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O contributo da imagiologia no diagnóstico dos distúrbios temporomandibulares.

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Academic year: 2021

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ARTIGO DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTÁRIA

O contributo da imagiologia no diagnóstico

dos distúrbios temporomandibulares

ALICE SOARES ALVES

Orientador

Professor Doutor João Carlos Gonçalves Ferreira de Pinho

Professor Associado com Agregação da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

Co-Orientador

Mestre Miguel Carvalho Silva Pais Clemente

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Agradecimentos 

        Ao Professor Doutor João Carlos Pinho, manifesto a minha gratidão pelo seu apoio  incondicional. Foi para mim uma honra poder ter as suas orientações e colaboração  inexcedível,  que  me  foi  transmitida  ao  longo  desta  monografia.  Transmitiu‐me  o  exemplo  de  um  distinto  académico  com  grande  sentido  humanista  e  responsabilidade profissional.         A todos aqueles que directa ou indirectamente me ajudaram a alcançar mais uma  meta, na minha vida académica, o meu muito obrigado, com um cumprimento de  amizade ao Dr. Miguel Carvalho Silva Pais Clemente                             

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Resumo 

 

Introdução 

O  diagnóstico  e  plano  de  tratamento  de  doentes  com  distúrbios  temporomandibulares é uma área controversa.  

Como  meio  auxiliar  de  diagnóstico  dos  distúrbios  temporomandibulares,  a  imagiologia é essencial para o diagnóstico e tratamento de doentes com distúrbios  temporomandibulares  sendo,  provavelmente,  o  mais  usado.  Neste  contexto,  é  fundamental que o médico dentista conheça a anatomia, fisiologia e biomecânica da  articulação  temporomandibular  para  estar  apto  a  interpretar  os  exames  imagiológicos da articulação temporomandibular.  

Durante décadas as técnicas imagiológicas resumiam‐se a radiografias (plain  film)  que  mostram  apenas  as  partes  mineralizadas  da  articulação  temporomandibular e as lesões, quando evidentes, com sobreposição de estruturas.    

Objectivos 

O objectivo deste trabalho é descrever as técnicas imagiológicas mais usadas,  como  meios  auxiliares  de  diagnóstico  dos  DTM,  discutir  as  suas  vantagens  e  desvantagens e verificar quais, no estado actual do conhecimento destas matérias,  fornecem  mais  informação  e  podem  contribuir  para  melhorar  o  diagnóstico  e  tratamento dos doentes com distúrbios temporomandibulares. 

 

Material e métodos 

Foi  efectuada  uma  pesquisa  bibliográfica  na  base  electrónica  PubMed,  e  consulta  de  diversos  livros  e  algumas  revistas  em  suporte  de  papel.  Obtiveram‐se  1859 publicações.  Após  a  aplicação  dos  critérios  de  exclusão  foram  obtidos  189  artigos,  para  além  de  26  livros  e  capítulos  de  livros  de  referência,  que  foram  o  suporte científico para a elaboração deste trabalho de revisão 

   

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Desenvolvimento 

Existe um grande número de técnicas imagiológicas utilizadas, ao longo dos  anos,  no  estudo  dos  distúrbios  temporomandibulares.  Dividem‐se  em  duas  categorias:  avaliação  de  tecidos  duros  e  tecidos  moles,  embora  nem  todas  sejam  eficazes na visualização das estruturas da articulação temporomandibular. 

 

Conclusões 

As  conclusões  deste  estudo  sugerem  que,  actualmente,  as  técnicas  imagiológicas mais eficientes são: 

 ‐  Tomografia  computadorizada  e  a  tomografia  computadorizada  por  feixe  cónico  (tecidos duros);  ‐ Imagem por ressonância magnética (tecidos moles)  ‐ Imagiologia nuclear (alterações fisiológicas)     Palavras‐chave: imagiologia das ATM, radiografia panorâmica, tomografia da ATM,  tomografia computadorizada da ATM, tomografia computadorizada por feixe cónico  da  ATM,  ressonância  magnética  da  ATM,  ultrassonografia  da  ATM  e  imagiologia  nuclear.                           

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Introduction 

The diagnosis and treatment planning of a patient with temporomandibular  disorders  is  a  controversial  area,  where  imaging  is  an  auxiliary  means  of  diagnosis  essential  for  the  treatment  of  these  patients,  being,  probably,  the  most  common  tool  used  in  these  situations.  Therefore,  dentists  should  understand  the  anatomy,  physiology  and  the  biomechanics  of  the  temporomandibular  joint,  in  order  to  interpret the imaging exams of the temporomandibular joint. 

Throughout  decades  imaging  techniques  were  restricted  to  plainfilm  that  only  allowed the visualization of mineralized areas of the temporomandibular joint and  lesions, when patent, with overlapping structures. 

 

Objectives 

This study intends to describe the most common imaging techniques, used as  auxiliary  means  of  diagnoses  of  temporomandibular  disorders,  enumerate  their  advantages and disadvantages, and verify at this point, with the actual knowledge of  all  these  issues,  which  imaging  technique  can  actually  contribute  with  more  information to achieve a better diagnoses and treatment planning of a patient with  temporomandibular disorders. 

 

Material and Methods 

A  literature  review  was  realized  on  the  data  search  PubMed,  and  the  consultation of enumerous books and published printed papers. We obtained 1859  publications. After applying the criteria of exclusion, we remained with  total of 189  papers, as well as 26 reference books and book chapters, which were the scientific  scaffold to this review.    Discussion  There is a variety of imaging techniques in the study of temporomandibular  disorders,  which  can  be  divided  in  two  categories:  evaluation  of  soft  and  hard 

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tissues.  Nevertheless  not  all  of  them  are  efficient  in  the  visualization  of  the  structures of the temporomandibular joint. 

 

Conclusions 

The  conclusions  of  this  work  suggest  that,  currently,  the  most  efficient  imaging techniques are: 

‐  TMJ  computed  tomography;  TMJ  cone  beam  computed  tomography  (bone  structures); 

‐ TMJ magnetic resonance image (soft tissues)  ‐ TMJ nuclear image (physiological modifications)    

Key‐words:  TMJ  plain  film;  TMJ  panoramic  radiography;  TMJ  tomography;  TMJ  ct  tomography;  TMJ  cone  beam  ct;  TMJ  magnetic  resonance  image;  TMJ  ultrasonography TMJ nuclear image 

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INTRODUÇÃO  Articulação temporomandibular  8  Imagiologia  10  OBJECTIVOS  12  MATERIAL E MÉTODOS  12  DESENVOLVIMENTO  13  Fontes de exposição à radiação  13  Considerações gerais sobre imagiologia da ATM  18  Técnicas imagiológicas usadas no diagnóstico dos DTM  21  Imagiologia dos tecidos duros da ATM  21  Telerradiografia da face de perfil  21  Telerradiografia póstero‐anterior  23  Radiografia transcraniana lateral oblíqua  25  Radiografia transmaxilar  29  Radiografia transfaríngea  30  Radiografia transorbital  31  Incidência de Towne reversa  32  Incidência submento‐vertex (Incidência de Hirtz)  32  Tomografia  34  Tomografia convencional  34  Ortopantomografia  36  Tomografia computadorizada  45  Tomografia computadorizada volumétrica com tecnologia por feixe cónico  (cone beam ct –  CBCT)  50  Imagiologia dos tecidos moles da ATM  55  Artrografia  55  Ultrassonografia  58  Imagem por ressonância magnética  63  Imagiologia nuclear  76  CONCLUSÕES  83  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  85       

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Introdução 

 

É  consensual  que  o  diagnóstico  e  plano  de  tratamento  de  doentes  com  distúrbios temporomandibulares (DTM) é uma área repleta de estudos controversos,  mesmo na área dos procedimentos e protocolos de diagnóstico (1‐15).  

A imagiologia é essencial para o diagnóstico e tratamento de doentes com DTM (16),  sendo, como meio auxiliar de diagnóstico dos DTM,  provavelmente, a mais usada,  não  é  uma  excepção.  Nesta  perspectiva,  é  fundamental  que  o  médico  dentista  conheça  a  anatomia,  fisiologia  e  biomecânica  da  articulação  temporomandibular  (ATM) para poder estar apto a interpretar os exames imagiológicos da ATM e, em  cada  situação,  escolher  o  que  mais  informação  pode  fornecer,  para  melhorar  o  diagnóstico  e  o  plano  de  tratamento  (12,  17‐20).  Estas  considerações  são  importantes porque os objectivos das técnicas imagiológicas, como meios auxiliares  de  diagnósticos  dos  DTM,  visam  analisar  a  integridade  das  estruturas  articulares  quando existe suspeita de lesão e determinar a extensão da lesão ou monitorizá‐la  quando ela existe, bem como avaliar a eficácia do tratamento instituído (17, 19).     

Articulação temporomandibular 

A ATM tem sido considerada como a articulação mas complexa do organismo  humano  e  é  a  única  que  possui  um  músculo  no  seu  interior,  o  pterigoideu  lateral  superior  (12,  21‐27).  Existem  duas  ATM,  direita  e  esquerda,  que  não  podem  funcionar separadamente pelo que é conhecida como uma diartrose bicondília. Por  permitir a efectivação de movimentos de rotação e translacção também é conhecida  como uma articulação ginglemoartroidal (12, 28). Como é constituída por dois ossos  (mandíbula e temporal), com um disco fibroso interposto, considerado, por alguns  autores,  um  osso  não  ossificado,  também  é  classificada  como  uma  articulação  composta (12). As superfícies articulares da ATM são forradas por tecido fibroso que  diminuem  o  envelhecimento,  diminuem  o  atrito  entre  as  superfícies  articulares  e  permitem a absorção de forças de compressão (7, 12, 26‐28).  

A  estrutura  mais  importante  da  ATM  é  o  disco  articular  (29)  que  é  uma  estrutura  densamente fibrosa, cujas fibras se orientam em várias direcções e que, de acordo 

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extracelular, é um tecido micro‐heterogéneo com especializações regionais distintas  e  avascular  na  sua  fase  central,  o  que  lhe  permite  suportar  melhor  as  forças  de  pressão (12). 

Morfologicamente, o disco é constituído por 3 zonas, posterior, intermédia e  anterior,  de  espessuras  diferentes,  sendo  a  zona  intermédia  a  mais  fina.  A  morfologia do disco, a membrana sinovial e o líquido sinovial, por ela produzido, são  fundamentais  para  a  biomecânica  muito  complexa  da  ATM,  que  depende  da  interacção harmoniosa durante o repouso e a função, de ossos, disco, ligamentos,  lubrificação, vascularização e inervação. Quando existe patologia da ATM, quer intra,  quer  extra‐articular,  esta  biomecânica  pode  ficar  comprometida.  As  situações  patológicas, que podem ter várias origens, são classificadas como DTM. Os DTM são  um  termo  genérico  que  incluem  problemas  clínicos    que  abrangem  os  músculos  mastigatórios,  a  ATM  e  as  estruturas  que  lhes  estão  associadas.  Os  doentes  com  DTM,  por  norma,  apresentam,  frequentemente,  dor  muscular  e/ou  articular,  limitação  ou  alteração  da  amplitude  dos  movimentos  mandibulares  e  ruídos  articulares.  Cefaleias  de  tensão,  otalgias,  obstrucção  tubar,  zumbidos,  tonturas  e  cervicalgias  são,  também,  sintomas  frequentemente  associados  aos  DTM.  Este  sintomas ocorrem em, aproximadamente 6% a 12% da população adulta, sendo mais  prevalentes entre os 20 e os 50 anos e no género feminino. A nível da ATM, os DTM  podem classificar‐se em intra e extra‐articulares. A nível intra‐articular, que são de  interesse  neste  trabalho,  podem  considerar‐se  alterações  morfológicas,  distúrbios  de  interferência  de  disco,  distúrbios  de  incompatibilidade  estrutural,  distúrbios  inflamatórios  e  doença  degenerativa  articular  (5,  7,  12,  28,  30).  Por  norma,  atendendo à prevalência na população, a presença de estalidos a nível da ATM sem  qualquer outro sintoma, pode ser considerada como uma variação do normal e não  uma  verdadeira  anomalia  da  ATM,  razão  pela  qual  não  necessita  de  exames  complementares de diagnóstico a nível imagiológico (18). 

   

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Imagiologia 

Quando existe a necessidade de utilização de técnicas imagiológicas, como meios  auxiliares de diagnóstico dos DTM, é fundamental que o médico dentista: 

- Tenha conhecimento das técnicas imagiológicas existentes; 

- Conheça  as  directrizes  actualizadas  sobre  aos  técnicas  de  diagnóstico  por  imagem utilizadas nos DTM (31); 

- Dentro dos parâmetros anteriores escolher os tipos de técnicas imagiológicas  mais  aconselhadas,  quanto  à  sensibilidade,  especificidade,  precisão  e  qualidade  da  imagem,    tendo  por  base  a  necessidades  objectivas  de  cada  doente, no que respeita ao aperfeiçoamento do diagnóstico, bem como ao  desenvolvimento  de  planos  de  tratamento  e  resultados  desse  tratamento  (19). 

As técnicas imagiológicas radiográficas (plain film), a tomografia convencional, a  ortopantomografia, a tomografia computadorizada (CT), a  imagem por ressonância  magnética  (IRM)  e  a  ultrassonografia  são  consideradas  técnicas  morfológicas  ou  estruturais,  pois  detectam  diferenças  estruturais  específicas  ou  alterações  anatómicas. Do outro lado do espectro situa‐se a imagiologia nuclear, considerada  uma  técnica  funcional,  visto  que  avalia  alterações  fisiológicas  decorrentes  de  alterações bioquímicas a nível celular (32, 33). 

Durante  décadas  as  técnicas  imagiológicas  resumiam‐se  apenas  a  radiografias  em que, tanto a fonte de RX, como o receptor de imagem se encontram fixos numa  determinada posição (19). 

As  radiografias  mostram  apenas  as  partes  mineralizadas  da  ATM  e,  quase  sempre,  só  aparecem  lesões  ósseas  quando  a  lesão  e/ou  alteração  são  evidentes;  isto é. lesões incipientes da ATM não são visíveis nas radiografias (19). 

As radiografias apresentam também outro óbice que é a sobreposição de estruturas  adjacentes à ATM. No intuito de superar esta deficiência foram desenvolvidas  vários  protocolos  de  técnicas  imagiológicas,  baseadas  nas  radiografias,  de  modo  a  evidenciar a ATM a partir de ângulos diferentes (19). 

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categorias (12, 17, 19, 20): 

- Avaliação de tecidos duros  

o Radiografia  (telerradiografia  da  face  de  perfil,  telerradiografia  póstero‐anterior,  radiografia  transcraniana  lateral  oblíqua  (RTLO),  radiografia  transmaxilar,  radiografia  transfaríngea,  radiografia  transorbital, incidência reversa de Towne, incidência submento‐vertex  (incidência de Hirtz))   o tomografia convencional  o  ortopantomografia  o  tomografia computadorizada (CT)  o  tomografia por feixe cónico  o  imagiologia nuclear  - Avaliação de tecidos moles  o Artrografia  o ultrassonografia   o  ressonância magnética (RM)  - Imagiologia nuclear   

As  técnicas  imagiológicas  devem  ser  efectuadas  de  acordo  com  o  estadio  da  doença.  No  entanto,  devido  à  grande  variação  morfológica  das  ATM,  os  exames  imagiológicos  devem  ser  efectuados  às  ATM  direita  e  esquerda,  para  se  poderem  efectuar comparações (18).  

Frequentemente são usados protocolos em que as imagens se complementam, de  modo  a  proporcionar  uma  informação  mais  completa  que  contribua  para  um  diagnóstico mais preciso e um tratamento mais eficaz (19). 

       

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Objectivos 

 

O objectivo deste trabalho é descrever as técnicas imagiológicas mais usadas  como  meios  auxiliares  de  diagnóstico  dos  DTM,  discutir  as  suas  vantagens  e  desvantagens e verificar quais, no estado actual do conhecimento destas matérias,  fornecem  mais  informação  e  podem  contribuir  para  melhorar  o  diagnóstico  e  tratamento dos doentes com DTM. 

 

Material e métodos 

 

Para  a  realização  deste  estudo  foi  efectuada  uma  pesquisa  bibliográfica  na  base  electrónica  PubMed  (NLM).  Foram,  também  consultados  diversos  livros  de  referência e algumas revistas em suporte de papel.  

Como  palavras  chave  utilizaram‐se:  TMJ  plain  film;  TMJ  panoramic  radiography; TMJ tomography; TMJ ct tomography; TMJ cone beam; TMJ magnetic  resonance image; TMJ ultrasonography TMJ nuclear image.  Obtiveram‐se 1859 publicações às quais foram aplicadas os seguintes critérios de  exclusão:  - Referências que não possuíam texto completo  - Impossibilidade de obter o texto  - Artigos não redigidos em inglês e Português.  - Artigos com abordagens distintas dos objectivos desta revisão bibliográfica.  Após a aplicação dos critérios de exclusão, foram obtidos 189 artigos, para além  de 26 livros e capítulos de livros de referência, que foram o suporte científico para a  elaboração deste trabalho de revisão.         

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Fontes de exposição à radiação 

Entende‐se  por  radiação  a  transmissão  de  energia  através  do  espaço  e  da  matéria e pode ocorrer como radiação de partículas e radiação electromagnética. A  radiação  de  partículas  consiste  em  partículas  de  núcleo  atómico  ou  subatómico,  enquanto  que  a  radiação  electromagnética  consiste  no  movimento  da  energia,  através  do  espaço,  em  que  existe  uma  combinação  de  campos  eléctricos  e  magnéticos (34). 

Os  raios  X  (RX),  radiação  electromagnética,  são  produzidos  a  partir  da  interacção extra‐nuclear de electrões com o núcleo, nas máquinas que produzem RX.  Neste  espectro,  a  radiação  pode  ser  ionizante  ou  não  ionizante,  dependendo  da  energia que lhe está associada. Assim, quando se associa uma quantidade suficiente  de  energia  à  radiação,  de  modo  a  que  os  electrões  orbitais  sejam  removidos  dos  átomos, na matéria irradiada, a radiação é considerada ionizante (34).  

Os factores que controlam o feixe de RX, produzidos numa máquina de RX,  são  a  duração  de  exposição    do  feixe,  a  taxa  de  exposição,  a  energia  do  feixe,  a  forma do feixe e a distância alvo/doente. Isto é, a alteração de um ou mais destes  factores, modifica o feixe de RX (34). 

 

Definições na área da radiação (34) 

Estas  definições  foram  formuladas  e  ou  actualizadas  pela  Comissão  Internacional  sobre  Protecção  Radiológica  (International  Commission  Radiological  Protection – ICRP) 

 

Dosimetria é definida como a quantidade de exposição à radiação. Por dose  absorvida, entende‐se o aumento da energia absorvida por unidade de massa, num  local de interesse e tem, como unidade de medida o Gray (Gy) 

Dose  equivalente  é  uma  medida  que  compara  os  efeitos  biológicos  dos  diferentes tipos de radiação, por unidade de massa, de qualquer tipo de matéria. O  sievert (Sv) é, actualmente,  a unidade de medida, em substituição do rem (roentgen 

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equivalent man). Um sievert equivale a 100 rem e, para exames de diagnóstico por  imagiologia, equivale a um Gy. 

A dose equivalente é expressa como uma soma, para permitir a possibilidade  de que um tecido ou órgão seja exposto a mais do que um tipo de radiação. 

Dose efectiva utiliza‐se para calcular o risco da radiação em seres humanos. É  a  soma  das  doses  equivalentes  para  cada  tecido,  multiplicadas  pelo  factor  de  ponderação  de  cada  um  dos  tecidos  envolvidos.  Tem  por    unidade  de  medida  o  sievert (Sv).  

Exposição  define‐se  como  uma  medida  de  radiação  baseada  na  capacidade  de ionizar o ar, sob condições estandardizadas de temperatura e pressão.  

A  unidade  internacional  de  medida  da  radiactividade,  que  descreve  a  taxa  de  decaimento de uma amostra de material radiactivo, é o becquerel (Bq) que é igual a  uma desintegração por segundo. 

 

Factores de ponderação tecidular 

Os  factores  de  ponderação  tecidular  foram  definidos  pela  Comissão  Internacional  sobre  Protecção  Radiológica  (International  Commission  Radiological  Protection – ICRP) 

A  exposição  à  radiação  está  dependente  de  inúmeras  fontes,  naturais  e  artificiais, sendo a média anual de exposição à radiação da ordem dos 3,6 mSv, para  um indivíduo que viva nos EUA (32) .  Por norma, a radiação classifica‐se em radiação natural e artificial.    Radiação natural    A vida na terra está continuamente exposta a radiação natural da ordem dos 3 mSv.       

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contribui  para  uma  maior  exposição  do  que  a  radiação  artificial.  O  RX  para  diagnóstico  é  a  maior  fonte  de  radiação artificial (Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral Radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004) 

A  radiação  natural  engloba  a  radiação  de  origem  externa  e  a  radiação  de  origem interna (fig 1). 

A  radiação  de  origem  externa  é  o  somatório  da  radiação  cósmica  e  da  radiação  terrestre,  que  tem  origem  no  meio  ambiente  e  contribui  com  16%  da  radiação total a que a população se encontra exposta (fig 1 e 2) (32). 

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A radiação de origem interna 

é  constituída  por 

radionuclídeos  que  são  absorvidos  a  partir  do  meio 

ambiente  externo  por 

inalação ou ingestão. Como o  organismo  humano  não  consegue  distinguir  entre  isótopos  radiactivos  e  elementos  químicos,  todos  os  isótopos,  radiactivos  ou 

não,  têm  a  mesma 

possibilidade  de  serem 

incorporados  no  corpo 

humano.  Estima‐se  que  esta  fonte  de  radiação  seja  responsável  por  67%  (2,4  mSv)  da  radiação  a  que  a  população  se  encontra  exposta.  Neste tipo de radiação ionizante  o  radão  (um  produto  da  série  de  desintegração  do  urânio)  é  o  isótopo  que  se  encontra  em  maior  quantidade;  cerca  de  56%  (2,0  mSv)  a  que  a  população  se  encontra exposta (fig. 1; tab. 1). 

Os radionuclídeos ingeridos através da água e dos alimentos produzem, em  média,    uma  radiação  efectiva  anual  de  0,4  mSv,  nos  EUA.  Esta  radiação  deve‐se  essencialmente  aos  produto  de  degradação  do  urânio  e  do  tório.Um  fonte  de  radiação interna que não pode ser subestimada é a castanha do Brasil que contem  grandes concentracções de nuclídeos radiactivos. Uma pessoa que coma 100 gramas  de castanhas do Brasil por semana, que não é de todo incomum nesse país, poderá  receber, só por isso, uma dose anual de 0,2 mSv (Tab. 1) (32). 

 

Tabela 1. Média anual de exposição a radiação ionizante a que está sujeito um indíviduo que viva , actualmente, nos EUA. (Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004)

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A par de avanços tecnológicos impressionantes e cada vez mais sofisticados,  tem  sido  constatado  um  aumento  de  radiação  no  meio  ambiente,  provocada  pela  actividade humana. 

Esta  radiação  artificial  pode  dividir‐se  em  três  grandes  grupos:  Grandes  fontes de energia, pequenas fontes de energia, produtos industriais e de consumo e  radiação emitida por aparelhos de radiodiagnóstico e tratamento (fig. 1, 2 e 3).  A radiação artificial contribui, actualmente, com uma média de radiação efectiva da  ordem dos 0,6 mVs, que corresponde a 17% da exposição anual à radiação de um  indivíduo residente  nos EUA (Tab. 2) (32).   

Tabela 2. O ICRP desenvolveu uma estimativa que inclui a probabilidade para a indução de um cancro fatal ou não fatal e os efeitos hereditários decorrentes numa população exposta à radiação. O coeficiente da probabilidade dos efeitos estocásticos que resultam da exposição a baixas doses de radiação, é da ordem dos 7,3 x 10-2Sv-1. O produto

deste coeficiente de probabilidade e a dose efectiva que resulta de um exame imagiológico específico originam uma probabilidade de ocorrência por milhão de indivíduos expostos à radiação. (Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004)

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Considerações gerais sobre imagiologia da ATM 

 

Embora seja consensual que, frequentemente, o exame clínico das ATM não  é  suficiente  para  diagnosticar  a  sua  patologia,  os  meios  auxiliares  de  diagnóstico,  entre  os  quais  a  imagiologia,  devem  ser  efectuados  apenas  quando,  após  uma  anamnese  pormenorizada  e  concisa,  aliada  a  um  exame  clínico  minucioso,  haja  necessidade de mais informação para efectuar e/ou confirmar o diagnóstico(19, 35).  Por  outro  lado,  devem  ser  tidos  em  conta  os  resultados  de  exames  anteriores,  os  planos de tratamento efectuados e os resultados esperados.(17) Nos novos exames  deve existir uma monitorização da qualidade das imagens, bem como uma exposição  adequada  do  doente  à  radiação,  devido  aos  efeitos  nocivos  que  provoca  e  uma  optimização  das  imagens  quanto  à  sua  densidade  e  contraste.(17,  32,  36)  Nesse  sentido, uma avaliação quer da confiabilidade e validade, quer dos riscos, custos e  utilidade  dos  exames  imagiológicos,  como  meios  auxiliares  de  diagnóstico,  é  essencial  para  o  processo  de  diagnóstico  (37),  embora  seja  consensual  que  o  principal  risco  das  técnicas  imagiológicas  usadas  em  medicina  dentária  é  o  cancro  induzido por radiação (32). No entanto, o risco de cancro em humanos, induzido por  baixas doses de radiação, é difícil de calcular (32). 

Neste contexto, a imagiologia tem sido e é, actualmente, um dos meios de  diagnóstico  mais  utilizados  no  estudo  dos  DTM,  tendo  em  conta  a  variedade  de  doenças  que  afectam  a  ATM  (19).  As  mais  comuns  podem  agrupar‐se  em  malformações  genéticas  ou  congénitas  da  mandíbula  ou  dos  ossos  do  crânio;  distúrbios adquiridos; distúrbios inflamatórios e doença articular degenerativa (17). 

Por  norma,  a  imagiologia  é  uma  ferramenta  de  diagnóstico  que  é  prescrita  quando  os  doentes  referem  dor  e/ou  sintomas  de  DTM  e  o  exame  clínico  não  foi  conclusivo,  com  o  objectivo  de  clarificar  o  diagnóstico  (20).  A  necessidade  de  técnicas  imagiológicas  para  o  estudo  da  ATM  deve  ser  estabelecida  com  base  em  critérios  de  selecção  que  devem  incluir  evidência  clínica  da  presença  de  doença  intra‐articular  (18).  Essa  evidência  é  fornecida  por  sinais  e  sintomas  que  sugerem  que  o  exame  imagiológico  pode  contribuir  para  o  diagnóstico  e  tratamento  do  doente (38). 

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contribuir  para  o  diagnóstico  e  tratamento  dos  doentes  de  um  modo  eficiente  e  eficaz, idealizaram um modelo de eficácia da técnica imagiológica hierarquizado em  seis  níveis,  no  sentido  de  racionalizar  a  sua  prescrição  que,  frequentemente,  tem  sido  efectuada  sem  o  mínimo  critério,  obrigando  o  doente  a  suportar  custos  e  a  exposição a radiação ionizante desnecessários :  

- Nível 1. Eficácia técnica – descreve a qualidade técnica das imagens. 

- Nível  2.  Eficácia  da  precisão  do  diagnóstico.  Descreve  a  precisão,  sensibilidade e especificidade da imagem, o desempenho do observador e os  valores preditivos, positivos e negativos, dos achados imagiológicos. 

- Nível  3.  Eficácia  do  raciocínio  diagnóstico.  Descreve  se  as  informações  fornecidas pela técnica imagiológica poderão alterar o diagnóstico clínico.  - Nível 4. Eficácia terapêutica. Descreve como as informações fornecidas pela 

técnica imagiológica podem alterar a escolha terapêutica. 

- Nível  5.  Eficácia  da  evolução  do  doente.  Descreve  o  efeito  da  informação  fornecida pela técnica imagiológica nos resultados do tratamento do doente.  - Nível 6. Eficácia social. Descreve o custo benefício da técnica imagiológica do 

ponto de vista social.   

No mesmo sentido, Westesson  (40)  apresenta quatro questões que devem ser  analisadas  e  respondidas  quanto  à  validade  e  confiabilidade  das  técnicas  imagiológicas  empregues,  como  meios  auxiliares  de  diagnóstico,  nos  distúrbios  temporomandibulares. 

- 1ª Qual a precisão dos achados das imagens? 

- 2ª  Qual  a  consistência  da  imagem,  quando  várias  imagens  da  mesma  morfologia são obtidas ao longo do tempo? 

- 3ª Qual a interpretação das imagens por um observador em várias ocasiões,  bem como entre observadores diferentes? 

- Qual  a  relevância  dos  achados  imagiológicos  para  a  sintomatologia  dos  doentes? 

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Na  mesma  corrente  de  pensamento,  antes  de  optar  por  uma  técnica  imagiológica,  como  meio  auxiliar  de  diagnóstico  é  conveniente  e  fundamental,  conhecer o problema clínico específico, se a ténica imagiológica deve ser específica  para tecidos duros ou moles,(1) verificar se essa técnica fornece novas informações  relevantes (17, 40, 41) e se pode contribuir para a escolha do tratamento bem como  para  o  seu  prognóstico  (40,  42)  sem  despesas  nem  exposição  a  radiação  desnecessárias para o doente (17). 

Por  norma,  o  protocolo  de  exame  por  imagem  começa  com  o  estudo  imagiológico  dos  tecidos  duros  ,  por  forma  a  avaliar  os  contornos  ósseos,  o  relacionamento  posicional  espacial  côndilo/fossa  e  a  amplitude  da  cinemática  mandibular, sendo recomendável a combinação de várias técnicas para uma melhor  visualização das estruturas da ATM (1). 

O exame imagiológico dos tecidos moles está primordialmente indicado quando  existe  necessidade  de  conhecer  a  posição  do  disco  e  anomalias  musculares,  ligamentares  e  dos  tecidos  circundantes,  bem  como  a  presença  de  edemas  e  derrames intra‐articulares (1).  

A influência do observador é outro dos factores críticos na avaliação da técnica  imagiológica, como meio auxiliar de diagnóstico. É consensual que a variação intra e  inter‐observador  influencia  os  resultados  dos  estudos  imagiológicos.(20)  Limchaichana et al. (43) mostraram, numa revisão sistemática da literatura sobre a  eficácia da imagem por ressonância magnética (IRM) no diagnóstico dos distúrbios  inflamatórios  e  degenerativos  da  ATM,  que  os  critérios  de  diagnóstico(40)  e  desempenho  do  observador  influenciavam  o  resultado  dos  estudos.  Nesta  perspectiva,  afigura‐se  importante  estabelecer  critérios  bem  definidos  bem  como  uma  calibragem  mais  homogénea,  quer  intra  quer  inter‐observadores,  para  uma  avaliação mais precisa e eficiente das técnicas imagiológicas, de que as propostas de  Ahmad et al. (44) são um exemplo.           

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Existe um grande número de técnicas imagiológicas utilizadas, ao longo dos  anos,  no  estudo  dos  DTM,  embora  nem  todas  sejam  igualmente  eficazes  na  visualização das estruturas da ATM (17). Por outro lado, o aumento de sofisticação  das técnicas imagiológicas actuais não pressupõe que, só por essa razão, exista um  melhor  tratamento  do  doente.(39)  Entre  as  técnicas  imagiológicas  mais  comuns,  destacam‐se:  telerradiografia  da  face  de  perfil,  telerradiografia  póstero‐anterior,  radiografia  transcraniana  lateral  oblíqua,  radiografia  transorbital,  radiografia  transmaxilar,  radiografia  transfaríngea,  incidência  submento‐vertex  (incidência  de  Hirtz),  incidência  reversa  de  Towne,  tomografia  convencional,  ortopantomografia,  tomografia  computadorizada,  tomografia  computadorizada  volumétrica  com  tecnologia  por  feixe  cónico  (cone  beam  ct  –  CBCT),  ultrassonografia,  imagem  por  ressonância magnética e imagiologia nuclear.    Imagiologia dos tecidos duros da ATM    Telerradiografia da face de perfil    Neste tipo de radiografia o feixe de RX tem uma orientação perpendicular ao  plano sagital médio do doente e do receptor de imagem e centra‐se sobre o meato  auditivo externo. O receptor de imagem posiciona‐se paralelamente ao plano sagital  médio do doente que se encontra com a face esquerda encostada ao receptor. Um  filtro em cunha é colocado na parte anterior do tubo de emissão de RX com o intuito  de absorber alguma radiação e permitir a visualização dos tecidos moles da face (Fig.  2, 3) (45). 

A  telerradiografia  da  face  de  perfil  não  é  importante  quanto  à  informação  que  pode  fornecer  quanto  a  alterações  dos  tecidos  duros  da  articulação,  devido  à  sobreposição  das  ATM.  No  entanto,  Braun,  num  estudo  de  1996,  sugeriu  que  a  telerradiografia da face de perfil, obtida através de  ecrans intensificadores, sujeita a  um  método  geométrico  de  análise  da  ATM,  permite  estudar  o  posicionamento  do 

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máxima.(46)  Também  tem  sido  usada  no  estudo  das  estruturas  crânio‐vertebrais,  craniofaciais  e  crânio‐hioideias  ao  fornecer,  indirectamente,  informação  que  pode  ter implicações no diagnóstico de DTM (30). Tem sido também referido na literatura  a  possibilidade  de  existir  uma  relação  entre  o  deslocamento  anterior  do  disco  e  a  redução  da  altura  facial  posterior  (47,  48),  o  que  também  pode  contribuir,  como  informação relevante, para um diagnóstico mais preciso dos DTM. 

Esta  técnica  imagiológica  tem  sido  usada  no  estudo  das  deformidades  causadas por assimetrias (49). 

 É,  também,  uma  técnica  radiográfica  que  não  permite  a  visualização  dos  tecidos moles da ATM. 

Embora  não  tenha  grande  importância  no  estudo  das  estruturas  da  ATM,  permite  efectuar  traçados  cefalométricos  que  podem  contribuir  para  um  melhor  diagnóstico e tratamento do doente.  

Estes traçados cefalométricos são também essenciais no estudo das má‐oclusões, a  nível  da  ortodontia  e  com  muita  utilidade  no  diagnóstico  e  tratamento  da  apneia  obstructiva do sono.                                 

Fig. 2 - Telerradiografia da face de perfil. Orientação do feixe de RX e do porta-película.

Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004)

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Na  telerradiografia  póstero‐anterior  O  feixe  de  RX  é  direcionado  perpendicularmente  ao  receptor  de  imagem,  detrás  para  a  frente  da  cabeça  do  doente, paralelo ao plano sagital médio do doente e centrado a nível da ponte do  nariz. O receptor de imagem é colocado na frente do doente, perpendicular ao plano  sagital médio e paralelo ao plano coronal. O posicionamento do doente é efectuado  de maneira a que a linha cantomeatal faça um ângulo de 10º com o plano horizontal  e o plano de Frankurt seja perpendicular ao receptor de imagem (Fig. 4, 5. 6) (45).  Esta técnica imagiológica tem sido usada no estudo das deformidades causadas por 

assimetrias  mandibulares  (49,  50)  que,  frequentemente,  são  consequência  do  híper  ou  hipo‐crescimento  dos  côndilos  mandibulares.  Nakagawa et al (50), num estudo de 2002 em que  avaliaram    os  deslocamentos  mandibulares    em  adolescentes do género feminino, com radiografias  póstero‐anteriores,  concluíram  que  este  tipo  de  radiografias  é  muito  útil  na  triagem  dos  deslocamentos  mandibulares  e  consideraram  que  os  deslocamentos  mandibulares  verticais  e  laterais  são  bons  parâmetros  clínicos  para  avaliar  os  deslocamentos  mandibulares.  Por  outro  lado,  também  tem  sido  usada,  com  o  doente  posicionado  com  a  boca  totalmente  aberta,  para  evitar  a  sobreposição  da  fossa  mandibular,  em  casos  de  suspeita    de  fracturas  do  colo  do  côndilo e/ou do corpo da mandíbula, devido à orientação excêntrica do feixe de RX  (Fig. 7) (30).   Daí o interesse de incluir a telerradiografia póstero‐anterior neste trabalho.           

Fig. 3 - Telerradiografia póstero-anterior. Orientação do feixe de RX e do porta-película. Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004)

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Fig. 4 - Telerradiografia póstero-anterior. (Retirado de Langlade M. Céphalométrie orthodontique. Paris. Maloine S.A. 1978)

Fig. 6- Telerradiografia póstero-anterior. Esquema. (Retirado de Langlade M. Céphalométrie orthodontique. Paris. Maloine S.A. 1978

Fig. 5 - Telerradiografia póstero-anterior. Fractura do colo do côndilo (setas). (Retirado de Langlade M. Céphalométrie orthodontique. Paris. Maloine S.A. 1978)

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Radiografia transcraniana lateral oblíqua  

 

Schuller  tem  sido  referido  como  o  investigador  que,  em  1905,  introduziu  a  radiografia transcraniana lateral oblíqua (RTLO) (19). 

A  RTLO  deve  ser  a  técnica  imagiológica  mais  utilizada  no  estudo  dos  DTM  para  determinar  a  posição  do  côndilo  na  fossa  mandibular,  bem  como  avaliar  alterações ósseas das ATM, principalmente na sua parte lateral(51). No entanto, é  consensual  na  literatura  que  existe,  em  indivíduos  assintomáticos,  uma  grande  variação da posição espacial do côndilo na fossa mandibular.(52, 53) Por outro lado,  também é consensual que em doentes com DTM a posição mais posterior do côndilo  na fossa é a mais frequente, o que poderia significar que a posição mais posterior do  côndilo  seria  mais  comum  em  doentes  com  deslocamento  anterior  do  disco  com  redução (12, 54, 55). Devido, exactamente, à variabilidade considerável da posição  espacial do côndilo, não é cientificamente correcto concluir que  essa posição, bem  como medições do espaço articular, sejam consideradas para fins de diagnóstico de  DTM  (9,  17).  Nesta  perspectiva,  de  acordo  com  Ahmad  et  al  (44),  os  exames  por  RTLO  têm  hoje  um  valor  muito  limitado,  como  fornecedores  de  informação  relevante para o diagnóstico clínico de DTM. 

Esta  técnica  imagiológica  proporciona  uma  visualização  sagital  da  parte  lateral do côndilo e fossa mandibular (1). 

  Nesta  técnica,  o  doente  está  posicionado  num  cefalostato  e  o  feixe  de  RX  está direccionado inferiormente (paralelamente ao grande eixo do côndilo) a partir  do  lado  contralateral  à  ATM  em  estudo,  lado  em  que  se  coloca  o  receptor  de  imagem. Por norma o feixe de RX faz um ângulo de 25º, a nível vertical, centrado  sobre da ATM, que mostra a parte lateral da articulação, como o contorno ósseo da  ATM(1,  17,  19,  51).  A  direcção  horizontal  do  feixe  deve  ser  correctamente  individualizada, de acordo com o grande eixo do côndilo numa angulação, em média,  de  20º  (Fig.  8).(1)  Com  esta  angulação,  obtêm‐se  uma  imagem  nítida  do  côndilo,  eminência  articular  e  fossa  mandibular  (Fig.  9)  (1,  19).  Para  uma  melhor  interpretação  usa‐se  um  protocolo  em  que  se  efectuam  imagens  da  ATM  nas 

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posições  de  intercuspidação  máxima,  posição  fisiológica  de  repouso  e  abertura  máxima (1, 51). 

As partes central e medial da ATM são projectadas inferiormente, sobrepondo‐se à  parte inferior do côndilo e apenas os contornos laterais da ATM são visíveis nesta  incidência  (1)  pelo  que,  as  superfícies  ósseas  que  são  tangentes  ao  feixe  de  RX  formam  os  contornos  ósseos  da  imagem  radiográfica,  independentemente  de  estarem ou não no mesmo plano sagital (Fig. 10).(17) Estas constatações permitem  inferir  que  o  contorno  do  côndilo  e  da  fossa  mandibular,  observados  na  RTLO,  podem  derivar  de  diferentes  zonas,  devido  a  angulações  incorrectas  (lateral  e  medial) da ATM.(17)                          

Por  outro  lado,  as  imagens  do  côndilo,  fossa  mandibular  e  espaço  articular  estão distorcidos, pelo que a posição espacial do côndilo não é fiável, tornando‐se  ainda  menos  fiável  se  o  ângulo  horizontal  do  feixe  de  RX  não  for  correctamente  individualizado para cada doente (Fig. 11, 12).(1) Nesse sentido, tem sido sugerido  que a RTLO é confiável para representar a relação morfológica entre o côndilo e a  fossa  mandibular,(56‐59)  embora  a  exatidão  inter‐relação  côndilo/fossa,  seja  questionada.(53, 60, 61) 

 

Fig. 10 - RTLO. A superfície do côndilo é o polo lateral. O polo medial sobrepôe-se à parte inferior do côndilo. (Retirado de Okeson JP. Management of temporomandibular disorders and oclusion. Sixty edition. St. Louis.

Mosby/Elsevier.2008 Fig. 6 - RTLO. Posição do côndilo na fossa

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Fig.  12‐  RTLO.  RTLO.  Efeito  da  alteração  da  ângulação  horizontal  do  feixe  do  RX.  Quando  o  ângulo  está  aumentado, o côndilo posiciona‐se mais anteriormente na fossa mandibular. Quando o ângulo está diminuído,  o  côndilo  posiciona‐se  mais  posteriormente  na  fossa  mandibular.  (Retirado  de  Dawson  PE.  Functional  Occlusion: From TMJ to smile design. St. Louis. Mosby/Elsevier. 2007) 

 

Actualmente, a RTLO parece ter um valor muito limitado, como meio auxiliar  de  diagnóstico,  nos  DTM  (44)  devido  à  distorção  considerável  da  imagem,  comparada com outras técnicas imagiológicas mais recentes(18), sendo consensual  que  a  RTLO  não  é  fidedigna  quanto  à  verdadeira  inter‐relação  entre  o  côndilo  e  a  fossa mandibular (1, 40), principalmente quando os achados imagiológicos obtidos  pela  RTLO  são  comparados    com  os  achados  imagiológicos  obtidos  através  da  tomografia (53). 

Fig. 11 - RTLO. Efeito da alteração da ângulação vertical do feixe do RX. Quando o ângulo está aumentado, o côndilo posiciona-se mais inferiormente na fossa mandibular. Quando o ângulo está diminuído, o côndilo posiciona-se mais superiormente na fossa mandibular. (Retirado de Dawson PE. Functional Occlusion: From TMJ to smile design. St. Louis. Mosby/Elsevier. 2007)

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Tendo  em  conta  as  limitações  apresentadas,  sugere‐se  que  esta  técnica  imagiológica poderá ser útil na visualização de alterações ósseas grosseiras, fracturas  com deslocamento do côndilo e cinemática condília (1) embora também evidenciado  que esta técnica imagiológica não detecta deslocamentos inferiores e/ou laterais do  côndilo na fossa mandibular (62), bem como alterações ósseas subtis da ATM, para  além de a visualização do disco articular não ser visível (17). 

Por  isso,  considera‐se  que  a  RTLO  pode  ter  algum  valor  como  uma  modalidade de selecção e para fins de documentação, seguimento dos tratamentos  e educação dos doentes (40). 

   Quanto à consistência das RTLO, da mesma morfologia da ATM, obtidas num  dado  período  de  tempo,  esta  depende  de  vários  factores:  posição  da  cabeça,  projecção imagiológica e posição mandibular. Mesmo que a morfologia da ATM se  mantenha  inalterada,  basta  que  exista  uma  alteração  de  um  destes  factores  para  que  o  resultado  seja  diferente.  Para  obviar  esta  situação,  foram  confeccionados  aparelhos  cefalométricos  para  a  obtenção  de  RTLO  padronizadas.  Estes  aparelhos,   de  que  o  accurad‐200  head  holder  (Denar  Company,  Anaheim,  CA)  é  um  exemplo  (Fig.  13,  14), interligam  o  emissor  de  RX,  o  suporte  da  película  radiográfica  e  a  cabeça  do  doente  (63).  Deste  modo  o  problema  da  reproductibilidade  das  RTLO  pode ser superada através destes dispositivos (51).                       

Fig. 13- Accurad TM-200 Headholder. (Teledyne

Water Pik.) Fig. 14 - Posicionamento do doente no Accurad

TM-200

(29)

Quanto  à  fiabilidade  do  desempenho  do  observador  no  que  respeita  à  avaliação da posição do côndilo na fossa mandibular esta teve uma concordância de  75% a 86% (64) e as diferenças inter‐observador foram consideradas insignificantes  (65) pelo que a fiabilidade quer do observador quer intra‐observadores é boa. 

Quanto  à  relação  entre  a  posição  do  côndilo  na  fossa  mandibular  e  a  sintomatologia do doente não existe na literatura suporte para tal relação, nem no  que concerne ao espaço inter‐articular em intercuspidação máxima, entre indivíduos  assintomáticos e sintomáticos(66), nem quanto à posição do côndilo nos desarranjos  internos  da  ATM  (DIATM)  (67,  68).  Verificou‐se,  também,  que  em  indivíduos  assintomáticos existe uma variabilidade da ordem dos 65% na posição do côndilo na  fossa  mandibular  (53).  A  única  situação  em  que  se  verificou  uma  percentagem  superior  nos  indivíduos  sintomáticos  relativamente  aos  assintomáticos  registou‐se  na posição posterior do côndilo na fossa mandibular (53, 69).  

 

Radiografia transmaxilar 

 

Esta  técnica  radiográfica  é  uma  modificação  da  projecção  ântero‐posterior.  Nesta  técnica  radiográfica,  o  feixe  de  RX  está  direcionado  perpendicularmente  ao  grande eixo do côndilo (Fig 15). Com as mudanças de angulação vertical e horizontal  evita‐se a sobreposição do côndilo pela apófise mastoide(17, 19).  

Por norma, esta técnica radiográfica efectua‐se com a mandíbula do doente 

Fig. 15 - Radiografia transmaxilar. Posicionamento do feixe de RX, do porta-película e do doente. (Retirado de Okeson JP. Management of

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protruída,  a  fim  de  evitar  a  sobreposição  do  côndilo  na  base  do  crânio  e,  desta  forma, permitir que o feixe de RX seja tangente à face inferior da eminência articular  e ao contorno superior do côndilo.(17, 19) 

Na tentativa de estudar tridimensionalmente a ATM, sem recurso a técnicas  imagiológicas  sofisticadas,  a  RTM  complementa  a  RTLO,  visto  que  os  seus  ângulos  horizontais  divergem  de,  aproximadamente,  90º,  o  que  permite  uma  avaliação  tridimensional da ATM quanto a fracturas do côndilo, doenças degenerativas graves  da ATM (osteortrite/osteoartrose avançadas) e neoplasias (17, 19).      Radiografia transfaríngea   

Esta  técnica  imagiológica,  também  conhecida  como  incidência  de  Parma,  proporciona uma visualização sagital do polo medial do côndilo.(1) O doente deve  permanecer  com  a  boca  totalmente  aberta,  para  evitar  a  sobreposição  do  osso  temporal no côndilo(1) e tubo de emissão de RX é colocado 

perto  da  ATM  contralateral,  direcionando  o  feixe  de  RX  superiormente  5º  a  10º, 

através  da  chanfradura 

sigmoide  e,  posteriormente,  10º,  centrado  na  ATM  oposta  (que  é  a  articulação  que  se  pretende  estudar),  que  está  adjacente receptor de imagem  (Fig.16).  Esta  técnica  permite  que  a  ATM  que  se  encontra  perto  receptor  de  imagem  esteja  na  área  de  focagem,  enquanto  que  a  ATM  que  se  encontra  perto  da  fonte  de  emissão  de  RX  apareça  desfocada, isto é, fora da área de focagem, o que permite a visualização da ATM, do 

Fig. 16. Radiografia transfaríngea. O raio central é porientado superiormente de 5º a 10º e posteriormente de, aproximadamente 10º , com a mandíbula em máxima abertura. Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004

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desta técnica é a visualização de alterações erosivas do côndilo mandibular.   

Radiografia transorbital 

 

Esta  técnica  imagiológica  é  similar  à  técnica  transmaxilar,  ao  fornecer  uma  visualização  anterior  da  ATM,  perpendicular  às  técnicas  transcraniana  e  transfaríngea. Esta técnica inclina inferiormente a cabeça do doente de 10º de modo  que  a  linha  cantomeatal  seja  horizontal.  O  feixe  de  RX  é  direcionado  a  partir  da  frente  do  doente,  através  da  órbita  ipsilateral  à  ATM  que  se  quer  examinar.  O  receptor de imagem é colocado por trás da cabeça do doente, perpendicularmente  ao  feixe  do  RX  (fig.  17).  O  doente  abre  a  boca  ao  máximo  ou,  em  alternativa,  faz  protrusão  mandibular,  de  modo  a  posicionar  o  côndilo  no  vértice  da  eminência  evitando, assim, a sobreposição da eminência articular e/ou da base do crânio sobre  o côndilo, pois caso contrário, apenas é visualizado o colo do côndilo. Por esta razão  esta técnica não tem interesse quando existe limitação da cinemática mandibular.(1)  Como  esta  técnica  permite  a  visualização  da  área  médio‐lateral  da  eminência  articular, do côndilo e do colo do côndilo é útil nas fracturas do colo do côndilo.   Em conjunto com a RTLO e a projecção transfaríngea permite diagnosticar, com alg  

Fig. 7 ‐ Radiografia transorbital. Posicionamento do feixe de RX, do receptor de imagem do e do doente. O raio  central é direcionado inferiormente cerca de 10º e, lateralmente  cerca de 30º, centrado na ATM em estudo,  através  da  órbita  ipsilateral. (White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc.  2004) 

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uma evidência, alterações degenerativas grosseiras (1).   

Incidência de Towne reversa 

 

Esta  técnica  imagiológica  posiciona  a  testa  do  doente directamente contra o receptor de imagem.  São  dadas  instruções  ao  doente  para  abrir  a  boca,  de modo a permitir que o côndilo se desloque para  fora da fossa mandibular, reduzindo, desta forma, a  sobreposição destas estruturas.(19) O feixe de RX é  posicionado atrás do occiput do doente, num ângulo  de  30º  com  a  horizontal  e  centrado  nos  côndilos  (Fig. 18) (17). 

Esta incidência permite uma boa visão do colo do côndilo e, quando se suspeita de  fractura,(19)  principalmente  se  o  colo  do  côndilo  se  desloca  para  medial,  visto  o  côndilo  e  o  colo  do  côndilo  serem  visualizados  no  plano  frontal,  esta  técnica  imagiológica é útil para a sua definição.(1) 

 

Incidência submento‐vertex (Incidência de Hirtz) 

 

Nesta  técnica  imagiológica,  o  feixe  de  RX  é  direcionado,  através  do  mento  e  paralelo  ao  bordo  posterior  do  ramo  da  mandíbula,  para  a  base do crânio.(1) Nesta incidência visualizam‐se  as  angulações  dos  grandes  eixos  dos  côndilos  relativamente  à  linha  traçada  entre  os  canais  auditivos,  ou  a  uma  linha  perpendicular  à  linha  sagital  média,  (19)  o  que  permite  que,  posteriormente,  possam  ser  efectuadas  tomografias corrigidas (1). 

Fig. 18 - Incidência de Towne reversa. Posicionamento do feixe de RX do porta-película e do doente. Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004)

Fig. 19 - Incidência de Hirtz.

Posicionamento do feixe de RX do receptor de imagem e do doente. Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004)

(33)

particularmente  útil  na  avaliação  do  deslocamento  e  do  côndilo  e  rotação  da  mandíbula,  no  plano 

horizontal,  em  casos  de 

assimetria  facial  ou  fractura  ou,  ainda cirurgia 

ortognática.(1,  19).  Tem  sido  referida  também,  a  utilidade  desta  técnica  imagiológica  na 

caracterização  dos 

deslocamentos  do  disco,  por  ser  suposto  que,  nesta  patologia  intra‐articular,  os  ângulos intercondilares se encontram aumentados.(70) 

A  efectivação  desta  técnica  imagiológica  implica  que  o  doente  esteja  com  hiperextensão total do pescoço (Fig. 20), pelo que está contra‐indicada em doentes  com  suspeita  de  lesão  da  cervical.(19)  Nesta  técnica  imagiológica  visualizam‐se  os  grandes  eixos  dos  côndilos  (Fig.  21),  o  que  permite  efectuar  uma  análise  cefalométrica  (Fig. 22) e é muito útil para corrigir as tomografias (1).                           

Fig. 22- Incidência de Hirtz. Análise cefalométrica. (Bumann A; Lotzmann U. 2000).

Fig. 81 – incidência de Hirtz. Análise dos grandes eixos dos côndilos em esquema. (Bumann A; Lotzmann U. 2000).

Fig. 20 – Incidência de Hirtz. Aparatologia e posicionamento do doente (hiperextensão do pescoço). Retirado de: Witzig JW; Spahl TJ. Ortopedia maxilofacial clinica y aparatologia - Articulación temporomandibular - Tomo III - Barcelona.Ediciones Científicas y Técnicas, S.A. 1993

(34)

Tomografia   

As  técnicas  tomográficas  classificam‐se  em  tomografia  convencional  e  tomografia computadorizada.  

Tomografia convencional 

 

A  técnica  tomográfica,  como  meio  auxiliar  de  diagnóstico  da  ATM,  foi  introduzida em 1939 por Petrilli e Gurley.(30) 

A  tomografia  é  uma  técnica  imagiológica  que  consiste  numa  multiplicidade  de cortes imagiológicos finos que permitem a visualização de estruturas anatómicas  sem  sobreposição  de  outras  estruturas.(1,  19)  Como  proporciona  vários  cortes  perpendiculares  à  ATM,  é  superior  à  RTLO  na  avaliação  da  verdadeira  posição  do  côndilo (fig. 23) e no exame das alterações  ósseas.  Nesta  perspectiva  é  um  valioso 

complemento  às  radiografias,  ao 

proporcional informação relevante que não 

está  ao  alcance  das  técnicas 

radiográficas.(1)   

Nesta técnica imagiológica o feixe de RX e o receptor de imagem movem‐se,  simultaneamente, à volta de um ponto fixo, em sentidos opostos. Os objectos que se  encontram num plano específico de interesse, aparecem focados, enquanto que as  outras  estruturas  que  se  situam  fora  do  plano  focal  ficam  desfocadas (fig  24)  (19,  71). 

Existem,  pelo  menos,  cinco  movimentos  tomográficos:  linear,  circular,  elíptico, hipocicloidal e espiral (fig.25). A nitidez da imagem no plano focal depende  da  complexidade  do  movimento  realizado  entre  o  feixe  de  RX  e  o  receptor  de  imagem. Os tomogramas lineares têm uma qualidade inferior às tomografias obtidas  pelos  outros  tipos  de  movimento,  devido  à  desfocagem  irregular  dos  objectos  situados fora do plano de focagem, o que origina falsas imagens e linhas parasitas  (71). 

Fig. 23 - Posição 4/7 de Gelb. (Witzig JW; Spahl TJ. Ortopedia maxilofacial clinica y aparatologia - Articulación temporomandibular - Tomo III - Barcelona.Ediciones Científicas y Técnicas, S.A. 1993)

(35)

                    Por norma, as tomografias são obtidas no plano sagital, nas posições de boca  fechada com vários cortes e na posição de boca aberta com um único corte e com  uma cunha para manter a abertura e nas corrigidas, em que o ângulo entre o grande  eixo  do  côndilo  e  o  plano  sagital  médio  é  obtido  através  da  execução  de  uma  imagem submento‐vertex (1). Obtido esse ângulo, a cabeça do doente é posicionada  de  acordo  com  ele,  para  que  os  cortes  sejam  perpendiculares  ao  grande  eixo  do  côndilo,  o  que  diminui  a  distorção  geométrica  da  ATM  e  permite  uma  avaliação  precisa da posição do côndilo (1). 

Quando não há hipótese de obter uma  tomografia sagital corrigida, o mais  desejável,  é  obter  cortes  em  que  a  cabeça  do  doente  está  rodada  cerca  de  20º,  direccionada para o lado da ATM em estudo, que são mais elucidativos do que cortes  obtidos paralelamente ao plano sagital médio (1). 

Quando  existem  dúvidas  após  o  estudo  das  tomografias  sagitais  corrigidas,  estas  podem  ser  complementadas  com  tomografias  coronais,  principalmente  quando há suspeitas de anomalias ou erosões ósseas da parte superior do côndilo.  Nestes casos, os cortes são efectuados com o doente com a boca totalmente aberta,  com a introdução de uma cunha, ou protrusão mandibular, de modo que o côndilo  fique  alinhado  com  o  vértice  da  eminência  de  modo  a  evitar  a  sobreposição  da  vertente posterior da eminência articular (1). 

Nos  casos  em  que  se  têm  que  efectuar  cortes  tomográficos,  o  uso  de  uma 

Fig. 24 - Princípio de formação da imagem na tomografia convencional.

(Pharoah MJ; Oral Radiology: Principles and interpretation. Fifth edition.St. Louis. Mosby Co. 2004)

Fig. 95 - Tipos de movimentos usados na tomografia convencional. Retirado de White SC; Pharoah MJ; Oral Radiology: Principles and interpretation. Fifth edition.St. Louis. Mosby Co. 2004

(36)

Tem sido referido, na literatura, que a tomografia convencional tem um fraco  impacto  no  estudo  dos  doentes  com  DTM  (72)  que  não  existe  associação  entre  a  sintomatologia  dolorosa  e  os  achados  imagiológicos  (73)  e  que  os  achados  imagiológicos  obtidos,  através  da  tomografia,  não  predizem  o  resultado  do  tratamento  (74)  No  entanto,  White  et  al.  (75)  num  estudo  efectuado  em  1995,  sugeriram  que  a  tomografia  pode  influenciar,  significativamente,  o  diagnóstico  clínico e o plano de tratamento dos doentes com DTM, que é corroborado por Wiese  et al. (76) num estudo efectuado em 2008 e noutro estudo, efectuado, também em  2008, em que constatam que o aumento da idade, principalmente nas mulheres e a  crepitação grosseira sentida na ATM, podem estar relacionados com um alto risco de  alterações degenerativas visualizadas em exames tomográficos (73). 

Nesta  perspectiva  é  difícil  predizer  o  valor  da  tomografia  da  ATM  no  diagnóstico e tratamento dos DTM (20), embora Hussain et al. (77) num estudo de  revisão  sistemática,  efectuado  em  2008,  tenham  concluído  que  os  exames  tomográficos  convencionais,  corrigidos  axialmente,  são  a  modalidade  imagiológica  de escolha no diagnóstico das erosões e dos osteófitos da ATM. 

Como  desvantagens  da  tomografia  citam‐se  a  incapacidade  de  visualizar  os  tecidos moles, a baixa sensibilidade técnica, o tempo que demora o exame e o facto  do  equipamento  utilizado  para  a  aquisição  destas  imagens  ser  muito  mais  dispendioso do que os aparelhos de RX utilizados para obter as radiografias (78). 

Na  actualidade,  devido  à  superior  resolução  em  baixo  contraste)  da  CT,  da  CBCT  e  da  IRM,  esta  técnica  imagiológica  tem  sido  menos  usada  (19),  tendo,  actualmente, como indicação principal, o estudo da anatomia de alto contraste da  ATM (71).  

 

Ortopantomografia 

 

Desde  a  sua  introdução  nos  anos  60  do  século  passado  que  a  ortopantomografia  tem  evoluído  continuamente,  devido  à  sua  utilização  generalizada,  o  que  contribuiu,  de  maneira  decisiva,  para  um  melhor  estudo  das  arcadas dentárias e estruturas associadas (33, 79, 80). 

(37)

especializada,  que  origina  uma  imagem  com  uma  forma  curvilínea,  das  estruturas  faciais  que,  entre  outras  estruturas,  inclui  as  arcadas  dentárias  e  a  ATM  (49).  Esta  imagem baseia‐se no movimento recíproco da fonte de RX e do receptor de imagem,  situados em locais opostos, à volta de um ponto, ou plano, central, onde o objecto  está localizado (fig 26; 27), (33, 81) que fica focado, enquanto que as imagens que se  encontram  fora  do  plano  de  focagem  ficam  indefinidas,  ou  desfocadas.  Isto  é,  a  fonte de RX e o receptor de imagem giram à volta da cabeça com uma fenda focal  estreita que permite apenas focar as estruturas que interessam(19, 33). Esta fenda  focal é produzida por colimadores de chumbo na forma de uma fenda localizada na  fonte de RX, bem como no receptor de imagem (fig. 29). O tamanho e a forma da  fenda focal e o número de centros de rotação variam de acordo com os fabricantes  dos aparelhos de RX panorâmicos (fig. 30) (19).                                       

Figura 27.Movimento do film e dos objectos (A,B,C e D) à volta de dois centro fixos de rotação. Pb colimador de chumbo. (Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology: Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004)

Figura 28. Movimento do filme e do feixe de RX à volta de um centro fixo de rotação. Pb colimador de chumbo.

(Retirado de White SC; Pharoah MJ. Oral radiology:

Principles and interpretation. 5ª Edition. St.Louis. Mosby, Inc. 2004

Fig. 29. Movimento do filme e do feixe de RX

(38)

A  grande  vantagem  da  ortopantomografia  é  a  facilidade  da  sua  obtenção  pois,  para  além  de  existir  nos  gabinetes  de  imagiologia,  nos  hospitais  centrais  e  faculdades  de  medicina  dentária,  (fig.  31)  existe  em  grande  parte  das  clínicas  e  consultórios dentários. A obtenção de uma ampla exposição das estruturas faciais e  dos dentes e das ATM, a facilidade de obtenção, a facilidade de posicionamento do  doente, o pouco tempo requerido para a execução do exame (3 a 4 minutos desde a  entrada  do  doente  no  gabinete,  até  à  sua  saída),  a  baixa  dose  de  radiação  para  o  doente  e  a  capacidade  de  ser  usada  em  doentes  incapazes  de  abrir  a  boca,  são  outras das vantagens desta técnica imagiológica (81, 82).                                  

A  ortopantomografia  tem  sido  preconizada,  por  vários  clínicos,  como  uma  técnica  imagiológica  apropriada  na  avaliação  da  ATM  visto  que,  para  além  de  identificar as alterações ósseas grosseiras nas ATM, principalmente do côndilo, tais  como  erosões,  esclerose,  osteófitos,  reabsorções  e  fracturas  (Fig.32)  também  proporciona informação adicional sobre o osso mandibular, os dentes e estruturas 

Fig. 310- Ortopantomógrafo Gendex Orthoralix® 9200 (Dental Systems, Des Plaines, U.S.A.), da FMDUP

(39)

abordagem  imagiológica,  na  realização  de  diagnósticos  diferenciais  dos  DTM  com  outras patologias orofaciais (19, 49, 78, 82) como, por exemplo, o síndrome de Eagle  (Fig  33),  tumores,  quando  o  crescimento  e  a  discrepância  são  suficientemente  grandes (82) e a cinemática condília, através dum programa de ATM que existe nos  ortopantomógrafos analógicos mais recentes e nos ortopantomógrafos digitais (Fig  34 e 35). Também tem sido usada nos casos de assimetrias faciais ou mandibulares  devidas a discrepâncias relevantes de desenvolvimento do côndilo (82).  

Figure 32 - Ortopantomografia. Fractura do côndilo direito. 

(40)

Fig. 34 ‐ Ortopantomografia. Posição de boca fechada – côndilos na fossa mandibular.. 

 

 

Imagem

Fig. 5 - Telerradiografia póstero-anterior.  Fractura do colo do côndilo (setas). (Retirado de Langlade  M
Fig. 10 - RTLO.  A superfície do côndilo é o polo  lateral. O polo medial sobrepôe-se à parte  inferior do côndilo
Fig.  12‐  RTLO.  RTLO.  Efeito  da  alteração  da  ângulação  horizontal  do  feixe  do  RX.  Quando  o  ângulo  está  aumentado, o côndilo posiciona‐se mais anteriormente na fossa mandibular. Quando o ângulo está diminuído,  o  côndilo  posiciona‐se  mai
Fig. 13- Accurad  TM -200 Headholder. (Teledyne
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