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Empreender em turismo sustentável: um caso de empreendedorismo de base ecológica

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Academic year: 2021

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VINÍCIA MARA SANTOS MALHO

Empreender em Turismo Sustentável:

Um caso de empreendedorismo de base ecológica

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Empreender em Turismo Sustentável:

Um caso de empreendedorismo de base ecológica

Vinícia Mara Santos Malho

Orientador(a):

Professora Doutora Lívia Madureira

Departamento de Economia Sociologia e Gestão

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção de grau de Mestre em Empreendedorismo, sendo apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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AGRADECIMENTOS

Empreender uma investigação é acima de tudo um desafio que se torna mais fácil quando contamos com pessoas que ao longo do percurso nos ajudam a concretizá-lo. Desta forma, não posso deixar de agradecer a ajuda, o constante encorajamento, a compreensão, as sugestões e o vasto conhecimento científico da minha orientadora, Professora Doutora Lívia Madureira.

Agradeço aos professores do Mestrado, que a cada aula me apresentaram assuntos de relevância para lidar com os problemas sociais contemporâneos e novas formas de pensar o nosso papel no mundo.

Aos entrevistados, pela forma atenciosa como me receberam e pelo tempo disponibilizado à participação deste estudo sem as suas respostas este trabalho não teria sido possível.

À minha tia Dóris pelo apoio e pela motivação nos momentos em que cogitei desistir e por estar sempre presente em cada etapa deste processo.

Aproveito ainda para salientar a importância de um grupo de pessoas que estiveram ao meu lado durante todo este caminho. A todos os meus amigos e familiares, em especial aos amigos (JB, LR e MS), que aqui conheci e que acima de tudo me acolheram tão bem. Obrigada pelo carinho, pelo apoio, pela paciência, pela tolerância e pelas inúmeras gargalhadas!

Por último quero agradecer aos meus pais, pois são os responsáveis pela minha existência e, em parte, por a minha jornada até aqui. Eles foram, deste que nasci, referências de amor, dedicação, amizade e apoio. A eles muito devo e espero que esta monografia lhes seja motivo de orgulho, por ser mais uma realização e mais uma etapa que pude concluir em minha vida.

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RESUMO

O principal objetivo deste estudo foi compreender o que leva os empreendedores a apostar na sustentabilidade como recurso e o modo de delinear e implementar os seus investimentos, designadamente no sector turismo.

Para implementar este objetivo fez-se primeiramente uma revisão da literatura sobre a sustentabilidade e a sua aplicação no turismo e também sobre as motivações do empreendedorismo orientado para a sustentabilidade. Com vista a aprofundar o objetivo geral e a responder aos objetivos específicos da dissertação desenvolveu-se um estudo de caso de microempreendedorismo de base ecológica.

Este permitiu investigar num caso concreto o percurso de um empreendimento, o perfil de diversos empreendedores, bem como as suas perceções, atitudes e as motivações para com a sustentabilidade. O estudo efetuado permitiu-nos apresentar algumas sugestões para promover o microempreendedorismo sustentável em zonas rurais.

O estudo de caso foi a freguesia de Atenor, pertencente ao concelho de Miranda do Douro, que constitui um caso exemplar de como o microempreendorismo de base ecológica pode inverter o processo de desvitalização sociodemográfica e económica de uma região rural e periférica. Trata-se atualmente de um grupo de microempreeendores, que está em expansão, e que se originou a partir do projeto AEPGA (Associação para o Estudo da Proteção do Gado Asinino).

Cada empreendimento à sua maneira procura formas de integrar-se na comunidade de Atenor, promover uma consciência ambiental e conservar o meio sobre o qual atuam. No entanto existem barreiras que dificultam a elaboração de certos projetos/atividades por parte destes empreendedores ou até mesmo a criação de novos empreendimentos nesta aldeia, não se fixando tantos jovens como gostariam.

Palavras-chave: Empreendedorismo, Eco empreendedorismo, Ecoturismo,

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ABSTRACT

The main objective of this study was to understand what drives entrepreneurs to focus on sustainability as a resource and how to design and implement their investment, notably in tourism.

To implement this goal became primarily a review of the literature on sustainability and its application in tourism and also about the motivations of entrepreneurship oriented towards sustainability. In order to further the general purpose and respond to specific objectives of the dissertation developed a case study of microentrepreneurship ecological base.

This allowed investigating a case of an enterprise, the profile of many entrepreneurs, as well as their perceptions, attitudes and motivations for sustainability. The study carried out allowed us to make some suggestions to promote the sustainable microentrepreneurship in rural areas.

The case study was the parish Atenor, belonging to the municipality of Miranda do Douro, which is a typical example of how basic ecological microentrepreneurship can reverse the process of socio-demographic and economic devitalization of a rural and peripheral. It is currently a group of microentrepreneurs, which is expanding, and that originated from the project AEPGA (Association for the Study of the Livestock Protection Asinine).

Each venture your way looking for ways to integrate into the community Atenor, promoting environmental awareness and conserve the environment on which they operate. However there are barriers that hinder the development of certain projects / activities by these entrepreneurs or even the creation of new ventures in this village, not settling so many young people as they would like.

Keywords: Entrepreneurship, Eco entrepreneurship, Ecotourism, Territorial

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iv ÍNDICE GERAL AGRADECIMENTOS ... i RESUMO ... ii ABSTRACT ... iii ÍNDICE GERAL ... iv Índice de figuras ... v Índice de tabelas ... v

Lista de siglas utilizadas ... v

1. Introdução ... 1

1.1 Enquadramento temático... 1

1.2 Introdução ao estudo de caso ... 3

1.3 Objetivos ... 3

1.4 Abordagem metodológica ... 4

1.5 Organização do estudo ... 4

2. Revisão da Literatura ... 6

2.1 A Sustentabilidade e a sua aplicação no Turismo ... 6

2.2 Turismo Sustentável e Ecoturismo ... 13

2.3 Empreendedorismo orientado para a Sustentabilidade ... 15

2.4 Sistemas de Planeamento e de Gestão Ambiental ... 18

3. Estratégia de Investigação ... 26

3.1 Objetivos do estudo ... 26

3.2 Métodos e técnicas de recolha de dados ... 26

3.3 Seleção dos instrumentos de recolha de dados ... 27

4. Estudo de caso ... 31

4.1 Microempreendedorismo em Atenor ... 31

4.2 Contexto da região de Miranda do Douro ... 31

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4.4 A aldeia de Atenor ... 37

4.5 Análise e discussão da informação recolhida no âmbito do Estudo de Caso ... 39

4.6 Atenor um caso de microempreendedorismo de base ecológica ... 54

5.Conclusões e Recomendações ... 59

Referências Bibliográficas ... 62

Anexos ... 69

Índice de figuras Figura 1 - Evolução cronológica do conceito de sustentabilidade do turismo…………10

Figura 2 - Mapa de Miranda do Douro………... 31

Figura 3 - Artesanato (colchas, cestaria, trabalhos em madeira, trajes tradicionais) …. 34 Figura 4 - Parque Natural do Douro Internacional………..35

Figura 5 - Fauna (águia real, cegonhas) ……….36

Figura 6 - Flora………....36

Figura 7 - Mapa de Atenor………..37

Figura 8 - Burro de Miranda………....40

Figura 9 - Cronograma da implementação dos empreendimentos em Atenor………… 56

Índice de tabelas Tabela 1 - Princípios básicos do desenvolvimento sustentável, segundo a OMT……. ... 8

Tabela 2 - Definição das diferentes formas de turismo alternativo. ………. . 12

Tabela 3 - Definições de Ecoturismo. ……… 14

Tabela 4 - População residente………... 32

Tabela 5 - Índice de dependência de idosos………... 33

Tabela 6 - Índice de envelhecimento………. . 33

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Lista de siglas utilizadas

IIARS - Inquérito do Impacto Ambiental e Responsabilidade Social ICNB - Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade WTO - Word Tourim Organization

WCED - World Commission on Environment and Development OMT - Organização Mundial do Turismo

OMC - Organização Mundial do Comércio SGA - Sistemas de gestão ambiental

AEPGA - Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino UTAD - Universidade de Trás- os- Montes e Alto Douro

INE - Instituto Nacional de Estatística

QREN - Quadro de Referência Estratégica Nacional EUA - Estados Unidos da América

ISO - International Standard Organization

ICNF - Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas PNDI - Parque Nacional do Douro Internacional

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“A procura de um modelo mais sustentável de evolução da sociedade tem constituído preocupação dominante nas últimas décadas face ao conjunto de oportunidades, mas também de ameaças, que afetam o tecido social, a estrutura das atividades

económicas e o equilíbrio ambiental” (ENDS, Resolução de Conselho de Ministros 109/2007)

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1. Introdução

1.1 Enquadramento temático

No debate sobre a proteção do ambiente há setores que são tradicionalmente apontados como os principais responsáveis pelos problemas ambientais, tais como a indústria do aço, as refinarias de petróleo, os transportes e a agricultura intensiva. Durante muito tempo, o turismo não era considerado como uma ameaça à natureza e ao ambiente. Contudo, este quadro alterou-se perante a evolução e dinâmica do sector (Hardy e Beeton, 2001). Por sua vez, esta questão levou à adoção de novas formas de turismo, nomeadamente, o chamado turismo sustentável.

O conceito de turismo sustentável começou a despertar interesse a partir da década de 80, quando se iniciou o debate em torno do desenvolvimento sustentável, suscitando novas reflexões a nível científico.

Turismo sustentável é definido como a gestão de todos os recursos de uma forma que as necessidades económicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas, mantendo o património cultural e os processos ecológicos essenciais, à diversidade biológica e aos sistemas de suporte à vida. O turismo sustentável começou a ser visto como um meio de promover o desenvolvimento local, bem como de proteger o meio ambiente natural e o património cultural. Os fatores responsáveis pela emergência deste novo tipo de turismo devem-se à crescente procura de novas experiências turísticas por parte dos turistas, maior consciência dos impactos ambientais do turismo, maior ênfase na integração de políticas de proteção ambiental e de desenvolvimento económico e uma preocupação acrescida da indústria turística com as tendências futuras do mercado. Esta forma alternativa de turismo passou a ser vista pelo setor como uma fonte de oportunidades de negócio.

“ A criação e crescimento de novos negócios, quer via necessidade, quer via oportunidade é a essência do empreendedorismo” (GEM 2001).

Empreendedorismo é definido como sendo uma atividade processual (um processo).

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indivíduos pró-ativos, um contexto organizacional, risco, inovação e recursos, podendo produzir uma nova empresa ou empreendimento, valor, novos produtos ou processos, lucro ou benefício pessoal e crescimento. O empreendedorismo pode ser visto como uma forma de desenvolvimento, pois aumenta as oportunidades de emprego e diversificação da economia local, aumentando a estabilidade económica nas regiões. A relação existente entre turismo sustentável e empreendedorismo está na ligação entre o meio ambiente e a empresa. Assim sendo, criou-se uma conceção de empreendedorismo ambiental, pelos quais a ação empreendedora resolve problemas ambientais e motivam comportamentos empresariais ambientalmente conscientes, tornando-os mais sustentáveis e responsáveis.

Os estudos mais recentes sobre o empreendedorismo, têm sido feitos no âmbito do microempreendedorismo (Veiga, 2005), pois nas duas últimas décadas tem sido dado grande relevo às problemáticas da criação do auto-emprego (Portela, e tal., 2008). O conceito de microempreendedorismo não é associado a empreendedores com capacidades de gestão “micro”, ou seja, reduzidas, ou até insignificantes, mas sim para a dimensão da sua unidade económica: as microempresas e os microempreendimentos. Muitas vezes o microempreendedorismo manifesta-se com resposta a um conjunto de necessidades individuais e coletivas. Não se limita só a proporcionar melhores condições a nível individual, mas também pela promoção da pessoa, aumentando a coesão social dentro da comunidade em que vive. Quando existe cooperação entre ambas as partes, consegue ser um fator importante de desenvolvimento local, sobretudo em zonas periféricas ou pouco atrativas para grandes empreendedores (Portela, et al., 2008)

A certificação do setor do turismo quanto à sustentabilidade tem sido cada vez mais uma aposta nos empreendimentos turísticos. Isto deve-se à crescente preocupação com a conservação e gestão de recursos, mas também às alterações na procura turística, onde aumenta o número de turistas que seleciona o destino de férias com base nos critérios ambientais e sociais. Estes critérios são por isso crescentemente utilizados pelas empresas como instrumentos de marketing, para a diferenciação dos seus produtos no mercado. Existem várias ferramentas de gestão a que as empresas turísticas podem recorrer para comunicar esta diferenciação, como por exemplo, os sistemas de gestão ambiental e os rótulos ecológicos, havendo vários específicos para o setor.

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Entretanto nota-se um hiato entre os conceitos científicos e a perceção do cidadão comum. Em muitos casos, os empreendedores, os operadores turísticos e mesmo os próprios turistas têm uma visão limitada do que o turismo sustentável significa, quais as potencialidades, de que forma pode ser praticado, o que diferencia do turismo tradicional e quais os benefícios que proporciona tanto para quem o pratica, quanto para quem o promove.

Esta é a principal razão para a escolha deste tema, uma vez que o turismo sustentável pode ser um instrumento valioso para contribuir para a preservação ambiental, social, cultural e socioeconómica e uma das melhores formas de levar determinado assunto ao conhecimento de mais pessoas, é estudando-o.

1.2 Introdução ao estudo de caso

A freguesia escolhida para ser o objeto de estudo do presente trabalho foi Atenor, que se localiza no concelho de Miranda do Douro, em Trás - os - Montes e Alto Douro.

A principal motivação que levou à escolha de Atenor como objeto de estudo em detrimento de outra região foi o interesse em interligar o empreendedorismo ao turismo sustentável. Esta freguesia está em constante expansão e está cada vez mais voltada para a sustentabilidade, devido às iniciativas de indivíduos que escolhem esta aldeia como ponto de partida para os seus empreendimentos pessoais e coletivos, sempre tendo a natureza como principal aliado.

Este trabalho assenta na investigação empírica de um caso de uma aldeia rural, Atenor, que é uma exceção à desertificação do interior do país, devido à implementação de vários empreendimentos, como o caso da AEPGA (Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino), que criou um espaço para uma série de iniciativas enquadráveis no desenvolvimento sustentável dessa mesma região.

1.3 Objetivos

Os objetivos desta dissertação são descrever num caso concreto o percurso de um empreendimento, o perfil do empreendedor e as perceções, atitudes e as motivações para empreender através do paradigma da sustentabilidade e sugerir sugestões para incentivar a contribuição do microeempreendedorismo em zonas rurais periféricas. O caso concreto são um grupo de empreendedores que se fixaram no Norte Interior de

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Portugal, numa zona periférica, despovoada e muito envelhecida, a freguesia de Atenor, que através da sua dinâmica empreendedora tem vindo a revitalizar esta zona rural remota e periférica.

Para alcançar tal objetivo, foram estabelecidos tópicos específicos, tais como, descobrir o impacto que os empreendedores exercem sobre a aldeia onde estão inseridos, nomeadamente de que forma contribuem económica, social e culturalmente para o desenvolvimento local, promovendo a integração entre as suas atividades e a rotina da comunidade.

1.4 Abordagem metodológica

A abordagem metodológica é aqui introduzida e será depois explicada com maior detalhe no capítulo 3. De acordo com os objetivos e a natureza do presente estudo, a investigação é essencialmente descritiva. Atendendo aos fenómenos em estudo e aos objetivos propostos foram destacadas questões que orientaram a estratégia de investigação empírica e que estiveram na base da análise e discussão de resultados. Assim, optou-se pela aplicação do método do estudo de caso, visto a investigação se centrar em um caso concreto e pretender conhecê-lo e explicá-lo em detalhe.

Tendo em conta os objetivos previamente definidos, considera-se oportuna a utilização de três meios fundamentais para a recolha de dados: entrevistas estruturadas, dirigidas aos responsáveis que gerem ou que criaram alguns empreendimentos na região; a análise documental; e a observação participante.

1.5 Organização do estudo

O presente estudo encontra-se dividido em cinco partes principais: Introdução; Revisão da Literatura; Metodologias de Investigação; Estudo de Caso; Conclusões e Recomendações; Bibliografia e Anexos.

Capítulo 1 - Na Introdução procura-se justificar a relevância do tema e evidencia-se o papel do turismo sustentável no empreendedorismo, e os sistemas ambientais aplicados pelas empresas.

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Capítulo 2 – Na Revisão da Literatura apresenta-se o enquadramento bibliográfico adequado ao estudo, ao nível do Turismo Sustentável e os Sistemas de Planeamento e de Gestão Ambiental.

Capítulos 3 - Na Metodologia de Investigação são apresentados as opções metodológicas do estudo.

Capítulo 4 – Apresenta o Estudo de Caso, introduzindo os empreendedores e os seus empreendimentos e as motivações para a sustentabilidade.

Capítulo5- O trabalho é encerrado com as conclusões e algumas recomendações.

A dissertação inclui ainda as respetivas referências bibliográficas e uma série de anexos onde são apresentados os guiões de entrevista aplicados aos empreendedores.

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2. Revisão da Literatura

2.1 A Sustentabilidade e a sua aplicação no Turismo

“O turismo é um fenómeno humano e social que constituirá no deslocamento de pessoas, provisório e limitado no tempo, para que tal não implique a transferência do local habitual de vivência, tendo como causa fundamental motivações diversas (que poderão ir do simples lazer aos aspetos de ordem profissional) e que tem subjacente, ao aproveitamento dessa deslocação, um misto de evasão do ser humano do seu próprio etno-ecossistema em que está inserido, por um lado, e, por outro, a resultante descoberta de elementos novos de outros meios e culturas, que de forma mais ou menos vincada não deixarão de produzir efeitos de aculturação e/ou enculturação no campo dos costumes e mesmo de ideias” (Baptista, 1997, citado por Tonon, 2012).

O turismo é considerado um dos mais importantes setores socioeconómicos do mundo e tem vindo a crescer a uma taxa média de 4 a 5%, anualmente, durante a última metade do século XX. As chegadas dos turistas internacionais têm mostrado crescimento praticamente ininterrupto, cerca de 25 milhões em 1950, 267 milhões em 1980, para 435 milhões em 1990, para 675 milhões em 2000 e para 940 milhões em 2010 (Turismo de Portugal, 2011).

Em Portugal a preservação da natureza passou a ter destaque no espaço legislativo, a partir de meados dos anos 70. As atenções foram voltadas sobretudo para a implementação de estratégias de preservação do ambiente (Tonon, 2012). Quando exploramos ecossistemas protegidos, para além das medidas traçadas para reduzir os efeitos indesejáveis de uma determinada ação sobre o meio ambiente, devemos ter em atenção o desenvolvimento de condições que permitam potenciar os recursos naturais (Turismo de Portugal, 2011).

Silva (2000), afirma que,

O turismo é fundamental para o nosso país, desde que este seja desenvolvido de forma racional e equilibrado, pois é um setor que potencia a criação de infraestruturas, de equipamentos, de atividades e gera empregos, podendo contribuir para o enriquecimento das economias regionais e na economia nacional.

O Turismo de Portugal pretende destacar Portugal como sendo um destino que ainda tem muito para ser explorado (Tonon, 2012), uma vez que as áreas classificadas

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representam 22% do território continental, quase o dobro da média da União Europeia, o que reflete a importância desdte recurso e do desenvolvimento de medidas de mitigação dos impatos das infraestruturas (Turismo de Portugal, 2011)

No entanto, o fenómeno turístico, numa visão inicial, era considerado como aquele que não causava impactos negativos em termos culturais sociais ou ambientais, mas a partir dos anos 70, verifica-se que essa perceção se altera devido à pressão criada pelas associações ambientalistas, as quais começaram a denunciar os efeitos negativos da atividade turística sobre os locais mais procurados.

Oliveira e Manso (2010) consideram que a dualidade dos impactos do turismo (positivos e negativos) e a sua transversalidade, ao efetuar várias indústrias, tem levado a uma maior consciencialização sobre a necessidade de diminuir os respetivos efeitos negativos e de maximizar os efeitos positivos, de forma a garantir a sua sustentabilidade.

O conceito de turismo sustentável é relativamente recente. No entanto, para conhecer as origens e compreender a evolução das diversas abordagens ao conceito, é preciso atender, em primeiro lugar, ao conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável, do qual decorre a noção de sustentabilidade do turismo (Moniz, 2006).

Em 1987 foi publicado o relatório de Bruntland pela Comissão das Nações Unidas para o ambiente e desenvolvimento, surgindo então o conceito de desenvolvimento sustentável. No entanto foi durante a Cimeira da Terra, em 1982, no Rio de Janeiro que o conceito passou a ser utilizado e conhecido.

No relatório em questão, o desenvolvimento sustentável é definido como "o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades (WCED, 1987)". É um processo em constante alteração, onde a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a transformação institucional se ajustam às carências presentes e futuras, mantendo-se porém, a busca pelo equilíbrio entre os seres humanos e o património natural do planeta, uma vez que não existe um modelo ideal de desenvolvimento sustentável, dado que os sistemas político-económicos e os dados ecológicos são variáveis em diferentes pontos do planeta (Careto e Lima, 2006, citado por Moniz, 2006).

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A OMT defende a preservação dos valores e recursos naturais no presente, para que possam ser desfrutados pelas gerações futuras. Reconhece-se assim, os princípios básicos do desenvolvimento sustentável (Moniz, 2006).

Tabela 1 - Princípios básicos do Desenvolvimento Sustentável, segundo a OMT

A sustentabilidade ecológica assegura que o desenvolvimento deve ser compatível com a manutenção dos processos ecológicos essenciais, nomeadamente a diversidade biológica e os recursos biológicos; A sustentabilidade social e cultural assegura que o desenvolvimento permita aumentar o controlo da população sobre a sua própria vida, sendo compatível com a cultura e os valores locais e que mantenha e reforce a identidade cultural;

A sustentabilidade económica assegura que o desenvolvimento deve ser economicamente eficiente e que a gestão dos recursos deve permitir a sua utilização pelas gerações futuras.

Fonte: Moniz, 2006 (Adaptado de WTO, 1993)

O desenvolvimento sustentável baseia-se no esforço coordenado de vários subsistemas e no equilíbrio entre estes. Alguns destes subsistemas passam por: desenvolvimento económico, processos participantes/ativos, impactos ambientais, modos de vida sustentáveis, geração inter e intra equidade e afins. Visa aprimorar o melhoramento da qualidade de vida sem ultrapassar a capacidade de carga dos ecossistemas que a alicerçam. Logo, o objectivo não está na criação de uma expansão económica, mas sim, obter um nível de equilíbrio social, ecológico e tecnológico que garanta possibilidades para o futuro (Pelicano, 2007).

As principais ponderações inerentes ao conceito de desenvolvimento sustentável, prendem-se ao respeito pelo meio ambiente e pelas pessoas, ao respeito pelas comunidades intrínsecas, ao incentivo para que estas se desenvolvam e preservem o seu património, para que utilizem os recursos naturais disponíveis de maneira controlada e razoável de modo a que as gerações vindouras também gozem dos mesmos com igual ou superior qualidade. Este propende a satisfação das necessidades dos turistas e das regiões de acolhimento, simultaneamente tende em salvaguardar e valorizar os recursos futuros, através do ordenamento e de uma gestão equilibrada dos recursos existentes, de forma a garantir as necessidades económicas e sociais, quer assegurando a identidade cultural, os mecanismos ecológicos essenciais, a diversidade biológica e os sistemas essenciais à vida (Neves, 2005).

Foi durante a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizado pela OMT em 1990, que se incorporou a ideia de desenvolvimento sustentável orientado

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para o turismo. As atas desta conferência alertaram para os impatos negativos sobre o ambiente que o crescimento da atividade turística vinha provocando.

Ao ser aplicada ao turismo, a sustentabilidade tem assumido uma abordagem positiva, diminuindo as tensões que se criaram entre todos os agentes do setor do turístico, turistas, ambiente e a comunidade local, viabilizando uma melhoria substancial na qualidade dos recursos naturais e humanos, legando-os com prosperidade. É uma ideia que não se opõe à expansão turística, originando o reconhecimento de capacidade de carga, ou seja, os limites fixos e determináveis para o desenvolvimento, que variam de local para local, consoante as práticas de gestão (Bramwell e Lane, 1993). Os autores defendem que devemos asseverar que o desenvolvimento turístico seja sustentável no longo prazo e que contribua positivamente nas áreas onde se insere, uma vez que o turismo foi, é, e será, um setor de enormíssima importância económica para muitas regiões. A sustentabilidade do turismo deverá preservar a satisfação dos turistas, pois num turista satisfeito surtirá um dever e preocupação para com os lugares por onde passa, podendo repetir a visita e contribuir para a continuidade do fenómeno, ao longo do tempo.

“O estudo sobre a sustentabilidade do turismo foi influenciado pela evolução do conceito mais vasto de desenvolvimento sustentável. Pode-se afirmar que decorreu em paralelo, um processo similar que levou à aceitação do conceito turismo sustentável (Hunter e Green, 1995, citado por Moniz, 2006) ”.

Foi no editorial do primeiro número da revista Journal of Sustainable Tourism, que a reflexão efetuada por (Bramwell e Lane, 1993, citado por Moniz, 2006) foi considerada como sendo a pioneira na explicação e justificação da génese do conceito. Segundo estes autores, a obra The Holiday Makers, foi umas das primeiras a fazer referência ao conceito de turismo sustentável, ao alertar para os danos ambientais que ocorreram nos Alpes Suíços devido ao crescimento do turismo (Krippendorf, 1987, citado por Moniz, 2006).

O interesse por formas de turismo alternativo registou-se a partir dos anos 80, pois, cada vez mais as pessoas, em vez de escolherem um pacote turístico tradicional, (Hunter e Green, 1995, citado por Moniz, 2006), procuravam lugares que fossem alternativos ao meio onde viviam, de forma a apreciarem a natureza, deixando sobre o local visitado, o menor impato possível (Tonon, 2012).

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Ruschmann, (2008) afirma que a atividade turística tem um impacto positivo na economia das comunidades recetoras, mas esta por sua vez, provoca danos ambientais nessas áreas. Desta forma, surgiram novas formas de turismo, o chamado turismo sustentável. Este é caraterizado como aquele que satisfaz as necessidades dos turistas, das comunidades locais e por sua vez, protege e potencia novas oportunidades para a oferta.

A figura 1 ilustra as origens do conceito de turismo sustentável.

Figura 1 - Evolução cronológica do conceito de sustentabilidade do turismo

1960 1970 1980 1990

Década 60 – Reconhecimento dos impactos potenciais do turismo de massas Década 70 – Introdução do conceito de gestão dos visitantes

Década 80 – Aparecimento do conceito turismo verde (green tourism)

Década 90 – Crescente adoção do conceito de turismo sustentável (sustainable tourism)

Fonte: Moniz, 2006 (Adaptado de Swarbrooke, 1999)

O conceito é demasiado flexível, uma vez que permite uma variedade de abordagens e interpretações. A OMT (1998) afirma que na definição de turismo sustentável englobam-se questões inerentes ao desenvolvimento rural, ecoturismo, impacto ambiental, cultural e patrimónios culturais, desenvolvimento urbano, turismo alternativo, povos indígenas, vida selvagem, parques naturais etc. Por esta razão, alguns autores questionaram a sua utilidade devido à diversidade de pontos de vista sobre a definição.

Deliberando sobre questões que assentam no desenvolvimento do turismo nos Países do Terceiro Mundo e, atendendo ao fenómeno da globalização e ao desafio da

Crescente adoção do conceito de turismo sustentável Aparecimento do conceito turismo verde Reconhecimento dos impactos potenciais do turismo de massas Introdução do conceito de gestão dos visitantes

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sustentabilidade, Mowforth e Munt (1998), enaltecem várias considerações no que toca ao aparecimento do conceito “ turismo sustentável ”. Na ótica destes, este tipo de turismo surge para solucionar problemas causados pelo turismo de massas, nomeadamente, a deterioração ambiental, o crescimento das desigualdades na divisão da riqueza, perturbações a nível social e cultural e até difusão de doenças (Krippendorf, 1987).

O turismo sustentável apresenta-se como uma contraposição ao turismo de massa (Butler, 1998) que intensifica a ida de um grande número de pessoas aos mesmos lugares, nomeadamente a destinos com “sol, praia e mar”1 (Tonon, 2012). Os primeiros sinais de aglomeração e de declínio da atividade turística, fez com que, fossem detectados os impactos ambientais negativos provenientes da massificação da atividade, e, por sua própria natureza incapacitando-a de cumprir os requisitos da sustentabilidade. A gradual degradação dos recursos naturais, a urbanização e a consequente descaraterização paisagística e cultural de vastas zonas da Europa Mediterrânea, levaram a uma consciencialização por parte dos governos nacionais e de algumas organizações internacionais (Neves, 2005).

“Turismo sustentável define-se como aquele que promove a preservação e a melhoria do património cultural e natural, o desenvolvimento local e o bem-estar generalizado, criando empregos e regenerando espaços. Portanto, se o turismo não for bem planeado pode ter um impacto negativo sobre os territórios e sobre as populações”.Consequentemente a sua prática tem de ser exercida conjuntamente por entidades públicas e privadas, pelo turista e pela comunidade recetora (Meira 2011, citado por Tonon, 2012).

O património cultural e histórico são outros dos itens a serem preservados, uma vez que são estes que contam a história da localidade, os seus hábitos, a maneira como evoluem no tempo e como transmitem as suas tradições de geração em geração. O fenómeno da globalização veio incutir às comunidades a adoção de novos hábitos levando-as a recriar culturas que não as suas, algo que mescla a vontade de preservar o passado com o desejo de experienciar novas vivências (Bailly, 2009).

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Todos estes fatores fazem surgir uma questão importante, a valorização da herança cultural.

Sendo hábitos comuns ao quotidiano local, por vezes, a comunidade não lhes dá o valor turístico ou comercial que lhes é característico, levando muitas das vezes a que pessoas alheias a esta comunidade o enalteçam. Salientando que o essencial é a conjugação entre ambas as partes visando um processo saudável e sustentável para o local em questão (Nordgreen, 2000).

O turismo sustentável inclui todos os tipos de turismo, nomeadamente, o rural, o de aventura, o cultural, o balnear, etc. Por sua vez, este pretende ser em simultâneo um instrumento de ordenamento de território como também um instrumento de fixação da população (Joaquim, 2003).

Na seguinte tabela encontram-se as definições de diferentes formas de turismo alternativo.

Tabela 2 - Definição das diferentes formas de turismo alternativo

Turismo rural - é um tipo de turismo onde o objetivo prioritário é visitar zonas rurais. Existem em Portugal

1.189 estabelecimentos de Turismo de Espaço Rural, verificando-se que o Norte, Centro e a região do Alentejo continuam a representar a maior parte da oferta com 83% (Turismo de Portugal, 2011);

Turismo de aventura – turismo cujo objetivo é a prática de algum desporto ao ar livre com uma certa

dose de risco;

Agroturismo– alojamento com preço reduzido que é oferecido por empresas agrárias individuais (casas

de campo, etc.);

Ecoturismo ou turismo ecológico – turismo cujo objetivo é visitar espaços protegidos, como por exemplo, parques naturais, reservas, etc., e ainda conhecer a flora e a fauna dos países ou lugares visitados. Segundo a OMT (1998), o fluxo de ecoturistas em todo o mundo aumenta 20% por ano, enquanto o turismo convencional cresce apenas 7,5% no mesmo período. Presentemente o ecoturismo representa 5% do turismo mundial e deverá chegar aos 10%, já na década que agora se inicia (Ventura, 2011).

Turismo cultural – turismo cujo objetivo é visitar os recursos históricos, arquitetónicos, artísticos e étnicos de uma zona;

Turismo verde ou de natureza – turismo cujo objetivo é visitar espaços naturais pouco ou nada humanizados. O desenvolvimento de atividades turísticas em zonas protegidas ou sensíveis implica um grande sentido de responsabilidade, sendo que a aposta no Turismo de Natureza deverá reger-se sempre por padrões e critérios que pressuponham a existência de boas práticas ambientais e a garantia de preservação dos valores naturais. Em Portugal, existem, atualmente, apenas cinco empreendimentos reconhecidos pelo ICNB como Turismo de Natureza. Segundo os dados do ICNB, o número de visitantes que contataram as áreas protegidas tem vindo a aumentar sendo que, em 2011, o número de visitantes ascendeu a 210.261 (Turismo de Portugal, 2011).

Fonte: Moniz, 2006 (Adaptado de Del Reguero, 1994)

Apesar das diferenças destes conceitos, existe uma base comum a todas estas alternativas no que respeita ao seu enfoque em relação ao desenvolvimento turístico.

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O turismo alternativo pretende ser menos agressivo em relação ao ambiente e investir maiores esforços na preservação dos valores naturais e culturais dos destinos turísticos. Embora todos estes conceitos sejam diferentes, podemos afirmar que têm por base o desenvolvimento turístico. Este tipo de turismo tende em ser menos destrutivo para com o ambiente, comprometendo-se no investimento dos mais variados esforços na preservação de valências naturais e culturais destes destinos turísticos.

Desenvolve-se em zonas naturais e espaços rurais pouco alterados e oferece um produto diversificado que assenta num misto de natureza, aventura, tradição e cultura. A atividade turística desenvolve-se pela comunidade local, podendo estar ligada a outras ações de conservação da natureza ou à exploração agrícola e tem potencial de servir como instrumento de educação ambiental para residentes e visitantes (Fullana e Ayuso, 2002, citado por Moniz, 2006).

As atividades de pequena escala, como turismo de natureza, turismo alternativo ou ecoturismo, são vistas como benéficas e mais responsáveis, portanto são capazes de incorporar os princípios da sustentabilidade (Budeanu, 2005)

2.2 Turismo Sustentável e Ecoturismo

O turismo sustentável e o ecoturismo, embora partilhem conceitos gerais, são produtos diferentes e o importante é realçar que ecoturismo é um segmento do turismo sustentável (Moutinho, 2011).

O ecoturismo, por sua vez, “visa minimizar o impacto, construir/preservar o ambiente e a cultura com qualidade e respeito, promover uma experiência positiva para quem visita e para quem recebe, prover benefícios financeiros diretos para a conservação da localidade, contribuir financeiramente para o desenvolvimento da comunidade local, promover sensitivamente a melhoria das politicas do meio ambiente, sociais e de clima das localidades visitadas2” (Ties, 2010, citado por Tonon, 2012).

De acordo com alguns autores, os praticantes de ecoturismo, visam adquirir conhecimento do meio ambiente juntamente com os aspetos culturais inerentes à localidade, contribuindo para que esta se envolva cada vez mais com as questões da

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preservação do meio (Ceballos- Lascurain, 1998), juntamente com as paisagens, a viagem é motivada por experiências de imersão envolvendo os ecoturistas na comunidade que visitam, deixando um contributo para o seu desenvolvimento, quer seja, financeiro social ou cultural (Dowling e Page, 2002).

Os ecoturistas felizmente são portadores de um elevado nível de educação, o que lhes emprega um nível de preocupação e ética ambiental intransigente. Esforçam-se na preservação dos recursos naturais (Krüger, 2005).

Na seguinte tabela, estão apresentadas algumas definições sobre o conceito de ecoturismo.

Tabela 3 - Definições de Ecoturismo

Autores Definições

Ceballos-Lascurián (1987)

Viajar para áreas naturais relativamente não perturbadas e não contaminadas, com o objetivo específico de estudar, admirar, e desfrutar da paisagem e dos seus animais e plantas selvagens, bem como manifestações culturais existentes (passadas e presentes) encontradas nestas áreas. The Ecotourism Society (1991 a,b) Viagem responsável a áreas naturais que conserva

o ambiente e promove/contribui para o bem-estar da população local

Ecotourism Association of Australia (1992) Turismo ecologicamente sustentável que fomenta a compreensão/interpretação ambiental e cultural, apreciação e conservação.

National Ecotourism Strategy of Australia (Allcock et al., 1994)

Ecoturismo é o turismo baseado na natureza que envolve educação e interpretação do meio ambiente e é gerido para ser ecologicamente sustentável. Esta definição reconhece que o “meio ambiente” inclui componentes culturais e que “ecologicamente sustentável” envolve um retorno apropriado à comunidade local e a conservação a longo prazo dos recursos.

Tickell (1994) Viagem para desfrutar da fantástica diversidade da vida selvagem e cultura humana do mundo sem causar danos a nenhuma delas

Fonte: Weaver, 2001 (citado por Moutinho, 2011)

No quadro anterior, constatamos as várias definições de ecoturismo que se foram actualizando ao longo dos anos, resistindo sempre as dimensões que representam a essência deste, a natureza como base, ambientalmente educado e sustentadamente gerido. De outro modo, o turismo sustentável edifica-se em três eixos essenciais, o

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ecológico, o económico e ético-social. Desta forma, este, além do ecoturismo, engloba todas as modalidades turísticas, tais como os seus destinos, e todos os segmentos turísticos visando a sustentabilidade.

Os amantes do ecoturismo evitam a banalidade dos hotéis, este facto faz com que estejam dispostos a pagar mais pelo alojamento, transporte, alimentação e atividades turísticas. Fomentam o comércio local adquirindo produtos manufaturados e demais artesanato (Pedro 1999). Pretendem novas experiências num ambiente diferente e natural, não se importando de substituir a rotina diária mesmo que implique uma redução do nível de vida (Shaw, 1994).

O ecoturismo é caraterizado como “uma atividade económica, ambiental e cultural que combate o flagelo da pobreza, da exclusão social e do êxodo, que utiliza as tradições e cultura dos habitantes de uma determinada localidade e que permite o arranque de um desenvolvimento nacional e local integral e sustentável” (Neves, 2005, citado por Moutinho, 2011).

Desta forma a existência de ecoturismo, só será possível se todos os demais setores da sociedade trabalharem de maneira assíncrona e integrada, possibilitando assim, a preservação do meio ambiente e a gestão dos recursos naturais. A comunidade deve estar apta a receber os turistas.

2.3 Empreendedorismo orientado para a Sustentabilidade

Segundo os autores Hunter e Green (1995), estas formas alternativas de turismo justificam-se como uma oportunidade de negócio. Muitas vezes associamos oportunidades de negócio ao empreendedorismo, que pela sua própria natureza, consiste em reinventar o mundo, onde atualmente nada é estático (Lordkipanidze, et al., 2010). A existência de imperfeições naturais relacionadas com o ambiente geram inúmeras oportunidades no empreendedorismo, e muitas vezes a ação empreendedora resolve os problemas ambientais (Municipal, et al., 2010).

A necessidade de compreender o empreendedorismo no contexto do turismo foi criada por Shaw e Williams (1998). A razão pela qual muitos empreendedores investem no setor do turismo, é o desejo de se estabelecer num determinado lugar.

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A relação entre o empreendedorismo e o desenvolvimento regional do turismo sustentável pode ser motivado pelo potencial, que tem o empreendedorismo, para gerar impatos positivos sobre os aspetos económicos, sociocultural e ambiental da região. Eles podem apoiar ou contradizer o outro. Por um lado, as oportunidades de mercado e as políticas de apoio ao desenvolvimento sustentável podem resultar na criação de novas empresas e atividades económicas. As novas empresas podem encontrar novas maneiras de fornecer mais recursos de produtos e serviços eficientes. Por outro lado, as novas empresas podem incentivar novos riscos ecológicos, enquanto as pressões ambientais (por exemplo, segurança, éticos, sociais, etc.) podem impedir a criação de empresas. A inovação, como um elemento central do empreendedorismo, pode ser uma resposta para os problemas ambientais, se este for o desenvolvimento de uma nova tecnologia de redução ou de um novo produto / serviço“eco-friendly”(Lordkipanidze, et al., 2010). Segundo Pacheco, et al., (2010), alguns autores afirmam que o processo inovador do empreendedorismo pode servir como uma força central no desenvolvimento de uma economia ecológica e socialmente sustentável (Dean e McMullen, 2007).

Nas últimas décadas tem-se testemunhado um crescente interesse e atenção para o papel das empresas na condução da sustentabilidade em geral e para a capacidade de empreendedores para promover o bem-estar ambiental (Bansal e Roth, 2000). Este interesse trouxe consigo o surgimento de várias pesquisas sobre o tema “eco-preneuring” ( Kivirist e Ivanko, 2008) e empreendedorismo ambiental (Municipal, e tal., 2010), que abordam a prossecução de oportunidades de lucro que proporcionam simultaneamente benefícios ambientais. O empreendedorismo sustentável, na sua essência, não é diferente de outros tipos de empreendedorismo, mas leva em consideração as questões sociais e ambientais juntamente com as económicas, assim os empresários sustentáveis são mais responsáveis. O empreendedorismo ambientalmente responsável pode ser baseado em recursos e experiências oferecidas pela natureza, dando especial ênfase aos valores não materiais e recursos naturais renováveis (Municipal, et al., 2010).

As empresas que operam no campo do empreendedorismo baseado na natureza são geralmente de pequena escala, relacionadas com a natureza e rural, podendo contribuir para o desenvolvimento regional sustentável, fortalecendo a cultura e a identidade local, através da diversificação das atividades de turismo rural e por manter a população rural na região, bem como, minimizando os impactos ambientais, devido ao caráter de

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pequena escala das empresas de turismo rural ( Sharpley e Vass, 2006). Uma boa gestão por parte destas empresas pode dar um contributo positivo para a economia rural e da comunidade, tornando-se uma das principais forças que influenciam a direção do desenvolvimento regional (Nunkoo e Ramkissoon, 2011). Durante a última década, o interesse pelas áreas rurais têm aumentado devido ao declínio da agricultura e a emigração da população, bem como reduções graduais de fundos com o alargamento da União Europeia.

Muitas vezes, a atratividade de localidades rurais, fornece motivos alternativos para potenciais empreendedores, que muitas vezes são menos impulsionados pelo crescimento e rentabilidade e mais por escolhas pessoais e estilo de vida (Bosworth, 2011). A criação de um negócio geralmente é centrada em valores ambientais, deixando de lado a realização pessoal (Lynch, 2005). Os empreendedores tendem a concentrar-se nas oportunidades que criam opções de emprego para aqueles da sua própria etnicidade, em vez de pessoas de fora (Bosworth, 2011), protegendo assim, os membros da sua comunidade da pobreza e ainda procuram oportunidades que lhes permitam preservar a sua cultura e tradição (Masurel, et al., 2002). O empreendedorismo pode ser visto como uma forma de desenvolvimento, pois aumenta as oportunidades de emprego e diversificação da economia local, aumentando a estabilidade económica nas regiões (Wanhill, 2000).

Alguns estudos comprovam que os indivíduos nascidos em regiões onde se regista maior consciencialização ambiental, como por exemplo, Eugene, Oregon nos EUA; Munique, na Alemanha, ou Tasmânia, Austrália, estão mais conscientes do estado do ambiente natural e, portanto, têm mais probabilidades de detetar alterações que sinalizam uma oportunidade que preserva o meio ambiente (e fornece ganhos) do que os indivíduos nascidos e criados em outros locais. Muitos empreendedores têm contribuído para a diminuição de emissão de substâncias nocivas para o ambiente, a fim de reduzir os custos de produção. Estas ações podem, particularmente nos países em desenvolvimento, melhorar a educação, a produtividade, o status socioeconómico, a saúde física dos indivíduos e das sociedades (Wheeler, 1991).

Segundo os autores (Dean e McMullen, 2007), a ação empreendedora pode preservar os ecossistemas, combater as mudanças climáticas, reduzir a degradação ambiental, melhorar práticas agrícolas e manter a biodiversidade.

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2.4 Sistemas de Planeamento e de Gestão Ambiental

A alteração dos valores sociais em relação ao ambiente tem obrigado o sector do turismo a alterar os seus parâmetros de funcionamento. Após várias décadas de crescimento quantitativo acelerado, o turismo mundial entrou numa fase de profunda transformação. As condições que propiciaram o desenvolvimento do turismo de massas alteraram-se por completo. De resto a OMT alertou em 1998, “ que a revolução no turismo, marcada por uma procura turística com novas características, as empresas do sector não terão outra opção senão a de adotarem práticas mais sustentáveis, se quiserem garantir a sua sobrevivência no mercado” (OMT, 1998).

Há alguns anos atrás, no momento da compra de um produto ou serviço, era difícil identificar qual era produzido com responsabilidade social ou ambiental, sendo uma tarefa muito complexa na escolha destes produtos ou serviços.

Diante de tal situação, começaram a surgir rótulos, selos e certificações que facilitam a identificação de itens produzidos levando em conta diversos critérios e padrões ambientais, sociais, etc.

Os mecanismos de reconhecimento e a procura pela certificação têm vindo a demonstrar uma tendência crescente (Turismo de Portugal, 2011), sendo o turismo apontado como um dos fatores responsáveis pelas transformações que ocorrem à escala global (OMT, 1998). No entanto, verifica-se que há bem poucos anos atrás, a dimensão ambiental começou a ser introduzida nos sistemas de planeamento e de gestão do turismo (Fullana e Ayuso, 2002). A certificação do setor do turismo quanto à sustentabilidade surge não só pela crescente preocupação com a conservação e gestão de recursos, mas também devido ao aparecimento de turistas que selecionam o destino de férias com base nos critérios ambientais e sociais. Esta revela-se num instrumento muito importante da política ambiental, auxiliando o consumidor na escolha de produtos e serviços nocivos ao meio ambiente, e muitas vezes servem de instrumento de marketing para as empresas que querem diferenciar os seus produtos no mercado.

No entanto, os valores sociais e culturais são os que têm recebido menor atenção em todo este processo, para além de não existirem muitas iniciativas que incluam os aspetos sociais, as poucas que existem não podem competir com as questões relacionadas com o campo ambiental (Fullana e Ayuso, 2002). Podem citar-se algumas iniciativas recentes, como o caso da Certificação para a Sustentabilidade Turística, desenvolvida pelo

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Instituto de Turismo da Costa Rica (Certificación para la Sostenibilidad Turística3, 2001), que integra critérios socioeconómicos, a norma Social SA 8000 (Social Accountability International, 1997), que estabelece requisitos relacionados com os direitos humanos e as condições de trabalho, nomeadamente, trabalho infantil, saúde e segurança no trabalho e a não discriminação (Tepelus, et al., 2005).

Muitas vezes, os problemas das comunidades onde os empreendimentos estão localizados, podem justificar a tendência crescente do número de empresas do setor para desenvolver programas de responsabilidade social. Segundo o inquérito IIARS (2010), cerca de 69% dos empreendimentos turísticos desenvolve ações de apoio às comunidades locais. Para além, das ações de divulgação do património cultural e natural, as ações mais disseminadas são a doação de alimentos/mobiliário, promovido por cerca de 28% dos empreendimentos e cerca de 24% dos empreendimentos promove os produtos alimentares regionais locais (Turismo de Portugal, 2011).

Existem instrumentos que podem ser utilizados pelas autoridades no sentido de orientar o comportamento dos agentes turísticos. Os incentivos financeiros ao investimento privado podem servir, igualmente para estimular as empresas a adotarem instrumentos voluntários que estão ao seu alcance, como por exemplo, os sistemas de gestão ambiental ou os rótulos ecológicos. É de salientar a diferença entre rótulos ambientais e certificação ambiental. O rótulo é voltado para os consumidores e a certificação ambiental é voltada para as indústrias de recursos.

Em Portugal têm surgido iniciativas neste domínio (Partidário, 1999). Segundo o Registo de Turismo, em 2011, existiam 45 unidades hoteleiras com certificação ISO 14001 (Turismo de Portugal, 2011). No âmbito do programa Chave Verde, é notável o crescimento do número de empreendimentos certificados, tendo sido galardoados 28 empreendimentos em 2011, contra 25 em 2010 (Turismo de Portugal, 2011).

Os instrumentos de gestão ambiental, revelam-se, por sua vez, como ferramentas que visam auxiliar no processo de planeamento, bem como na operacionalização da gestão ambiental, de modo a que esta gestão possa ser integrada de maneira estratégica por todas as suas atividades.

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De entre os instrumentos de turismo sustentável aplicados voluntariamente pelas empresas turísticas, os mais comuns são os códigos de conduta, os guias de boas práticas ambientais, as eco etiquetas ou rótulos ecológicos, SGAs, os indicadores ambientais e o benchmarking (Fullana e Ayuso, 2002). Estes dois últimos instrumentos são mais utilizados como forma de monitorização ambiental, uma vez que são eles os responsáveis pela supervisão e verificação permanente do desempenho ambiental.

2.2.1 Códigos de Conduta

São orientações estabelecidas pelo setor empresarial, que por sua vez auxiliam as empresas de modo a estabelecerem um compromisso global com o ambiente, tendo em vista a melhoria do seu comportamento ambiental e, em certos casos, o seu desempenho económico e social. Os códigos de conduta podem ser em forma de cartas ou declarações internacionais, como por exemplo, a “Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável”4 (EcoNETT, 2000), elaborada pela Câmara do Comércio Internacional, em 1991, que foi o primeiro código de conduta geral a ser criado para todo o tipo de organizações empresariais (Moniz, 2006).

2.2.2 Guias de Boas Práticas

Geralmente são utilizados para melhorar a gestão ambiental de uma empresa ou estabelecimento, através da aplicação de um conjunto de medidas. Estabelecem determinados procedimentos para diminuir os impactos ambientais mais significativos na empresa, através de uma gestão mais eficiente, por exemplo, ações para poupança de energia e de água, gestão de resíduos, substâncias perigosas, etc. Além de não requerer qualquer experiência prévia por parte da empresa, a implementação deste instrumento não obriga grandes investimentos. No entanto, não permitem estabelecer prioridades na gestão ambiental, nem avaliar o processo alcançado (Moniz, 2006). A título de exemplo, podemos mencionar, Environmental Action Pack for Hotels (International Hotel & Restaurant Association, International Hotels Environment Initiative United Nations

4ECoNETT (2000). EcoNETT boas práticas: Eco Auditorias em Resort Hotels - Grecotel. (Online) Green Globe 21, Green Globe manual de 1994. www.wttc.org / publications.htm

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Environment Programme, 1995); e Environmental Management for Hotels: The Industry Guide to Best Practice (International Hotels Environment Initiative, 1996). Outro dos exemplos é a Chave -Verde ou “Green Key”, que é conhecido com sendo um programa de qualidade e de educação ambiental. Este programa está a ser implementado em Portugal, pela Associação Bandeira Azul. A Chave -Verde tem como principais objetivos, sensibilizar para a alteração de práticas e comportamentos entre os responsáveis, participantes do setor do turismo, nomeadamente, as empresas, as autoridades, os clientes e a comunidade local; envolver os “atores” na responsabilidade face ao Turismo Sustentável; reconhecer as iniciativas de gestão ambiental e contribuir através de um melhor desempenho ambiental. Anualmente, em Portugal têm sido destacados empreendimentos com as melhores práticas sustentáveis, através da atribuição dos Prémios Turismo de Portugal. Referente ao ano 2011, foi galardoado em Junho de 2012, o projeto Inspira Santa Marta Hotel, pelas boas práticas ambientais implementadas ao nível da redução de consumos e materiais de construção, bem como ao nível de sensibilização dos colaboradores e hóspedes. Outro projeto de destaque foi o Hotel Douro Palace Resort & Spa, no âmbito do programa de apoio SI Qualificação PME (QREN). A título de curiosidade este hotel, com vista ao reforço da eficiência energética, realizou um investimento de 805 mil euros, e foi-lhe atribuído um incentivo correspondente a 45% do investimento. As principais medidas passaram pela instalação de um sistema fotovoltaico para injeção de eletricidade na rede do hotel de forma a minimizar o consumo dos chillers e a instalação de um sistema solar térmico para a produção de águas quentes sanitárias, aquecimento da água das piscinas e apoio ao SPA. A instalação deste equipamento permite uma poupança anual de cerca de 64.000 euros, o que representa uma poupança de cerca de 50% dos custos energéticos totais face aos que foram registados no ano anterior ao da apresentação do projeto (Turismo de Portugal, 2011).

No caso da hotelaria, é de salientar, que o êxito destas ações depende da adesão por parte dos hóspedes, como por exemplo, a mudança de toalhas só a pedido dos clientes, para poupar água e detergente. Mas para isso, é fundamental comunicá-las adequadamente, através de cartas, folhetos, painéis informativos, autocolantes afixados nos quartos, etc., para que estes entendam o compromisso ambiental da empresa e colaborem na ações ambientais, dentro das suas possibilidades (Turismo de Portugal, 2011).

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Em Portugal, desde 2008, tem-se verificado uma diminuição do consumo de energia nas principais atividades do Turismo. As que detém mais representatividade do consumo, são as de alojamento e de restauração, representando 71,2% e 26,5%, respetivamente. Verifica-se que nos empreendimentos turísticos existem uma maior consciência sobre a importância da implementação de medidas de eficiência energética. Segundo o IIARS (2010), as medidas de eficiência energética mais disseminadas são de sistemas de ar condicionado de classe eficiente e a utilização de lâmpadas economizadoras. As principais barreiras identificadas na implementação destas medidas são o custo/retorno do investimento, sendo que apenas 8% representa a falta de informação relativamente a tecnologias disponíveis como um fator limitativo (Turismo de Portugal, 2011)

2.2.3 Rótulos Ecológicos, Selos ou Prémios de Qualidade Ambiental

Os rótulos ecológicos consistem numa moderna ferramenta de mercado utilizada para se alcançar diversos objetivos ambientais e tecnológicos, tais como, a proteção ambiental, estimular a inovação ambientalmente saudável na indústria e o desenvolvimento da consciência ambiental dos consumidores (Braga e Miranda, 2002).

Segundo Appleton (2002), tradicionalmente, os rótulos ecológicos vinham sendo utilizados para alertar os consumidores para considerações ligadas à saúde e à segurança. Na atualidade, os rótulos estão sendo cada vez mais utilizados para fornecer informações que reflitam preocupações sociais e políticas, como exemplo, a relação a atributos ambientais ou mão-de-obra, associados a determinados produtos.

Segundo Baena (2000), os rótulos diferenciam-se conforme características relacionadas com aspetos do mercado, utilizados tanto na avaliação dos atributos ambientais dos produtos como no processo de concessão dos rótulos.

O sistema comunitário de atribuição de rótulo ecológico, ou Eco-Label é considerado como sendo o programa de rotulagem ambiental da União Europeia e destina-se a promover os produtos com um impacto ambiental reduzido em vez dos demais produtos do mesmo grupo e prestar informações e orientações corretas aos consumidores, assentes numa base científica sobre os produtos (Parlamento Europeu e do Conselho, 2000). Para o consumidor, estes distintivos são vantajosos, uma vez que permitem reconhecer o cumprimento das especificações ambientais exigidas pelo organismo e muitos deles consideram esta informação nas suas decisões de compra. Os rótulos

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ecológicos podem aplicar-se em unidades de alojamento, estabelecimentos de restauração, serviços, tais como, operadores turísticos, agências de viagens, áreas de lazer, como por exemplo, praias, parques naturais, campos de golfe, etc.

Ao longo dos últimos anos, tem-se concebido cada vez mais esquemas nacionais e internacionais. A Organização Internacional de Normalização (ISO) tem criado normas para definir diferentes tipos de rótulos ecológicos, com base nas normas ISO 14021, ISO 14024 e ISO 14025 (Lopes, 1999 citado por Moniz, 2006). De acordo com a Ecotrans, existem na Europa cerca de 40 sistemas de rótulos ecológicos e de reconhecimento ambiental para estabelecimentos de alojamento turístico e cerca de 2000 empresas envolvidas na sua aplicação (European Network for Sustainable Tourism Development, 2001). Como exemplos, podem-se destacar a iniciativa internacional, Green Globe 21 (Green Globe 21, 2003) e o Rótulo Ecológico Europeu (Ecolabel, 2003). Em Portugal, até ao momento foram atribuídos rótulos ecológicos a serviços de alojamento. Como exemplos temos o Refúgio Atlântico – Exploração Hoteleira e Turística, S.A (Aparthotel 4*), o hotel de S. Pedro, a Quinta do Rio Dão, Turismo Rural, Lda, entre outros.

2.2.4 Sistemas de Gestão Ambiental

O objetivo dos sistemas de gestão ambiental pode ser sintetizado como uma possibilidade de desenvolver, implementar, organizar, coordenar e monitorizar as atividades organizacionais relacionadas com o meio ambiente visando a conformidade e redução de resíduos (Darnall, et al., 2000)

Para além de contribuir para a responsabilidade social e cumprimento da legislação, estes sistemas possibilitam a identificação de oportunidades de redução do uso de materiais e energia e a melhoria da eficiência dos processos (Chan e Wong, 2006) e apoiam as empresas a avaliar e melhorar o seu comportamento ambiental (Rowland, Jones et al., 2005). Os SGA partem de uma avaliação inicial da situação ambiental da empresa e recorrem a auditorias periódicas para avaliar o progresso e o cumprimento dos objetivos e metas estabelecidas, bem como a adequação à respetiva norma de referência. Estes instrumentos apareceram nos anos 90, em grande parte, devido ao sucesso da series de normas ISO 9000, que se destinam à implementação de Sistemas de Gestão da Qualidade. Atualmente, as normas mais conhecidas são a Norma ISO

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14001:2004, que tem como finalidade equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da poluição com as necessidades socioeconómicas (ISO, 2004) e o Sistema Comunitário de Eco gestão e Auditoria EMAS5 (EMAS, 2011), que por sua vez tem como principais objetivos a melhoria do desempenho ambiental de conformidade com a legislação ambiental e a comunicação ao público dos resultados ambientais conseguidos. Atualmente 4.500 organizações são EMAS6. Em Portugal já existem empresas certificadas e como exemplos, temos as empresas BALUARTE - Sociedade de Recolha e Recuperação de Desperdícios, Lda; Bluepharma, Indústria Farmacêutica, S.A; Globe Motors Portugal - Material Eléctrico para a Indústria Automóvel; Palmigráfica - Artes Gráficas, Lda, entre outras.

Segundo o Turismo de Portugal (2011), foram atribuídos 49 462 certificados ao setor do turismo, de acordo com norma ISO 14001, sendo 23 316 na Europa e 137 em Portugal, onde 25% dos empreendimentos têm certificação ambiental e de qualidade, 28% dos empreendimentos têm certificação ambiental e 24% têm certificação de qualidade, dando destaque ao Alentejo, Centro e Açores.

Os países europeus com maior número de certificações são a Alemanha (3700), a Espanha (3228), o Reino Unido (2917), a Suécia (2730), a Itália (2153), seguindo-se a Holanda (1073) e a Suíça (1052) (ISO, 2003).

2.2.5 Indicadores

Os indicadores têm por finalidade a apresentação periódica de relatórios ambientais, sendo este um instrumento que as empresas têm ao alcance para comunicarem às partes interessadas os seus objetivos, as suas práticas e o desempenho ambiental. Estes podem ser em forma de boletins, publicados com periodicidade ou anualmente, ou através de relatórios exaustivos sobre o comportamento ambiental da empresa. As empresas turísticas, em comparação com os outros setores, recorrem muito pouco a este instrumento, existindo apenas, alguns casos de cadeias hoteleiras, como o caso do Intercontinental Hotels and Resorts e Grecotel e a Sangra Saby Resort and Conference Centre (Fullana e Ayuso, 2002, citado por Moniz, 2006). Também o EMAS exige a

5http://www.apambiente.pt/index.php?ref=17&subref=120&sub2ref=125- Consultado a 06/05/2013 6http://ec.europa.eu/environment/emas/index_en.htm - Consultado a 06/05/2013

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elaboração periódica de relatórios ambientais para informar o público sobre o comportamento da organização. Deste modo, recomenda a utilização de indicadores ambientais que podem respeitar aspetos como as emissões para a atmosfera, consumo de matérias – primas, água e energia, etc.

2.2.6 Benchmarking

É um instrumento que visa a avaliação comparativa de produtos, serviços e práticas de uma empresa em relação aos líderes do setor, com a finalidade de implementar procedimentos que permitam melhorar a sua posição competitiva ou até ultrapassar a concorrência (Cernat, 2012)

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3. Estratégia de Investigação

Nesta secção são apresentadas as opções metodológicas adotadas que atenderam aos objetivos e à natureza do presente estudo. Será dado um destaque particular às entrevistas estruturadas por terem sido utilizadas para recolher a informação ao nível do estudo de caso.

3.1 Objetivos do estudo

Os objetivos desta dissertação são descrever num caso concreto o percurso de um empreendimento, o perfil do empreendedor e as perceções, atitudes e as motivações para empreender através do paradigma da sustentabilidade A dissertação pretendia também apresentar sugestões sobre como incentivar o microempreendedorismo nos territórios rurais periféricos, como o caso de Atenor, em Miranda do Douro.

3.2 Métodos e técnicas de recolha de dados

Com a vista a delinear a estratégia para este trabalho foi necessário identificar, antecipadamente, qual a finalidade e qual o tipo de estudo inerente à investigação. A presente investigação seguiu uma abordagem qualitativa, baseando-se num estudo de caso, pois é um método que pode ser empregue quando a dissertação está focada num conjunto de assuntos numa única organização (Jankowicz, 2000) e porque, para além de ser um método frequentemente associado às pesquisas descritivas ou exploratória, é também utilizado quando o fenómeno sob investigação é difícil de estudar fora do seu contexto natural e quando os conceitos e as variáveis são difíceis de quantificar (Ghauri e Grouhaug, 2002).

Autores como Ghauri e Grouhaug (2002) afirmam que existem pelo menos três objetivos diferentes para efetuar uma determinada pesquisa, classificando-a como exploratória, descritiva ou causal.

Um estudo de caso simples é uma estratégia que se justifica, de forma surpreendente, quando o caso representa um teste crítico a teorias existentes, quando representa uma ocorrência única ou rara, ou quando é um caso revelador, ou seja, quando o investigador tem acesso a um fenómeno que não estava disponível anteriormente. O mesmo autor sugere ainda que o estudo de caso é especialmente apropriado para responder a

Imagem

Figura 1 - Evolução cronológica do conceito de sustentabilidade do turismo
Tabela 3 - Definições de Ecoturismo
Figura 2 – Localização de Miranda do Douro
Tabela 4 - População residente
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Referências

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