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Competências sociais, suporte social e dimensões disciplinares parentais em adolescentes filhos únicos e com irmãos

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Departamento de Educação e Psicologia

COMPETÊNCIAS SOCIAIS, SUPORTE SOCIAL E DIMENSÕES DISCIPLINARES PARENTAIS EM ADOLESCENTES FILHOS ÚNICOS

E COM IRMÃOS

Versão Final

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Rute Magali Carvalho Castro Inês Carvalho Relva Otília Monteiro Fernandes

Vila Real, 2017

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Departamento de Educação e Psicologia

COMPETÊNCIAS SOCIAIS, SUPORTE SOCIAL E DIMENSÕES DISCIPLINARES PARENTAIS EM ADOLESCENTES FILHOS ÚNICOS E COM IRMÃOS

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Rute Magali Carvalho Castro Inês Carvalho Relva Otília Monteiro Fernandes Dissertação submetida à Universidade de

Trás-os-Montes e Alto Douro como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clínica, em março de 2017.

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v

Aos meus pais, ao meu irmão, à minha avó Florinda, aos meus tios, aos meus primos e aos meus amigos por serem o meu mundo…

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vi Agradecimentos

A concretização desta etapa, o Mestrado de Especialização em Psicologia Clínica, significa terminar mais uma etapa fundamental da minha vida, foi um momento que sempre ansiei chegar durante todo o meu percurso de formação em psicologia, e neste momento parece cada vez mais estar-se a tornar realidade.

Este espaço limitado de agradecimentos não me permite agradecer, como devia, a todas as pessoas que, ao longo do meu Mestrado me ajudaram a cumprir os meus objetivos e a realizar mais uma etapa da minha formação académica.

Nem sempre conseguimos encontrar as palavras certas aquilo que é a nossa realidade e o que pretendemos dizer, em tom de obrigada, às pessoas que nos são queridas, e que estiveram sempre do nosso lado que sempre nos acompanharam a mão ao longo de todo este percurso. Com isto, reservo um espacinho para agradecer, do fundo do coração a todas as pessoas que tornam a realização deste duro trabalho possível.

Neste sentido, agradeço às minhas orientadoras Professoras Doutoras Inês Carvalho Relva e Otília Monteiro Fernandes por terem aceitado fazer esta caminhada tão importante comigo, por me terem dado todo o apoio, orientação, disponibilidade, compreensão e conhecimento. Todas as informações e experiências partilhadas foram imprescindíveis.

Agradeço aos meus pais que sempre me apoiaram de forma incansável em tudo, por acreditarem sempre em mim, e me fazerem sentir uma pessoa melhor, sem eles nada seria possível. Agradeço ainda a eles a oportunidade e possibilidade de me concretizarem este sonho, formar-me em Psicologia Clínica.

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Ao meu irmão João, por estar sempre presente na minha vida, por todo o orgulho que sempre teve em mim, e em me fazer acreditar que ia conseguir alcançar os meus objetivos.

À minha avó Florinda, um obrigada muito especial por todo o incentivo, por me dar sempre os melhores conselhos, por todos os ensinamentos da vida, pela força e por todo o encorajamento.

Aos meus tios e aos meus primos, por acompanharem o meu percurso, e apoiarem-me em todas as fases do mesmo.

Às minhas grandes amigas de curso, Patrícia, Tânia e Natércia que tornaram todo este percurso mais fácil através das suas presenças, como sempre foram um bom porto de abrigo nos momentos mais difíceis e de maior fragilidade.

A todos os meus melhores amigos de longa data pelas palavras sinceras de amizade, pelo companheirismo, por todas as alegrias, e não menos importante pela motivação e apoio nos momentos de maior fraqueza e desgaste.

Por fim, quero agradecer também à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que me possibilitou a realização deste trabalho, assim como a todo o corpo docente e funcionários que fizeram parte do meu percurso académico.

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ix Índice

Introdução 1

Estudo Empírico I: Competências sociais e satisfação com o suporte social numa

amostra de adolescentes filhos únicos e com irmãos

4 Resumo 5 Abstract 6 Metodologia 11 Caracterização da amostra 11 Instrumentos 12 Procedimentos 15

Estratégias de análise de dados 16

Resultados 17

Discussão 26

Implicações práticas, limitações e pistas para estudos futuros 32

Referências 34

Estudo Empírico II: Competências sociais e dimensões parentais disciplinares

numa amostra de adolescentes

40 Resumo 41 Abstract 42 Metodologia 49 Caracterização da amostra 49 Instrumentos 50 Procedimentos 53

Estratégias de análise de dados 53

Resultados 55

Discussão 62

Implicações práticas, limitações e pistas para estudos futuros 66

Referências 69

CONSIDERAÇÕES FINAIS 76

REFERÊNCIAS GERAIS 81

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x ÍNDICES DE TABELAS

ESTUDO EMPÍRICO I

Tabela 1. Correlações interescalares das variáveis respeitantes à satisfação com o suporte social e às competências sociais.

Tabela 2. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função da idade.

Tabela 3. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função da configuração familiar.

Tabela 4. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função do género.

Tabela 5. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função da idade do pai.

Tabela 6. Análise diferencial das competências sociais em função da escolaridade. Tabela 7. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências

sociais em função do tipo de fratria.

ESTUDO EMPÍRICO II

Tabela 1. Correlações interescalares das variáveis respeitantes às competências sociais e dimensões disciplinares parentais.

Tabela 2. Análise diferencial das dimensões parentais disciplinares em função da idade.

Tabela 3. Análise diferencial das dimensões parentais em função do sexo.

Tabela 4. Papel preditor do sexo e das dimensões disciplinares parentais nas competências sociais.

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1 Introdução

A presente dissertação centra-se em torno do suporte social e das competências sociais dos adolescentes, bem como das dimensões disciplinares parentais numa amostra de adolescentes.

Na adolescência, o relacionamento interpessoal sofre diversas modificações e fatores de atração física e psíquica, estabelecem-se novas relações, e é quando as relações com os grupos de pares se tornam mais significativas, atribuindo-lhes um maior significado. Por sua vez, é esperado que nesta fase do ciclo vital, os adolescentes consigam obter as habilidades, as atitudes e os comportamentos que os façam crescer de forma saudável, para que quando atingida a fase adulta se tornem socialmente competentes (Loureiro, 2013).

Enquanto na infância o tempo era quase todo passado com a família, quando iniciam a adolescência, os jovens começam a dispender mais tempo com os amigos ou até sozinhos, do que com a família, o que lhes possibilita ter um contacto com novas formas de agir e pensar. Estes, ao passarem grande parte do seu tempo com os amigos, procuram um espaço privilegiado e, ao mesmo tempo seguro, onde a cooperação, a competição, a cumplicidade, a confidencialidade e a entreajuda estejam presentes (Matos & Sampaio, 2009). Quando o adolescente passa a ser aceite pelo grupo, adquire o consentimento dos outros como alguém que participa e coopera para a existência do próprio grupo, adquirindo um sentimento de pertença entre os elementos do grupo. Estar com outros pares que se encontrem na mesma situação e que partilhem as mesmas experiencias, representa um suporte relevante para o bem-estar do adolescente, uma vez que é com os outros que aprende a associar-se, a estabelecer objetivos, a encontrar novas perspetivas, a vivenciar emoções, falar das dificuldades em lidar com as rápidas

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2 mudanças do crescimento e desenvolvimento individual, dos conflitos com os pais ou outros adultos (Dias, Matos, & Gonçalves, 2007).

Neto e Barros (2001) referem a fase da adolescência e a fase idosa como as fases em que se sente mais solidão. Na fase da adolescência, a solidão pode causar sentimentos de tristeza, desânimo, ansiedade, sintomas depressivos, baixa autoestima, dificuldades académicas e dificuldades nas relações com os pares (Rubin, Coplan, & Bowker, 2009).

Assim, as competências sociais são fundamentais para o adolescente conseguir manter e desenvolver relações de longa duração e também estabelecer a sua identidade no meio onde está inserido (Cacioppo, 2002). O conceito de competência social está associado a uma capacidade para enfrentar bem os desafios de vida, para conseguir uma relação boa consigo, com os outros e com a sociedade em geral (Palacio, 2007). Estes comportamentos para além da verbalização, incluem a expressão facial, a postura, o contacto visual, gestos, aparência física e entre outras. Assim, pode-se verificar que as habilidades sociais são consideradas como essenciais para o desenvolvimento do indivíduo (Del Prette & Del Prette, 2010). Saber comunicar e interagir de forma eficiente com os outros está associado a diversos fatores psicológicas e sociais positivos (Segrin & Taylor, 2007). Para o desenvolvimento destas competências, os principais grupos sociais são a família, a escola e o grupo de amigos. Sendo a família o primeiro grupo social em que o indivíduo está inserido, funciona como modelo de comportamento e modelação da conduta social, e fornece-nos condições para sermos bem-sucedidos na adaptação aos contextos da vida (Del Prette & Del Prette, 2010). Iremos tentar perceber se é diferente crescer ou não com irmãos, em termos do desenvolvimento das competências sociais.

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3 O trabalho de seguida apresentado encontra-se organizado em dois estudos empíricos distintos, todavia complementares. Ambas as investigações postulam o estudo das competências sociais em adolescentes, embora também contemplem outras variáveis e assumam objetivos diferentes. Desta forma, a primeira investigação, cujo título é Competências sociais e satisfação com o suporte social numa amostra de

adolescentes filhos únicos e com irmãos tem como objetivo geral, compreender a

aquisição de competências necessárias para um bom desenvolvimento físico, psicológico e social do adolescente, quer seja filho único, quer tenha irmãos. A segunda investigação que se intitula Competências sociais e dimensões disciplinares parentais

numa amostra de adolescentes pretende, de forma geral, avaliar as dimensões

disciplinares parentais na perspetiva dos adolescentes. Em ambos os estudos foram abordados os procedimentos metodológicos necessários à realização da investigação, bem como todas as características inerentes à amostra, instrumentos e análises estatísticas. Para finalizar, são apresentadas também as referências bibliográficas utilizadas ao longo do estudo, assim como os anexos necessários à justificação ou ilustração documental referenciada.

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4 ESTUDO EMPÍRICO I

Competências sociais e satisfação com o suporte social numa amostra de adolescentes filhos únicos e com irmãos

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5 Resumo

As competências sociais são essenciais para o adolescente desenvolver e manter relações duradouras.Esta investigação pretende explorar, em adolescentes, o seu suporte social e competências sociais. A amostra foi constituída por 305 participantes, 177 do sexo feminino e 128 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos. Os instrumentos utilizados foram a Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS) e o Social Skills Questionnaire (SSQ). Efetuaram-se análises de variância multivariada (MANOVA), com recurso à análise post-hoc através do teste de Scheffé nas múltiplas comparações, e ainda através de medidas de comparação de médias em amostras independentes, efetuando testes t relativamente à satisfação social observaram-se diferenças significativas em função da idade dos adolescentes, na dimensão atividades sociais. Relativamente à configuração familiar, verificou-se que os adolescentes de famílias intactas apresentam níveis superiores de satisfação com os amigos e de intimidade. Nas competências sociais, adolescentes de famílias com pais divorciados apresentam níveis superiores de autocontrolo. Face ao sexo, nas competências sociais, verificou-se que os participantes do sexo feminino apresentam níveis superiores de empatia, e o sexo masculino apresenta maiores níveis superiores de assertividade.Relativamemte à escolaridade, os níveis de autocontrolo são superiores nos adolescentes que frequentam o 3º ciclo. Finalmente, não se encontram diferenças entre adolescentes filhos únicos e os que têm irmãos, relativamente às competências sociais, bem como à satisfação com o suporte social. Assim, sublinha-se a necessidade de promover relações saudáveis entre os pais e os adolescentes, no sentido de contribuir para a qualidade das relações na vida adulta.

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6 Abstract

Social skills are essential for the adolescents to be able to develop and maintain long-term relationships. This research aims to adopt its support and social skills. The sample consisted of 305 participants, of whom 176 were female and 128 were males with ages between 14 to 18 years. The instruments used in this study were the Social Support

Satisfaction Scale (SSSS) and the Social Skills Questionnaire (SSQ). Differential

analyzes were performed using multivariate analysis of variance (MANOVA), using

post-hoc analysis through the Scheffé test in multiple comparisons, and through means

comparison of means in independent samples, by performing t-tests. According to the results and social satisfaction, significant differences are observed as a function of the adolescents’ age, in the social activities dimension. The family configuration, it was found that adolescents from intact families had higher levels of satisfaction with friends and intimacy. In social skills, adolescents from families with divorced parents have higher levels of self-control. According to the gender, in the partner competences, it was found that the female participants had higher levels of empathy, and the male had higher levels of assertiveness. Faced with education, levels of self-control are higher in adolescents who attend the third cycle. Finally, we investigated and we found no differences between adolescent only children and siblings with respect to social skills, nor in relation to satisfaction with social support. In this sense, the study stresses the need to promote the establishment of healthy relationships between parents and adolescents, in order to contribute to the quality of relationships in adult life.

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7 Competências sociais

As competências sociais, como um atributo avaliativo de comportamento, são aprendidas e aceites socialmente, permitindo ao adolescente interagir com os outros, evitando comportamentos pouco favoráveis que levem a interações negativas (Gresham, 2009). Estas competências podem ser vistas como competências de vida, de adaptação aos vários contextos do adolescente (Matos, 1997). Pelo que, o conjunto de competências sociais tem influência no seu desenvolvimento e nos seus desempenhos sociais, especialmente a nível relacional, académico, profissional, e na saúde (Bandeira, Del Prette, Del Prette, & Magalhães, 2009).

A família é o primeiro meio que mais influencia o desenvolvimento social e pessoal, sendo esta a instituição social mais importante onde a evolução do indivíduo começa (Fernandes, 2005). Grande parte da nossa personalidade é desenvolvida a partir dos conhecimentos que adquirimos com a família, em especial das relações que temos com os pais e irmãos, ou, no caso de filhos únicos, apenas e principalmente com os pais (Fernandes, 2005). O valor dos irmãos como meio de aprendizagem de competências é posto em causa nos filhos únicos. A falta de experiência com estes pares parece explicar que, no geral, tenham uma capacidade menor de se relacionarem com os outros (Fernandes, 2005).

Por outro lado, os colegas também desempenham um papel crucial no desenvolvimento e na aprendizagem das competências sociais do adolescente (Matos & Sampaio, 2009). Estar em grupo de pares que partilhem as mesmas vivências permite desenvolver a perceção de um bom suporte, em que é possível aprender a relacionar-se, estabelecer objetivos, descobrir novos horizontes, pois no grupo é-lhes permitido vivenciar emoções, falar das dificuldades em lidar com as diversas mudanças do crescimento e desenvolvimento, dos conflitos com os pais ou outros adultos, bem como

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8 do desconhecimento acerca de certos assuntos, tudo isto sem se sentirem julgados (Dias, Matos, & Gonçalves, 2007).

Por conseguinte, as relações interpessoais positivas bem estabelecidas, apresentam-se como um método para atenuar o impacto negativo que a solidão pode desencadear no adolescente. A solidão pode estar presente na vida do adolescente de forma saudável ou, por outro lado, atuar como um possível fator de risco, ainda que difira de pessoa para pessoa (Tomé, 2009). De forma que estas relações interpessoais sejam desenvolvidas e bem-sucedidas, é necessária a aquisição de competências sociais essenciais que incluem a empatia, a assertividade, a cooperação e o autocontrolo (Loureiro, 2013). A empatia define-se como comunicar ao outro ser humano que compreendemos o que ele está a sentir e como está a sentir, ou seja, é irmos ao encontro do outro (Pink, 2009). Estar com o outro, ouvi-lo, processar a informação e refletir sobre o que o outro lhe disse, faz com que ele se sinta importante, facilitando os pensamentos e podendo melhorar a autoestima (Castanyer, 2004). No que diz respeito à assertividade, esta define-se como um conjunto de comportamentos transmitidos por uma pessoa em contexto social, onde a pessoa exprime os seus sentimentos, desejos, opiniões ou direitos pessoais de uma forma clara, direta e honesta (Alberti & Emmons, 1983; Galassi & Gallassi, 1977). Ser assertivo, é ser capaz de afirmar por gestos e palavras o que pensa, sente e quer deixando ao mesmo tempo, espaço ao outro a fazê-lo da mesma forma, tendo em consideração os sentimentos e o bem-estar do outro (Alberti & Emmons, 1983; Galassi & Gallassi, 1977). Já a cooperação pode ser definida como a capacidade de fazer conhecimentos, atitudes e habilidades no sentido de agir em conjunto, com vista à realização de um fim comum, aumentando as potencialidades de cada indivíduo de forma permanente e estável (Jardim & Pereira, 2006). O trabalho de grupo cooperativo facilita o desenvolvimento de competências importantes, permitindo

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9 dar solução as suas próprias dificuldades de modo socialmente aceitável, bem como a gestão de conflitos facilitando o crescimento do grupo tornando o mais forte (Jardim & Pereira, 2006; Lopes, Rutherford, Cruz, Mathur, & Quinn, 2006). Quanto ao autocontrolo este é definido como o saber comportar-se de acordo com as regras da sociedade de modo a ser capaz de deter uma ação (Kopp, 1982).

Sabe-se ainda que as competências pessoais e sociais não são só desenvolvidas em meio escolar, podem também ser desenvolvidas em meio institucional. Contudo, verifica-se que há investigações que têm demonstrado que a participação em atividades extracurriculares está agregada a um reduzido abandono escolar, a uma diminuição dos problemas de comportamento, a uma construção de relações interpessoais positivas, e a competências e recursos positivos (Howie, Lukacs, Pastor, Reuben, & Mendola, 2010).

Estão desenvolvidos em Portugal, vários programas para a promoção de competências a nível pessoal e social, tendo como objetivo um grupo de treino destas competências, adquirir competências necessárias ao bom desenvolvimento físico, psicológico e social sobretudo ao nível da assertividade, capacidade de escuta ativa, relação interpessoal, descentração entre outras (Remédios, 2010). Estes grupos de treino podem ter fins a nível terapêutico, preventivo ou promocional (Matos, 1997). Os programas supracitados permitem o aumento das competências dos adolescentes para lidar consigo, com os outros, e com as situações stressantes e desafios do meio ambiente, levando à escolha de um estilo de vida saudável, sendo estas competências consideradas como um processo de promoção de saúde (Gaspar, Matos, Ribeiro, & Leal, 2006).

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10 Suporte Social

Define-se suporte social como um constructo complexo e multidimensional, que tem sido definido e medido de uma forma variada, onde se tem refletido uma falta de consenso a nível científico quanto a uma definição precisa (Rodriguez & Cohen, 1998).

Para Kaplan, Cassel e Gore (1977) o suporte social define-se como o grau em que as necessidades sociais de uma pessoa são superadas através da relação com outros.

Alguns autores (Cohen & McKay, 1984; Cohen & Syme, 1985; Cohen & Willis, 1985) reforçam o trabalho benéfico do suporte social, tanto na saúde física como ao nível do bem-estar psicológico, funcionando como fator protetor em diversas situações de vida. O suporte social de certa forma parece acalmar o impacto de um conjunto de situações de vida stressantes e de experiências diferentes da vida, contribuindo para o bem-estar físico e psicológico (Cohen & Willis, 1985).

Pessoas com um maior suporte social têm melhor saúde do que pessoas que vivem isoladas (Kemeny, 2007). O suporte emocional e o suporte fornecido por parte da família, parecem ser mais importantes, que certos comportamentos saudáveis, salientando a relação entre suporte social e diminuição dos efeitos do stresse (Uchino, Cacioppo, & Kiecolt-Glaser, 1996). Considera-se, ainda, que o suporte social é capaz de originar benefícios para a saúde a nível físico como mental, guardando uma relação de bem-estar (Rodriguez & Cohen, 1998). A informação que permite a pessoa processar o suporte social divide-se em três partes: de que é amado e que existem pessoas preocupadas com ele; de que é apreciado e valorizado; e de que está inserido numa rede social (Cobb, 1976).

O suporte social dos pais e da família, nos adolescentes parece ter um efeito inibidor de comportamentos de risco, verificando-se que a existência de um grupo de

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11 suporte social ajuda a reduzir estes mesmos comportamentos (Abbot-Chapman, Denholm, & Wyld, 2008).

Existem três tipos de apoio que alguém pode receber através de uma rede social: suporte emocional, suporte instrumental e suporte informacional (Rodriguez & Cohen, 1998). Suporte emocional refere-se aquilo que as pessoas fazem ou dizem a alguém e é percebido como cuidado e preocupação do outro. O suporte instrumental compreende as ajudas que os outros podem fazer a alguém, e por fim, o suporte informacional inclui receber de outras pessoas informações importantes para que a pessoa se possa orientar nas suas ações ao dar solução a um problema (Rodriguez & Cohen, 1998).

Assim sendo, dada a escassez de estudos que explorem a associação entre o suporte social e as competências sociais, e dada a importância que estas variáveis apresentam aquando do desenvolvimento dos adolescentes, torna-se pertinente o desenvolvimento da presente investigação que pretende: (a) analisar a associação entre a satisfação social e as competências sociais; e (b) verificar se existem diferenças na satisfação com o suporte social e das competências sociais em função da idade, da configuração familiar, do género, da idade do pai, da escolaridade dos adolescentes, e do tipo de fratria.

Método Caracterização da amostra

A presente investigação baseou-se numa amostra constituída por 305 adolescentes, pertencentes a um agrupamento escolar na região norte e Portugal, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos de ambos os sexos (M=15.93,

DP=1.068). Em termos do sexo dos adolescentes, temos que 177 adolescentes

correspondem a 58% do total são do sexo feminino, enquanto 128 correspondentes a 42% dos inquiridos, são do sexo masculino. A maioria dos adolescentes participantes

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12 (95.4%) apresenta nacionalidade portuguesa, com apenas 4.6% dos mesmos a terem nacionalidade de outro país. No que concerne à escolaridade dos adolescentes participantes, os mesmos frequentam entre o 9º e o 12º ano, sendo que 118 dos frequentam o 9º ano de escolaridade (38.7%), 91 estudam no 10º ano (29.8%), 63 estudam no 11º ano (20.7%), e por fim, 33 frequentam o 12º ano (10.8%). Relativamente ao número de irmãos, a presente amostra de adolescentes apresenta em média 1 irmão (M=1.26, DP=1.031), e 46 (15%) adolescentes indicam não ter irmãos, 185 (60.7%) têm um irmão, 44 (14.4%) indicam ter dois irmãos, 17 (5.6%) apontam ter três irmãos, 6 (2.0%) apresentam quatro irmãos, outros 6 (2.0%) revelam ter cinco irmãos, e apenas um adolescente (.3%) revela ter sete irmãos. Desta forma, verifica-se que a maioria dos adolescentes, sendo 265 (86.9%) provêm de famílias com os pais casados ou em união de facto, e 40 (13.1%) provêm de famílias com os pais divorciados. As habilitações académicas dos pais dos adolescentes variam entre o 4º ano e o ensino superior, com 107 adolescentes (35.1%) a indicar que os seus pais detêm o 6º ano, e 87 adolescentes (28.5%) a indicar que as mães detêm tal grau. Com o 9º ano surgem 65 pais de adolescentes (21.3%), e 91 mães (29.8%), e com o 12º ano surgem 43 pais (14.1%) e 50 mães (16.4%). Com o grau de ensino superior são indicados 21 pais dos adolescentes (6.9%), e ainda 40 mães (13.2%). Com níveis de escolaridade mais baixos (4º ano) surgem 69 pais dos adolescentes inquiridos (22.6%), e ainda 37 mães (12.1%).

Instrumentos

Questionário sociodemográfico - Este instrumento destina-se a recolher informação relativa a variáveis como a idade, sexo, nacionalidade, escolaridade, número de irmãos, estado civil e escolaridade dos pais.

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13 A Escala de Satisfação com o Suporte Social (ESSS) (Ribeiro, 1999) é constituída por 15 itens apresentados segundo um conjunto de afirmações para um autopreenchimento. O indivíduo deve indicar o grau em que concorda com a afirmação numa escala de Likert com cinco possibilidades de resposta: 1- “concordo totalmente”, 2-“concordo na maior parte”, 3-“não concordo nem discordo”, 4-“ discordo na maior parte” e 5-“discordo totalmente”. Esta escala é dividida por quatro dimensões: satisfação com os amigos e mede a satisfação com amizades/amigos, inclui os itens de 1 a 5 (e.g., “os amigos não me procuram tantas vezes como eu gostaria”); intimidade e mede a perceção da existência de suporte social íntimo, engloba os itens 6 a 9 (e.g., “Por vezes sinto-me só no mundo e sem apoio”), satisfação com a família e mede a satisfação com o suporte social familiar existente inclui os itens de 10 a 12 (e.g., “Estou satisfeito com a forma como me relaciono com a minha família”); e a última dimensão atividades sociais e mede a satisfação com as atividades sociais que efetua, abrange os itens 13 a 15 (e.g. “Sinto falta de atividade sociais que me satisfação”). O valor mínimo desta escala é de 15 valores e o máximo corresponde a 75 (Ribeiro, 1999). A análise da consistência interna através do alpha de Cronbach revelou que este apresenta boa consistência interna, na medida em o seu valor para a escala total é de .83. No que respeita a cada uma das dimensões, foram obtidos os seguintes valores: .78 para a satisfação com os amigos, .65 para a intimidade, .78 para a satisfação com a família, e ainda .62 para as atividades sociais. No que concerne à análise fatorial confirmatória da ESSS, confirma-se o ajustamento dos valores, sendo o X2(14)=49.719; p=.001; Ratio=3.551, RMR=.05,o CFI =.96 o GFI=.96, o AGFI=.96 e o RMSEA=.07.

O Social Skills Questionnaire (SSQ) (Gresham & Elliott, 1990; adaptado por Mota, Matos, & Lemos, 2011) faz parte do Social Skills Rating System (SSRS), sistema de avaliação constituído por diversas escalas de registo de comportamento. Este sistema

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14 foi desenvolvido por Gresham e Elliott (1990), no intuito de satisfazer requisitos de avaliação da competência social e de servir de base para o planeamento de intervenções nesta área. O sistema comporta vários formatos, englobando três faixas etárias – nível pré-escolar (3 a 5 anos), nível básico (1º ao 6º ano) e nível secundário (7º ao 12º ano) – e três informantes – pais, professores e o próprio estudante. Trata-se de um sistema que avalia várias facetas específicas da competência social, agrupadas em três escalas: habilidades sociais, problemas de comportamento e ainda a competência académica. Os itens centram-se em comportamentos positivos e em aptidões sociais onde se incluem: a utilização de habilidades sociais eficazes, a ausência de problemas de comportamento, e a cognição social adequada à idade. Por outra parte, destaca-se avaliação de comportamentos problemáticos e a competência académica, dado o seu papel de relevo nos processos de adaptação e desadaptação social. As escalas distinguem ainda entre tipos específicos de competências sociais: a cooperação, a assertividade, a responsabilidade, a empatia e o autocontrolo; três destes domínios são comuns aos formatos para professores, pais e estudante (cooperação, assertividade e autocontrolo). Os problemas de comportamento incluem as subescalas problemas internalizados, problemas externalizados e hiperatividade (Mota, 2008). Com o intuito de analisar as propriedades psicométricas dos instrumentos escolhidos, primeiramente proceder-se-á ao cálculo dos coeficientes de alpha de Cronbach, para a totalidade das escalas e isoladamente para cada dimensão. Este cálculo permite perceber qual a consistência interna do instrumento, os quais são aceitáveis e bons quando o seu valor é superior a .70. A análise do instrumento à sua consistência interna através do alfa de Cronbach revelou que este apresenta boa consistência interna, na medida em que o alpha de

Cronbach para a escala total é de .87 a nível da frequência e .92 a nível da importância.

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15 frequência e importância, sendo obtidos os seguintes valores para a frequência: .65 para a cooperação, .69 para a assertividade, .80 para a empatia, e .65 para o autocontrolo. Ao nível da importância os valores também apresentam boa consistência, sendo os seguintes: .77 para a cooperação, .70 para a assertividade, .83 para a empatia, e .74 para o autocontrolo. Apenas foi realizada a análise para a vertente da frequência do instrumento, realizando-se assim a análise fatorial confirmatória de 1ª ordem

χ2

(48)=161.004, p=.001; Ratio=3.354. Segundo os índices de ajustamento, corrobora-se que o Social Skills Questionnarie - SSQ revela um ajustamento adequado, nomeadamente com valores de CFI=.907, GFI=.919, AGFI=.909, valores estes superiores a .90, e os índices RMR=.054, e RMSEA=.073 com valores inferiores a .08.

Procedimentos

Num primeiro momento foi realizada a seleção das variáveis a estudar e dos participantes, bem como foi efetuada uma pesquisa bibliográfica, através de livros e artigos científicos, recolhidos da b-on e do Google Académico.

Após a seleção dos instrumentos a serem utilizados, solicitou-se a autorização dos autores para o uso dos mesmos, assim como a cedência dos artigos de validação. Posteriormente foi efetuado um contacto com quatro escolas do Norte de Portugal, visando obter as devidas autorizações. Depois da obtenção dos compromissos institucionais, oficializados através de um documento escrito, foi entregue um pedido de autorização aos encarregados de educação dos adolescentes.

A administração dos instrumentos decorreu em sala de aula, em contexto grupal, durante aproximadamente 25 minutos. Apresentaram-se os objetivos gerais do estudo, fornecendo as instruções necessárias para o preenchimento dos questionários e

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16 evidenciando a participação voluntária, bem como a confidencialidade e o anonimato das respostas.

Estratégia de análise de dados

No que concerne ao tratamento de dados, numa primeira fase foi construída a base de dados para uma posterior análise estatística, com recurso ao software Statistical

Package for the Social Sciences – SPSS – versão (20.0).

De seguida, foi elaborada uma observação da amostra com o intuito de excluir todos os possíveis missings e outliers prejudiciais à prossecução do presente estudo. Assim, no caso de um participante ter mais do que 10% das respostas em branco, o mesmo foi retirado da amostra. Posteriormente foi realizada a inversão de alguns itens com base na menção teórica dos autores originais dos instrumentos utilizados.

Após a categorização das variáveis de cada instrumento, foram realizadas análises de outliers com o intuito de identificar possíveis inquiridos com respostas significativamente desviantes face à média. Os outliers constituem todas as observações que se encontram muito afastadas, e que consequentemente provocam um enviesamento dos resultados (Field, 2005; Pallant, 2001). Desta forma, para outliers univariados procedeu-se à aquisição de z-score e respetiva ordenação, sendo retirados da base de dados os inquiridos com z-scores superiores a 3 e inferiores a -3, por forma a não enviesarem de forma significativa os resultados. Foram ainda identificados outliers multivariados com base à distância de Mahalanobis, que avalia a distância dos valores obtidos em relação à média da variável previsora. Também neste caso foram eliminados os inquiridos significativamente afastados do ponto de corte. Tendo em conta a dimensão da amostra (n> 30), dispensa-se a realização do teste de Kolmogorov-Smirnov para averiguar a normalidade dos dados. Os testes paramétricos possuem a mesma

(27)

17 potência que os testes não paramétricos em amostras grandes e não exigem a normalidade dos dados.

As análises de dados iniciais prenderam-se com a realização de correlações intra e interescalas das variáveis dos diversos instrumentos, com o intuito de perceber qual o grau de associação entre as variáveis. As mesmas foram realizadas através de Correlações de Pearson, podendo as mesmas assumir um valor entre -1 e 1. Este coeficiente permite determinar a associação entre variáveis, assim como a força e a intensidade dessa mesma associação. Estas podem ser positivas ou negativas, e ainda apresentar um grau de associação baixo, moderado ou forte.

Foram realizadas análises diferenciais através de análises de variância multivariada (MANOVA), com recurso à análise post-hoc através do teste de Scheffé nas múltiplas comparações, e ainda através de medidas de comparação de médias em amostras independentes, efetuando testes t.

Resultados

Associação entre a satisfação com o suporte social e as competências sociais

Analisando as correlações entre o suporte social e as competências sociais, verificou-se que a dimensão satisfação com os amigos correlaciona-se de forma fraca e positiva com a cooperação (r=.160; p<.01), a assertividade (r=.287; p<.01), a empatia (r=.234; p<.05), e o autocontrolo (r=.127; p<.05).A dimensão intimidade apresenta uma correlação fraca e positiva com as dimensões cooperação (r=.195; p<.01), autocontrolo (r=.166; p<.01), assertividade (r=.359; p<.01), e empatia (r=.317;

p<.01). No que concerne à dimensão satisfação com a família, verifica-se uma

correlação fraca e positiva com as dimensões cooperação (r=.173; p<.01), assertividade (r=.145; p<.05), e autocontrolo (r=.132; p<.05). Por fim, a dimensão

(28)

18 atividades sociais correlaciona-se de forma fraca e positiva com todas as dimensões pertencentes ao questionário respeitante às competências sociais, nomeadamente cooperação (r=.168; p<.01), assertividade (r=.246; p<.01), empatia (r=.148; p<.01) e autocontrolo (r=.197; p<.01).

Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função da idade

Foram realizadas análises de variância multivariada (MANOVA) das dimensões da satisfação social com o intuito de verificar quais as diferenças entre as dimensões de satisfação social dos adolescentes, em função da idade dos mesmos. Estes foram divididos em dois grupos de idade (dos 14 aos 16 anos e dos 17 aos 18 anos). De acordo com os resultados obtidos, verifica-se que existem diferenças significativas na satisfação social em função da idade dos adolescentes F(4, 300)=2.950; p=.020; ƞ2=.04, Tabela 1. Correlações interescalares das variáveis respeitantes á satisfação social e às

competências sociais

Coop Assert AC Emp M SD

SA .160** .287** .127* .234* 21.81 3.30 IN .195** .359** .166** 317** 15.62 3.36 SF .173** .145* .132* .087 13.10 2.32 AS .168** .246** .197** 148** 9.89 3.06 M 12.27 11.42 11.30 16.19 - - SD 2.82 3.09 2.73 3.13 - -

Nota: *p<.05; **p<.01SA: Satisfação com os amigos; IN: Intimidade; SF: Satisfação com a família; AS: Atividades Sociais; Coop: Cooperação; Assert: Assertividade; Emp: Empatia; AC: Autocontrolo

(29)

19 nomeadamente na dimensão atividades sociais F(11,088)=11.151; p=.001; ƞ2=.04 com IC 95% [-.66, -.17], sendo que os adolescentes com 17 e 18 anos apresentam níveis superiores de satisfação com as atividades sociais (M=3.58; DP=.929) comparativamente aos adolescentes com idades entre os 14 e os 16 anos (M=3.17;

DP=1.034).

No que diz respeito às competências sociais dos adolescentes, os resultados das análises de variância multivariada (MANOVA) indicam que não existem diferenças estatisticamente significativas F(4,298)=.529, p=.715, ƞ2= .007 entre os grupos de adolescentes em função da sua idade.

Tabela 2. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências

sociais em função da idade.

[14 - 16 anos] (1) [17 - 18 anos] (2)

IC 95% Direção das

dif. sig.

M DP M DP

ESSS

Satisfação com os amigos 4.36 .644 4.37 .700 [-.18, .14] n.s.

Intimidade 3.88 .833 3.97 .856 [-.29, .12] n.s.

Satisfação com a família 4.35 .783 4.40 .755 [-.24, .14] n.s. Atividades Sociais 3.17 1.034 3.58 .929 [-.66, -.17] 2>1 SSQ Cooperação 1.37 .306 1.33 .329 [-.04, .11] n.s. Assertividade 1.26 .354 1.27 .322 [-.10, .07] n.s. Empatia 1.62 .326 1.62 .282 [-.08, .07] n.s. Autocontrolo 1.26 .321 1.23 .260 [-.04, .09] n.s.

(30)

20

Nota: ESSS = Escala de Satisfação com o Suporte Social; SSQ = Social Skills Questionnaire; M =

Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%

Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função da configuração familiar

Foram realizados testes t para as dimensões da satisfação com o suporte social em função da variável configuração familiar, cujos valores se encontram na tabela 3. Verificaram-se diferenças significativas na dimensão satisfação com amigos,

t(303)=1.975, p=.049, com IC 95% [-.05, .49], sendo que adolescentes de famílias com

pais casados ou em união de facto apresentam maiores níveis de satisfação com os amigos (M=4.39; DP=.628) relativamente aos adolescentes com os pais divorciados (M=4.17; DP=.826). Também foram encontradas diferenças significativas na dimensão intimidade t(48)=2.216, p=.031, com IC 95% [.07, .63], sendo que os adolescentes pertencentes a famílias com pais casados ou em união de facto (M=3.95; DP=.814) apresentam maiores níveis de intimidade quando comparados com adolescentes de famílias com pais divorciados (M=3.60; DP=.950).

Relativamente às dimensões respeitantes às competências sociais em função da variável configuração familiar, verificou-se que apenas existem diferenças significativas na dimensão autocontrolo t(303)=-2.049, p=.029, com IC 95% [-.19, -.01], sendo que os adolescentes com pais divorciados (M=1.35; DP=.272) apresentam níveis superiores de autocontrolo quando comparados aos adolescentes cujos pais se encontram casados ou em união de facto (M=1.24; DP=.306).

(31)

21 Tabela 3. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências

sociais em função da configuração familiar

Pais casados/união de facto (1) Pais divorciados (2) IC 95% Direção das dif. sig. M DP M DP ESSS

Satisfação com os amigos 4.39 .628 4.17 .826 [-.05, .49] 1>2

Intimidade 3.95 .814 3.60 .950 [.07 , .63] 1>2

Satisfação com a família 4.38 .771 4.26 .790 [-.13, .38] n.s.

Atividades Sociais 3.33 1.029 3.07 .934 [-.08, .60] n.s. SSQ Cooperação 1.35 .311 1.42 .324 [-.17, -.04] n.s. Assertividade 1.27 .341 1.28 .360 [-.14 , .11] n.s. Empatia 1.62 .314 1.59 .306 [-.07 , .13] n.s. Autocontrolo 1.24 .306 1.35 .272 [-.19, -.01] 2>1

Nota: ESSS = Escala de Satisfação com o Suporte Social; SSQ = Social Skills Questionnaire; M =

Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%

Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função do sexo

Foram realizados testes t para as variáveis respeitantes à satisfação com o suporte social em função da variável sexo, os quais demonstraram não existirem diferenças significativas relativamente às dimensões da satisfação social, nomeadamente na satisfação com os amigos t(303)=.219, p=.827, IC 95% [-.13, .17],

(32)

22 intimidade t(303) =.909, p=.364, IC95% [-.10, .28], satisfação com a família t(303)=.350, p=.726, IC95% [-.15, .22], e atividades sociais t(303)=.391, p=.696, IC 95% [-.19, .28]. Relativamente às competências sociais, através dos resultados dos testes t, observam-se diferenças ao nível da dimensão assertividade t(302)=-2.02,

p=.04, IC95% [-.16, -.00], sendo que adolescentes do sexo masculino apresentam

maiores níveis de assertividade comparativamente com adolescentes do sexo feminino. Para a dimensão empatia verificam-se diferenças estatisticamente significativas

t(303)=2.427, p=.02, IC95% [.01, .16], podendo constatar-se neste caso que as

adolescentes do sexo feminino apresentam níveis superiores de empatia relativamente aos adolescentes do sexo masculino.

Tabela 4. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências

sociais em função do sexo

Feminino (1) Masculino (2)

IC 95% Direção das

dif. sig.

M DP M DP

ESSS

Satisfação com os amigos 4.37 .662 4.35 .660 [-.13, .17] n.s.

Intimidade 3.94 .867 3.85 .801 [-.10, .28] n.s.

Satisfação com a família 4.38 .774 4.35 .775 [-.15, .21] n.s. Atividades Sociais 3.31 1.038 3.27 .996 [-.19, .28] n.s. SSQ Cooperação 1.36 .315 1.38 .304 [-.08, -.06] n.s. Assertividade 1.24 .344 1.31 .338 [-.16, -.00] 2>1 Empatia 1.66 .296 1.57 .330 [ .01, .16] 1>2 Autocontrolo 1.24 .320 1.28 .277 [-.11 , .03] n.s.

(33)

23

Nota: ESSS = Escala de Satisfação com o Suporte Social; SSQ = Social Skills Questionnaire; M =

Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%

Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função da idade do pai

No que concerne à idade do pai, surgem dois grupos um deles com pais com idades entre os 31 e os 50 anos, e outro com pais com mais de 50 anos. Realizaram-se testes t para verificar eventuais diferenças significativas entre a satisfação com o suporte social em função da idade dos pais, e foram encontradas diferenças ao nível da dimensão satisfação com a família t(300)=2.95, p=.03, IC 95% [.09, .49]. Constata-se que adolescentes com pais com idades compreendidas entre os 31 e os 50 anos apresentam níveis de satisfação com a família superiores aos adolescentes cujos pais têm mais de 50 anos.

Após as análises com recurso ao teste t para as competências sociais em função da idade dos pais, verifica-se que existem diferenças significativas apenas no caso da dimensão assertividade t(138)=2.49, p=.02, IC 95% [.02, .20], sendo que os adolescentes com pais com idades entre os 31 e os 50 anos apresentam níveis de assertividade superiores aos adolescentes com pais com mais de 50 anos.

(34)

24 Tabela 5. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências

sociais em função da idade do pai

31 a 50 anos (1) Mais de 50 anos (2)

IC 95% Direção das

dif. sig.

M DP M DP

ESSS

Satisfação com os amigos 4.39 .652 4.28 .652 [-.07, .29] n.s.

Intimidade 3.94 .801 3.79 .801 [-.08, .39] n.s.

Satisfação com a família 4.44 .727 4.14 .864 [.09, .49] 1>2 Atividades Sociais 3.31 1.043 3.26 .430 [-.20, .31] n.s. SSQ Cooperação 1.38 .313 1.32 .312 [-.03, .13] n.s. Assertividade 1.30 .346 1.19 .328 [ .02, .20] 1>2 Empatia 1.63 .317 1.59 .305 [-.04, -.12] n.s. Autocontrolo 1.27 .325 1.23 .240 [-.04, -.12] n.s.

Nota: ESSS = Escala de Satisfação com o Suporte Social; SSQ = Social Skills Questionnaire; M =

Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%

Análise diferencial das competências sociais em função da escolaridade dos adolescentes

Relativamente às competências sociais em função da escolaridade dos adolescentes, após a realização de testes t, verificam-se diferenças no que respeita à dimensão autocontrolo t(303)=2.080, p=.038, IC 95% [-.04, .09], sendo que os adolescentes que frequentam o 3º ciclo apresentam valores superiores de autocontrolo relativamente aos adolescentes que frequentam o ensino secundário.

(35)

25 Tabela 6. Análise diferencial das competências sociais em função da escolaridade dos

adolescentes

Dimensões SSQ

3º ciclo (1) Ensino Secundário (2)

IC 95% Direção das dif.

sig. M DP M DP Cooperação 1.39 .282 1.35 .331 [-.02, .11] n.s. Assertividade 1.31 .306 1.24 .364 [-.00, .15] n.s. Empatia 1.63 .290 1.61 .327 [ .00, .14] n.s. Autocontrolo 1.30 .293 1.23 .307 [-.04, .09] 1>2

Nota: SSQ= Social Skills Questionnaire; M = Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de

Confiança a 95%

Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências sociais em função do tipo de fratria

Os resultados da análise multivariada (MANOVA) para as dimensões da satisfação com o suporte social em função do tipo de fratria que os adolescentes pertencem revelam que não existem diferenças estatisticamente significativas consoante o número de irmãos que os adolescentes têm F(8,596)=0.48, p=.872, ƞ2=.006. O teste de

post-hoc realizado posteriormente, nomeadamente o teste de Scheffé, comprova a não

existência de diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. No respeitante às competências sociais em função do tipo de fratria a que pertencem os adolescentes, os resultados também revelaram a não existência de diferenças significativas

F(8,598)=1.52, p=.146, ƞ2=.020. Mais uma vez, através da realização do teste post-hoc de Scheffé, comprova-se que não existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de adolescentes em função do tipo de fratria a que pertencem.

(36)

26 Tabela 7. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências

sociais em função do tipo de fratria

Filho único (1) Com 1 irmão (2)

2 ou mais

irmãos (3) IC 95% Direção das

dif. sig.

M DP M DP M DP

ESSS

Satisfação com os amigos 4.42 0.594 4.38 0.652 4.27 0.716 [4.12, 4.42] n.s. Intimidade 3.96 0.889 3.95 0.807 3.76 0.884 [3.57, 3.95] n.s. Satisfação com a família 4.44 0.663 4.37 0.791 4.32 0.798 [4.14, 4.50] n.s. Atividades Sociais 3.29 1.132 3.32 1.037 3.25 0.907 [3.01, 3.48] n.s. SSQ Cooperação 1.37 0.334 1.37 0.297 1.39 0.307 [1.32, 1.46] n.s. Assertividade 1.27 0.352 1.28 0.346 1.25 0.335 [1.17, 1.33] n.s. Empatia 1.59 0.401 1.64 0.293 1.58 0.299 [1.51, 1.65] n.s. Autocontrolo 1.16 0.338 1.27 0.295 1.28 0.294 [1.21, 1.35] n.s.

Nota: ESSS = Escala de Satisfação com o Suporte Social; SSQ = Social Skills Questionnaire; M =

Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%

Discussão

O presente estudo foi pensado e desenvolvido alicerçando-se num objetivo geral de averiguar a relação entre o suporte social e as competências sociais numa amostra de adolescentes. Pretendeu-se, ainda, de uma forma mais específica, apurar as possíveis diferenças face ao suporte social e as competências sociais dos adolescentes relativamente à idade, configuração familiar, sexo, idade do pai, escolaridade do adolescente, e tipo de fratria.

(37)

27 Os adolescentes inquiridos no presente estudo apresentam níveis de satisfação social (com os amigos, família, intimidade e com as atividades sociais) que se correlacionam de forma positiva com as suas competências sociais. Isto significa que à medida que aumenta a satisfação social dos adolescentes tendem a aumentar as competências sociais dos mesmos e vice-versa. Segundo Loureiro (2013) as competências sociais essenciais para relações interpessoais bem-sucedidas incluem a empatia, a assertividade, a cooperação e o autocontrolo. A qualidade das relações entre pares é influenciada pela forma como o jovem utiliza as suas competências sociais, isto é, a forma como o jovem mostra os seus comportamentos bem-adaptados assim como regula comportamentos menos adaptados. De certa forma, é crucial referir a reciprocidade entre as relações entre pares e as competências sociais, pois verifica-se que tanto a forma positiva como negativa das relações de pares se assume como espelho das suas competências sociais (Alves, 2006). Uma boa interação com o grupo de pares aumenta o desenvolvimento cognitivo e emocional, o crescimento de competências interpessoais, as atitudes, a estabilidade e a competência social (Lopes et al., 2006). Nos jovens, a qualidade das relações facilita o desenvolvimento das competências pessoais (empatia, assertividade e autocontrolo) e sociais (facilidade em cooperar, negociar, ouvir como manter regras e comportamentos adequados) (Mota & Matos, 2008).

Relativamente à satisfação social, observam-se diferenças significativas em função da idade dos adolescentes, nomeadamente na dimensão atividades sociais, pelo que os adolescentes com 17 e 18 anos de idade apresentam-se mais satisfeitos com as atividades sociais. Em discordância com os nossos resultados empíricos, para Sarriera et al. (2007) os adolescentes mais novos costumam sair com mais regularidade com os amigos e cooperam mais nos encontros familiares do que adolescentes mais velhos.Por outro lado, no que diz respeito às competências sociais, os resultados indicam que não

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28 existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de adolescentes em função da sua idade. Da mesma forma, o estudo de Loureiro (2013), verificou que não existiam diferenças significativas nas competências sociais relativamente à idade, porém, este resultado poderá ser justificado pela pequena variação de idades. Igualmente, num estudo realizado por Jardim, Pereira, Francisco e Motta (2006) com estudantes do 12º ano, concluiu-se que a idade não tem influência no progresso das competências nesta escala de idade, indo assim, de encontro, aos resultados verificados no presente estudo.

No que respeita aos resultados averiguados ao nível das diferenças em função da configuração familiar a que pertencem os participantes do estudo, foi possível verificar que adolescentes de famílias intactas (pais casados ou em união de facto) apresentam níveis superiores de satisfação com os amigos e de intimidade relativamente aos adolescentes provenientes de famílias com pais divorciados. Estes últimos, são ligeiramente mais deprimidos do que os adolescentes de famílias de pais casados ou em união de facto, salientando que o divórcio continua a ser uma problemática na adolescência (Houseknecht & Hango, 2006). Para adolescentes de famílias divorciadas as tarefas desenvolvimentais como estabelecimento de relacionamentos íntimos, autonomização dos pais, aumento dos contactos sociais e autonomia económica, parecem ser um pouco mais difíceis em comparação com famílias intactas (Johnson, Thorngren, & Smith, 2001). Relativamente às dimensões respeitantes às competências sociais em função da variável configuração familiar, verificou-se que apenas existem diferenças significativas na dimensão autocontrolo, sendo que os adolescentes provenientes de famílias com pais divorciados apresentam níveis superiores de autocontrolo quando comparados aos adolescentes provenientes de famílias onde os pais estão casados ou em união de facto. Em contrapartida, não corroborando o presente

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29 estudo, Mota (2008) verificou que a competência autocontrolo não é significativa, estando relacionada neste contexto com dificuldades e diminuição de comportamentos. Os adolescentes de famílias de pais casados ou em união de facto com baixo conflito interparental apresentam maior autocontrolo em comparação com adolescentes de famílias divorciadas com alto conflito interparental. Pensa-se que este facto possa fortalecer a ideia de que o divórcio pode potenciar adolescentes mais inseguros capazes de externalizar os seus sentimentos de forma não positiva. Este desajuste pode refletir-se nas alterações de comportamento, bem como na diminuição da qualidade das ligações não só com os pais, mas também com outras figuras significativas como são os pares e os professores e funcionários da escola (Walper, Kruse, Noack, & Schwarz, 2004).

Relativamente à satisfação com o suporte social em função do sexo, não existem diferenças significativas em todas as dimensões. Contrariamente ao presente estudo, para Albuquerque (2012) os indivíduos do sexo masculino apresentam um valor médio de suporte social mais elevado do que os indivíduos do sexo feminino. Para o autor, esta dissemelhança pode ser devida ao facto de os indivíduos do sexo masculino estarem mais envolvidos em atividades sociais. Seguindo esta perspetiva, os rapazes parecem não se vincular tanto à família, criando laços mais fortes com o seu grupo de pares, exprimindo o desejo de sair do seu espaço familiar. Por outro lado, as raparigas procuram mais cedo a autonomia interna e só mais tarde sentem a necessidade de criar laços fora do círculo familiar (Albuquerque, 2012). Já nas competências sociais, verificou-se que os participantes do sexo feminino apresentam níveis superiores de empatia quando comparados com o sexo masculino. Diversas investigações têm também reforçado que as raparigas expõem maiores níveis de empatia do que os rapazes (Gaspar, 2014; Tavakol, Dennick, & Tavakol, 2011; Wölfer, Cortina, & Baumert,

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30 2012). Adicionalmente, segundo Mota (2008) elevados níveis de comunicação parecem privilegiar o desenvolvimento da empatia que, por sua vez, se associa com o sexo feminino. Contudo, os indivíduos do sexo masculino parecem mais assertivos do que do sexo feminino, em concordância com o nosso estudo, em que se verificam diferenças significativas entre o sexo dos indivíduos, sendo os rapazes mais assertivos. Assim, para Mota (2008), o sexo constituiu uma variável com resultados significativos na assertividade, sendo os rapazes aqueles que detêm maiores níveis de assertividade. Do mesmo modo, indo ao encontro do presente estudo, Gundy (2002) afirma que a assertividade é encarada no sentido de maior facilidade na ação, resolução de dificuldades e autonomia, que é de forma mais culta associada aos rapazes.

Adolescentes com pais com idades mais novas apresentam níveis de satisfação com a família superiores aos adolescentes cujos pais têm idades mais velhas, nomeadamente mais de 50 anos. Corroborando o nosso estudo, Alves (2006) declara que cada vez mais as características familiares estão associadas ao desenvolvimento emocional dos adolescentes e, desse ponto de vista, foi possível verificar que a escolaridade e a idade dos pais relacionam-se de forma significativa, de um modo geral, com o conhecimento emocional dos filhos. Para as competências sociais em função da idade dos pais, os adolescentes com pais com idades entre os 31 e os 50 anos apresentam níveis de assertividade superiores aos adolescentes com pais com mais de 50 anos. Como nos dizem Andrada, Rezena, Carvalho e Benetti (2008) os adolescentes que têm melhores competências têm pais mais novos, pelo que pais com mais idade apresentam filhos com menores competências sociais, podendo a idade ser um potencial fator de risco.

No que concerne à diferença de grupos face à escolaridade, os níveis de autocontrolo são superiores nos adolescentes que frequentam o 3º ciclo, quando

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31 comparados com os adolescentes que estudam no ensino secundário. Ao contrário do nosso estudo, não se verificam diferenças significativas nas competências sociais em função do ano de escolaridade (Carrilho, 2012). No estudo de Vicentin (2009), as competências sociais que obtiveram resultados mais baixos nos adolescentes foi a assertividade e o autocontrolo, onde estes apresentam mais respostas passivas e agressivas do que assertivas ao nível do comportamento, revelando respostas mais impulsivas. Verificou-se também que a competência social onde se registou mais dificuldade abarcada pelos estudantes foi o autocontrolo, podendo estes resultados estar relacionados com os comportamentos de bullying e da violência em meio escolar (Fonseca, Moleiro, & Sales, 2009). Assim este resultado demonstra que os adolescentes que frequentam o 3º ciclo apresentam maior facilidade de centrar atenção, um maior controlo dos impulsos, podendo comportar-se, de forma mais fácil, de acordo com as normas, que segundo Carrilho (2012), são características importantes no que se refere ao sucesso académico do adolescente.

Relativamente à satisfação com o suporte social em função do tipo de fratria a que os adolescentes pertencem verifica-se que não existem diferenças significativas consoante o número de irmãos que os adolescentes têm. Os dados do presente estudo não confirmam os resultados de Cruz, Nelas, Chaves, Almeida e Costa (2016), ao não constatarmos que a variável número de irmãos interfere estatisticamente no suporte social. Mas para Leal (2013), o meio de suporte social relevante para o desenvolvimento do adolescente é o meio familiar, escolar e grupal. Relativamente às competências sociais em função do tipo de fratria a que pertencem os adolescentes, os resultados de Leal também revelaram a não existência de diferenças significativas. A literatura citada por Fernandes (2000, 2005) não corrobora estes resultados, pois geralmente os investigadores referem que os filhos únicos têm mais dificuldades de se relacionarem

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32 com os outros, comparativamente com os indivíduos que têm irmãos. Dunn (2007) afirma que o poder das influências de um irmão pode ser consequência de processos multifacetados que podem ser únicos, tanto a nível social com psicológico. E a fratria, sendo um dos primeiros meios, influencia a pessoa quase tanto como o meio parental. É nela que vivemos, pela primeira vez, alguns padrões de transação que, de certa forma, constituem a nossa personalidade. A posição fraternal dá forma a alguns aspetos da personalidade, especialmente os que que estão ligados ao comportamento social (Fernandes, 2000). As diferentes experiências na fratria são função não apenas da ordem de nascimento, mas também do sexo, do número de irmãos e das diferenças de idade entre eles (Fernandes, 2000). Angel (1996) considera ainda que os filhos únicos têm um meio familiar de certa forma mais facilitado que lhes pode dar um equilíbrio, mas realça que os companheiros de brincadeiras lhes fazem falta, assim com a falta a experiência que se sente aquando do nascimento de um irmão. Sendo a variável fratria multifacetada, talvez as diferenças entre os filhos únicos e os que têm irmãos não sejam facilmente avaliadas e, por isso, não aparecem nos estudos, como no nosso. Mas no nosso estudo, como muitas vezes acontece, só medimos a fratria pelo número de irmãos (ter ou não ter irmãos, e quantos), sem termos em conta as diferenças de idade, o sexo e composição geral do grupo fraterno, o que é muito redutor, segundo os principais estudiosos da fratria (Fernandes, 2000).

Implicações práticas, limitações e pistas para estudos futuros

A concretização deste estudo pretendeu contribuir para uma visão mais alargada da compreensão de variáveis da satisfação social e das competências sociais em adolescentes. Neste sentido, o estudo sublinha a necessidade de promover o estabelecimento de relações saudáveis entre os pais e os adolescentes, assim como a

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33 qualidade das relações entre pares no sentido de contribuir para a qualidade das relações nesta fase do ciclo vital. Para além disso, sensibilizar os pais para a promoção de relações sociais e de intimidade, principalmente em famílias vinculadas, abrindo espaço para as relações extrafamiliares, não esquecendo atividades sociais que devem ser implementadas em idades mais precoces.

Após a conclusão do estudo, importa refletir sobre as limitações que este mesmo apresenta, nomeadamente a necessidade de generalização dos dados, ou seja, face à dimensão geográfica da recolha dos dados, esta amostra não é representativa da realidade portuguesa, uma vez que a informação só foi recolhida em quatro escolas do norte do país. Para além do mais, importa referir o ambiente da própria recolha, ocorrendo esta em sala de aula, podendo potenciar o enviesamento das respostas dos adolescentes respondendo segundo o que é socialmente esperado. De destacar que se trata de um questionário de autorrelato que poderá levar a fadiga, comprometendo o preenchimento real do mesmo.

Tendo em conta a realidade empírica, este estudo poderá ser considerado um estudo pertinente atendendo a falta de estudos que investiguem a relação das variáveis em questão. Portanto, sugere-se a realização de novos estudos ainda nesta dinâmica, que consigam colmatar aspetos menos positivos, ou seja, em investigações futuras seria importante aumentar o tamanho da amostra e se procure estender este mesmo estudo em diferentes meios, para se conseguir tirar melhores conclusões. Seria ainda pertinente desenvolverem-se estudos que conciliem metodologias quantitativas e qualitativas de modo a obter um estudo mais aprofundado. Por último, espera-se que a presente investigação sirva como estímulo para o desenvolvimento de projetos que possam vir a ser implementados de forma a aumentar as capacidades sociais, bem como a satisfação com o meio envolvente.

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Tabela 2. Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências  sociais em função da idade
Tabela 4.  Análise diferencial da satisfação com o suporte social e das competências  sociais em função do sexo
Tabela 2. Análise diferencial das dimensões parentais disciplinares em função da idade
Tabela 3. Análise diferencial das dimensões parentais em função do sexo
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