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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0693.14.014049-4/002

Número do Númeração

0140494-Des.(a) Ana Paula Caixeta Relator:

Des.(a) Ana Paula Caixeta Relator do Acordão:

23/01/2020 Data do Julgamento:

28/01/2020 Data da Publicação:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. COPASA/MG. ADOÇÃO DA TEORIA OBJETIVA. ROMPIMENTO DE ADUTORA. AVARIAS EM ACESSÃO/BENFEITORIA. INFILTRAÇÃO DE ÁGUA. ELEMENTOS CONFIGURADORES DEMONSTRADOS. DANOS MATERIAIS E MORAIS COMPROVADOS. QUANTIFICAÇÃO. VERBAS SUCUMBENCIAIS.

- A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos é, em regra, objetiva, conforme preconizado pelo art. 37, § 6º, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988 e pelo art. 14 do Código de Defesa do Consumidor.

- A responsabilidade civil da pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços públicos, objetiva que é, prescinde do elemento anímico (culpa) para a perfeita caracterização do dever indenizatório, bastando, para a sua configuração, que fiquem demonstrados o serviço defeituoso, o dano e o nexo de causalidade vinculando os elementos antes citados.

- Demonstrado nos autos que os danos estruturais existentes na construção foram ocasionados com a infiltração das águas, proveniente do rompimento de tubulação da rede de distribuição da ré, devem ser reparados os danos materiais suportados pela parte autora.

- Não havendo elementos suficientes para a quantificação dos danos materiais, alusivos aos valores necessários para a reconstrução/reforma do imóvel residencial, os prejuízos deverão ser

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objetos de oportuna liquidação por arbitramento.

- A situação vivenciada pela parte autora, que deixou o seu imóvel residencial em virtude dos danos estruturais ocasionados pelo rompimento de uma adutora de água da concessionária de serviços públicos, ultrapassa o liame conceitual do mero dissabor ou aborrecimento cotidiano, impondo-se a reparação dos danos morais.

- Na mensuração do "quantum" reparatório por danos morais, deve o Julgador se ater aos critérios de razoabilidade e da proporcionalidade, para que a medida não represente enriquecimento sem causa da parte que busca a indenização, bem como para que seja capaz de atingir seu caráter pedagógico, coibindo a prática reiterada da conduta lesiva por seu causador - Acolhidos os pedidos formulados pela parte autora em sua petição inicial, não se verifica a sucumbência recíproca, principalmente porque a quantificação dos danos materiais será objeto de liquidação e a condenação em danos morais em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca (Súmula nº 326 do Colendo Superior Tribunal de Justiça).

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0693.14.014049-4/002 - COMARCA DE TRÊS CORAÇÕES - APELANTE(S): COMPANHIA DE SANEAMENTO DE MINAS GERAIS COPASA MG - APELADO(A)(S): MARIA ÂNGELA DA SILVA

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 4ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO.

DESA. ANA PAULA CAIXETA RELATORA.

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DESA. ANA PAULA CAIXETA (RELATORA)

V O T O

Cuida-se de recurso de apelação interposto contra a sentença de f. 224/226-verso, proferida pelo MM. Juiz de Direito da 3ª Vara Cível da Comarca de Três Corações, Dr. Reginaldo Mikio Nakajima, que, nos autos da Ação de Indenização ajuizada por Maria Ângela da Silva em desfavor de COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais, julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, nos seguintes termos:

"ANTE O EXPOSTO, com resolução de mérito (art. 487, inc. I do CPC):

a- JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido de danos materiais, para CONDENAR a ré ao pagamento do valor de R$ 38.349,00, a título de danos materiais, com juros de mora de 1% ao mês, desde a data da citação, em consonância com as disposições do art. 405 do Código Civil Brasileiro e correção monetária desde a data do efetivo prejuízo, em consonância com a Súmula 43 do STJ.

b- JULGO PROCEDENTE EM PARTE o pedido de danos morais, para condenar a ré ao pagamento de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), corrigidos monetariamente desde a data da presente decisão, conforme Súmula 362 do STJ e, juros de mora desde a data da citação, em consonância com as disposições do art. 405 do Código Civil Brasileiro.

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despendidos a título de aluguel do imóvel de fl. 34, a contar de agosto de 2014 até setembro de 2018, convertendo - nesta parte - a obrigação de fazer em indenização por perdas e danos. Presentes os requisitos do art. 300 e 497 do CPC, defiro o pedido de tutela de urgência requerida à fl. 10, para determinar à COPASA S/A que arque com os pagamentos dos aluguéis do imóvel contratado para moradia da autora (fl. 34), até o trânsito em julgado desta sentença. Os valores a serem ressarcidos pela ré à autora a título de aluguel do imóvel objeto do contrato de fl. 34 deverão ser apurados em liquidação de sentença.

Condeno a parte ré ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, bem como ao pagamento das custas processuais (art. 85, §2º, do CPC)".

Em suas razões recursais de f. 228/232, a ré, doravante denominada apelante, afirmou que, muito embora houvesse assumido a responsabilidade sobre a ocorrência de alguns dos danos no imóvel da autora, em razão do rompimento da adutora de água, o valor dos referidos prejuízos permaneceriam controvertidos; que, "embora danificado o imóvel e caracterizada a responsabilidade, a extensão dos danos fora narrada no laudo em relação à abrangência física sobre o imóvel e sua relação de causalidade, mas não apresentou o perito orçamento ou projeção de valores que seriam necessários para reparo dos defeitos"; que, assim, o valor necessário à reparação dos danos materiais deveria ser objeto de liquidação de sentença.

Disse que, referencialmente aos danos morais, não teria a autora produzido prova suficiente a respeito da caracterização dos referidos prejuízos; que a situação vivenciada pela autora não ultrapassaria o liame conceitual do mero dissabor ou aborrecimento cotidiano. Pelo princípio da eventualidade, pediu que o valor da indenização por danos morais fosse minorado.

Ponderou, ainda, que as verbas sucumbenciais deveriam ser distribuídas, proporcionalmente, entre as partes; que "pela simples

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comparação dos valores envolvidos, (...) teve uma sucumbência inferior à que sofreu a apelada, devendo a condenação em relação às verbas sucumbenciais refletir tal realidade".

A apelante promoveu o recolhimento do preparo recursal (f. 233).

Regularmente intimada, a autora, doravante denominada apelada, apresentou as contrarrazões de f. 236/240.

Desnecessária a remessa dos autos à douta Procuradoria-Geral de Justiça.

Conheço do recurso de apelação, porquanto presentes os seus pressupostos de admissibilidade.

Cinge-se a controvérsia dos autos, devolvida à apreciação desta Superior Instância Mineira, à análise de 04 (quatro) pontos: I) quantificação dos danos materiais reconhecidos no capítulo dispositivo da sentença em sua alínea "a"; II) caracterização dos danos morais; III) valor dos prejuízos extrapatrimoniais; IV) distribuição proporcional das verbas sucumbenciais. A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos é, em regra, objetiva, conforme preconizado pelo art. 37, § 6º, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1.988:

Art. 37. (omissis). (...)

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

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Em idêntico sentido, a regra trazida pelo art. 14 da Lei nº 8.078/90, aplicável ao caso sub judice, tendo em vista a relação consumerista estabelecida entre as partes, especialmente diante do conceito mais amplo de "consumidor" previsto pelo art. 2º, parágrafo único, da referida legislação:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido.

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prescinde do elemento anímico (culpa) para a perfeita caracterização do dever indenizatório, bastando, para a sua configuração, que fiquem demonstrados o serviço defeituoso, o dano e o nexo de causalidade vinculando os elementos antes citados.

Pois bem. É incontroverso nos autos - e não foi objeto do recurso de apelação - que, no dia 16 de julho de 2.014, na Rua Sebastião Inácio Sant'Ana, bairro Parque Jussara, no Município de Três Corações, uma adutora de água da apelante se rompeu, vindo a causar danos estruturais no imóvel residencial pertencente à apelada.

A própria apelante, em sua peça de defesa, reconheceu a ocorrência do evento e os danos ocasionados na estrutura do imóvel residencial, tanto que expediu documento denominado "Relatório de Sinistro", acostado às f. 73 e seguintes. A propósito, observem-se as seguintes passagens da contestação:

"No dia 16/07/2014 houve vazamento na rede de água PVC DN 50, na rua Sebastião Inácio Sant'Ana, Bairro Vila Emílio.

Conforme vistoria realizada por Tradicional Topografia e Engenharia, anexa nos autos, 'com o vazamento, houve danos no imóvel, como: trincas, rachaduras nas paredes, muro e abatimento no portão da garagem'. O fluxo de água, proveniente do vazamento, infiltrou e carreou finos do solo suporte sob área atingida, o que ocasionou o abatimento do piso da garagem e da sala, trincas nas paredes internas e externas do quarto e sala, rachaduras no muro e área externa da residência".

Muito embora houvesse o litígio se instaurado, neste primeiro ponto, sobre o valor necessário para a reforma da edificação, o laudo pericial de f.

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apelada, registrando, à f. 197, que, "para a recuperação do imóvel e de suas áreas afetadas, recomenda-se um estudo detalhado dos procedimentos de execução a serem utilizados, a adoção e o emprego de técnicas de engenharia adequadas, como projeto estrutural de reforço, equipamentos especializados, profissionais e empresas especializadas neste tipo de trabalho de recuperação entre outros".

Vê-se que os orçamentos apresentados pela apelada foram impugnados especificamente pela apelante em sua contestação, tendo esta afirmado, com base em seu "Relatório de Sinistro", que o valor necessário para a reforma do imóvel residencial seria de R$ 6.009,69 (seis mil e nove reais e sessenta e nove centavos).

Nesse contexto, considerando que os documentos foram produzidos unilateralmente pelas partes, entendo que, para se evitar o enriquecimento ilícito, a quantificação dos danos materiais deverá ocorrer em fase de liquidação de sentença, por arbitramento, privilegiando-se o contraditório e a ampla defesa.

Em relação aos danos morais, surgem os ditos prejuízos, em princípio, da violação aos direitos da personalidade, tutelados juridicamente (imagem, nome, honra, integridade física, privacidade e outros), concretizando-se in re ipsa. Verifica-se, igualmente, a sua configuração quando a conduta antijurídica, dada a sua dimensão, é capaz de romper a paz, a rotina e a tranquilidade da vida da vítima, expondo-a a intenso sofrimento psíquico e emocional, situação esta que deve ser comprovada.

No caso em apreço, entendo que a situação vivenciada pela apelada ultrapassou o liame conceitual do mero dissabor e do aborrecimento cotidiano, na exata medida em que se viu obrigada a deixar o seu imóvel residencial, construído, certamente, com as economias de toda uma vida. Além do mais, até que seja efetivamente reformado, a apelante não possui perspectivas de quando poderá retornar ao seu lar.

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mensuração do quantum reparatório por danos morais, deve o Julgador se ater aos critérios de razoabilidade e da proporcionalidade, para que a medida não represente enriquecimento sem causa da parte que busca a indenização, bem como para que seja capaz de atingir seu caráter pedagógico, coibindo a prática reiterada da conduta lesiva por seu causador. A respeito do tema, colhe-se a lição de Rui Stoco:

"Assim, tal paga em dinheiro deve representar para a vítima uma satisfação, igualmente moral, ou seja, psicológica, capaz de neutralizar ou 'anestesiar' em alguma parte o sofrimento impingido.

A eficácia da contrapartida pecuniária está na aptidão para proporcionar tal satisfação em justa medida, de modo que tampouco signifique um enriquecimento sem causa da vítima, mas está também em produzir no causador do mal impacto bastante para dissuadi-lo de igual e novo atentado. (...)

O estabelecimento do quantum debeatur deve ser entregue ao prudente arbítrio do Juiz, ante a falta de parâmetros, salvo aqueles estabelecidos e x p r e s s a m e n t e p e l a L e g i s l a ç ã o d e R e g ê n c i a " . ( i n T r a t a d o d e Responsabilidade Civil, 6ª edição, p. 1.683/1.684. Editora Revista dos Tribunais: 2.004).

Para a quantificação, deve ser observada, ainda, a regra trazida pelo art. 944 do Código Civil, segundo a qual "a indenização mede-se pela extensão do dano".

Nessa perspectiva, sopesadas todas as circunstâncias específicas que envolveram o caso em questão, parece-me que a importância de

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R$ 15.000,00 (quinze mil reais) revela-se suficiente a indenizar os danos morais sofridos pela apelada.

Quanto às verbas sucumbenciais, vê-se que os pedidos formulados pela apelada foram acolhidos judicialmente, embora não no valor pretendido e apresentado na peça de ingresso. Tal circunstância, no entanto, não tem o condão de acarretar a sucumbência recíproca: primeiro, porque os danos materiais serão quantificados quando da liquidação do julgado; segundo, porque, nos termos da Súmula nº 326 do Colendo Superior Tribunal de Justiça, "na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca". Diante do exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso de apelação, para reformar parcialmente a sentença:

I) Determinando que o valor da indenização por danos materiais, reconhecidos no capítulo dispositivo da sentença, alínea "a", sejam oportunamente liquidados, por arbitramento. Desde já, saliento que o valor dos honorários periciais deverá ser arcado pela apelante, considerando a sua sucumbência na fase de conhecimento;

II) Reduzindo o valor da indenização por danos morais para R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Custas na forma da lei.

Deixo de majorar os honorários advocatícios de sucumbência, tendo em vista o entendimento adotado pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento dos EDcl no AgInt no REsp 1573573/RJ e do AgInt nos EREsp 1539725/DF.

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SÚMULA: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO"

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