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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicémia de indivíduos não diabéticos

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

EGAS MONIZ

MESTRADO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA

EFEITO DA INGESTÃO DE INFUSÃO DE GENGIBRE NA

GLICEMIA DE INDIVÍDUOS NÃO DIABÉTICOS

Trabalho submetido por

Alda da Conceição Diacos

para a obtenção do grau de Mestre em Nutrição Clínica

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

EGAS MONIZ

MESTRADO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA

O EFEITO DA INGESTÃO DE INFUSÃO DE GENGIBRE NA

GLICÉMIA DE INDIVÍDUOS NÃO DIABÉTICOS

Trabalho submetido por

Alda da Conceição Diacos

para a obtenção do grau de Mestre em Nutrição Clínica

Trabalho orientado por

Professora Doutora Maria Fernanda de Mesquita e coorientado por

Professora Doutora Maria Alexandra Bernardo

novembro de 2017

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus pela saúde, inspiração, serenidade e capacidade. À Professora Doutora Maria Fernanda de Mesquita, minha orientadora, pelas críticas, incentivo, paciência, pelos ensinamentos, minha profunda gratidão, será sempre um exemplo para mim.

À Professora Doutora Maria Alexandra Bernardo, na coorientação deste trabalho, grata por toda amizade, competência, paciência, pela prontidão, incentivo e agilização, no apoio que me deu durante estes dois anos, pela disponibilidade e pelas críticas valiosas. À Professora Doutora Margarida Moncada, pela partilha de conhecimento, pelo contributo em toda a análise laboratorial, sou grata também pela paciência, simpatia e amizade.

À Professora Doutora Maria Leonor Silva pela ajuda imprescindível, pela simpatia e por sempre se mostrar disponível.

Às Preparadoras do laboratório, D. Florinda, Susana, Mena e Natacha, pelo auxílio prestado, pelo carinho e amizade.

Aos participantes, por se terem disponibilizado prontamente em colaborar neste estudo, com humildade, simpatia e bom ânimo.

Aos meus colegas de Mestrado, Adinylson e a Keyla, pelo apoio. A Margarida Silva pela amizade e pelo apoio. A todos os professores do curso, por serem parte fundamental na aquisição de conhecimentos indispensáveis.

Estou igualmente grata a todos os meus familiares e amigos pelo incentivo recebido ao longo de minha vida e, especialmente, durante esta jornada, pela paciência, desabafos, amor e carinho dedicados.

A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para este trabalho, meus sinceros agradecimentos.

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RESUMO

Introdução: A hiperglicemia constitui um fator de risco para o desenvolvimento de algumas doenças, nomeadamente a Diabetes Mellitus. O controlo glicémico, em particular no período pós-prandial, tem um papel fundamental na prevenção de diferentes doenças. O gengibre é uma especiaria que tem revelado efeitos benéficos na glicémia em doentes com diabetes mellitus.

Objetivos: Investigar o efeito de infusão de gengibre na curva glicémica em indivíduos adultos não diabéticos. Avaliar o extrato e aquoso de gengibre (Zingiber officinale

Roscoe), quanto ao conteúdo de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante.

Materiais e Métodos: Fizeram parte integrante do ensaio clínico 24 indivíduos não diabéticos, divididos em dois grupos, grupo de intervenção (GI) e grupo de controlo (GC). Consistiu na comparação dos valores obtidos de glicémia em jejum e os valores resultantes da ingestão de infusão de 100ml de água com 0,2g de gengibre em pó, após prova de tolerância à glicose oral (PTGO) aos 30,60,90,120 minutos, comumente aos valores obtidos nas mesmas condições, após PTGO, 200ml de água com 75g de glicose. Foram efetuados testes químicos ao gengibre, para quantificação de determinação da quantidade de fenóis (FT) e flavonoides totais (FVT), quantificação da actividade antioxidante (AA) da infusão de gengibre, método ABTS, teste de inibição do NO• e de inibição do anião O₂• ¯

Resultados: Os resultados revelaram diferenças com significado estatístico na AUC, GC (334,43±32,40), GI (169,75±17,29), (p<0,0001); na variação de Cmáx, GC (5,22±0,45), GI (2,80±0,26), (p<0,0001); e no C máx GC (10,04±0,47), GI (7,72±0,28), (p<0,0001) entre os 2 grupos. A análise química o extrato aquoso de gengibre revelou valores significativos do conteúdo fenólico total (13,85 (±0,1) mg Eq. Ácido gálico/L) e (3,35 (±0,2) mg Eq. Quercetina/L); assim como a capacidade antioxidante da infusão de gengibre ingerida (162,04 (±1,64) μmol Eq. Trolox/L).

Conclusão:Os resultados revelaram que, para a amostra estudada, a ingestão da infusão de gengibre diminui, com significado estatístico, os valores de AUC, variação de Cmáx e Cmáx. A análise química revelou um elevado conteúdo em FT, FVT e AA.

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ABSTRAT

Introduction: Hyperglycemia is a risk factor to disease development, namely, diabetes mellitus (DM). The blood glucose level management, particularly on post-prandial period has an important role in the prevention of different diseases. Ginger is a specie that has been demonstrated a benefit effect on glycaemia on diabetes.

Objectives: To investigate the effects of ginger infusion in the glycaemic curve in non-diabetic adults. Aqueous extracts Ginger (Zingiber officinale Roscoe) were evaluated, as to the total content of phenolic compounds and antioxidant activity.

Materials and Methods: 24 non-diabetic individuals, divided into two groups, Intervention Group (GI) and control group (GC), where part of an integral clinical trial. This trials consisted in the comparison of obtained glycaemic values while fasting, and the values resulting from the infusion ingestion of 100ml of water with 0,2g of ginger powder, after an oral glucose tolerance test (OGTT) at 30, 60, 90, 120 minutes, commonly the values obtained under the same conditions, after OGTT, 200ml of water with 75g of glucose. Chemical tests were carried out to the ginger, for the quantification on the amount of phenols (FT) and total flavonoids (FVT), quantification of the antioxidant activity (AA) of the ginger infusion, ABTS method, test of NO• inhibition and the inhibition of the O₂• ¯ anion.

Results: Final results have revealed differences with a statistical significance in AUC, GC (334,43±32,40), GI (169,75±17,29), (p<0,0001); on the variation of Cmáx, GC (5,22±0,45), GI (2,80±0,26), (p<0,0001); and in Cmáx, GC (10,04±0,47), GI (7,72±0,28), (p<0,0001) in between the 2 groups. The chemical analysis and the ginger aqueous extract revealed significant values in the total phenolic contents, (13,85 (±0,1) mg Eq. Ácido gálico/L) e (3,35 (±0,2) mg Eq. Quercetina/L); as well as the antioxidant capacity of the ingested ginger infusion (162,04 (±1,64) μmol Eq. Trolox/L).

Conclusion: The results have revealed that to the studied sample, the ingestion of ginger infusion reduces with a statistical significance the values of AUC, Cmax Variation and Cmax. The chemical analysis revealed a high content of FT, FVT and AA.

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ÍNDICE GERAL INTRODUÇÃO ... 11 1.1 Objetivos ... 21 1.1.1 Objetivo Geral ... 21 1.1.2 Objetivos Específicos ... 21 2 MATERIAIS E MÉTODOS ... 23 2.1 Ensaio Clínico ... 23 2.1.1 Desenho de Estudo ... 24

2.1.2 População e constituição da amostra ... 24

2.1.3 Procedimento para recolha de dados ... 24

2.1.4 Preparação da prova de tolerância à glicose oral (PTGO) ... 26

2.1.5 Variáveis de estudo ... 26

2.1.6 Modo de preparação e constituição da infusão de gengibre ... 26

2.1.7 Instrumentos de recolha de dados ... 27

2.1.8 Tratamento de resultados ... 29

2.2 Caracterização Química ... 31

2.2.1 Preparação do extrato ... 31

2.2.2 Quantificação de fenóis totais... 31

2.2.3 Quantificação de flavonóides totais ... 31

2.2.4 Quantificação da atividade antioxidante... 32

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 35

3.1 Ensaio Clínico ... 35

3.1.1 Caracterização da amostra ... 35

3.1.2 Caracterização e comparação da ingestão alimentar no dia anterior à PTGO e PTGO (GENGIBRE) ... 35

3.2 Análise química ... 38

3.2.1 Teor em fenóis e em flavonóides totais ... 39

3.2.2 Estudo da quantificação da atividade antioxidante da infusão de gengibre. 39 4 CONCLUSÃO ... 43

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6 ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Regulação da glicémia plasmática. Adaptado de (Wardlow, G. et al. (2012). 13 Figura 2: Zingiber officinale Roscoe: visão geral da planta. Adaptado de Franz Eugen Köhler. ... 15 Figura 3: Compostos bioativos do gengibre: Shogaol e Gingerol. Adaptado de (Moon M, 2014; Young H.-Y, 2005)………..16 Figura 4: Fluxograma do ensaio clínico ... 25

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Ensaios clínicos que estudaram efeitos de gengibre na glicemia em jejum e glicémia pós – prandial. ... 18 Tabela 2: Características dos participantes do estudo (N = 12 para cada grupo). Os dados representados significam Média (±SEM). ... 35 Tabela 3: Os níveis de glicose no sangue (mmol/L) obtidos em PTGO (N=12 para cada grupo). ... 36 Tabela 4: Valores médios (±SEM) da área abaixo de curva (AUC) para os níveis de glicémia, concentração máxima de glucose (Cmáx) e Variação da concentração máxima de glucose (ΔCmáx) (N-12 para cada grupo). ... 37 Tabela 5: Resultados dos testes da quantificação de fenóis e flavonoides totais (N=7) 39 Tabela 6: Atividade antioxidante responsável pelo poder redutor e inibitório de radicais pelo extrato aquoso de gengibre. Os resultados encontram-se expressos em termos de média e erro padrão da média (±SEM) nos testes NO•, O2•¯ e ABTS e respetiva percentagem de inibição. ... 40

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LISTA DE SIGLAS

AA Atividade antioxidade

ADA “American Diabetes Association” ANOVA Unidade de variância

AUC Área abaixo da curva

CD Hidrato de carbono CAD Doença arterial coronária

CAM Medicamento complementar alternativo

DCNT Doença crónica não transmissível

DGS Direção Geral de Saúde

DM2 Diabetes Mellitus tipo 2

DP Desvio padrão

FDA Food and Drug Administration

FCNAUP Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação Universidade do Porto FT Fenóis totais FVT Flavonóides totais GC Grupo de controlo GI Grupo de intervenção GJ Glicémia em Jejum HCL Ácido hidroclorídrico H₂O Água ID Código de identificação

IMC Índice de Massa Corporal

INSA Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge

L Lípidos

MEV Mudança de estilo de vida

MS Massa seca

NBT nitroblue tetrazolium reducing capacity

NO Óxido Nítrico

OMS Organização Mundial de Saúde

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PTGO Prova de Tolerância a Glicose Oral

Q Questionário

RA Recordatório alimentar

SEM standard error - erro padrão da média

SPSS “Statistical Package for Social Sciences” STZ Estreptozotocina

TC Colesterol total TE Trolox equivalente TEI Total energy intake TG Triglecerídeos

TPTZ 2,4,6-tri (2-piridil) -s-triazina

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Introdução

1 INTRODUÇÃO

A hiperglicemia e a hiperlipidemia são fatores de risco conhecidos para doenças cardiovasculares e complicações diabéticas (ADA, 2011). O controle glicêmico, em particular no período pós-prandial, tem um papel fundamental na prevenção de diferentes doenças, incluindo diabetes e eventos cardiovasculares (Bernardo et al., 2015).Em todo o mundo um índice elevado de doenças não transmissíveis (DNT), são causadas por doenças metabólicas crônicas, tais como doenças cardiovasculares (DCV) e diabetes mellitus tipo 2 (DM2) (Jafarnejad et al., 2017). Foi estimado em 2012, um número total significativo de 19 milhões de mortes atribuídos a DCV e DM tipo 2 (Chu, Foster, & Samman, 2016; Jafarnejad et al., 2017).

Nas últimas décadas, têm sido observadas mudanças no estilo de vida da maioria da população mundial de acordo com as estatísticas da O.M.S, resultando em alterações nos padrões de ocorrência de patologias, as denominadas “doenças da civilização”, como um aumento significativo da prevalência das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como hipertensão arterial (HTA); diabetes Mellitus 2; alguns tipos de cancro e Alzheimer (Brown, Oladokun, & Osinusi, 2009; Ruiz-Núñez, Pruimboom, Dijck-Brouwer, & Muskiet, 2013; WHO (2012).

No que se refere a mudança de estilo de vida, a alteração dos hábitos alimentares, o sedentarismo, a restrição das necessidades de gasto energético nas atividades diárias, são as causas do aumento dos problemas de saúde como a obesidade, entre outras patologias associadas (Brown et al., 2009; De León & Stanley, 2013; Ruiz-Núñez et al., 2013).

A mudança de hábitos alimentares, caracteriza-se por um consumo elevado de ingestão de alimentos calóricos dos quais açúcares e /ou gorduras saturadas, ao aumento

do consumo de alimentos processados, cereais refinados e uma ingestão deficitária de fibras, (O ’dea, n.d.; Rowley, Best, McDermottP Elizabeth Green, & Sunil Piers, 1997; Thorburn, Brand, & Truswell, 1987), o aumento de ingestão calórica e a não prática de atividade física, associam-se ao aumento de peso corporal, tem sido apontadas como principais fatores de alteração na glicémia em jejum (GJ) e glicémia pós-prandial (GPP). A glicémia pós-prandial é comumente atribuída a vários factores nomeadamente a quantidade e tipo de hidratos de carbono ingerido (Hlebowicz, 2008; Nakamura et al., 2016).

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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Diversos fatores impulsionaram essa mudança como o crescimento demográfico, processo de industrialização, sociocultural, urbanização, epidemiológica e nutricional, a nível de países com economias de mercado estabelecidas que contribuem significativamente para as alterações comportamentais WHO (2009).

A resposta fisiológica à alimentação constitui um processo muito complexo e a sua perturbação pode levar a diversas alterações a nível metabólico, algumas complicações secundárias da DM2, incluindo as macroangipatia e microangipatia (Khandouzi et al., 2015; Mahluji et al., 2013; Reichard, P. et al., 1993).

Diabetes mellitus é uma patologia caracterizada por altas concentrações de glicose sanguínea resultantes de defeitos na secreção de insulina, ação da insulina ou ambos (A. .Lima et al, 2014), no cômputo geral tem sido estudado com particular interesse pela comunidade científica, pois a sua incidência tem vindo a aumentar nos últimos anos, estima-se que em 2030, o diabetes mellitus acometerá 366 milhões de pessoas em todo o mundo, (Engelgau et al., 2004; Wild et al., 2004). De acordo com a Japan Diabetes Society (JDS), DM2 pertence a um grupo de doenças metabólicas caracterizada por uma hiperglicemia crónica por acção deficiente da insulina, que se traduz em distúrbios metabólicos ao nível dos hidratos de carbono (HC), lípidos (L) e proteínas (P). As perturbações metabólicas provocadas por esta doença podem estar associadas à redução da qualidade de vida e aumento do risco de morbilidade e mortalidade (ADA, 2011; Finucane et al., 2011; Seino et al., n.d.; Tobias, 2011).

A glicémia em indivíduos saudáveis é regulada através de duas hormonas principais: insulina e glucagina. Sempre que os níveis de glucose plasmática sobem acima dos valores de referência (70-100mg/dl) a insulina é segregada pelo pâncreas (Figura 1). Esta hormona facilita no transporte de glucose para as células e estimula com a síntese de glicogénio hepático (glicogénese) (Figura 1). Através deste mecanismo é que os níveis de glicémia voltam aos valores normais de referência (Gautier, Fetita, Sobngwi, & Salaün-Martin, 2005). No entanto, quando a glicémia desce, abaixo dos valores de referência, a glucagina é segregada pelo pâncreas para regularizar os níveis de glicémia plasmática (Figura 1). A glicémia em jejum e a glicémia pós- prandial elevadas parecem induzir efeitos de toxicidade na estrutura e funcionamento dos órgãos, incluindo nos ilhéus de Langerhans.

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Introdução

Estudos anteriores sugerem que os níveis de glicémia pós-prandiais (GPP) podem levar a um estado de estresse oxidativo, que está associado a alterações metabólicas (Inoguchi et al., 2000; Zheng et al., 2010), a resistência à insulina e a diabetes mellitus tipo 2 (Baggio & Drucker, 2004; Pérez-Matute, Zulet, & Martínez, 2009).

Ensaios clínicos sugerem que baixas respostas glicémicas tendo como base dietas ricas em antioxidantes, modelam favoravelmente a regulação do stresse oxidativo, a inflamação e o metabolismo lipídico e glucídico (Agus, Swain, Larson, & Eckert, n.d.; Pérez-Matute et al., 2009). Além disso, alguns estudos mostraram que a sensibilização à insulina pode melhorar o controlo glicémico e a função endotelial, resultando em menor incidência de aterosclerose (Jafarnejad et al., 2017; Mahluji et al., 2013). Presentemente não é conhecido um patamar de glicémia para diminuição das complicações micro e macrovasculares, contudo, quanto mais baixo for o valor da hemoglobina glicosilada (HbA1c) menor será o risco de desenvolver complicações referidas (Jafarnejad et al., 2017).

Aos indivíduos com tolerância normal à glucose (TNG), os valores de glicémia de jejum (GJ) pelo menos oito horas sem ingestão calórica, variam entre 70 ≥ 126 mg/dl

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7.0 mmol/l), sendo que níveis iguais ou superiores a 200 mg/ dl (11.1 mmol/l), podem ser atingidos no período pós-prandial, após PTGO com 75g de glucose, retornando aos níveis pré-prandiais num período de duas horas (Polonsky, Given, and Van Cauter, 1988).

Com o aumento da prevalência da diabetes mellitus tipo 2, existe um interesse clínico cada vez maior para minimizar estas consequências na procura de novas fontes alimentares em especial por fitoterapia e especiarias com fins terapêuticos que demonstrem exercer um efeito positivo na homeostasia glicémica devido ao poder hipoglicemiante assim como na ação do perfil lipídico (Gray and Flatt 1999).

Algumas ervas, especiarias e plantas tradicionais como o gengibre, contém uma grande fonte de compostos bioativos (Aggarwal, Van Kuiken, Iyer, Harikumar, & Sung, 2009), sendo reconhecida pelos seus benefícios no metabolismo da glucose (A. .Lima et al, 2014; Ghasemzadeh, Jaafar, Rahmat, Wahab, & Halim, 2010), devido a ação terapêutica como potencial antioxidante e, por apresentarem efeitos no controlo dos níveis de glucose plasmáticos.

O gengibre, (Zingiber officinale Roscoe) espécie, relatado em 1807, pelo botânico William Roscoe. Pertence à família Zingiberaceae (Lindl, 1835) cujo cultivo tem grande importância na região sudoeste da Ásia, Arquipélago Malaio e Nigéria, não somente para consumo interno, como também para exportação para outros países que consomem em grandes quantidades, especialmente os ocidentais (Srinivasan, 2017). Botanicamente, o gênero Zingiber está categorizado em aproximadamente 85 espécies (Jafarnejad et al., 2017).

O rizoma (Zingiber Officinale) (Figura 2), habitualmente conhecido como gengibre, é uma das especiarias que está representada no topo entre as plantas medicinais e aromáticas (Jafarnejad et al., 2017; Srinivasan, 2017).

Gengibre é uma planta herbácea perene de origem asiática, possui um rizoma horizontal, caule articulado, revestido de epiderme rugosa e de cor castanho. Na parte superior, possui pequenos tubérculos anelados, resultantes da base de antigos caules aéreos. Na parte inferior, possui muitas raízes extrínsecas, cilíndricas, carnosas e de cor branca. Os caules são eretos, formados por muitas folhas dísticas, sendo as basilares simples com bainhas glabras e estriadas no sentido longitudinal. As inflorescências com espigas oval formam-se no ápice dos pedúnculos que saem do rizoma. As flores

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Introdução

apresentam-se zigomorfas, hermafroditas, com coloração amarelo-esverdeado. As brácteas florais possuem cálice e coroa de forma dentada que envolvem uma só flor. O fruto é uma cápsula que se abre em três bolsas e guardam sementes azuladas com invólucro carnoso (Jafarnejad et al., 2017).

Os constituintes do gengibre são inúmeros e variam dependendo do local de origem e formas dos rizomas; fresco ou seco (Khattab, Al-Amoudi, & Al-Faleh, 2013). O gengibre é um componente comum da alimentação de diversos países do mundo e popularmente reconhecido pelo uso medicinal (A. Lima, Luna Serra Silva, Nara Adília Andrade Cavalcante, & Tamara Ferro Gomes Madeira Campos, 2014; Ghayur & Gilani, 2005; Zadeh & Kor, 2014). O gengibre tem grandes efeitos potenciais na promoção da saúde, evidente no uso de tratamento de uma panóplia de doenças, incluindo distúrbios degenerativos (artrite e reumatismo), no trato digestivo (indigestão e constipação), estimula a secreção gástrica e salivação, distúrbios cardiovasculares (aterosclerose e hipertensão) (Srinivasan, 2017), diabetes mellitus e alguns tipos de cancro (Alice Maria et al, 2012; Tuntiwechapikul et al., 2010).

Também reconhecido pelas diferentes ações terapêuticas como poder hipoglicémico, antimicrobiano, anti-hipertensivo (Ali, Blunden, Tanira, & Nemmar, 2008), espasmolítico (Alice Maria et al. 2012), anti-inflamatório (Ghayur & Gilani, 2005),

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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antioxidante (Prabha & Vasantha, 2011; Ghlissi et al., 2013), anti-cancerígeno (Alice Maria et al. 2012), anti-trombótico (Ali et al., 2008), inibe o metabolismo do ácido araquidónico e reduz a agregação plaquetária (Nicoll & Henein, 2007). .

A base destes efeitos tem sido atribuída maioritariamente aos seus compostos bioativos: shogaóis, gingeróis, paradois, zingerona e zingiberona, onde se destacam os gingeróis que contêm substâncias fenólicas, cetonas aromáticas, e são os componentes farmacologicamente mais ativos (A. .Lima et al, 2014), aos quais se atribui um efeito de melhoria na sensibilidade à insulina (Ghayur & Gilani, 2005; Srinivasan, 2017). Além dessas propriedades bem documentadas do gengibre, foi comprovado em estudos científicos recentes (Habsah et al., 2000; Zarate, Sukrasno, & Yeoman, 1992), que o gengibre também possui propriedades anti-glicemiantes numa ampla variedade de modelos experimentais (Dedov et al., 2002).

Várias evidências experimentais revelaram o potencial do gengibre na influência antidiabética (Asha, Krishnamurthy, & Devaru, 2011; Khattab et al., 2013). Estudos in

vitro, in vivo e ensaios clínicos demonstraram o efeito anti hiperglicémico do gengibre.

(Jafri, Abass, & Qasim, 2010)

Os mecanismos subjacentes ao efeito antidiabético envolvem libertação de insulina e e alteração do metabolismo dos hidratos de carbono e lípidos. Os ingredientes ativos no gengibre responsáveis por esses mecanismos são o gingerol e o shogaol (Srinivasan, 2017).

A.Lima et al., efetuou uma pesquisa exploratória descritiva com levantamento bibliográfico com o objetivo de verificar o efeito do consumo de gengibre na diabetes,

Figura 3: Compostos bioativos do gengibre: Shogaol e Gingerol. Adaptado (Moon M, 2014; Young H.-Y, 2005).

(27)

Introdução

concluíram que os compostos bioativos presentes no gengibre possuem efeitos positivos no DM2.

Foram efetuados vários ensaios clínicos com o objetivo de avaliar as propriedades hipoglicemiantes (Naderi, Mozaffari-Khosravi, Dehghan, Nadjarzadeh, & Huseini, 2016) do gengibre. Os ensaios foram realizados em ratos e o gengibre foi administrado sob a forma de pó em uma dose média de 500 mg/Kg num período de 7 semanas, os resultados foram relatados, indicando que o gengibre bruto possui potencial hipoglicémico, hipercolesterolémico e hipolipidêmico, e na reversão da proteinúria diabética (Al-Amin, Thomson, Al-Qattan, Peltonen-Shalaby, & Ali, 2006).

Além dessas propriedades bem documentadas de gengibre, estudos científicos recentes revelaram que o gengibre também possui propriedades antioxidantes. Nicoll et

al. sugeriu que o gengibre tem efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes, hipotensivos e

hipolipemiantes em estudos laboratoriais e em animais (Nicoll & Henein, 2007), porém esta revisão não chegou a resultados conclusivos em ensaios em humanos (Jafarnejad et al., 2017).

Na Tabela 1, resume-se os resultados do levantamento bibliográfico dos ensaios clínicos realizados relativamente ao efeito do gengibre nos níveis das doenças metabólicas.

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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Tabela 1: Ensaios clínicos que estudaram efeitos de gengibre na glicemia em jejum e glicémia pós – prandial.

Referência/Ano N Amostra Participantes Género Tipo Dose Duração Intervenção Resultados

Jafri S. et al. (2010) 24 Ratos albinos diabéticos NA Ensaio clínico controlado

500 mg/Kg de extrato aquoso de

gengibre 6 semanas

Efeito hipoglicemiante verificado com redução significativa (P <0,05) ao nível de glicose.

Jafarnejad S, et al. (2017) 609

Adultos com DM e hiperlipidemia, com idade

média de 49 anos Masculino/ Feminino Ensaio clínico randomizado controlado por placebo Meta-análise 500 mg/d a 3g/d de

gengibre 30 a 90 dias Efeito hipoglicemiante (P <0,05) estatisticamente significativo

Bordia A, et al. (1997) NA

Adultos com doença arterial coronária / DM2 não insulino dependente c/s

CAD Masculino/ Feminino Ensaio clínico controlado por placebo

4 g/d de gengibre 3 meses Efeito hipoglicémico estatisticamente significativo (P <0,05)

Al-Amin et al. (2006) NA Ratos diabéticos induzidos com (STZ), NA Ensaio clínico controlado 500 mg/Kg de gengibre 7 semanas Efeito hipoglicemiante com perda de peso, com redução de (52%

p<0.05).

Mahluji et al.(2013)

64 Adultos portadores de diabetes tipo2 Masculino/ Feminino

Ensaio clínico randomizado duplo-cego controlado por

placebo

2 g /d gengibre 3 dias Efeito hipoglicemiante P <0,05)

Al-qudah M, et al.(2016) 20 Ratos albinos NA1 Ensaio clínico

controlado

GIII2-500mg/d

GIV3-1000mg/d

de extrato de gengibre

21 dias Efeito hipoglicemiante estatisticamente significativo nos dois grupos com doses 500/1000 mg/d (P <0,001).

Wang Y et al. (2017) 4628

Adultos.com idades 18 aos 77 anos com doenças

crónicas

1823 Homens/

2805 mulheres

Estudo transversal 0-2g/d, 2-4g/d e 4-6 g/d gengibre 20 anos (P <0,05) Estatisticamente significativo nas doenças crónicas

1 Non Available 2 GIII- Grupo III 3 GIV- Grupo IV

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Introdução

Referência/Ano Participantes Intervenção

N Amostra Género Tipo Dose Duração Resultados

Mozaffari-Khosravi et al. (2014) 88

Adultos com diabetes tipo 2

Masculino/ Feminino

Ensaio cínico randomizado, duplo-cego, controlado por

placebo

3 g/d de gengibre 8 semanas Efeito hipoglicemiante (P <0,005)

Daily J, et al. (2015) NA4 Adultos com diabetes tipo

2 Masculino/ Feminino Ensaio clínico randomizado controlado Meta-análise 1,6-3g/d (30-84 dias)

Efeito hipoglicemiante estatísticamente significativo P <0,009).

Arablou et al. (2014) 70 Adultos portadores de diabetes tipo2. Masculino / Feminino

Ensaio clínico randomizado duplo-cego Controlado por placebo 1600 mg de

gengibre 12 semanas Efeito hipoglicemiante (P <0,05)

Bhandari U, et.al (2005) 40 alimentados com colesterol. Ratos albinos adultos, Machos/fèmeas Ensaio clínico controlado extrato de gengibre 200mg/Kg do 20 dias Efeito hipoglicemiante significativa (P <0,01)

4

(30)

Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

20

Tendo em conta que o gengibre é uma das especiarias muito utilizadas na gastronomia mundial, existe particular interesse em estudar o seu efeito na glicémia pós-prandial em indivíduos adultos não diabéticos como prevenção à diabetes. Os estudos realizados com a infusão de gengibre com o fim de provar o poder hipoglicemiante em são praticamente inexistentes. Pelo que, são escassos e não conclusivos como se esperava encontrando-se as suas metodologias pouco documentadas. Dada a pertinência do tema surgiu o interesse em realizar este trabalho.

O presente estudo pretende investigar se a ingestão de infusão de gengibre terá efeito nos níveis da curva da glicémia e PTGO após ingestão de gengibre em indivíduos adultos não diabéticos.

(31)

Introdução

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Investigar o efeito de infusão de gengibre na curva glicémica de indivíduos adultos.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Comparar os valores médios da glicémia t0/t30/t60/t90/t120, após a Prova de Tolerância à Glucose Oral (PTGO) seguida da ingestão de gengibre (grupo de intervenção) com os valores médios da glicemia após a PTGO /grupo de controlo), de indivíduos não diabéticos;

 Comparar os valores médios da área abaixo da curva glicémica (AUC) dos participantes após PTGO com os valores médios de AUC após PTGO seguida da ingestão de uma dose de infusão de gengibre (com 0,2 gramas de gengibre em pó de origem Índia/100 ml).

 Determinar atividade antioxidante e conteúdo fenólico total da infusão de gengibre;

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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Materiais e Métodos

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo teve como objetivo caracterizar a composição química e potencial ação benéfica do extrato aquoso de gengibre (Zingibre officinalle Roscoe) nos valores da glicémia pós-prandial.

A composição química foi realizada através de análises laboratoriais que permitiram determinar o teor em fenóis e flavonoides totais e a atividade antioxidante do extrato aquoso. A potencial ação benéfica foi estudada através de um ensaio experimental, realizado em dois grupos de voluntários (Grupo Intervenção GI; e Grupo controlo -GC), e que consistiu na medição do nível de glicose no sangue no tempo t0 (antes da

PTGO) seguido de PTGO, para ambos os grupos, após ingestão de 200 mL de infusão de gengibre para GI. Posteriormente foram recolhidas para cada participante nos tempos t1 (30 min) t2 (60 min), t3 (90 min) e t4 (120 min) amostras de sangue capilar.

2.1 Ensaio Clínico

A autorização para realização deste estudo foi aprovado, pela Comissão Cientifica do Mestrado em Nutrição Clínica em 21 de Outubro de 2016 e pela Comissão de Ética do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (ISCSEM) em 23 de Novembro de 2016 (Anexo I), e a recolha de dados teve início no dia 5 de Maio de 2017.

Foi garantida e cumprida a confidencialidade e proteção dos dados recolhidos. Os dados foram obtidos após assinatura do consentimento informado escrito (Anexo II) e devidamente esclarecido, de acordo com a Declaração de Helsínquia (Adopted & Helsinki, 1964). Os dados foram introduzidos numa base de dados acedida apenas pela investigadora responsável e tratada através do código de identificação (ID) atribuído a cada um dos participantes.

Os inquéritos foram realizados em anonimato para assegurar a confidencialidade da informação recolhida, sendo a recolha de todos os dados realizada de acordo com um ID atribuído a cada um dos participantes.

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

24 2.1.1 Desenho de Estudo

No âmbito deste estudo os voluntários foram atribuídos aleatoriamente em 2 grupos: grupo de controlo, realizou a prova de tolerância à glucose oral (PTGO) apenas, e no grupo de intervenção, realizou a PTGO seguido de administração de infusão de gengibre. Aos participantes, fez-se o pedido para não ingerir gengibre no dia antecedente à intervenção.

2.1.2 População e constituição da amostra

Foram recrutados na população estudantil e população da comunidade local do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, indivíduos com mais de 18 anos. Os participantes foram selecionados numa amostra de conveniência de 24 indivíduos, após explicação dos procedimentos, riscos, bem como os objetivos do estudo. Só foram aceites participantes/voluntários para o estudo, aqueles que entregaram o consentimento informado (anexo II) devidamente preenchido e assinado, antes do início do estudo.

A amostra foi constituída por 24 indivíduos adultos, com idades compreendidas entre 18 e os 40 anos inclusive, de ambos os sexos, não diabéticos, parâmetros da condição do critério de inclusão. Os critérios de exclusão aplicados foram: indivíduo que faça medicação para controlo glicémico e que tenha sintomas ou doenças gastrointestinais. Foram também excluídos, grávidas, lactentes e indivíduos com alergia ao gengibre, indivíduos que tenham feito exercício físico intenso 2h antes da intervenção e indivíduos por violação de protocolo, Figura 4.

A recolha de dados foi realizada pela autora do estudo. No dia da intervenção, os participantes leram e assinaram o consentimento informado, seguindo os procedimentos de acordo com fluxograma do ensaio clínico, Figura 4.

2.1.3 Procedimento para recolha de dados

Os participantes responderam prontamente a um recordatório alimentar 24 horas (anexo III) para eliminar vieses, no que concerne às horas de jejum, composição das refeições Comumente os participantes responderam a um questionário (anexo IV) sobre os dados pessoais, dados antropométricos, história clínica, medicamentosa e

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Materiais e Métodos

antecedentes familiares. Nenhuma dieta específica foi imposta a exceção do não consumo de gengibre 24h antecedentes a intervenção.

Recrutamento FLUXOGRAMA

40 Indivíduos

Atribuído aleatoriamente o GC Atribuído aleatoriamente o GI

Consentimento informado n I Consentimento informado

t e r v e n ç ã o

Medição da glicémia em jejum Medição da glicémia em jejum

PTGO – 200mL (75g glicose)

PTGO ingestão100mL de infusão de gengibre (0,2g)

Medição da glicémia em 30,60,90,120 min após PTGO

Medição da glicémia em 30,60,90,120 min após ingestão

Questionário alimentar das 24h precedentes

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

26

2.1.4 Preparação da prova de tolerância à glicose oral (PTGO)

A glucose anidra foi pesada (75g) usando uma balança analítica e dissolvida em 200mL de água, de acordo com a Associação Americana de Diabetes (ADA) (Diabetes 2010) (Moura & George, 2011). Após jejum durante a noite (8h) o nível de glicose no sangue foi medido utilizando uma gota de sangue capilar, antes da intervenção. No grupo de controlo, os indivíduos ingeriram uma solução de glicose (200mL) (PTGO

CONTROLO). Aos indivíduos do grupo de intervenção foi administrado 100mL de infusão

de gengibre (PTGO GENGIBRE) imediatamente após a ingestão da solução de glicose

(200mL). Esta preparação foi adaptada de acordo com a norma da Direção Geral de Saúde (DGS) número 033/2011, de 30/09/2011 atualizada dia 06/02/2012 (George, 2012). Amostra de sangue capilar foram colhidas, para cada participante, em 30, 60, 90, 120 minutos nos grupos de controlo e intervenção. Lancetas esterilizadas, equipamento medidor de glicose e tiras de medidor de glicose (ONETOUCH Select Plus Flex) foram utilizadas para medição do nível de glicose capilar. Os registos dos valores da glicemia foram registrados (anexo V).

2.1.5 Variáveis de estudo

A variável independente correspondeu ao 100mL de infusão de gengibre (0,2g de gengibre Zingibre officinalle Roscoe em pó). No que se refere as variáveis dependentes, foram estudadas a AUC e os valores de glicémia capilar, t0/t30/t60/t90/t120 que permitiram rastrear o perfil glicémico dos indivíduos da amostra. O controlo das variáveis de confundimento assume os parâmetros de extrema importância num estudo experimental, como neste caso o índice de massa corporal, história clínica e medicamentosa, antecedentes familiares, o recordatório alimentar de 24h precedentes à intervenção e jejum noturno de 8h. Uma das estratégias de controlo consiste na garantia da homogeneidade.

2.1.6 Modo de preparação e constituição da infusão de gengibre

Todo o gengibre adquirido, com a mesma marca de origem Índia, lote: L-I1GIGRNT150012 e previamente pesado numa balança de precisão (balança Precisa 125A) do laboratório do ISCSEM. O gengibre foi pesado por doses de toma, e

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Materiais e Métodos

acondicionado em copos com 0,2g de gengibre em pó cada uma. No próprio dia foi efetuada a infusão de acordo com o método proposto por J M Wilkinson (2000).

 Ferver a água (100mL para uma dose);  Acrescentar o gengibre à água fervida  Deixar repousar durante 5-10 minutos;

 Deixar arrefecer até atingir a temperatura ambiente

O procedimento de preparação da infusão foi também explicado a todos os participantes.

2.1.7 Instrumentos de recolha de dados

Os instrumentos de recolha de dados consistiram no preenchimento de um questionário geral de administração indireta no preenchimento de um recordatório alimentar (RA), relativamente às 24h precedentes a intervenção, na avaliação de dados antropométrico, história clínica, e recolha de glicemia capilar. Utilizou-se o programa informático The Food Processor SQL (versão 10.5.1), para calcular a ingestão da ingestão alimentar do dia anterior à intervenção e as necessidades nutricionais individuais.

As informações recolhidas foram armazenadas numa base de dados no programa informático IBM*SPSS* (Statistical Package for Social Sciences) (versão 22).

Inquérito geral

Os dados reportados pelos participantes foram inseridos numa folha de cálculo onde se registou: ID, dados pessoais, história clínica (antecedente pessoais e familiares e história medicamentosa, (anexo IV).

Inquérito alimentar

A avaliação da ingestão alimentar requer a quantificação da porção de cada alimento consumido, (quantidade, qualidade). Os indivíduos envolvidos no ensaio clinico, responderam a um (RA) das 24 horas precedentes ao estudo. Os dados foram registados

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

28

em documento específico (anexo III) e quantificados com recurso a um manual de quantificação de alimentos da FCNAUP (1996) e pela memória dos participantes.

O método de recolha de dados aplicado permitiu avaliar o (TEI), a quantidade (g) de proteínas (P), lípidos (L), e hidratos de carbono (CD) ingerida pelos participantes, no dia anterior à intervenção.

Este tipo de questionário apresenta vantagens como a facilidade de administração, rapidez e economia, permitindo uma boa adesão por parte dos inquiridos (Mahan, 2004).

Dados antropométricos

Foram facultados pelos participantes os dados antropométricos como, idade, peso e altura para cálculo do índice de massa corporal (IMC). O IMC foi calculado através da seguinte fórmula:

IMC = peso (Kg) altura² (m²)

Equação 1

A Interpretação dos valores da tabela do IMC fez-se com recurso a tabela fornecida pela OMS (World Health Organization, 2000).

 <18,5 = Baixo peso;

 18,5- 24,9 = Normoponderal;  ≥25- 29,9 = Sobrepeso;

 ≥30- 34,9= Obesidade de grau I;  35-39,9 = Obesidade de grau II;

 ≥40 = Obesidade de grau III ou mórbida Avaliação da glicémia em jejum e pós-prandial

A avaliação da glicémia jejum foi realizada através da recolha de amostras de sangue capilar de cada participante no estudo. No dia da intervenção foram efetuadas 5 picadas uma em cada dedo, deste modo obtendo os valores de glicémia em jejum ao minuto (0),

(39)

Materiais e Métodos

e pós-prandiais em tempos de 30 minutos até ao minuto 120, após o início da ingestão de 100 mL de infusão de gengibre. As medições de glicémia capilar e os tempos de ingestão da glicose e da infusão de gengibre foram registadas numa folha de registo (anexo V).

2.1.8 Tratamento de resultados

Todos os dados experimentais obtidos dos participantes foram inseridos e organizados em software Excel 2010™. Em uma base de dados foram inseridos o código de identificação do participante, sexo, peso, altura, idade, IMC, foi adicionado medições de glicémia capilar em jejum e pós prandiais nos vários tempos de estudo.

Análise estatística

O tratamento estatístico deste estudo foi realizado usando o software Excel e IBM*SPSS* (Statistical Package for Social Sciences) (versão 22) do Windows. Os dados apresentados foram sujeitos a diversos testes, utilizado o teste de Shapiro-Wilk para amostras pequenas com p≤0,05 de modo a verificar se estes tinham distribuição normal, considerando-se as seguintes hipóteses:

H0: Existe normalidade dos dados H1: Não existe normalidade dos dados

Para verificar a homogeneidade das variâncias, foi utilizado o teste de Levene com

p≤0,05, considerando-se as seguintes hipóteses:

H0: Existe homogeneidade de variâncias

H1: Existem diferenças entre pelo menos duas variâncias

Foi utilizado o teste estatístico ANOVA de medições repetidas tipo misto, técnica que é utilizada para dados emparelhados, pelo que permitiu comparar os dois grupos em momentos diferentes. Neste caso, foi utilizado a ANOVA de medições repetidas tipo misto, que analisa os fatores de medições repetidas (glicemia) e uma varável independente (infusão de gengibre).O t-test de amostras independentes foi utilizado para avaliar a diferença entre os 2 grupos, do valor calórico total, carbohidratos, proteínas e

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

30

lípidos, AUC, Cmáx e ΔCmáx, para obter estes valores de AUC foi utilizado o software

GraphPad Prism versão 7.03.Todos os testes estatísticos foram realizados com o nível

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Materiais e Métodos

2.2 Caracterização Química

A análise laboratorial teve como objetivo caracterizar a composição química do extrato aquoso do gengibre (Zingibre officinalle Roscoe). Consistiu na determinação do teor de fenóis e flavonoides totais e avaliação da atividade antioxidante através dos métodos NO•, O₂• ¯ e ABTS

2.2.1 Preparação do extrato

Para a extração aquosa foi preparado uma infusão de gengibre, utilizado uma balança analítica (Sartorius BP 201S, ±0,0001g) para pesar 0,2g de gengibre (Zingiber

officinalle Roscoe) em pó de origem Índia, aos quais foi adicionado 100mL de água

previamente fervida, (Jenny M. Wilkinson, 2000) deixou-se repousar durante 10 minutos. Após arrefecimento procedeu-se a análise química.

2.2.2 Quantificação de fenóis totais

O teor de fenóis totais foi determinado empregando o método adotado (Prabha & Vasantha, 2011), para o extrato aquoso de gengibre foram transferidos 125μL de amostra, 125 μL de etanol absoluto, adicionaram-se 2 mL da solução aquosa de carbonato de sódio, (PA, PanReac) e 2,5mL da solução reagente de Folin-Ciocalteu (2,2’-azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-ácidosulfónico), (PanReac), (1:10 diluído com água). Após 15 minutos, foi lida absorbâncias a 765 nm em espectrofotômetro UV-visível (Perkin-Elmer Lambda 25) utilizando uma curva padrão o ácido gálico-1-hidratato (PA, Acros Organics) nas concentrações conhecidas para construir uma curva de calibração, e os resultados foram expressos em mg ácido gálico/L. O branco foi realizado substituindo a amostra pelo solvente.

2.2.3 Quantificação de flavonóides totais

A determinação do teor de flavonóides totais foi realizada segundo método adaptado e descrito de (Prabha & Vasantha, 2011), para o extrato aquoso, pipetaram-se 2mL de amostra (infusão de gengibre). Foram adicionadas a um volume igual 0,1mL de solução metabólica de cloreto de alumínio anidro (10%), (grau≥98%, Merck) 0,1mL de acetato

(42)

Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

32

de potássio (1M) (PA, Merck) e 2,8mL de água destilada. Após repouso de 30 minutos, realizou-se a leitura da absorbância a 415 nm.

O conteúdo de flavonóides totais foi determinado usando uma curva padrão de quercetina, (grau ≥ 99% (HPLC), Merck) nas concentrações 10, 30, 50, 70, 90, 100 mg/L e os resultados foram expressos em mg de quercetina/L.

2.2.4 Quantificação da atividade antioxidante Teste da inibição do NO•

O conteúdo em NO foi determinado e adaptado do método de (E, Khayami M, & Heidari R, 2008).

Em tubos de vidro adicionaram-se 1mL de nitroprussiato de sódio (10mM), (PA,

Riedel-de Haën), 250μL de Phosphate buffered saline (PBS) (PA, Merck) e 250μL de

solução de teste, extrato aquoso. Após agitação a mistura foi a incubar por 150 minutos a 25ºC tendo-lhe sido posteriormente adicionado 3mL de ácido sulfanílico, (≥99,0%,

puríssimo PA, Sigma-Aldrich), 0,33% em ácido acético glacial 20% (PA, Pronalab).

Esta mistura repousou por 5 minutos à temperatura ambiente, por último pipetaram-se 3mL de N- (1-naftil) etilenodiamina dicloridrato (NED 0,1% m/v) (PA, Merck) e a mistura foi a incubar a 25ºC por 30 minutos. Observou-se um cromóforo rosa, e leu-se a absorvância a 533nm.

Para o controlo repetiu-se o procedimento substituindo a amostra por água. A percentagem de inibição do radical NO foi determinada utilizando a (equação 2).

Equação 2

Teste da inibição do anião O• ¯

O teste de superóxido aplicado baseou-se no método (Yu et al., 2006) citado por (Morais et al., 2009; Alam, Bristi, & Rafiquzzaman, 2013). O anião O¯ é gerado pela

(43)

Materiais e Métodos

reação de Phenazine metosulfato (PMS), (≥90% (UV), Sigma Aldrich), com dinucleótido de nicotinamida e adenina hidreto (NADH), (Pureza ≥97%, Sigma

Aldrich), e oxigénio (Karadag, Ozcelik, & Saner, 2009) provocando a redução do

nitroblue tetrazolium (NBT), (≥98% Merck, a Formazan).

Foi adicionado em tubos de vidro rolhados 0,5mL de amostra a 0,5mL de uma solução constituída por NADH (189μM) e NBT (120μM) em 2-Amino-2-hydroxymethyl-propane-1,3-diol (Tris-HCl) (40mM; pH=8), (≥99,0%, PA, Merck). A reação teve início após adição de 0,5mL de PMS (60μM). Realizou-se um controlo, substituindo a amostra por água. Após 5 minutos de incubação à temperatura ambiente, seguiu-se a leitura das absorvância a 560 nm. A percentagem de inibição do anião superóxido foi calculada utilizando a (equação 2).

Método pela captação do radical ABTS

O radical ABTS (2,20-azino-bis(3-etilbenztiazolina-6-ácido sulfónic) ( >98%,

Merck) forma-se após oxidação do ABTS com o persulfato de potássio 140 mM, (≥99%, PA, Merck), durante 12h no escuro. Para captação deste radical seguiu-se o

método de Zulueta (Zulueta, Esteve, & Frígola, 2009).

Para o reagente foi preparada uma solução juntando 10mL de ABTS 7mM com 176μL de persulfato foi armazenado na ausência de luz por 12 horas à temperatura ambiente, diluiu-se a solução em etanol até atingir uma absorvância de 0,7 a 734nm (cerca de 70 diluições) (Zulueta et al., 2009).

O poder antioxidante é determinado pela capacidade de resgate deste radical sendo o produto resultante incolor. Assim, quanto menor a absorvância maior a concentração de compostos com propriedades antioxidantes (Karadag, Marmara, & Saner, 2009).

Foi pipetado 2850μL do radical ABTS a 150μL de amostra de extrato aquoso. Com o mesmo procedimento efetuou-se um controlo, substituindo a amostra pelo H₂O. Após 30 minutos no escuro foi lida absorvância a 734nm.

Com concentrações conhecidas de Trolox determinou-se a recta de calibração os resultados foram expressos em nmol TE/g de MS de gengibre. Foi utilizada a equação 1, para calcular a percentagem de inibição do radical em 50%.

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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Resultados e Discussão

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Ensaio Clínico

3.1.1 Caracterização da amostra

A amostra foi constituída por 24 adultos (n=24), não diabéticos, divididos em dois grupos (n=12). Características gerais dos indivíduos que fizeram parte do estudo estão representados na Tabela 2, em relação à parâmetros antropométricos, Índice de massa corporal (IMC), (D. Gallagher, S. B. Heymsfield, M. Heo, S. A. Jebb, P. R. Murgatroyd, 2000).

3.1.2 Caracterização e comparação da ingestão alimentar no dia anterior à PTGO e PTGO (GENGIBRE)

Análise da homogeneidade dos grupos

Após validação do pressuposto da distribuição normal para ambos os grupos aplicou-se o teste t-student (paramétrico) para avaliar a sua homogeneidade, Tabela 2.

Tabela 2: Características dos participantes do estudo (N = 12 para cada grupo). Os dados representados significam Média (±SEM).

Parâmetros Grupo de controlo Média (±SEM)

Grupo de intervenção

Média (±SEM) p-value Altura (m) 1,68 ± 0,03 1,64 ± 0,02 0,386 Peso (Kg) 64,09 ± 2,88 65,46 ± 2,53 0,725 IMC (Kg/m²) 22,74 ± 0,48 23,87± 0,50 0,116 Calorias (Kcal) 1826,18 ± 110,35 2283,04 ± 179,09 0,041 Hidratos de Carbono (g) 247,81 ± 21,91 306,79 ± 22,73 0,075 Proteinas (g) 56,33 ± 4,85 89,86 ± 10,63 0,011 Lípidos (g) 73,93 ± 6,56 79,71 ± 8,99 0,608

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

36

Neste estudo apesar de se observarem diferenças nos valores médios de calorias e proteína ingerida entre os 2 grupos com significado estatístico (p<0,05) considera-se que este parâmetro não irá influenciar a variável dependente do estudo (valores de glicémia). Os restantes parâmetros não apresentam resultados com significado estatístico, (p> 0,05), Tabela 2, pelo que se assume que para efeitos de comparação do efeito de infusão de gengibre nos valores de glicémia os grupos são homogéneos.

Glicémia capilar

Comparação dos valores de glicemia para t0, t1,t2,t3, t4 entre os 2 grupos (Tabela 3).

Tabela 3: Os níveis de glicose no sangue (mmol/L) obtidos em PTGO (N=12 para cada grupo).

Os níveis de glicose no sangue (mg/dl) Média (±SEM) Tempo (min) Grupo de controlo Média (±SEM) mmol/L Grupo de intervenção Média (±SEM) mmol/L t0 4,82 ±0,12 4,93 ±0,07 t30 10,04 ±0,47 7,72 ±0,28 t60 8,76 ±0,66 6,56 ±0,21 t90 6,64 ±0,36 5,85 ±0,19 t120 6,03 ±0,28 5,55 ±0,18

A análise estatística revelou que não existe interação entre os fatores independentes de medidas repetidas ( = 0,069), pelo que não é possível inferir sobre as diferenças nos valores de glicemia pós-prandial nos diferentes momentos para os 2 grupos estudados.

Comparação dos valores de AUC, Cmáx e ΔCmáx

Após verificação dos pressupostos da distribuição normal para ambos os grupos aplicou-se o teste paramétrico (Teste t-student para 2 amostras independentes) onde se observa que há diferenças com significado estatístico na AUC (p<0,0001), na variação

(47)

Resultados e Discussão

Tabela 4: Valores médios (±SEM) da área abaixo de curva (AUC) para os níveis de glicémia, concentração máxima de glucose (Cmáx) e Variação da concentração máxima de glucose (ΔCmáx) (N-12 para cada grupo).

As diferenças encontradas no presente estudo estão de acordo com a evidência, reportada num estudo de meta-análise (Daily, Yang, Kim, & Park, 2015), da eficácia da ingestão de 2 g gengibre, por indivíduos diabéticos tipo 2, na diminuição significativa dos níveis de glicose no sangue e HbA1c (p< 0,05).

Por outro lado diversos ensaios in vivo, em ratos diabéticos induzidos por estreptozotocina, revelaram resultados concordantes com o efeito hipoglicemiante observado no presente estudo. Bhandari e col. observaram atividade hipolipidémica e hipoglicemiante significativa (p < 0,01), em ratos com dislipidemia diabética, após ingestão de extrato metanólico de gengibre (200 mg/Kg) (Bhandari, Kanojia, & Pillai, 2005). Num outro estudo com uma dose superior(500 mg/Kg) de extrato de gengibre, foi também observada uma diminuição significativa (p<0,05) do nível plasmático de glucose em (52%) (Al-Amin et al., 2006). Também na administração por via intraperitoneal de um extrato aquoso de gengibre em duas doses diferentes 500 mg/d e 1000 mg/d, foram associados efeitos hipoglicémicos consoante a dose (p<0,001). (Al-Qudah, Haddad, & El-(Al-Qudah, 2016).

Níveis de glicose no sangue Grupo de controlo Média (±SEM) Grupo de intervenção

Média (±SEM) p-value AUC 334,43 ± 32,40 169,75 ± 17,29 0,000

Cmáx 10,04 ± 0,47 7,72 ± 0,28 0,000

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

38 3.2 Análise química

O nível de compostos fenólicos em extratos metanólicos das folhas, rizomas e hastes de Zingiber officinale Roscoe. são polifenóis conhecidos pela capacidade atividade antioxidante e é provável que a atividade dos extratos seja devida a estes compostos.(Beal, 2006) Acredita-se que essa atividade deve-se principalmente às suas propriedades redox, que desempenha um papel importante na adsorção e na neutralização de radicais livres, em termos de oxigênio de singuleto, ou em peróxidos de decomposição (Ghasemzadeh, Jaafar, & Rahmat, 2010)

Os antioxidantes podem ser de grande benefício na melhoria da qualidade de vida, prevenindo ou adiando o aparecimento de doenças degenerativas. A proteção contra radicais livres (Ghasemzadeh et al. 2010), pode ser reforçada por uma ampla ingestão de antioxidantes alimentares, (Alam et al., 2013) podendo diminuir as reacções de oxidação (Priya Rani et al., 2011)a que os sistemas biológicos estão sujeitos. A inibição deste radical livre é importante porque quando em excesso, motiva à activação e recrutamento de plaquetas causando a formação de trombos (Pashkow, 2011) e também participa na formação do radical hidroxilo (Valko et al., 2007).

Evidências substanciais indicam que alimentos que contenham antioxidantes e possivelmente em particular os nutrientes antioxidantes podem ser de grande importância na prevenção de doenças (Ghayur & Gilani, 2005).

Os resultados, (Tabelas 5 e 6) indicam que o gengibre pode ser uma potencial fonte de antioxidantes naturais, possivelmente podendo ser utilizado como substituinte aos antioxidantes sintéticos amplamente utilizados pela indústria de alimentos, tendo em consideração a preocupação dos consumidores com a toxicidade desses aditivos.

As amostras de gengibre foram submetidas a análises com o método de Folin – Ciocalteau, o qual quantifica os fenólicos totais da amostra; ao teste de inibição do radical NO• ; ao método superóxido anião O2•¯ e ao método com o radical ABTS

(2,2´-azinobis(3- etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico). No âmbito deste estudo foi observada a actividade antioxidante, o conteúdo fenólico total e o conteúdo de flavonóides totais do extrato aquoso de gengibre.

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Resultados e Discussão

3.2.1 Teor em fenóis e em flavonóides totais

No âmbito da quantificação em fenóis totais e em flavonóides da infusão de gengibre foram determinadas retas de calibração usando como padrão respetivamente o ácido gálico e quercetina. Os dados apresentados na Tabela 5 mostraram o conteúdo fenólico total, assim como a capacidade antioxidante (Guo, Wu, Du, Zhang, & Yang, 2014), da infusão de gengibre ingerido pelo participante. Os resultados da análise química do gengibre usado neste trabalho revelaram um alto teor em fenóis (13,85 (±0,1) mg Eq. de ácido gálico/L) e estão de acordo com os valores obtidos (Ghasemzadeh, at al.2010).

Tabela 5: Resultados dos testes da quantificação de fenóis e flavonoides totais (N=7)

3.2.2 Estudo da quantificação da atividade antioxidante da infusão de gengibre.

Foi realizado o teste de inibição do anião O2•¯ que revelou ser possível alcançar

uma % de inibição de cerca de 28,90 (±1,16) % no extrato aquoso de gengibre para uma quantidade equivalente a 6,86 mg/L de fenóis totais. (Tabela 6). O teste O2 foi gerado

na junção dos reagentes PMS/NADH/O2 (Karadag, Ozcelik, et al., 2009; Miguel, 2010).

Para captação do radical superóxido foi utilizado um espectrofotómetro a 560nm (Karadag, Ozcelik, et al., 2009; Dai & Mumper, 2010) e calculada a percentagem de inibição, cujo valor é concordante com outros estudos(Sharma, Bhardwaj, Mann, Jain, & Kharya, 2007).

Extrato Valor médio (± SEM) FENÓIS TOTAIS

y = 6,431E0,3x + 1,787E-02 (R² = 9,992E-01)

Aquoso

mg Eq ácido gálico/L 13,85 (± 0,1)

mg de ácido gálico/g gengibre 0,7 (±0,0)

FLAVONÓIDES TOTAIS

y= 2,5015E-02x –1,2673E-02 (R² = 9,9939E-01)

Aquoso

mg Eq quercetina/L 3,35 (± 0,2)

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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O NO• é gerado em tecidos biológicos por óxido nítrico síntase específico, que metaboliza arginina em citrulina com a formação de NO• através de uma reação oxidativa de cinco eletrões (Ghasemzadeh, Jaafar, & Rahmat, 2010). Relativamente ao teste da inibição do NO•, observou-se uma percentagem de inibição do radical NO• de aproximadamente 17,41 ± 1,81% com uma quantidade equivalente de 13,85mg Eq. de ácido gálico/L. Em conclusão, o teste NO• revelou que a infusão de gengibre possui forte atividade antioxidante para este radical. (Sharma et al., 2007). Os resultados apresentados no presente estudo estão em concordância com os apresentados por (Karadag, Marmara, et al., 2009) que indicam que o extrato de gengibre inibiu a excessiva produção do radical (Alam et al., 2013)

O teste NO• revelou que a infusão de gengibre possui forte atividade antioxidante, Tabela 6.

O teste de inibição do anião O2•¯ revelou que é possível alcançar uma % de inibição de cerca de 28,90 (±1,16) % no extrato aquoso de gengibre para uma quantidade equivalente a 6,86 mg/L de fenóis totais, Tabela 6.

Para o teste ABTS, os resultados revelaram que no extrato aquoso a concentração de 81,02 µmoles equivalentes de trolox/g de gengibre (SEM ± 0,82), é correspondente a uma % de inibição de 25,80 (±0,25) % de mg Eq. ácido gálico/L, do radical ABTS, Tabela 6.

Tabela 6: Atividade antioxidante responsável pelo poder redutor e inibitório de radicais pelo extrato aquoso de gengibre. Os resultados encontram-se expressos em termos de média e erro padrão da média (±SEM) nos testes NO•, O2•¯ e ABTS e respetiva percentagem de inibição.

Aquoso V NO• Médio (±SEM) O• ¯ VMédio (±SEM) ABTS VMédio (±SEM) Concentração

(mg Eq. ácido gálico/L) 13,85 6,86 -

Percentagem de inibição (%) 17,41 (±1,81) % 28,90 (±1,16) % 25,80 (±0,25) % Concentração (µmol Eq.TE/L) - - 162,04 (±1,64) Concentração

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Resultados e Discussão

Os resultados obtidos na análise química poderão suportar os efeitos observados nos valores da glicémia capilar, após ingestão da infusão de gengibre dados que estudos realizados em humanos e animais mostram que os compostos bioativos presentes no gengibre possuem efeitos positivos na diabetes tipo 2 (Beal, 2006; A. Lima et al., 2014), uma das explicações para essa melhoria pode estar associada aos compostos fenólicos presentes no gengibre que atuam degradando o excesso de radicais livres produzidos no paciente diabético, diminuindo assim seu estresse oxidativo e por conseguinte o estado de hiperglicemia. (Mahluji et al., 2013.)

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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Conclusão

4 CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou que a ingestão de infusão de gengibre (0,2g de gengibre em 100 mL de água) pode ser benéfico nos valores de glicemia de indivíduos não diabéticos uma vez que produziu um efeito significativo na resposta glicémica (AUC), onde se pode observar que há diferenças com significado estatístico na AUC (p<0,0001), na variação de Cmáx (p<0,0001) e no Cmáx (p<0,0001) entre os 2 grupos, Tabela 4.

Os resultados obtidos também permitem sugerir que a ingestão da infusão de gengibre pode ajudar a regular os níveis de glucose no sangue resultantes de uma sobrecarga como a prova de tolerância à glicose oral (PTGO), com benefícios a nível hipoglicemiante em indivíduos não diabéticos. É importante salientar que apesar de se verificarem diferenças estatisticamente significativas, seria pertinente verificar o efeito da infusão de gengibre por um período mais alargado. Num trabalho futuro seria interessante realizar estudos de intervenção semelhantes, mas de longa duração, contemplando a dosagem e o modo de preparação da infusão de gengibre, para que possamos observar outros resultados comparativos. Assim, o gengibre pode ser de grande valor na gestão dos efeitos hipoglicemiantes, sendo uma fonte de conteúdos fenólicos com poder antioxidante (Al-Amin, Thomson, Al-Qattan, Peltonen-Shalaby, & Ali, 2006).

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Efeito da ingestão de infusão de gengibre na glicemia de indivíduos não diabéticos

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Bibliografia

5 BIBLIOGRAFIA

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Imagem

Figura 1: Regulação da glicémia plasmática. Adaptado por (Wardlow, G. et al. (2012).
Figura 2: Zingiber officinale Roscoe: visão geral da planta. Adaptado de (Franz Eugen Köhler, (1914).
Figura 3: Compostos bioativos do gengibre: Shogaol e Gingerol. Adaptado (Moon M, 2014; Young H.-Y,  2005).
Tabela 1: Ensaios clínicos que estudaram efeitos de gengibre na glicemia em jejum e glicémia pós – prandial
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Referências

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