última década, as economias dos PECO integraram-se rapidamente nos mercados internacionais, nomeadamente pela liberalização dos seus regimes de comércio internacional. Em média, os novos membros da UE canalizam 65% das suas exportações totais para a União, tal como, os 15 anteriores Estados-membros também o fazem (ICEP, 2002). Isto é resultado dos acordos europeus concluídos no início dos anos 90. Assim, pode pensar-se se as alterações e oportunidades que surgem ao nível das trocas comerciais são fruto do Alargamento ou do aprofundar natural de um processo já iniciado há alguns anos.

3.2.1. Aspectos teóricos do comércio internacional

De entre as tendências que se manifestam hoje, ao nível da economia mundial, é de salientar o crescimento do comércio internacional a ritmos superiores aos da produção mundial. A reflexão teórica sobre o comércio internacional tenta entender as

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transformações que ao longo do tempo se têm produzido ao nível da economia mundial e das relações económicas internacionais. As teorias tradicionais do comércio internacional são a teoria clássica e a teoria neoclássica. A teoria clássica está fundamentalmente ligada a economistas ingleses como Adam Smith (1723 – 1790), David Ricardo (1772 – 1823), entre outros. Os trabalhos de teoria neoclássica foram elaborados ao longo da primeira metade do século XX nos trabalhos de Heckcher, Ohlin, Samuelson, etc.

Para Adam Smith em “Riqueza das Nações” (1776), o comércio livre é benéfico para as nações que nele participam, desde que cada país detenha vantagem absoluta na produção de um ou mais bens face aos outros países. Esta ideia era baseada no mercantilismo, corrente de pensamento vigente na época, que tinha como base a ideia de que a riqueza estava associada à acumulação de moeda. A vantagem absoluta traduz-se no facto de um país produzir um dado bem a um custo inferior ao das outras economias (Mendonça, 1997). Para dar resposta a algumas limitações do modelo de Smith, nomeadamente explicar o comércio que um país estabelece mesmo quando detém vantagens absolutas em todos os produtos, surge o modelo das vantagens comparativas de David Ricardo. Ele demonstra que mesmo os países que detêm desvantagem absoluta na produção de todos os bens têm condições económicas de participar no comércio internacional. Continuarão a produzir-se o comércio e a especialização internacionais desde que o sistema de preços relativos de um país seja diferente do outro. Segundo a tese de Ricardo, o país retira vantagens especializando-se na produção do bem que produz com maior eficiência relativa.

A Teoria das Dotações Factoriais ou de Hecksher-Ohlin insere-se nas teorias neoclássicas de comércio internacional. Os contributos de Hecksher (1919) e Ohlin (1933) foram do sentido de procurar encontrar uma explicação as diferentes vantagens comparativas, a partir da diferente dotação factorial. Chegam à conclusão que estas derivam de um novo conceito, o de “abundância relativa de um factor de produção”. A “dotação factorial” de um país ou nação (em capital e trabalho) é dada por razões geográficas ou históricas, sendo que as tecnologias e preferências dos consumidores são idênticas de país para país. Desta teoria ressaltou o teorema de que os países têm vantagem comparativa na produção do bem que utiliza intensivamente o factor

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relativamente mais abundante. As quantidades produzidas estão associadas a custos de oportunidade internos iguais aos preços relativos internacionais.

Posteriormente, apareceram diversas novas abordagens de teorias de comércio internacional, que visavam complementar alguns aspectos às teorias apresentadas. Leontief, em 1953, realizou estudos empíricos à economia dos Estados Unidos, tendo verificado a existência de um paradoxo: apesar de abundantes em capital, as exportações deste país eram compostas de bens intensivos em trabalho e as importações em bens intensivos em capital, ao contrário do que seria de esperar. A explicação para o “Paradoxo de Leontief”, como ficou conhecido, baseava-se no facto de os trabalhadores americanos serem bastante mais produtivos que os trabalhadores do resto do Mundo.

Vernon (1966 e 1970) elaborou a Teoria do Ciclo do Produto, uma abordagem neotecnológica. Segundo Vernon, a origem das vantagens comparativas está nas inovações tecnológicas realizadas num país, enquanto não se propagam internacionalmente. O produto passa pelo desenvolvimento, diferenciação e posterior padronização.

3.2.2. Regime de importação

Relativamente ao regime de importação, a República Checa está comprometida com um mercado livre e mantém, dum modo geral, uma economia aberta. Este processo, iniciado no final da década de 80, tem por objectivo a liberalização progressiva das trocas comerciais, nomeadamente no que respeita à redução das imposições aduaneiras, à eliminação das barreiras alfandegárias e à simplificação dos procedimentos inerentes às operações de importação.

Na Hungria, as reformas em matéria de comércio externo, empreendidas desde o início do período de transição em direcção à integração na União Europeia, levaram a uma transformação profunda dos procedimentos inerentes às operações comerciais, eliminando os monopólios atribuídos a um número restrito de empresas estatais.

Na década de 90 teve início o processo de abertura do mercado polaco ao exterior, que se traduziu por uma liberalização progressiva das trocas comerciais, nomeadamente em matéria de redução das imposições aduaneiras e eliminação das barreiras alfandegárias.

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Estes 3 países realizaram acordos com a União Europeia, no sentido da liberalização total das trocas. Estes acordos foram: Acordo de Associação UE/República Checa (em vigor desde 1 de Fevereiro de 1995); Acordo de Associação UE/Hungria (em vigor desde Fevereiro de 1994), e Acordo de Associação UE/Polónia (em vigor desde 1 de Fevereiro de 1994). Todos eles visavam eliminar restrições e taxas aduaneiras às importações originárias dos países membros da UE, tendo em vista atingir mais tarde a plena liberalização das trocas comerciais e, desta forma, o estabelecimento de uma zona de livre comércio entre as partes.

3.2.3. Caracterização das exportações e importações portuguesas

Como é visível nos gráficos 2 e 3 (anexo 5), segundo os dados do INE, os países da Europa Central e Oriental têm pouco peso nas importações e exportações de Portugal. De acordo com o ICEP, as trocas portuguesas com o exterior estão muito concentradas nos mercados da OCDE, tal como acontece com outros mercados europeus, especialmente nos países da União Europeia (UE), com um peso de 79% em 2002. Os principais fornecedores de Portugal são parceiros da UE, destacando-se, em 2002, a Espanha (29%), a Alemanha (15%), a França (10%) e a Itália (7%). Do mesmo modo, os clientes mais importantes foram a Espanha (21%), a Alemanha (18%), a França (13%) e o Reino Unido (10%).

Quanto à composição por grupos de produtos, nota-se que o crescimento das exportações é presentemente impulsionado mais por novos sectores do que pelos tradicionais, reflectindo os efeitos estruturais do investimento estrangeiro. Os sectores em que as exportações portuguesas se destacam são o dos têxteis, vestuário e calçado; máquinas e material eléctrico; madeira, cortiça, papel e pasta de papel; e automóveis e outro material de transporte. O país é muito dependente das importações no que se refere aos agro-alimentares, a produtos energéticos, bem como a matérias-primas para a indústria. No anexo 5 apresenta-se a distribuição do comércio de Portugal, por zona geográfica.

3.2.4. Oportunidades para a economia portuguesa ao nível do comércio

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volume das vendas de produtos portugueses como da compra de matérias e produtos de qualidade aceitável e preços competitivos. Os níveis de consumo interno destes países, alavancados por campanhas de crédito, tiveram um crescimento explosivo, abrindo janelas de oportunidades a muitos países fornecedores, entre os quais Portugal. As populações dos Países de Leste, depois de décadas de consumo de produtos indiferenciados e de relativa baixa qualidade, estão desejosas de aproximar os seus hábitos aos dos povos do Ocidente.

A análise feita refere-se à percentagem de importações e exportações que cada país realiza da União Europeia a 15. Portugal estabelece, até 2001, uma relação bastante mais próxima com a UE 15 do que os restantes países, apresentando valores em torno dos 80%. Efectivamente, como foi já referido, tal é significado da concentração das exportações e importações neste mercado, o que pode indicar também alguma dependência. De 1998 a 2001, a percentagem do valor dos bens com origem ou enviados para a UE 15 da República Checa, Hungria e Polónia não se alterou significativamente, uma vez que os acordos com estes países tiveram início em 1994/ 1995. Quadro 7: % Importações da UE 15 1998 1999 2000 2001 EU15 (15 países) 62.95 62.01 59.06 59.47 República Checa 63.5 64.2 62.1 61.8 Hungria 64.1 64.4 62.1 61.8 Polónia 65.9 65.0 61.2 61.4 Portugal 78.13 78.12 75.12 75.07

Fonte: Statistical Yearbook on Candidate Countries 2003 e Eurostat - Indicadores de comércio

Quadro 8: % Exportações da UE 15 1998 1999 2000 2001 EU15 (15 países) 63.19 63.79 62.44 61.93 República Checa 64.1 69.2 68.7 68.9 Hungria 72.9 76.2 75.2 74.3 Polónia 68.3 70.5 70.0 69.2 Portugal 82.00 83.21 80.27 80.13

Fonte: Statistical Yearbook on Candidate Countries 2003 e Eurostat - Indicadores de comércio

Os quadros das importações e exportações, a preços correntes, apresentados no anexo 5 (quadros 32, 33, 34), são o ponto da partida para avaliar a situação da balança comercial da República Checa, Hungria e Polónia, comparativamente à de Portugal.

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Conclui-se que em todos os países, o valor das exportações não é suficiente para cobrir as importações.

Os indicadores de comércio externo são instrumentos analíticos de base matemática que nos permitem fazer de uma forma simples uma interpretação e caracterização do comércio externo das economias. Entre estes, encontram-se a taxa de cobertura, o grau de abertura ao exterior, a vantagem comparativa revelada, etc.

A taxa de cobertura15, apresentada em seguida, dá-nos a dimensão relativa das exportações, comparativamente as importações. Como as taxas calculadas são inferiores a 1, tal significa que a capacidade de exportação é inferior ás necessidades de importação, o que indicia que as economias têm uma posição competitiva fraca nos mercados internacionais, podendo até existir alguma dependência externa. Para avaliar desta dependência, devemos usar o indicador Grau de Abertura16 das economias. Este dá-nos a importância que as transacções externas têm relativamente à produção da economia em causa. Isto é, dá-nos a dimensão relativa das transacções externas (comércio) face à dimensão económica do país (produção interna). Da análise dos dados verificamos que, apesar de todas serem deficitárias, as economias que apresentam menor défice são as que têm maior abertura ao exterior, o que indicia uma competitividade maior face as restantes. É o caso da República Checa e da Hungria. Quadro 9: Taxa de cobertura das exportações pelas importações (%)

1998 1999 2000 2001 República Checa 92,7 93,3 91,0 91,8

Hungria 89,5 89,4 87,6 90,5

Polónia 60,0 59,6 64,8 71,7

Portugal 64,4 61,3 61,0 61,9

Fonte: Cálculo das autoras com base nos dados da Eurostat

Quadro 10: Integração de mercado - Troca de bens

1998 1999 2000 2001 2002 EU15 (15 países) 9.2 9.2 11.1 10.9 10.4 República Checa 48.5 49.5 55.1 57.2 53.6 Hungria 46.6 55.7 65.0 62.1 55.0 Polónia 24.5 23.3 25.6 24.8 26.6 Portugal 28.2 28.1 30.2 29.0 27.1

Fonte: Eurostat - indicadores estruturais

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Nos quadros 35, 36, 37, no anexo 5, apresentam-se os valores das exportações e das importações de Portugal com a República Checa, Hungria e Polónia. Nas exportações, a Hungria a Polónia são os nossos maiores parceiros, de entre os 10 novos membros da UE. Nas importações esse lugar é ocupado pela Polónia e República Checa.

O gráfico em seguida ilustra bem a evolução da Balança Comercial de Portugal com os países em análise. A balança comercial entre Portugal e a República Checa é cronicamente desfavorável ao nosso país, tendo-se o défice acentuado a partir de segunda metade dos anos 90. A taxa de cobertura, apesar de ter sofrido uma evolução positiva, é ainda bastante baixa. No âmbito das trocas entre Portugal e os Países do Leste Europeu, em 2002, a Hungria foi o nosso 2º principal cliente e o 4º fornecedor, com o saldo da balança comercial favorável ao nosso país (ICEP). A taxa de cobertura em relação a este país apresenta valores bastante acima dos 100%, nos últimos anos. A Polónia tem a 1ª posição como parceiro comercial de Portugal, no âmbito dos PECO, realçando-se, o acréscimo nos dois fluxos, em especial nas importações. Contudo, a tendência tem sido desfavorável ao nosso país, que tem incorrido em défices que tem incorrido mais recentemente em défices comerciais.

Gráfico 1: Evolução da Balança Comercial portuguesa com a República Checa,

Hungria e Polónia, em milhares de €

-250000 -200000 -150000 -100000 -50000 0 50000 100000 1998 1999 2000 2001 Anos Mi lh a res d e República Checa Hungria Polónia

Fonte: Cálculos das autoras com base nos dados do INE - Instituto Nacional de Estatística

Quadro 11: Taxa de cobertura (%)

1998 1999 2000 2001 República Checa 28,50 25,75 30,91 40,19 Hungria 112,40 117,44 179,13 148,67

Polónia 157,76 187,60 50,72 37,15

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Em matéria de trocas bilaterais, mais importante do que analisar todos os produtos que compõe a balança entre estes países e Portugal, devemos estar a atentos aos factores de competitividade que estão na base dessas trocas. São 5 os principais factores de competitividade de uma economia: acesso a recursos naturais, custos de mão-de-obra, economias de escala, diferenciação de produto e sector de Investigação e Desenvolvimento.

Tanto na Hungria como na Polónia, o factor de competitividade I&D seguido dos custos da mão-de-obra são os que mais se destacam nas nossas exportações. Esta é, efectivamente, uma oportunidade para a economia portuguesa. Pode cada vez mais aplicar os conhecimentos de investigação que detém, bem como a experiência de adaptação a novas tecnologias, para exportar para esses países produtos com maior valor acrescentado. Portugal, fruto do processo de integração europeia que decorre desde a sua entrada na UE, possui vantagens neste domínio. O crescente aumento deste tipo de exportações é um ponto de atracção de novas indústrias para o nosso país, nomeadamente porque o segundo factor de competitividade mais forte são os custos da mão-de-obra. Em termos de produtos, as rubricas com valor mais alto de exportação de Portugal para estes países são as ligadas aos componentes eléctricos, como transformadores e condensadores e produtos químicos.

Relativamente à República Checa, as conclusões a retirar são diferentes. Os custos da mão-de-obra e as economias de escala na produção são os factores que se destacam, o que em conjunto com o reduzido peso dos restantes factores dos leva a retirar que a exportação é de produtos de baixo valor acrescentado e de produção em massa. Destacam-se os tecidos com plástico, acessórios para automóveis e pneumáticos como principais produtos exportados pelo nosso país. A maior parte das exportações para este país são de fraca intensidade tecnológica, enquanto para a Hungria e Polónia são de alta ou média alta.

As importações realizadas apresentam em todos eles um peso relativamente grande do factor economias de escala, sendo o valor mais elevado de 88% com a Polónia. Efectivamente, outra importante grande oportunidade para Portugal revela-se ao nível das importações. Esta consiste em aproveitar os baixos custos da mão-de-obra nesses países para importar produtos indiferenciados e de baixo valor acrescentado,

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usando-os depois como matéria-prima para o tratamento industrial a nível nacional. Apesar disso, a intensidade tecnológica dos produtos importados não é muito baixa, conforme quadro 38, no anexo 5. O facto de as importações feitas à Hungria apresentarem um elevado I&D não é preocupante, uma vez que as exportações se baseiam no mesmo factor e a balança com esse país se revelar tendencialmente positiva a Portugal, como vimos. À Hungria, Portugal importa maioritariamente aparelhos receptores de rádio de televisão; à República Checa automóveis e barras de ferro e à Polónia motores, automóveis e vestuário.

Quadro 12: Comércio de Portugal com a República Checa, Hungria e Polónia por

Sectores da Indústria segundo os principais factores de competitividade 2000

Milhares de € República Checa Hungria Polónia Exportação (%) 100,00 100,00 100,00 Recursos Naturais 13,48 4,29 14,47 Trabalho 37,56 11,19 24,41 Econ. de escala 27,82 7,37 16,78 Produto Dif. 15,29 7,37 16,78 I&D 5,79 56,73 29,31 Total_Comp 99,94 86,95 101,75 Importação (%) 100,00 100,00 100,00 Recursos Naturais 2,10 5,02 1,76 Trabalho 13,28 3,96 5,55 Econ. de escala 68,17 32,65 88,75 Produto Dif. 13,67 5,33 2,37 I&D 2,71 43,42 0,97 Total_Comp 99,93 90,38 99,40

Fonte: Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica

Legenda: Total_Comp: Total da indústria transformadora; Recursos Naturais: Forte intensidade de recursos/ Acesso a recursos naturais; Trabalho: Forte intensidade de trabalho/ Custos da mão-de-obra; Econ. Escala: Fortes economias de escala/ Dimensão da série de produção; Produto Dif.: Produtos Diferenciados/ Fornecedores especializados/ Procura muito diversificada; I&D: Forte intensidade de investigação/ Aplicação rápida dos progressos tecnológicos.

Finalmente, um indicador indispensável a esta análise é o da Vantagem Comparativa Revelada (VCR)17, apresentado em seguida, no quadro 13. Este permite-nos posicionar a competitividade externa nas transacções do bem i face à competitividade externa do global da economia. Na impossibilidade que se revelou de ter acesso à Balança Comercial da República Checa, Hungria e Polónia, devidamente desagregadas por sectores, recorremos ao cálculo feito pelo GEPE, e apresentados em

17

VCR = (Xi/Mi) / (X/M), sendo Xi o valor das exportações do sector/bem i, Mi o valor das importações do sector/ bem i e as restantes variáveis o significado já referido. Ou, de forma semelhante, VCR = Taxa de cobertura do sector i / Taxa de cobertura Global.

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seguida. Um valor deste indicador superior a 1 revela que o sector i tem vantagem comparativa externa face à média nacional. Se o valor é inferior a 1, o sector representa uma desvantagem comparativa e se é igual a 1 temos vantagens sectoriais idênticas à média nacional. Foi feita uma análise semelhante à já apresentada. Ressaltam como factores de competitividade da economia portuguesa em relação à República Checa os recursos naturais e factor trabalho; em relação à Hungria o trabalho e os produtos diferenciados (o que também implica algum desenvolvimento tecnológico) e em relação à Polónia maioritariamente I&D, confirmando as conclusões retiradas.

Quadro 13: Comércio de Portugal com a República Checa, Hungria e Polónia -

Vantagens Comparativas Reveladas Ano 2000

República

Checa Hungria Polónia

Factores de Competitividade Recursos Naturais 6,43 0,86 8,2 Trabalho 2,83 2,82 4,4 Econ. de escala 0,41 0,23 0,19 Produto Dif. 1,12 3,83 6,25 I&D 2,14 1,31 30,12 Intensidade Tecnológica Alta 2,36 1,32 36,36 Média-alta 0,6 0,75 0,28 Média-fraca 0,51 1,41 4,2 Fraca 4,15 1,3 4,99

Fonte: GEPE - Gabinete de Estudos e Prospectiva Económica

3.2.5. Parcerias: a melhor forma de penetração nos mercados

A melhor forma de fazer chegar os produtos portugueses a estes mercados é através do estabelecimento de parcerias, nomeadamente locais, ao nível dos canais de distribuição para que, de algum modo, se possa dominar a comercialização, e não se estar dependente das multinacionais. Para combater a periferia no que toca à localização geográfica, e a estrutura empresarial principalmente constituída por pequenas e médias empresas, Portugal deve apostar na instalação de estruturas próprias nos mercados que pretende atingir, de preferência em agrupamentos de empresas do mesmo sector. As empresas portuguesas já começaram a adoptar esta estratégia. É o caso da Portugal Shoes que é um conjunto de fabricantes nacionais de calçado, implantados na Polónia, que se associaram para criar um rede de distribuição.

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Podemos concluir que Portugal tem muito a ganhar em termos de relações comerciais com os 3 novos membros em relação aos quais fizemos a análise. Basta para apostar na exportação de produtos com incorporação tecnológica, tirando partido das vantagens que detém em relação a estes países.

No anexo 6 encontra-se um quadro com as iniciativas tomadas recentemente pelo Governo no sentido de promover as exportações nacionais, as empresas, produtos e serviços.

3.3. Investimento

3.3.1. Motivações do investimento português nestes países

No actual quadro de integração europeia, ou seja, a construção da UEM e o alargamento a novos membros torna-se cada vez mais difícil distinguir entre mercado interno e externo. O investimento dentro do bloco regional a 25 possui apresenta agora menos fronteiras, havendo uma maior flexibilidade de circulação de capitais. As empresas portuguesas já equacionam os PECO nas suas estratégias, não só para aproveitar novas oportunidades, mas também para responder aos movimentos da concorrência.

Relativamente aos três países estudados, estes apresentam factores de localização do investimento extremamente interessantes, nomeadamente quando comparados com Portugal, por exemplo, a mão-de-obra relativamente barata, os elevados níveis de educação da população (ainda que as qualificações nem sempre correspondam às necessidades de mercado); a legislação laboral flexível; a localização geoestratégica18 na Europa Central, próxima dos principais centros de consumo europeu e o acentuado fluxo de entrada de IDE em sectores estratégicos potenciadores de oportunidades de investimento noutros sectores.

Cumulativamente, as autoridades têm-se preocupado em atingir um adequado nível de infraestruturas, o processo de transição para uma economia de mercado e para um estado democrático foi bem sucedido, o promotor externo beneficia dos serviços de

18

Por exemplo, a Hungria faz fronteira com sete países e pode ser uma porta de entrada para os países não incluídos no recente alargamento - Roménia, Ucrânia, Sérvia-Montenegro e Croácia - e como um dos potenciais centros logísticos de difusão e distribuição de bens, serviços e know-how portugueses para outros mercados dos PECO.

Referências

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