ESTRABISMO
NA
CRIANÇA
-
TRIAGEM
EM
UM
AMBULATORIO
DE
PEDIATRIA
Trabalho apresentado à
Universidade Federal
de Santa Catarina, para a conclusão de Graduação
em
Medicina.FLORIANÓPQLIS
ESTRABISMO
NA
CRIANÇA
-
TRIAGEM
EM
UM
AMBULATORIO
DE
PEDIATRIA
Trabalho apresentado à
UniversidadeFederal
de Santa Catarina, para a
conclusão de Graduação
em
Medicina.Coordenador
do
curso: Prof. Dr.Edson
J.Cardoso
Orientador: Dr. Carlos
Eduardo
PinheiroFLORIANÓPOLIS
Trabalho de conclusão no curso de Graduação de Medicina,-Universidade Federal de Santa Catarina.
Aos meus
pais queridos, queme
apoiaramem
todos osmomentos
que
precisei, e
sem
o seu incentivo eunão
estaria aqui.Aos meus
irmãos, quesempre
compartilharammeus
bons emaus
momentos,
com
amesma
compreensão
e amizade; e aosmeus
familiares.À
Dra
Cláudia Leite, que concordou na importânciado
tema
deste estudo;que
examinou sem
objeções todos os pacientes encaminhados, e que orientoue
ajudou-me
em
todos osmomentos
que precisei, desde o desenvolvimentodeste trabalho, até o seu fim.
Ao
Dr. AstorGrümann
Jr., quecom
suas criticas construtivas einformações preciosas auxiliou-me a escrever este estudo.
Ao
Dr. CarlosEduardo
Pinheiro, que entendeu a importância destetrabalho para a Pediatria e, entusiasticamente, colaborou para a sua realização.
Aos meus
colegas, que conviveramharmoniosamente comigo
durante estecurso e assim, ajudararn-me a amadurecer o suficiente para a realização de
meus
objetivos; eem
especial ao acadêmico Giovânio, que não hesitouem
momento
algum
de auxiliar-me., e a.companhar-mena
busca demeus
limites.Aos
funcionários da Oftalmologia doHRSJHMG
edo
ambulatório dePediatria
do
HU,
que colaboraram gentilmenteno
acesso às crianças.Para
quem
euamo,
pois foram muito companheiras e amigas.Introdução ... .. Objet1'vo...
Método
... .. Resultados. Discussão ... _. Conclusão.. Referências ... .. . . . . . . ‹ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . - - . . . . . . . . . . .. . . . . . z . › ~ . . . . . - -- . ‹ . . . . . . . . ‹ ‹ . . . . . . . z . - . . . . . . . . . z - - . . . . . . . ‹ . z ¬ . .- . . . . . . . . - . . . . . . . . . . ‹ ..-Estrabismo é
um
termomédico
usado para descrever desalinhamentosou
desvios dos eixos oculares geralmente
acompanhado
de distúrbioda
visãobinocular,
com
motilidade de cada olho se mantendo, na maioria das vezes, dentrodos níveis de normalidade.
Para entender
melhor
como
ftmciona o estrabismo é necessário conhecer afisiologia
da
visão binocular.Ao
fun do 1°mês
de vida é definido oreflexo
defixação,
que
consisteno
movimento
realizado pelos olhoscom
intuito de localizarsobre a fóvea (região central da retina, que possui o poder de definição) a
imagem
do
objeto a ser visualizado.Com
isto, cada vez queum
objeto desperta a atenção,ambos
os olhos, através doreflexo
de fixação,passam
a enfocar a suaimagem
sobre as suas fóveas. Estas duas imagens, através das vias ópticas atingem o lobo
occipital,
onde
são ftmdidas, proporcionando a percepção deuma
únicaimagem.
Este
mecanismo
é responsável pelo reflexo de fusão,um
movimento
binocularcoordenado destinado a proporcionar
um
adequado
posicionamento dos eixosoculares a todo
momento.
Consequentemente, aimagem
atingeambas
as fóveassimultaneamente, para a formação de
uma
únicaimagem
do
sistema nervosocentrall.
O
reflexo
de fusão atinge o seu pleno desenvolvimentoem
tomo
do
6°mês
devida. Até então, as crianças
podem
desviar seus olhos por imaturidadedo reflexo
defusão.
O
que
omédico
precisa saber é que esses desvios são ocasionais edevem
desaparecer após o 6° mês. Qualquer desvio dos eixos oculares que seja
permanente
ou
muito frequenteou
que surja após o 6°mês
é patológico e exige providências imediatas. Desviosno
sentido vertical são patológicosem
qualquer faixa etáriaz.A
maioria dos estrabismos iniciana
infância.A
prevalência geral de estrabismoem
uma
população infantil varia de1.6%
a 5%3'4”5°6°7”8'9”1°'“.A
maior
parte dos casos não apresentauma
causa definida.Alguns
fatoreshereditários
podem
desencadear o aparecimento de estrabismo: a estrutura Óssea,ametropias altas, anisometropias, malfonnações.
Além
disso, o estrabismopode
sersecundário a doenças que, perturbando a visão binocular e, portanto a fusão,
podem
desencadeá-lo: opacidades corneanas, lenticulares e vítreas, cicatrizes cório-
retínicas, distúrbios
do
desenvolvimento neuromotor, e distrofias e anomaliasmusculares.
O
risco deuma
criança vir a apresentar estrabismo seum
dos paistiver a
doença
é 4 vezes superior ao restante da populaçãos.De
acordocom
a direção e o sentido, os desviospodem
ser classificadosem:
1.Desvios convergentes
ou
esodesvios 2. Desvios divergentesou
exodesvios 3.Desvios verticais.
Também
podem
ser classificados em: heterotropiasou
estrabismos manifestos, e heteroforias
ou
estrabismos latentes.Heteroforia é o desvio dos eixos visuais
quando
os olhos estão dissociados.O
desvio se manifesta
quando
a fusão sensorial é quebrada através da oclusão deum
dos dois olhos.
Os
sinais e sintomas relacionados às heteroforias são relacionadosao esforço visual, principalmente para leitura
ou
tarefas para visualizar objetos auma
curta distância, sendo rarasna
visão para longe. São os sinais e sintomasastenopeicos, que consistem
em
hiperemia ocular, lacrimejamento, dor ocular,cefaléia,
ou
sintomas geraiscomo
tontura, mal-estar.As
heterotropiaspodem
ser constantesou
intermitentes, sendoque
nesta osmecanismos
fusionaispodem
manter os olhos alinhados porum
período detempo
variável,
podendo
apresentar osmesmos
sintomas das heteroforias.Na
criança é necessário distinguir o verdadeiro estrabismo do pseudoestrabismo,principais causas o epicanto e o liipertelorismo, que são alterações palpebrais,
muitas vezes assimétricas, que dão a impressão ao
examinador
inexperienteque
os olhos estão desviados.A
avaliação qualitativa e quantitativa de estrabismopode
ser feita por váriostestes.
No
entanto, três simples testes são suficientes para detecção deste distúrbiooftalmológico: de cobertura simples, de cobertura alternada, e
método
de
Hirschberg.
A
principal e mais grave consequênciado
estrabismo manifesto é ofenômeno
chamado
ambliopia.Ambliopia
é definida pela diminuiçãoda
acuidade visual,unilateral
ou
bilateral, causada por insuficiência de estímulosou
pela presença deestímulos inadequados atuando sobre
um
ou
ambos
os olhos durante o períodocrítico
do
desenvolvimento visual,compreendido
entre 0 a 8 anos de vida,no
qualo
córtex visual apresenta plasticidade suficiente para sofrer influências de estímulos
externos
modificando
sua evolução, sendo estes estímulos indispensáveis ao seupleno desenvolvimento”. Caracteriza-se clinicamente por ausência de lesão
intrínseca
que
possa ser a causa da baixa da acuidade visual. Dividem-se as causasem: estrabísmica (44%), anisometrópica (diferença significativa refracional entre os
dois 01h0s)(44%), e Qfgâniczz (12°/0)?
A
ambliopia, independente de sua causa, deve ser tratadacom
oclusãoaltemada
dos olhos até
aproximadamente
os 8 anos de idade, e quanto mais precoce foriniciado o tratamento melhores são os resultados”.
Após
esta idade o quadro éirreversível, passando o indivíduo a apresentar diminuição da capacidade visual
em
um
ou
ambos
os olhos, de maneira definitiva.O
tratamentodo
estrabismo visa tratar a ambliopia através da terapia oclusiva;corrigir erros refracionais que
possam
desencadearou
acentuar o quadro de desvio;Devido
às graves consequências decorrentesdo
estrabismo não tratado, éfundamental o seu reconhecimento precoce. Isto
pode
ser conseguidocom
exames
oftalmológicos simples, que
podem
ser facilmenteempregados
por pediatrasem
sua prática diária, pois estes profissionais
possuem
uma
posição privilegiadano que
se refere ao diagnóstico precoce de muitas afecções infantis.2.
OBJETIVO
Este estudo visa analisar qual a prevalência de estrabismo manifesto de
uma
população pediátrica que procura atendimento ambulatorial por causas
não
oculares, utilizando-se de testes objetivos e simples de triagem que encontram-se
3.
MÉToDo
Este foi
um
estudoem
duplo corte transversal, descritivo, contemporâneo,realizado
no
Hospital Universitáriono
período de janeiro de 1998 a julho de 1998.Foram
analisadas 552 crianças que procuraram o ambulatório de pediatria pormotivo não
ofialmológico.Foram
inclusasno
protocolo as crianças de 6meses
a 13 anos de idadeque
aguardavam
a consulta ambulatorial.O
examinador,em
cada dia de pesquisa,selecionava de 10 a 15 crianças pelo
número do
prontuário, e portanto,não
tevecontato
com
as crianças antesda
seleção, para evitarum
possível viés de amostra.A
seleção dos pacientes, a entrevista e oexame
foram realizados porum
doutorando
em
medicinacom
treinamento básico nosmétodos
de diagnósticodo
estrabismo.O
acompanhante
fornecia as informações referentes à identificação: idadedo
paciente, sexo e cor,
bem
como
oacompanhante
também
foi questionado sobre ossintomas oculares referidos pela criança
em
algum
momento
de sua vidaou
algum
sinal oftalmológico percebido por ele.
Quanto
auma
possível história familiar de estrabismo, foi questionado se haviaou
alguma
vez existiualguém na
famíliado
paiou
damãe com
estrabismo,tentando ilustrar brevemente ao
acompanhante
o que é estrabismo.Foram
realizados os três testes para detecção de estrabismo.As
crianças abaixode dois anos
foram
submetidas ao teste de cobertura simples para perto, coberturaanos
eram
realizados os testes de cobertura simples e alternado para perto e paralonge; e o
método
de Hirschberg para perto.O
teste de cobertura simples éum
teste monocular.Só
pode serusado
em
pacientes
com
fixação
central (foveal)em
cada olho. Este testemonocular
foi edeve ser realizado para perto
(33cm)
e para longe (6m).O
examinador pediu para opaciente
fixar
um
objeto. Então cobriu-seum
olhocom
um
objeto oclusivo, eobservou-se o que ocorreu
com
o outro olho. Semoveu
para fixaro
objetode
interesse caracteriza-se
uma
heterotropia (este olho estava desviado e a partirda
oclusão será
o
responsável pela visão,movendo-se
para fixar o objeto), eo
tipoda
heterotropia
depende
da direção edo
sentidodo
desvio. Se o olhonão
moveu,
retirou-se a oclusão e observou-se o que acontece
com
o olho ocluído ao serdescoberto. Se
moveu
para retomar afixação
trata-se deuma
heteroforia.Se
não
houve
qualquermovimento
dos dois olhos após osmovimentos
descritos acima,caracteriza-se
uma
ortoforia.A
mesma
sequência foi repetidacom
o olhocontralateral.
O
teste de cobertura alternado foi realizado somente se o teste de coberturasimples for nonnal.
Um
olho foi ocluído por 2 segundos, seguidoda
oclusãodo
olho contralateral pelo
mesmo
tempo; e omovimento
repetindo-sealtemadamente
por várias vezes.
Os
resultados foram interpretados damesma
formaque
o teste decobertura simples.
O
terceiro teste realizado foi ométodo
de Hirschberg. Esteexame
objetivou odiagnóstico e a
medida do
ânguloaproximado
da heterotropia.Uma
luz deuma
lanterna foi projetada nos dois olhos, a
uma
distância deaproximadamente
33cm
eo desvio
do
reflexo da luz corneana foi observado.Normalmente
ele é simétrico eAs
criançascom
alteraçãoem
qualquerum
dos trêsexames
referidosacima
foram encaminhadas
paraum
centro de referênciaem
oftalmologia para avaliaçãode
um
único especialistaem
estrabismo no Hospital Regional deSão
José, paraconfirmação
do
diagnóstico.Os
dados
foramarmazenados
na planilha eletrônica Excel 7.0(Microsofi®)
eanalisados
no
pacote estatístico Minitab 10.0 forWindows
(l\/[icrosofl®),utilizando-se
do
teste comparativo do X2 e teste t-Student,com
nível de4.
RESULTADOS
Dos
552
pacientes estudados,276
(50%) eram
do
sexo feminino, e276
(50%)
eram do
sexo masculino (Figura l).Não
houve
diferença estatisticamentesignificante entre os sexos, para p>0,05.. (Figura 1).
A
idade variou de 6meses
e a12 anos de idade,
com
uma
mediana
de idade de 5 anos emédia
de 5 anos e 6meses(Figura 1).
Em
relação à cor,368
pacientes(66.67%)
eram
da
cor branca,seguida pela negra
em
97 casos(l7.56%)
, e mulataem
87 (l5.76%).70-'
_
_!! ,,, __, I.. _-z. .« vuóof
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11ía
íonía
ía
ía
ía
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Ú”
im
wiim
im
iai íiõía
az.:-=-zâzzI
Masculino '.› ~Ê
Feminino4a5 6a7
8a9
l0al2
Idade (anos)
Figura 1
-
Distribuiçãosegundo
sexo e idade dos pacientes submetidos à triagem.História familiar para estrabismo foi positiva
em
141 crianças (25 .54%).Não
foi verificada chance
aumentada
de se diagnosticar estrabismo se oacompanhante
apontado
como
1° grau por46 acompanhantes (833%),
e de 2° e 3° grauem
95
pacientes (17.2l%).
Com
EstrabismoSem
EstrabismoHF
positiva 6 135HF
negativa ll400
TOTAL
17 535TABELA
1-
Correlação entre história familiar e Estrabismo.×2=o,s77 p>0.o5
Da
interrogação quanto à história pregressa de queixas ofialmológicas,431
pacientes
eram
assintomáticos, enunca
apresentaram qualquer alteraçãoofiahnológica, segundo o acompanhante.
Os
principais sinais e sintomas referidosforam cefaléia (4.34%), seguido por baixa da acuidade visual (3.98%), dor ocular
(3.62%), prurido (3.44%), lacrimejamento e hiperemia (2.7l%), fotofobia
(126%),
desvio ocular (0.70%), e outros (0.90%)_
Foram
encaminhados
ao especialista 48 pacientes(8.69% do
total) e 13não
compareceram
ao seguimento. Dentre os 35 pacientes avaliados pelo especialista,18
(51.43%) eram
ortofóricos e 17 (48.57%) tiveram confirmaçãodo
diagnósticois/
16/
im _í. .__ =›mab;vI¡.-r ..~. ._ - :_--~»zz.‹ 1 mf.-‹‹¬ ._ -¬ ...vzHeterotropias Heteroforias Ortofóricos Não compareceram
Figura 2
-
Avaliaçãodo
especialista dos pacientes encaminhados.Uma
vez
confirmada
a presença de estrabismo pelo especialista, estesforam
divididos
em
heterotropias e heteroforias eem
exodesvios e endodesvios (Figura3). Esotropia foi detectada
em
10 crianças (1.86%); seguida por exotropiaem
5pacientes (0.93%); e exoforia e esoforia representado 1 caso cada
(0.19%)
(Figura3). EXOf0I`l8 Esoforia 1 Exotropla ¿¿ c 10 Esotropia Z
®
UIK
0 2 4 6 8 10Dos
17 pacientescom
confinnação
de estrabismo 11eram
assintomáticos, ecada
um
dos seis pacientes restantes referindoum
dos sinais e sintomas a seguir:cefaléia, dor ocular, lacrimejamento, prurido, desvio ocular, e outro. (Figura 4).
1 1
I
Assintomáticos ~`:_ cefaléiaI
dor ocular=
lacrimejamento pruridoI
desvioE
outrosFigura
4
-
Sintomas dos pacientescom
estrabismoA
prevalência de estrabismo foi de3.08%
da população
estudada (1797.92%
3.08%
Figura 5
-
Prevalência de EstrabismoA
prevalência de heterotropias,ou
estrabpacientes)(Figura 6).
2,72%
97,28%
Fignra 6
-
Prevalência de Estrabismo manifestoI
Sem
EstrabismoE
Com
Estrabismo2 72°/ (15
ismo
manifesto foi de , 0I
SEM
HETEROTROPIA
=
COM
Do
total de casosconfirmados
de estrabismo, 8 pacienteseram do
sexo masculino e 7do
sexo feminino.5.
DISCUSSÃO
A
prevalência de estrabismoem
uma
população infantil varia de1.6%
a5%3'4°5'6°7”8”9°1°'“.
Após
testes de triagem de estrabismoem
crianças
em
idade escolarem
São
Carlos, foi encontradauma
prevalência de2.l7%6
de estrabismo. Estesdados
corroboram
com
a prevalência encontrada neste estudo, de 3.08%.A
prevalência de estrabismo manifesto (heterotropias)na
população varia entre1.8%
até 4.3%3°4”7.Dos
17 pacientescom
confirmação
de estrabismono
correnteestudo, 15 tinham heterotropias (2.72%).
Dos
48
pacientesencaminhados
aoespecialista, 13
não
compareceram
ao seguimento.Caso comparecessem,
aprevalência geral de estrabismo provavelmente teria aumentada.
Em
um
estudo de corte,Chew
et al7 encontraram prevalência de4.2%
deestrabismo manifesto, sendo
3%
esotropia el.2%
exotropia.Komder
et al3reconheceram
prospectivamente2.05%
da população infantilcom
esotropia, e1%
com
exotropia. Neste corrente estudo confirmou-sel.8%
de esotropias eO.9%
deexotropias.
A
prevenção de defeitos visuais pela detecção precoce de estrabismo seria auxiliada se os testes fossem utilizadosem uma
população de alto risco, por exemplo, aquelescom
história familiar positiva para estrabismo.Segundo
AurellE
et als, o risco de
uma
criança desenvolver estrabismo se os pais referem história familiar positiva é de quatro vezes Superior ao restante da população.Neste
presente estudo
não
foi observada relação entre história familiar e a presença deesuzbism‹›(×2=o,s77)(p>o.os).
Amil
E
et alstambém
relataram que 17.ó°/O dascrianças
com
história familiar positiva para estrabismo apresentaram-secom
o
parente
com
a doença.Apenas
4.44%
das criançasque
referiam história familiar positivaforam
confirmadas
com
estrabismo neste presente estudo. Estadiscrepância
pode
ser atribuídaou
àabordagem na
interrogaçãoda
históriafamiliar,
ou
ao desconhecimentodo acompanhante
da presençado
distúrbiona
família.
Os
testes utilizados pelo triagista para o diagnóstico de estrabismoforam
ométodo de
Hirschberg, o teste de cobertura simples, e o teste de coberturaalternado.
Segundo
Von
Noordenn,
o teste de cobertura simples e o alternadodetermina a presença de estrabismo
na
grande maioria dos pacientes, exceto as raras rnicrotropias; o que segundo o autor não reduz o valor desse teste.Segundo
Ehlich et al”, alguns dos programas estaduais de rastreamento visual
em
criançaspré-escolares nos Estados
Unidos
quetem
amelhor
relação custo-beneficioincluem o
método
de Hirschberg, o teste de cobertura simples e alternado.Segtmdo
cartado Comitê
de Medicina Ambulatorial Pediátrica daAcademia
Americana
dePediatria” , o
método
de Hirschberg, o teste de cobertura simples e alternado sãoos testes
recomendados
para o diagnóstico precoce de estrabismo.A
importância da utilização de testes objetivos de triagem foi ressaltada porKonder
et al3,no
qualdo
total de49
casos denovos
estrabismo diagnosticadosem
um
trabalho de rastreamento,comparou
a eficáciado
diagnóstico entre váriosprofissionais de saúde.
As
enfermeiras do sistema público diagnosticaram 18crianças; as enfermeiras
do
projeto, através de testes subjetivos, 33 casos; e osortoptistas
com
os testes de Hirscberg, de cobertura simples, cobertura alternado emais dois testes para motilidade ocular diagnosticaram 47 dos
49
casos.A
presença deum
número
significativo de falso-positivosem
um
teste detriagem
não
interfereem
sua validade para evitar as consequênciasda doença
em
que são encaminhadas.
Em
nosso estudo, foramencaminhadas
18 (3.26%) criançasque o especialista verificou que não tinham estrabismo. Este erro
pode
ser atribuidoa
um
pseudoestrabismoou
aum
erro do triagista.Entretanto,
um
níunero excessivo de crianças encaminhadas ao especialistatomaria inviável
economicamente
o projeto de seleção, visto onúmero
limitado deconsultas oftalmológicas
no
sistema de saúde pública, impossibilitando parte doscasos de estrabismo
no
acesso ao devido tratamento. Dias] ressaltaque somente
uma
pessoa experiente consegue diferenciar algims casos de estrabismo de pseudoestrabismo.A
necessidade de detecção precocedo
estrabismo já foimencionada
nesteestudo.
No
entanto é impraticável provir deexame
ofialmológico para todas ascrianças. Assim, rastreamento
em
massa
utilizando técnicas simples e rápidas paradetectar crianças que necessitem de avaliação detalhada parece ser a única
alternativa viável.
Dos
17 casos de estrabismo, apenas 6acompanhantes
referiram queixaofialmológica.
Apenas
2 pacientes jáhaviam
sido diagnosticadoscom
estrabismo.Estes
dados
ressaltam a importância de triagemem
um
ambulatório geral depediatria,
uma
vez que provavelmente a grande maioria permaneceriasem
diagnóstico, visto que os testes objetivos de diagnóstico preconizados neste estudo
não
fazem
parteda
rotinado
exame
ambulatorialna
grande maioria das vezesem
nosso meio.
O
Pediatraocupa
uma
posição privilegiada para o rastreamento deum
possívelestrabismo por vários motivos: l. Através de consultas de puericultura,
acompanha
as crianças desde o nascimento, o que permite o diagnóstico muito precoce
do
problema, o que
aumenta
o sucesso do tratamento. 2.Tem
o acesso periódico aosdiagnóstico. 3.
Com
apenas algims minutos adicionaisem
sua consulta, realizando os testemencionados
neste estudo, poderia fazer o diagnóstico da maioria dos casosestrabismo manifesto. 4. Poderá ser o único
médico
com
chance de diagnosticaro
estrabismo, fato fundamental para evitar a ambliopia, visto que poucas crianças
tem
acesso a
um
exame
oflalmológico, e não são realizados testes de rastreamentoem
massa no
Brasil”.Aproximadamente
50%
dos pacientescom
estrabismo manifesto irãodesenvolver a principal consequência do estrabismo na criança, a ambliopial.
Assaf
AA12
relatouque
a maioria dos pacientes ambliopes respondeu a terapiacom
o
início
do
tratamento até os 5 anos de idade.Em
poucos
casos corrigiu-seo
defeitoaté os 8 anos de idade.
A
partir de então o processo é totalmente irreversívelem
100%
dos casos.Assim
sendo, quanto mais cedo o início do tratamentoda
ambliopia maiores as chances de sucesso.
Além
da
perda da visão binocular ideal, o indivíduo amblíopetem
duas vezesmais chance de perder o olho
bom
do
que o restante da população, devido amais da
metade
dos casos por acidente de trabalhos.Ambliopia
é a principal causa de perdada visão
monocular
entre os 20 e 70 anos de idades. Estes são algims dadosque
ressaltam a importância sócio-econômica desta condição.
Ambliopia
estrabísmica éuma
causa tratável de perda visual permanente.Espera-se
que
uma
maior importância seja dada na identificação precoce dascrianças estrábicas, para se reduzir o
número
de pessoas jovens e adultasambliopes, que representam
em
tomo
de2%
da população adulta, de acordocom
a6.
CONCLUSÃO
A
prevalência encontrada de estrabismo manifestoem
crianças atendidasno
ambulatório de Pediatria
do
Hospital Universitário da Universidade Federal deSanta Catarina foi de 2.72%,
dado
este que enaltece a importânciado
diagnóstico7.
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estrabismo. Arq. Bras. Ofial. 1987; 50: 13- 25.ESTRABISMO
NA
CRIANÇA
-
TRIAGEM
EM
AMBULATORIO DE
PEDIATRIA
Eduardo
B. Rodrigues, CarlosEduardo
Pinheiro Cláudia Leite, AstorGrumann
Jr. Hospital Regional de São JoséHomero
deMiranda
Gomes
-
Serviço de Oftalmologia. Endereço: Av.
Rubens
deArruda
Ramos
3286/70188015-702
Centro Fpólis SC. Telefone/Fax: 048.228.2281INTRODUÇÃO:
O
estrabismo infantil atinge cerca de1.6%%
a4.5%
da
população, segimdo a literatura mundial.
Além
disso, essa condição representauma
grande causa (cerca de40%)
de ambliopia. Este estudo visa definir qual a real prevalência dessa importante causa de cegueira, utilizando testesobjetivos e simples de triagem que encontram-se ao alcance
do
pediatra.MÉTODO:
Foram
estudadas 552 crianças de 6meses
a 12 anos de idadeque consultaram
no
ambulatório geral de pediatriado
Hospital Universitáriode janeiro a julho de 1998.
O
protocolo continha dados referentes a: idade, sexo, cor sinais e sintomas observados pelo acompanhante, história familiar deestrabismo, e os testes realizados para triagem
(método
de Hirschberg, teste decobertura simples, e teste de cobertura altemado).
As
criançascom
alteraçãoem
qualquerum
dos três testes citados acimaforam
encaminhadas paraum
especialista para
confirmação
de diagnóstico.RESULTADOS:
Dos
552 pacientes avaliados,não
houve
diferençaestatisticamente significativa entre os sexos.
A
mediana
de idade foi de 5 anos.Das
48
crianças encaminhadas, 35compareceram
ao especialista, sendo 18estrabismo manifesto foi de
2.72%
do
total dos casos.CONCLUSÃO:
A
prevalência encontrada de estrabismo manifestoem
crianças atendidas
no
ambulatóriodo
Hospital Universitário da UniversidadeFederal de Santa Catarina é de 2.72%, dado este que enaltece a importância
do
diagnóstico precoce dessa condição, para evitarmos a sua principal sequela, a
Introduction: Prevalence of strabismus in children varies from
1.6% up
to4.5%. Besides , this condition represents
40%
of the ambliopia causes. This studyaims to evaluate the prevalence of this important cause of blindness
by
usingsimple
and
objective screening tests,which
can bedone by
Pediatrics or otherhealth care workers.
Methods:
A
fourth year medical school studentexamined
552 childrenfrom
6
months
to 12 years of agewho
were
attending to a Pediatrics clinics in theUniversity Hospital,
from
january to july, 1998.Data
obtained were: age, sex, race,any
ocular signs or simptoms, and family history of strabismus. Afterwards, threeobjective strabismus tests
were
done (Hirschberg, cover test, and alternate covertest). Children with abnormal fmdings in any of the three tests menctioned
above
were
referred to an ophthalmology toconfirm
the diagnosis.Results: There
was
no
significant diferencebetween
sex (276male and
276
female).
Age
averagewas
5 yearsand
6months
old.Of
the48
children referred,35
showed
up
to the ophthalmology. 17 (48.57%) childrenwere
confirmed
tohave
strabismus,and
18 (51.43%)were
found to be orthophorics. Strabismus prevalencewas
3.08%. Manifest strabismus prevalencewas 2.72%
of the total childrenexamined.
Conclusion: Prevalence found of manifest stranismus in a Pediatrics clinics
was
2.72%, what
brings out the importance of the early diagnosis of this condition,PE
0429
Ex.l