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ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DAS POLÍTICAS DE GESTÃO ESCOLAR NO GOVERNO LERNER 1

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ANÁLISE DO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DAS POLÍTICAS DE GESTÃO ESCOLAR NO GOVERNO LERNER1

JANE APARECIDA PARAHYBA2 RESUMO

Este trabalho parte da pesquisa integrada, intitulada “Políticas e Programas nas Áreas de Educação e Saúde no Estado do Paraná: Sua Relação com as Orientações do BID e BIRD e sua Contribuição na Difusão das Propostas Liberalizantes em Nível Nacional”. Será realizado um estudo bibliográfico sobre a produção teórica existente que trata da Gestão Escolar. Através da sistematização se fará uma análise comparativa entre os resultados obtidos com as entrevistas realizadas nas escolas de Cascavel. As propostas governamentais nacionais e estaduais para a reforma da Educação têm como questão central à descentralização, a gestão da qualidade do sistema e das escolas, o sistema de avaliação, um sistema de ensino eficiente e qualitativo, a prioridade ao ensino básico, a modernização e flexibilização dos currículos e das práticas de ensino, os princípios da qualidade total na gestão das escolas, um sistema público não estatal de ensino básico. Nessa perspectiva, a gestão do sistema educacional passa a ser um dos focos de mudanças empreendidas pelas reformas educacionais em curso. Neste contexto, podemos compreender como as escolas incorporam ou não, na sua prática, essas políticas. Revelando que as propostas desencadeiam a desobrigação do Estado de suas funções, e a gestão escolar vai moldando a educação sob o enfoque empresarial privado a fim de atingir a eficiência, a qualidade e os padrões de excelência preconizado pelos Organismos Internacionais Multilaterais.

Palavras-chave: Gestão compartilhada; políticas educacionais; Estado. INTRODUÇÃO

1 Trabalho desenvolvido para programa de iniciação cientifica PIBIC – UNIOESTE/Cascavel, sob a

orientação da Professora Drª. Francis Mary Guimarães Nogueira.

2 Acadêmica do quarto ano do Curso de Pedagogia do Campus de Cascavel/UNIOESTE. Colaboradora do

Grupo de Pesquisa em Gestão Escolar (Gpge) e do Grupo de Pesquisa em Políticas Sociais (Gpps). E-mail: janeaparecida@homail.com

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Este trabalho intitulado “Análise comparativa entre a literatura existente sobre gestão escolar e o processo de implantação dessas políticas no governo Lerner” se integra e é parte de um projeto de pesquisa iniciado em agosto de 1999 e com conclusão prevista para julho de 2003, intitulado “Políticas e Programas nas Áreas de Educação e Saúde no Estado do Paraná: Sua Relação com as Orientações do BID e BIRD e sua Contribuição na Difusão das Propostas Liberalizantes em Nível Nacional”. A equipe de pesquisadores3 é composta por docentes dos departamentos de Enfermagem e Educação da UNIOESTE4 e por docentes dos departamentos de Educação e de Ciências Sociais da UEL5.

A finalidade deste trabalho é a de contribuir numa análise das políticas de educação no Estado do Paraná, no que diz respeito as propostas de Gestão das escolas estaduais da educação básica, no período do Governo Lerner.

Com o objetivo de fazer uma análise comparativa entre a literatura existente sobre gestão e a proposta implementada no Estado do Paraná durante o Governo Lerner, foi necessário um estudo bibliográfico sobre a produção teórica existente que trata da Gestão Escolar. Através da sistematização dos dados coletados em escolas da Rede Estadual de Cascavel, faço uma análise comparativa entre os resultados obtidos com as entrevistas realizadas em escolas indicadas pelo núcleo como de “excelência” ou “com dificuldade de Gerenciamento”, observando a forma como o Governo Lerner implementa a proposta de gestão compartilhada nessas escolas.

As propostas governamentais nacionais e estaduais para a reforma da Educação têm como questão central à descentralização, a gestão da qualidade do sistema e das escolas, o sistema de avaliação, um sistema de ensino eficiente e qualitativo, a prioridade ao ensino básico, a modernização e flexibilização dos currículos e das práticas de ensino, os princípios da qualidade total na gestão das escolas e um sistema público não estatal de ensino básico (SILVA, 1998). Na perspectiva do Estado Mínimo essas propostas viabilizam em muito a sua desresponsabilização e a gestão do sistema educacional passa a ser um dos

3 Os pesquisadores fazem parte do NEPPS – Núcleo de Estudos e Pesquisa em Políticas Sociais-UNIOESTE. 4 Francis Mary Guimarães Nogueira-Coordenadora do projeto; e demais pesquisadores: Antonio B. de Lima,

Edaguimar O. Viriato, Ireni M. Z. Figueiredo, Isaura Mônica Souza Zanardini, Liliam Faria Porto Borges, Luiz F. Reis, Maria Lucia F. Rizzoto, Roberto Antonio Deitos, Solange de F. R. Conterno.

5 Ângela Mª. Hidalgo, Edmilson Lenardão, Eliane C. da S. Czernisz, Iliezi L. F. Silva, Marleide R. da S.

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focos de mudanças empreendidas pelas reformas educacionais em curso. Nas escolas envolvidas na pesquisa procurou-se, através das entrevistas que foram realizadas, identificar as políticas e a proposta de gestão que vem sendo implementadas através do PQE (Projeto Qualidade da Escola Pública do Paraná) e do PROEM (Programa Expansão, Melhoria e Inovação no Ensino Médio no Paraná) pelo governo do Estado do Paraná. Assim, foi possível compreender em que nível as escolas campo incorporam ou não, na prática do cotidiano escolar, essas políticas e consequentemente as orientações firmadas nos contratos de empréstimos do BIRD e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Neste contexto, se revelam como as propostas de gestão compartilhada desencadeiam a desobrigação do Estado de suas funções, e a gestão escolar vai moldando a educação sob o enfoque empresarial privado a fim de atingir a eficiência, a qualidade e os padrões de excelência preconizado pelos Organismos Internacionais Multilaterais.

Exemplo da implementação dessas políticas são o PROEM e o PQE, que prevê em um dos seus programas de ação denominado Desenvolvimento Institucional – o programa IV – Premiação, isto é, a premiação das escolas públicas que provarem excelência. Como contraponto é possível inferir que as escolas com “dificuldade” serão punidas de alguma forma, provavelmente financeiramente.

Esses projetos foram implantados pelo Governo do Estado do Paraná em parceria com o Banco Mundial e o BID, sendo que o PQE tem como objetivos a melhoria no rendimento escolar e a qualidade do ensino público visando atingir “as redes de ensino

municipal e estadual, com meios e insumos mínimos para potencializar as áreas mais representativas da estrutura educacional”. (Paraná. PQE. Resumo do projeto. Op. Cit., p.

1). Já o PROEM apresenta como objetivos gerais “o aumento da eficiência, eficácia e

eqüidade do sistema estadual de educação média”(Paraná. Proem. Documento Síntese. Op.

cit., p.3).

Após os estudos foi possível identificar que a concepção de ‘Gestão Democrática’ implantada no Paraná vem utilizando-se de uma nova terminologia, a de ‘Gestão Compartilhada’ que na perspectiva do Governo tem o mesmo significado, ou seja, é uma forma competente e “democrática” para melhorar a qualidade do ensino público visando superar as dificuldades de direção das instituições de ensino e voltada para a construção da excelência em parceria com a comunidade.

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Assim, “a chamada ‘Gestão Compartilhada’, tem como objetivos centrais a

conquista da excelência na educação através da modernização das estratégias de organização e a adequação às reformas que vêm sendo feitas no papel do Estado”.

(LIMA, 2000: 186)

Porém, esta nova concepção de Gestão Escolar implementada nas escolas da rede pública enfatiza uma forma de administração gerencial nos moldes empresariais visando diminuir os custos e atingir melhores resultados. Com isso, o que se percebe é um alto índice de competitividade entre as escolas que buscam a qualidade e a modernização. Pode-se dizer que, os projetos e programas implantados pela Secretaria da Educação do Estado do Paraná (SEED), sob o Governo de Jaime Lerner, caminham ao encontro da “globalização” acentuada em nossa sociedade, bem como das políticas neoliberais.

As escolas inseridas nesse contexto partem em busca da "Qualidade Total”, para em conjunto com a comunidade atingir o objetivo de tornar os estabelecimentos de ensino em centros de eficácia e excelência, já que a comunidade começa assumir as responsabilidades de manter a escola física e financeiramente através das instituições auxiliares da escola – IAEs - (Associação de Pais e Mestres, Grêmio Estudantil e Conselho Escolar).

Com as IAEs responsabilizando-se pelo financiamento da escola, verifica-se que cada vez mais o Estado se exime de sua função perante a educação pública deixando a cargo da comunidade o que deveria ser sua responsabilidade, desta forma vai criando-se um consenso entre a comunidade escolar que se querem educação de qualidade para seus filhos devem pagar por isso.

Segundo NUNES – 1999 – “a diferença entre as escolas que oferecem “ensino de

boa qualidade” e as escolas que “enfrentam problemas” não está na quantidade de recursos recebidos do “estado” e sim na “participação da comunidade”. Para tanto é

necessário criar condições para a efetivação dessa participação, nesse prisma a idéia de descentralização como sinônimo de desconcentração e o principio de autonomia (financeira) é primordial para que a implementação da gestão compartilhada se efetive com sucesso.

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A integração da escola com a comunidade é um aspecto primordial na concepção de Gestão Compartilhada, porém está integração diz respeito ao financiamento da escola por parte da comunidade e não de outro tipo de participação política.

Na escola indicada pelo núcleo como aquela que apresenta “dificuldades” no desenvolvimento dos trabalhos, pôde-se perceber mais o caráter de gestão democrática num processo coletivo de tomada de decisões, o que evidencia que a concepção de gestão vivenciada por essa escola não vai ao encontro das propostas implantadas pela SEED.

Nesta escola há muitas dificuldades no que refere-se ao espaço físico e ao aspecto financeiro, notando-se que as verbas são poucas e os membros que nessa escola atuam não possuem autonomia para executar e/ou atender as necessidades que ela apresenta. Nesse sentido, a preocupação com a manutenção do patrimônio é primordial devido aos limitados recursos repassados pelo Estado e segundo informações da diretora a APM assume um montante maior do que o enviado pelo Estado.

Geralmente o que torna as desigualdades entre as escolas mais conflitantes é a sua localização, as escolas consideradas de “excelência”, normalmente situam-se em um bairro central onde o poder aquisitivo das pessoas é maior, sendo assim, podem contribuir mais, já as escolas com “dificuldades” encontram-se em bairros periféricos, com um grande índice de desemprego, naturalmente estas pessoas podem participar (contribuir) menos (ou nada) com a escola. Se a base para uma escola tornar-se de “excelência” é a participação (contribuição) da comunidade, logo uma escola onde não há participação (contribuição) não haverá “excelência”.

É perceptível que o programa de premiação leva à competição entre as unidades escolares atribuindo o sucesso ou fracasso ao desempenho individual dos profissionais da educação. Isso significa que só serão ressaltadas as escolas que estão de acordo com o modelo de gestão proposto pela SEED, servindo de referencial para as demais unidades de ensino. Nesse sentido, nota-se o princípio do mérito, o qual enfatiza o individualismo competitivo, o esforço e a divisão hierarquizante e dualizada das sociedades de mercado, entendendo a qualidade no ensino como uma mercadoria a fim de preparar o indivíduo livremente para o mercado de trabalho.

Dentro do panorama apresentado, entende-se que a concepção de ‘Gestão Compartilhada’ é uma maneira de acentuar as desigualdades, a competição individual e a

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preservação do poder centralizado na medida que “compartilhar a gestão, supõe-se alguém

como proprietário da gestão que magnanimamente reparte aquilo que é seu”(NUNES,

1999:37) e que “este Prêmio ao invés de se constituir numa experiência coletiva, que tem

por fim a produção de uma educação de qualidade, acentua a competição individual que se faz presente no mercado, uma vez que cada escola se esforça para ser a melhor no mercado educacional”( (LIMA, 2000: 191).

Nesse sentido, a educação assume um caráter mercadológico e a Gestão Democrática cede lugar a Gestão Compartilhada, na qual o diretor continua sendo o controlador das questões que envolvem a escola e a APM constitui-se como órgão essencial quanto à manutenção da mesma. O Estado desobriga-se de suas funções e a gestão da escola pública vai moldando a educação sob o enfoque empresarial privado adotando uma concepção elitista de democracia cedendo lugar a racionalidade, a autoridade e ao poder a fim de atingir a eficiência, a qualidade no ensino e os padrões de excelência preconizado pelos Organismos Internacionais Multilaterais.

REFERÊNCIAS

FALEIROS, Vicente de Paula. O que é Política Social. São Paulo: editora Brasiliense, 5.ª edição, 1991.

GENTILI, Pablo (org.). Pedagogia da Exclusão. 4.ª edição. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

LIMA, Antonio Bosco et al. A gestão democrática educacional na redefinição do papel do Estado. In: NOGUEIRA, Francis Mary Guimarães (org.). Estado e Políticas Sociais no Brasil. Cascavel: EDUNIOESTE, 2001.

NOGUEIRA, Francis Mary Guimarães. Ajuda Externa para a Educação Brasileira Da USAID ao Banco Mundial. Cascavel: EDUNIOESTE, 1999.

NUNES, Andrea Caldas. Gestão Democrática ou Compartilhada: uma (não) tão simples questão de semântica. In: Caderno Pedagógico n 2, Curitiba, APP: março de 1999.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Projeto Qualidade do ensino público do Paraná. Curitiba, 1994.

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__________Programa expansão, melhoria e inovação no ensino médio do Paraná. Curitiba, 1996.

_________Caderno de gestão escolar; caminhos para a gestão compartilhada. Curitiba 1995.

PQE – Projeto Qualidade no Ensino Público do Paraná. Qualidade na Escola. Secretaria de Estado da Educação, julho de 1997.

SOUZA, Silvana Aparecida de. Gestão Escolar Compartilhada: Democracia ou descompromisso. São Paulo: Xamã, 2001.

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