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ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN

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ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN

http://redesan.ufrgs.br/

Título: TR 06-I Acesso a Terra e a Água – Direitos, Liberdade e Cidadania no

Semiárido

Autor: Naidison de Quintella Baptista;

Carlos Humberto Campos. 2011

Palavras Chave: Convivência com o Semiárido, Acesso à Terra, Acesso à Água,

Direitos, Liberdade, Cidadania

Categoria (Pasta): Água / Cisternas > Materiais de Curso > Gestão

Curso de Formação em

Gestão Pública, Acesso à Água e Convivência com o Semiárido FGP / SAN – ÁGUAS – CISTERNAS / 2011

Módulo I - CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO - SEMANA 06 (S-06/I)

ACESSO A TERRA E A ÁGUA – DIREITOS, LIBERDADE E CIDADANIA NO SEMIÁRIDO

TEXTO REFERENCIAL (TR)

Naidison de Quintella Baptista1

Carlos Humberto Campos2 Introdução

Continuando nosso curso, vamos refletir, neste sexto encontro, sobre a situação da água e da terra e sua importância para a construção da convivência no semiárido. A intenção é ampliarmos nossos saberes e conhecimentos, reconhecendo a terra e a água como elementos fundamentais à vida, como um direito e um bem público, vital para a sustentabilidade e o desenvolvimento da região. A realidade do semiárido que nos interpela, apresenta um contexto de muita injustiça, exploração da pessoa humana e da natureza com extrema exclusão social. Essa situação tem como uma das principais causas, a concentração da terra e da água na região. Esse problema estrutural consolidou-se ao longo da história, originando uma imagem negativa do semiárido e se constituindo como um dos grandes desafios na superação da pobreza e miséria, não só do semiárido, mas de todo território brasileiro.

O Brasil tem um dos índices mais elevados de concentração da terra do mundo. Segundo o INCRA, existem mais de 35 mil latifúndios improdutivos ou pouco produtivos no país. São imóveis que não representam mais do que 1% das propriedades cadastradas, mas ocupam quase 50% da área total registrada no mesmo órgão. As ações governamentais são extremamente tímidas e ineficazes diante desta realidade de concentração fundiária. A concentração da terra em grandes latifúndios, estrutura agrária predominante no semiárido, sempre se constituiu como base do poder político das oligarquias dominantes e geradoras da pobreza, da miséria e da marginalidade.

1. Terra e água - Elementos estratégicos à cidadania e a garantia de direitos

1 Mestre em Teologia, com graduação em Filosofia, Teologia e Educação. Secretário Executivo do Movimento de

Organização Comunitária (MOC), membro da Coordenação da ASA Bahia e da Coordenação Nacional da ASA.Presidente do CONSEA-Bahia e membro do CONSEA-Nacional.

2 Graduado em Sociologia, membro da Equipe Técnica da Cáritas Brasileira – Regional do Piauí e membro da

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1.1. Uma radiografia da posse da terra

O Atlas Fundiário Brasileiro, lançado pelo INCRA, constata que o total de imóveis existentes no país é de mais de 3,1 milhões, abrangendo uma área de mais de 331 milhões de hectares. Os minifúndios somam 62,2% do total de imóveis e dispõem de 7,9% da área total. Juntados às pequenas propriedades, perfazem 89,1% dos imóveis e 23,4% da área. No outro extremo, as grandes propriedades somam 2,8 dos imóveis e detêm 56,7% das terras. São considerados produtivos apenas 14% dos imóveis, numa área de 28% do total, enquanto 24,5% deles, numa área de 62,4%, são improdutivos – passíveis, portanto, de desapropriação para a reforma agrária, conforme a constituição.

A questão fundiária não é apenas um problema rural do semiárido. Acontece com certa semelhança no meio urbano. Aí também ela é concentrada e grupos imobiliários a usam como forma especulativa e de lucro fácil. Com isto, boa parte da população, principalmente os migrantes, empurrados pelo êxodo rural para as cidades, tornam-se sem teto, desempregados/as e excluídos/as. Ou seja, nas pequenas e médias cidades do semiárido pode-se observar facilmente a existência de bairros habitados majoritariamente por famílias que continuam vivendo do trabalho no meio rural: são minifundistas e pequenos proprietários que fixam residência na cidade para ter melhor acesso aos serviços públicos e, principalmente, são também ex-moradores de fazendas que perderam o direito de trabalhar em terras de proprietários. Constatam-se os efeitos do fenômeno de “periferização” da população rural.

1.2. Uma radiografia da posse da água.

O Brasil é um país rico em recursos hídricos, 8% de toda água doce do planeta está em nosso país. Entretanto, existe uma distribuição irregular, há regiões brasileiras, como é o caso da região norte, que possui 65,5%, ou seja, mais da metade de toda água doce do Brasil. Enquanto isso, na região nordeste, onde predomina o clima semiárido, ocorre grande escassez de água, pois só possui 3,8% de toda água doce do Brasil. Entretanto, chove no semiárido brasileiro uma média de 400mm/ano, nas áreas menos chuvosas a 1.000mm/ano, nas mais chuvosas. Assim como a situação do acesso a terra, o maior problema e as causas da falta de água no semiárido estão diretamente relacionados com a grande concentração da água, e a ausência de uma política pública de acesso aos recursos hídricos, voltada especificamente para a agricultura familiar, visando o consumo humano, animal e a produção de alimentos.

1.3. A agricultura familiar

Com pouca disponibilidade de terra para a agricultura familiar do semiárido, limitado acesso à água e com restrito acesso aos benefícios das políticas públicas, os pequenos agricultores e agricultoras, da agricultura familiar, são mantidos historicamente em uma situação de grande vulnerabilidade social. Diante disso são levados a um círculo vicioso no qual a pobreza, a fome e a desnutrição induzem à degradação dos recursos naturais e vice-versa, inviabilizando aos poucos a própria permanência das famílias agricultoras na terra. Esse quadro encontra suas raízes já nos primórdios do período colonial e permanece até os dias atuais, revelando uma clara opção do Estado brasileiro que histórica e politicamente foi dominado pelas elites agrárias.

Embora no curso dessa história diferentes movimentos populares no campo tenham se organizado na luta pela terra na região, até hoje a terra e a água não foram democratizadas uma vez que o Estado brasileiro sempre atuou no sentido de negar esse direito popular por meio do uso da força física. Os massacres de Canudos, Caldeirão, Palmares, Pau de Colher, Contestado e outros, deixaram profundas cicatrizes na memória nacional e evidenciam essa opção estatal reiterada através dos séculos.

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Na atualidade, essa luta continua, através dos movimentos sociais organizados da sociedade civil, como: Movimento dos Sem Terra (MST); Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB); Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); A luta dos povos Indígenas e Quilombolas, vítimas, sobretudo, dos grandes projetos governamentais, a exemplo da Transposição do Rio São Francisco e da Hidroelétrica de Belo Monte, que mais uma vez privilegia o grande capital em detrimento dos povos desses territórios. Além de todas as consequências de pobreza, miséria e abandono desse povo, o próprio Estado brasileiro, por ação ou inação, ainda estimula criminalização desses movimentos sociais, jogando-os na criminalidade, contrariando a luta pela verdadeira cidadania.

Contrariando essa trajetória de perseguição e de avanço do agronegócio, tutelados pelo próprio estado, não podemos deixar de reconhecer também os sinais de vitórias, avanços, conquistados, através da resistência e insistência da organização dos movimentos sociais, que constroem uma outra história, como a criação de espaços institucionais, conselhos, fóruns, plataformas, redes de organizações, movimento de mulheres, grupos de origens tradicionais, como os povos indígenas, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais, que travam uma luta interminável pelas conquistas de seus territórios. Tudo isso são sinais de que os anseios pela garantia dos direitos de cidadania continuam vivos na memória e cheios de vitalidade na vida do povo.

2. A produção de alimentos na perspectiva da segurança e soberania alimentar e nutricional

Em 1960 havia 80 milhões de seres humanos que passavam fome em todo mundo. O capital, com suas empresas transnacionais e o seu governo imperial dos EUA, procurou dar uma resposta ao problema: criou a chamada “REVOLUÇÃO VERDE”. Uma grande campanha de propaganda para justificar a sociedade que bastava “MODERNIZAR” a agricultura, com uso intensivo de máquinas, fertilizantes químicos e venenos. Com isso, a produção de alimentos no mundo aumentaria e se acabaria com a fome.

Hoje, 50 anos depois, quais os resultados da revolução verde para o capital e as grandes empresas transnacionais?

A produtividade física por hectare aumentou muito e a produção total de alimentos quadruplicou em nível mundial. As empresas transnacionais tomaram conta da agricultura com suas máquinas, venenos e fertilizantes químicos. Ganharam muito dinheiro, acumularam bastante capital e poder político e, com isso, houve uma concentração e centralização das empresas (SYNGENTA, MONSANTO, BUNGE, CARGIL, BAYER, ARACRUZ CELULOSE E SUZANO CELULOSE) no espaço rural. Elas interferem nas políticas agrícolas internas dos países, inviabilizando a reforma agrária e a agricultura familiar, consolidando a monocultura e o agronegócio como alternativa de desenvolvimento. Atualmente, apenas 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção de alimentos, sementes e comércio agrícola no mundo.

Quais os impactos sociais da chamada “Revolução Verde”?

No mesmo período as pessoas que passavam fome aumentaram de 80 milhões para 800 milhões de pessoas. Só nos últimos dois anos, a opção pró-agrocombustíveis, de acordo com a FAO/2008, aumentou em mais 80 milhões o número de famintos, que agora são 880 milhões. Nunca a propriedade da terra e o uso da água foram tão concentrados e houve tantos migrantes camponeses trabalhando em situação de escravos. Hoje, setenta países do hemisfério sul não conseguem mais alimentar seus povos e estão totalmente dependentes de importações agrícolas. Perderam a autosuficiência alimentar, a autonomia política e econômica. Em todos os países do mundo, os alimentos chegam aos consumidores cada vez mais caros e com elevado teor de agrotóxicos, provocando enfermidades, alterando a biodiversidade e causando o aquecimento global. A crise do sistema alimentar nestes dois

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últimos anos fez com que aumentassem em média, 30% os preços dos alimentos no mundo nos últimos dois anos.

Enfim, o capital com suas empresas transnacionais, apoiado pelos governos locais, implantou uma política mundial de PADRONIZAÇÃO dos alimentos para ganhar em escala e ter lucros fáceis. Incluiu a produção de alimentos e sementes na lógica do comércio e intercâmbio baseados nas regras do livre mercado e do lucro capitalista, excluindo de vez a agricultura familiar, dificultando o acesso a terra e as condições de produção e viabilizando e consolidando a monocultura e o agronegócio.

O Brasil, com um território e condições tão propícias à produção de alimentos, não têm sequer segurança alimentar, muito menos SOBERANIA ALIMENTAR. Importamos muitos alimentos, do exterior e entre as regiões do país. Mesmo em nossas “ricas” regiões, o povo depende de programas assistenciais do governo para se alimentar, como o Programa Bolsa Família. Para o atual modelo de desenvolvimento, a terra, as águas, as sementes e a produção de alimentos são também, recursos que devem ser explorados conforme seus interesses econômicos. Exemplo concreto é a grande extensão de terra com o plantio de eucalipto criando a monocultura de eucalipto no Brasil. Eucalipto não produz alimentos, ninguém come eucalipto. Não gera emprego proporcional à extensão de terra utilizada. Não garante uma relação responsável com o ambiente.

Vale também ressaltar, o grande risco que ocorre em todo mundo e no Brasil, com a ESTRANGEIRIZAÇÃO DA TERRA, por parte das grandes empresas transnacionais. E não é diferente também nas terras do semiárido, onde milhares e milhares de hectares de terras são colocados à disposição, por parte dos governos locais, à disposição dessas empresas. Recentemente, Frei Betto fez a seguinte reflexão:

“Soma-se a essa conjuntura a desnacionalização do território brasileiro. Já não se pode comprar um país, como no período colonial. Ou melhor, pode, desde que de baixo para cima, pedaço a pedaço de suas terras.

Há décadas o Congresso está para estabelecer limites à compra de terras por estrangeiros. Enquanto nossos deputados e senadores engavetam projetos, o Brasil vai sendo literalmente comido pelo solo.

Em 2010, a NAI Commercial Properties, transnacional do ramo imobiliário, presente em 55 países, adquiriu no Brasil, para estrangeiros, 30 fazendas nos estados de GO, MT, SP, PR, BA e TO. Ao todo, 96 mil hectares! Muitas compradas por fundos de investimentos sediados fora do nosso país, como duas fazendas de Pedro Afonso, no Tocantins, somando 40 mil hectares, adquiridas por R$ 240 milhões. Pagou-se R$ 6 por hectare. Hoje, um hectare no estado de São Paulo vale de R$ 30 mil a R$ 40 mil. É mais negócio aplicar em terras que em ações da Bolsa.

Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ano passado cerca de US$ 14 bilhões foram destinados, no mundo, a compras de terras para a agricultura. As brasileiras constaram do pacote. Estima-se que a NAI detenha no Brasil mais de 20% das áreas de commodities para a exportação” (TEXTO: “Brasil à venda. E há quem compre. Frei Betto, 11 de maio/11)

Diante dessa realidade, quais os desafios que se apresentam para a construção de uma política pública que garanta a segurança e a soberania alimentar das famílias do semiárido? As questões ambientais e sociais, sobretudo, a questão da TERRA E DA ÁGUA, têm pautado as ações no campo e na cidade e gerado todo tipo de insegurança, alimentar, nutricional e violência.

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A questão da terra – Sem um Projeto de reforma agrária, específico para o semiárido, é impossível

pensar em segurança alimentar;

Para nós está claro que a manutenção do latifúndio monocultor (agronegócio) é incompatível com o desafio de democratizar a sociedade brasileira. Se ele gera no curto prazo, importantes divisas para a estabilização da economia nacional, como argumentam seus defensores, em contrapartida engendra intensos processos de exclusão social, de insegurança alimentar e degradação Ambiental (Carta da Terra, V ENCONASA/ASA, Teresina/PI, 2005).

Rompendo com a lógica capitalista, que é a lógica do agronegócio, baseado na monocultura e no latifúndio, são forjadas no meio dos movimentos sociais, que lutam por uma justa reforma agrária, valiosas experiências adivinhas de ocupações de áreas improdutivas, por agricultores e agricultoras sem terra, que através de pressões e muitas lutas, inclusive com muitos perdendo sua própria vida, conquistam, legalizam e consolidam os assentamentos. Aos poucos, tornam-se para o país, modelos de uma verdadeira reforma agrária. A exemplo disso podemos citar, a ocupação da Fazenda Lisboa, no município de São João do Piauí, em pleno semiárido piauiense. Onde a 20 atrás, cerca de 200 famílias de agricultores/as, jovens, crianças, idosos e adultos, oriundos de várias regiões do Estado do Piauí, desprovidos de tudo e muita coragem, partiram para a conquista da terra. O sonho e o desejo de ter a terra para morar, trabalhar e produzir alimentos. Hoje, consolidada a comunidade MARRECAS, antiga fazenda Lisboa, é modelo de organização e produção da agricultura familiar, se destacando inclusive na produção agrícola e na economia do município. A exemplo de MARRECAS, temos no semiárido brasileiro, dezenas, centenas, milhares dessas experiências, que aos poucos vão construindo outros caminhos, abrindo novos horizontes, transformando realidades de morte em vida plena no semiárido.

A questão da água – Sem acesso a água de qualidade e em quantidade suficiente para o consumo

humano e animal e para a produção de alimentos, não há possibilidade de segurança alimentar no semiárido brasileiro.

Em nosso entendimento, democratizar o acesso à água significa o atendimento das diversas demandas hídricas (consumo humano e animal, agricultura, etc.) de uma população dispersa no território como é a característica da agricultura familiar. As experiências promovidas pelas organizações vinculadas à ASA demonstram que por meio da construção de pequenas obras de infra-estrutura, de baixo custo, para a captação e armazenamento, construídas a partir da mobilização e participação ativa das comunidades e com o uso de tecnologias desenvolvidas e apropriadas localmente, é possível alcançar a descentralização do acesso à água (Carta da Terra, V ENCONASA/ASA, Teresina/PÍ, 2005).

O acesso a água de qualidade no semiárido possui um valor inestimável, não dá para medir monetariamente, pois a água trás para a família todo tipo de segurança e benefício. Essa conquista é estampada no rosto de alguém beneficiado por uma cisterna, pois na cisterna não entra apenas água limpa da chuva, entra cidadania, saúde, alimentos, organização, formação, dignidade, consciência de pessoas com plenos direitos à vida.

3. Alternativas alimentares e redes de produção para a segurança alimentar

Pensar na perspectiva da superação da fome e da miséria e na produção de alimentos que garanta a segurança e a soberania alimentar e nutricional para o semiárido exige uma tarefa mais ampla, bem planejada, contextualizada e apropriada à região. É preciso desconstruir in-saberes e construir saberes. As alternativas alimentares que proporcionam as redes de produção para a segurança alimentar, vivenciadas hoje como experiências, estão diretamente ligadas a um processo de mobilização social e formação que conduzem para uma verdadeira democratização do acesso a terra e à água.

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A Articulação do Semiárido – ASA/BRASIL, através de suas experiências de convivência com o semiárido, sobretudo o Programa Um Milhão de Cisternas- P1MC, denominado primeira água para o consumo, e o Programa Uma Terra e Duas Águas - P1+2, segunda água, para a produção, têm contribuído enormemente para o fortalecimento da agricultura familiar, aumentando a produção de alimentos por unidades familiares, na perspectiva da sustentabilidade local. Onde o P1MC resolve a questão da água para consumo humano, o P1+2 avança no sentido de melhorar as condições produtivas através de investimentos em infraestrutura, tecnologias sociais e propostas agroecológicas.

É importante destacar que, além das iniciativas desenvolvidas pela REDE ASA, várias outras tecnologias sociais estão sendo forjadas no meio do povo, com apoio de entidades governamentais e não governamentais. As tecnologias adotadas e que estão sendo utilizadas na agricultura familiar são simples, de baixo custo, ambientalmente harmônicas, socialmente mobilizadoras e no campo econômico primam pela sustentabilidade. As famílias que estão vivenciando estes processos confirmam a importância de usar a cobertura orgânica para reter água no solo, a importância dos inúmeros reservatórios de água (cisternas, barreiros, barragens subterrâneas, açudes). A produção de alimentos é uma realidade, garante para as famílias a geração de renda e segurança alimentar, é resultado da organização e do uso de várias tecnologias sociais adotadas e valorizadas, como, seleção e armazenamento de sementes tradicionais; plantio de plantas forrageiras como a leucena e a palma. Todas essas tecnologias sociais tem uma relação direta com o acesso a terra e a água. A exemplo dessas experiências alternativas podemos citar como política pública o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), iniciativa do Governo Federal com a gestão da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e do MDS, através de convênios com os municípios. O PAA é um mecanismo que permite ao Governo Federal comprar produtos da agricultura familiar para a formação de estoques estratégicos ou doação às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional. O Programa foi instituído pelo Artigo 19 da Lei n° 10.696 de 2 de julho de 2003 e tem como objetivo adquirir alimentos de agricultores familiares com dispensa de licitação. Assim como permitir aos agricultores familiares que estoquem seus produtos para serem comercializados a preços mais justos e promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar.

O PAA também é um programa com compromisso com a agrobiodiversidade e a agroecologia, pois possibilita a aquisição de produtos regionais e agroextrativistas, incentivando o manejo sustentável dos agroecossistemas locais. Além de incentivar a produção orgânica com o aumento de até 30% no preço quando da aquisição.

Para concluir, podemos dizer que todos esses processos se constituem em constatações de ricas experiências, vivenciadas e colhidas no a dia-a-dia da vida das comunidades, apontando a democratização da terra e da água, como elementos imprescindíveis na conquista da segurança alimentar e nutricional no semiárido brasileiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

- Atlas Fundiário Brasileiro; INCRA/2008;

- ASA BRASIL; V ENCONASA – “CARTA DA TERRA”, Teresina/PÍ; 2005. - Programa de Aquisição de alimentos/PAA – CONAB/2003.

- PROJETO FECUNDAÇÃO; Uma Experiência de Convivência com o Semiárido; Cáritas Brasileira – Regional do Piauí – 2010.

- Semiárido Piauiense: EDUCAÇÃO E CONTEXTO. INSA, Campina Grande/PB; 2010.

- MUTIRÃO POR UM NOVO BRASIL – Temas em debates; Vários autores. 4ª Semana Social Brasileira, 2004 – 2006; CNBB.

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