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Relatório de Estágio Profissional - Os primeiros socorros, professores de educação física e o conhecimento.

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Academic year: 2021

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Relatório de Estágio Profissional

“Os primeiros socorros, professores de Educação

Física e o conhecimento”

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro).

Orientador: Mestre Rui Jorge de Abreu Veloso

Diogo Filipe Batista da Silva Porto, Julho de 2013

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Ficha de Catalogação

Silva, D. F. B. (2013). Relatório de Estágio Profissional. As competências e experiências fornecidas pela Escola Pública. Porto: D. Silva. Relatório Profissionalizante para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: Professor, responsabilidade, Estágio Profissional, Educação Física

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Agradecimentos

Em primeiro lugar tenho de agradecer aos meus pais por terem feito de mim a pessoa que sou hoje. Sem a educação, os valores e o amor que sempre depositaram em mim, nunca teria conseguido concluir mais uma etapa da minha formação. Agradeço também ao meu irmão por tudo aquilo que representa na minha vida.

À minha namorada por ter sido a pessoa que me ajudou a ultrapassar as dificuldades com um sorriso.

Ao Mestre Rui Veloso pela orientação neste processo de formação.

À professora cooperante Maria Silva pela confiança, partilha, amizade e verdades sempre presentes.

À minha turma, 5º H, por todas as dificuldades e desafios que tive de superar para me tornar melhor profissional.

E por último, aos meus amigos e colegas de estágio Tiago e Joana por todos os momentos que passamos.

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Índice geral

Índice geral ...V Índice de Quadros... VII Índice de Gráficos ... VIII Índice de Anexos ... IX Resumo ... XI Abstract ... XIII Abreviaturas ... XV 1. Introdução ... 1 2. Dimensão Pessoal ... 3 2.1 “Meu” Percurso... 3

2.2 Expectativas vs Realidade vivenciada ... 6

3. Enquadramento da Prática Profissional... 11

3.1 O Contexto de Estágio ... 11

3.1.1. Referência ao contexto de natureza funcional, Institucional e legal ... 11

4. Pratica Profissional ... 13

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem ... 14

4.1.1 Conceção ... 14

4.1.2. Planeamento ... 16

4.1.2.1. Extensão e Sequência dos Conteúdos ... 18

4.1.2.2. A aula de Educação Física – “O plano” ... 23

4.1.2 Realização – As estratégias como armas para combater as dificuldades ... 26

4.1.2.1. Corrida contínua como a preparação mental e comportamental ... 27

4.1.2.2. A não distinção do território pedagógico do espaço de lazer ... 30

4.1.2.3. O futebol e o acentuar dos conflitos ... 31

4.1.2.4. Badminton e a autoridade ... 33

4.1.2.5. A indisciplina ligada à dispersão ... 36

4.1.2.6. Quarta-feira vs Sexta-feira ... 38

4.1.2.7. A responsabilidade e a tristeza pela falta dela ... 39

4.1.3. Avaliação como um formalismo valioso ... 41

4.1.3.1 Funções da avaliação ... 42

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VI

4.2. Áreas 2 e 3 – Participação na Escola e Relações com a comunidade ... 46

4.2.1 Estudo de investigação ... 51

Os primeiros socorros, professores de Educação Física e o conhecimento ... 51

Introdução ... 52

Material e Métodos ... 54

Análise de dados e Procedimentos estatísticos ... 56

Discussão ... 62

Conclusões ... 64

4.3. Área 4 – Desenvolvimento Profissional ... 66

4.3.1. Estabelecer dos vínculos através da explicação ... 67

4.3.2. Implicação na escola ... 69

5. Conclusão ... 73

6. Síntese Final ... 75

7. Referências bibliográficas... 79 8. Anexos ... XVII

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VII

Índice de Quadros

Quadro 1 - Questões inseridas no questionário 55 Quadro 2 - Conteúdo das respostas dos professores - categorias 58 Quadro 3 - Conteúdo das respostas dos professores – categorias 60 Quadro 4 - Conteúdo das respostas dos professores – categorias 61

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VIII

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Percentagem das respostas oferecidas pelos professores 59 Gráfico 2 - Percentagem das respostas oferecidas pelos professores 60 Gráfico 3 - Percentagem das respostas oferecidas pelos professores 62

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IX

Índice de Anexos

Anexo I – Ficha individual do aluno XX

Anexo II – Planeamento anual XXIV

Anexo III – Unidade Didática de Badminton XXV

Anexo IV – Plano de aula XXVII

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XI

Resumo

Este documento foi elaborado no sentido de responder a um dos objetivos da unidade curricular de Estágio Profissional (EP), que é um dos componentes do plano de estudos do 2º ciclo, conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

Tudo o que este documento descreve vai ao encontro das experiências que vivenciei ao longo do EP. A informação mais relevante está dividida em quatro grandes áreas: Área 1- Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade; Área 4 – Desenvolvimento Profissional (Matos, 2012).

O documento divide-se em três partes, sendo a primeira destinada à Introdução, Dimensão Pessoal e Enquadramento da Prática Profissional. Na Introdução refiro o que vai ser desenvolvido ao longo do documento. Na Dimensão Pessoal, faço um curto relato do meu percurso pessoal, desportivo e académico, assim como refiro as expectativas e a realidade vivenciada perante o Estágio. No Enquadramento da Prática Profissional, faço um enquadramento do Estágio. A segunda parte destina-se à Prática Profissional onde estão incorporadas as quatro Áreas de Desempenho. A última parte engloba a Conclusão e Síntese Final onde faço uma ligeira reflexão sobre todo o processo e elaboro algumas apreciações perante o futuro.

Este estágio permitiu-me evoluir enquanto ser humano e enquanto profissional. Esta formação inicial propiciou-me inúmeras vivências que me marcaram e que me vão marcar para sempre. A postura que se foi alterando devido ao acréscimo de responsabilidade que ao longo do tempo se fazia sentir, levou a que me sentisse um verdadeiro professor. Este novo ciclo articula o fim da vida académica e o início da vida profissional.

PALAVRAS-CHAVE: Professor, responsabilidade, Estágio Profissional, Educação Física

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XIII

Abstract

The present paper intends to achieve one of the objectives of the curricular Traineeship (EP), which is a component of the curriculum of the 2nd year, leading to the degree of Master of Physical Education Teaching in Primary and Secondary Education (EEFEBS) of the Faculty of Sport, University of Porto (FADEUP).

This document describes all the experiences lived throughout the EP. The relevant information is divided into four majorareas: Area 1 - Organization and Management of Teaching and Learning; Areas 2 and 3 - Participationin School and Community Relations; Area4-Professional Development (Matos, 2012).

The document is divided into three parts. The first is intended for Introduction, Personal Dimension and Traineeship Preparation. In the Introduction I refer to what will be developed throughout the document. In Personal Dimension, I make a short account of my personal, sports and academic life, as well as my expectations and the real situation observed during training. In Traineeship Preparation I mention the work done before traineeship. The second part is intended for Traineeship in which the four Areas of Performance are incorporated. The last part includes the Conclusion andFinal Summary where I do a critical analysis of the whole process and present some assessments about the future.

This traineeship allowed me to evolve as a human being andas a professional. This initial training provided me countless experiences that have marked me forever. My interaction with the students kept changing due to the increased responsibility that was felt over time and I experienced what it is to be a teacher. This new cycle marks the end of the academic life and the beginning of the professional life.

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XV

Abreviaturas

EP - Estágio Profissional

EEFEBS - Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário FADEUP - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

JJG - Jogos Juvenis de Gaia

PES - Prática do Ensino Supervisionada JDC - Jogos Desportivos Coletivos PEE - Projeto Educativo de Escola

PCEF - Projeto Curricular de Educação Física PCT - Projeto Curricular de turma

RI - Regulamento Interno

CGTP - Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses UD - Unidade Didática

DE - Desporto Escolar

CEF - Curso de Educação e Formação RE – Relatório de estágio

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1. Introdução

O relatório de estágio é um documento inserido no âmbito da disciplina Estágio Profissional I e II, presente no plano de estudos do 2º ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, conducente ao grau de Mestre. A elaboração deste documento contou com a orientação do Mestre Rui Veloso.

O Estágio Profissional é um projeto de formação do estudante que pretende uma integração do conhecimento proposicional e prático necessário à profissão docente, assim como uma interpretação atual da relação teoria prática, contextualizando esse conhecimento no espaço escolar. Este projeto tem o objetivo de formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. A reflexão que um professor constantemente promove de forma justificada, e em consonância com os critérios do profissionalismo docente, bem como o conjunto de funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação, são parte integrante dos objetivos do projeto de formação (Matos, 2012).

Esta forma de integração do estudante no exercício da docência de forma progressiva e orientada, em contexto real, fará com que o mesmo desenvolva competências profissionais, no sentido de promover um desempenho critico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências que constantemente colocam à prova a profissão (Matos, 2012). São estas reflexões, que todos os dias fazemos, que sustentam as nossas decisões e que nos ajudam a crescer na perceção da profissão.

Sendo um pouco mais objetivo e considerando o conteúdo que este documento compreende, divido o mesmo em algumas partes. A primeira parte vai ao encontro do Enquadramento Pessoal e Profissional, onde exibo o meu percurso pessoal, desportivo e académico, as espectativas e a realidade vivenciada no estágio, assim como exibo o enquadramento do contexto do EP e as suas diferentes vertentes. A segunda parte proporciona a leitura das quatro áreas de desempenho que estão previstas nas Normas Orientadoras do

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EP: Área 1 – “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem” que contém a Conceção, Planeamento, Realização e a Avaliação, sendo na Realização que atribuo uma maior importância à prática, mostrando as dificuldades que senti e as estratégias que engendrei para ultrapassar os problemas; Área 2 e 3 – “Participação na Escola e Relações com a Comunidade” apresenta todas as atividades que foram desenvolvidas pela Comunidade Escolar e pelo núcleo de estágio. Esta área contém também o estudo de Investigação-Ação que desenvolvi ao longo do ano; Área 4 - Desenvolvimento Profissional” exibo a pertinência do EP para o desenvolvimento do professor enquanto estagiário. A última parte é referente à Conclusão e Síntese Final, onde tiro todas as ilações do que foi exposto.

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2. Dimensão Pessoal

Neste capítulo do relatório, aquilo que irei retratar é precisamente o meu percurso académico e pessoal, desde a infância até à atualidade. Irei descrever as minhas experiências pessoais, académicas e desportivas para transmitir melhor quem sou.

Na segunda parte deste capítulo irei determinar uma confrontação entre aquilo que os livros pretendem transmitir e a minha perceção do contexto de estágio, referindo-me às expectativas criadas e à realidade vivenciada ao longo do Estágio Profissional.

2.1 “Meu” Percurso

Ao longo da minha vida, o Desporto e a prática desportiva acompanharam e melhoraram a minha formação. Desde muito cedo, com cerca de 2 anos, tive a oportunidade de entrar para a Piscina de D’Ourival, em Vila Nova de Gaia. Esta oportunidade que os meus pais me deram, foi ao encontro do pensamento que eles tinham acerca dos benefícios do desporto, e da natação em particular. Esta etapa da minha formação decorreu até aos 10 anos. Aos 7 anos, para além de andar na Natação, comecei a praticar Karaté. Esta modalidade ajudou-me a ganhar muita confiança e determinação. Infelizmente, e tal como aconteceu com a Natação, aos 10 anos tive de abandonar, porque, ao mudar de ciclo, teria obrigatoriamente de mudar de escola. No entanto, e mais uma vez, os meus pais não ficaram de braços cruzados e colocaram-me a jogar futebol. Foi na Associação Desportiva de Grijó que, aos 10 anos, comecei a dar uns “toques” na bola. Mantive-me neste clube durante 8 anos. Apesar de nunca ter ganho nada em termos competitivos, ganhei muitos amigos, tendo sido esses que me ajudaram na adaptação a uma nova realidade escolar. Os amigos que tive a oportunidade de fazer ao longo dos anos que passei por este clube, são amizades que ainda hoje perduram.

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Ao longo de todos estes anos tive a oportunidade de experimentar muitas outras modalidades e auferir de cada uma delas valores que ainda hoje preservo. A disciplina, o respeito pelas regras, o respeito com os outros, a cooperação, o respeito pelos outros, a competitividade, a liderança e a capacidade de tomar decisões, foram tudo valores que o Desporto me proporcionou e que só tenho a agradecer.

Com a conclusão do Ensino Secundário, no Colégio Internato dos Carvalhos, surgiu-me a oportunidade de ingressar no Ensino Superior, mais propriamente no Instituto Superior da Maia, onde concluí a licenciatura em Educação Física e Desporto. Foram 3 longos anos. Digo isto porque tinha de me deslocar á faculdade todos os dias e o meu transporte era o autocarro e o metro. Demorava 4horas em viagens. Apesar da distância não me arrependo de ter optado por esta instituição. A mesma proporcionou-me experiências muito gratificantes. O facto de ter conhecido muita gente de diferentes áreas, fez com que me focasse muito na minha área mas sem nunca perder de vista outras áreas importantes da nossa sociedade. A adaptação não foi fácil uma vez que, e mais uma vez, fui sozinho para uma realidade nova. O primeiro semestre foi difícil de ultrapassar, já que as disciplinas que tinha eram todas teóricas. No segundo semestre desse primeiro ano, as coisas começaram a mudar e muito por culpa das práticas. Ou seja, nas aulas práticas o companheirismo, a entreajuda e a comunicação começava a surgir. Foi a partir daí que as amizades começaram a ser construídas, independentemente das grandes diferenças de idades. Nos anos seguintes, as coisas continuaram a melhorar e as amizades construídas começaram a solidificar as suas bases. Em relação aos professores não posso dizer que houve muitos que me marcaram mas posso referir que pelo menos três professores influenciaram em muito a minha forma de agir em determinadas situações devido às qualidades humanas que evidenciaram. Nas aulas mostravam-se duros porque alguns elementos da turma assim o justificavam e fora do contexto escolar, pessoas muito acessíveis e a quem poderíamos chamar amigos. Contudo, também houve professores que me marcaram pela negativa. No entanto, refletindo sobre a forma de agir deles, tomei consciência que se algum dia viesse a ser professor teria de ser diferente. Ou seja, para além da relação professor/aluno,

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teria de procurar promover uma aprendizagem significativa no processo ensino-aprendizagem nos meus alunos.

No último ano de licenciatura tive a oportunidade de treinar uma equipa ligada ao futebol. Este convite surgiu da parte de uma amiga que estava à frente de uma coletividade que organizava as diversas modalidades para participar nos JJG (Jogos Juvenis de Gaia). Esta foi a minha primeira e única experiência como treinador de futebol até ao momento. No entanto, e apesar de saber que não tinha conhecimentos suficientes para que os miúdos tivessem um desenvolvimento muito completo, penso que fiz um bom trabalho tendo em conta as diferenças de idade que havia. Num treino nunca tinha mais de 10 jogadores e as idades variavam entre os 6 e os 13 anos. Apesar desta diferença de idades consegui que todos gostassem de vir treinar. O “prémio” que me deram foi o facto de conseguirem chegar a final dos JJG. Sendo a equipa mais jovem do torneio, a mesma conseguiu um feito inigualável, recebendo elogios dos adversários e dos responsáveis desse mesmo torneio. Esta experiência acabou por me marcar muito e fez com que o sonho de um dia ser treinador de uma equipa profissional ganhasse ainda mais força.

Antes de me decidir a ingressar no ensino superior considerava que o 12º ano era suficiente e que correspondia às minhas expetativas de vida. Depois de terminar a licenciatura, e tendo em conta toda a energia despendida, pensei que o percurso ainda estava a meio. Foram determinantes a vontade de saber mais e a conjuntura económica que não se compadece com meios-termos. Decidi avançar para o Mestrado, via Ensino, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, mesmo sabendo, que nos próximos anos, dificilmente darei aulas numa escola.

Após concluir a Licenciatura, e depois da inscrição para entrar no Mestrado, surge a grande notícia da entrada na FADEUP. Essa entrada permitiu-me ganhar ainda mais conhecimentos teóricos, práticos, pedagógicos e didáticos. O primeiro ano nessa nova Instituição foi, no início, um pouco complicado, visto que tinha encontrado emprego na minha área e podia, a médio/longo prazo, começar a ganhar algum dinheiro. No entanto, e passado algum tempo, tive de abandonar esse mesmo trabalho uma vez que não conseguia conciliar com a faculdade. A decisão não foi difícil de tomar porque o sonho de ser professor e a vontade de o ser, permitiu-me decidir de uma forma

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rápida aquilo que queria. Posteriormente a essa situação, e depois de ter conseguido ter um bom grupo de colegas e de trabalho, concluí o primeiro semestre com sucesso. Não posso dizer que foi um semestre fácil mas com a ajuda de todos os colegas tornou-se mais acessível de ser realizado com sucesso. Todos os momentos passados neste primeiro semestre foram muito bons e recheados de aprendizagens significativas.

Na passagem para o segundo semestre esse mesmo grupo de trabalho sofreu algumas alterações. Ou seja, tivemos de escolher novamente as turmas e só 3 elementos do grupo ficaram juntos. Apesar de esse problema nos ter surgido, visto que o trabalho no segundo semestre era imenso, penso que conseguimos sempre cumprir com o que era proposto e apresentar alguma qualidade. A prova disso foi verificar, no final, que todos os elementos do nosso grupo tinham concluído todas as didáticas com sucesso. Esse grupo de colegas que trabalhou arduamente comigo, é considerado um grupo de amigos. Aliás, o Tiago, que esteve no meu núcleo de estágio, era um dos elementos do grupo, tendo sido muito bom voltar a trabalhar com ele.

Relativamente ao estágio, realizado numa escola que desconhecia por completo, posso referir que no início, e apesar de me terem dito que era uma boa escola, fiquei um pouco de pé atrás. Este sentimento evidenciado surgiu devido ao facto de nunca ter visto a escola e de não saber ao certo o que me esperava. No entanto, e depois de um ano letivo, a lecionar, penso que fiz a melhor escolha possível.

2.2 Expectativas vs Realidade vivenciada

O Estágio Profissional (EP) está inserido no ciclo de Estudos em Ensino de Educação nos Ensinos Básicos e Secundários. Este será um momento em que toda a nossa formação inicial será colocada à prova, no sentido de perceber se conseguimos fazer o transfere de todos os conhecimentos adquiridos para a realidade escolar.

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No primeiro ano de mestrado fui confrontado com diversas perspetivas de diferentes professores e logo aí comecei a fomentar diversas especulações sobre o estágio. Será legítimo referir que no início, com a grande quantidade de conhecimentos que estavam a ser transmitidos, fiquei um pouco confuso e não consegui digerir tudo da melhor forma. Isto acontecia porque aquilo que nos era transmitido eram situações que seriam as ideais para prática pedagógica. Portanto, esse meu receio partia muito do facto de as pessoas não serem todas iguais e de ser muito difícil aplicar exatamente tudo aquilo que nos era incutido. No entanto, comecei a perceber que tudo podia ser adaptado tendo em conta o contexto em que estávamos inseridos. Os conhecimentos e a capacidade para construir uma atitude investigativa no campo profissional, em que análise crítica é um fator determinante para o sucesso, foi com certeza uma das competências que este ciclo de ensino nos tentou transmitir. Gonçalves, Albuquerque e Aranha (2011, p.148) referem que é “De realçar que o modelo de ensino usado na formação dos professores vai ter repercussões no tipo de aulas que esses professores vão dar no futuro”.

O EP, e tal como nos tinham informado ao longo do primeiro ano de mestrado, iria ser completamente diferente daquilo que pensaríamos. A dificuldade do estágio decorre em grande parte devido à diferença que existe entre a formação e a realidade. Ou seja, os estudantes são confrontados com uma formação demasiado teórica em detrimento de uma formação predominantemente prática. Se tal acontecesse, a aproximação à realidade de professor seria bastante maior e isso traduzir-se-ia numa ainda maior qualidade, capacidade e competência profissional. Este relato acontece devido à reflexão que ao longo do ano de estágio ia fazendo. Quero com isto referir que, se por ventura a nossa formação fosse diferente, os nossos alunos iriam beneficiar mais. A adaptação que existe da parte de um professor estagiário à realidade desconhecida, bem como o seu pouco à vontade numa nova etapa da sua formação, podem comprometer a aprendizagem dos alunos.

Apesar deste comentário, penso que a formação teórica é extremamente importante e que me ajuda a sustentar determinadas ideias. São essas ideias que me podem ajudar a inovar. A inovação, a reflexão e a capacidade de agir de forma alternativa, são aspetos a ter sempre em conta.

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Apesar de no primeiro ano de Mestrado termos sido confrontados com idas à escola para lecionar determinadas modalidades das Didáticas Específicas, penso que isso é muito redutor, não só por serem poucas as vezes que o fazemos, mas também por estarmos em grupo. Para quem nunca esteve à frente de uma equipa ou a liderar um grupo de pessoas, torna-se mais fácil, nesse primeiro contacto, estar em grupo. Mas a verdade é que não vai de encontro à realidade. Ou seja, na realidade da prática profissional aquilo que acontece é que somos só nós, os professores, a liderar e a resolver todos os problemas que surgem da prática.

O facto de ter ficado na Escola Dr. Costa Matos não me agradou muito no início e fez-me pensar que, se já iria ser um ano complicado por tudo aquilo que o estágio poderia trazer, ainda mais difícil seria ficando numa escola desconhecida para mim. No entanto, após um mês da minha chegada, penso que tive muita sorte em ter ficado nesta escola. Em todas as reuniões que fui tive a impressão que o grupo que se preocupa mais com a escola e com todas as questões que envolvem a sua evolução, foi o grupo de Educação Física. Para além de me parecer um grupo unido e com todos os elementos em sintonia, ajudaram-me bastante na integração. O meu núcleo de estágio é composto por mais dois colegas da FADEUP, o Tiago Santos e a Joana Silva. Ao longo do ano letivo penso que aprendi muito com eles e espero que o contrário também tenha acontecido.

Esta experiência do EP foi muito enriquecedora e inesquecível. Todos os dias a escola proporcionava-me mais uma ferramenta para lidar com os problemas que advêm de muitas situações. Naturalmente que, e tendo em conta as expectativas que criei à volta do estágio, sabia que não iria estar a 100% na escola. Ou seja, o facto de saber que só iria ficar com uma turma, deu-me a sensação que iria ser um pouco redutor a minha contribuição para o sucesso escolar dos alunos. O facto de ter ficado com uma turma do 5ºano também me impediu de ter uma experiência ao nível do 9ºano. Gostava de ter ido um pouco mais além do que a minha turma me permitiu. A saída da zona de conforto, em certas modalidades, iria fazer com que tivesse de pesquisar e trabalhar ainda mais para as aulas. Imagino que os alunos do 3º ciclo coloquem mais desafios e que o confronto me estimulasse ainda mais, sobretudo em modalidades onde reconheço que tenho menos à vontade. No

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entanto, as características da turma, acabaram por me colocar dificuldades, obrigando-me a recorrer e a apelar a conhecimentos, bem como a arranjar estratégias tão diversificadas que, penso agora, não teriam sido necessárias com alunos mais velhos. Os adolescentes são indolentes e pouco solidários, e dificilmente teria conseguido obter os níveis de sucesso que foram alcançados. Por outro lado, penso que consegui ter maior influência pedagógica de forma sustentada.

Apesar das espectativas criadas, penso que a experiência vivenciada acabou por ser muito superior. O convívio criado com todos os atores que diariamente fazem parte da encenação da vida de “um dia de escola”, desde colegas estagiários, professora cooperante, professor orientador, alunos e até assistentes operacionais, faz com que o sentimento de nostalgia se apodere e me deixe emocionado. A convivência diária com pessoas totalmente diferentes umas das outras, com idades diversas, fez com que aprendesse muito como professor e como pessoa. É um mundo que me fez crescer e que nunca mais me vou esquecer. Tenho a certeza que no dia em que conseguir colocação no ensino tudo vai ser diferente, começando com o número de turmas que terei à minha responsabilidade. Essas turmas e os possíveis problemas que me irão proporcionar serão em grande parte diferentes dos problemas que vivenciei este ano. Ou seja, cada turma é diferente e tem os seus problemas, dificuldades que têm de ser ultrapassadas com diferentes estratégias de ensino. Para além do número de turmas e dos problemas que terei pela frente, penso que continuarei a aprender com as vivências escolares.

Apesar de a aprendizagem ao longo do ano ser grande, nem sempre foi adquirida da melhor forma. Ou seja, nem sempre tudo aquilo que planeava saía da forma como pretendia. E isso acabava por trazer um sentimento de frustração e de completo desanimo. No entanto, e apesar de a minha turma não me trazer a alegria que desejava, o convívio com os alunos no Desporto Escolar e na cantina da escola, com outros alunos, fazia com que me sentisse bem e que gostasse de lá estar. Juntando essas experiências positivas às que foram menos boas, vivenciadas na turma lecionada, penso que adquiri um vasto conjunto de conhecimentos e aprendizagens, que fizeram de mim melhor professor.

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Apesar de esta experiência ser um pouco limitada, por tudo aquilo que já referi anteriormente, penso que esta “amostra” que obtive ao longo do ano letivo é na realidade uma pequena experiência que pretende dar sequência a toda a nossa formação. No entanto, sei claramente que tenho de continuar o meu caminho e aprender diariamente na relação com os outros. É essa imprevisibilidade em lidar com pessoas que faz com que na escola exista uma cultura organizacional que estabelece as práticas e os comportamentos dos seus atores, determinando as atitudes e os valores que a mesma defende. Portanto, é este conjunto de comportamentos e atitudes que faz com que o professor saiba ter a competência necessária para perceber e resolver, em tempo oportuno, problemas que a escola tem de resolver enquanto organização que pretende proporcionar um desenvolvimento saudável e o mais perfeito possível, a todos os alunos.

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3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1 O Contexto de Estágio

“Note-se que o prestígio da escola é também fruto de uma aposta clara na integração, concretizada através de incentivos ao estudo e ao sucesso, uma relação informal entre professores e alunos, inúmeros espaços e actividades extra-aulas”

(Abrantes, 2003, p.111 e 112)

3.1.1. Referência ao contexto de natureza funcional, Institucional e legal

No que diz respeito ao contexto de natureza funcional e institucional, o Estágio Profissional engloba os princípios enumerados na legislação específica. Esses princípios podem ser vistos no Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de março, alterado pelo Lei nº 107/2008, de 25 de junho, pelo Decreto-Lei nº 230/2009, de 14 de setembro e no Decreto-Decreto-Lei nº43/2007, de 22 de fevereiro, bem como o Regulamento Geral dos segundos ciclos da Universidade do Porto, o Regulamento Geral dos segundos ciclos da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e o Regulamento específico do 2º ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário.

Em relação à vertente Legal pertencente ao Estágio Profissional, em que existe uma Prática do Ensino Supervisionada (PES), esta decorre devido à inserção desta Prática Profissional no Plano de Estudos do Mestrado em Educação, no sentido de aquisição do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundários, da Faculdade de Desporto da

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Universidade de Porto, sendo as normas definidas pela Faculdade estando em concordância com a legislação em vigor.

De acordo com o Decreto-Lei nº 240/2001 de 30 de agosto, o perfil de um professor de Educação Física tem de ir ao encontro dos parâmetros que estão assegurados nesse Decreto-Lei. Dimensão profissional, social e ética; Dimensão de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; Dimensão de participação na escola e de relação com a comunidade; Dimensão de desenvolvimento profissional ao longo da vida; Estas são as quatro áreas que se pretende que o professor desenvolva.

Dessa forma o EP pretende estabelecer a ligação entre a formação inicial e o início do real exercício docente. Esta será a melhor forma de garantir um desenvolvimento profissional mais sustentado, capaz de nos desenvolver diversas competências. Matos (2012/2013, p.2) refere que a competência profissional:

(…) assenta no desenvolvimento de competências pedagógicas, didáticas e

científicas, associadas a um desempenho profissional crítico e reflexivo que se apoia

igualmente numa ética profissional em que se destaca a capacidade para o trabalho em equipa, o sentido de responsabilidade, a assiduidade, a pontualidade, a apresentação e a conduta adequadas na Escola.

De referir apenas, e antes de terminar, que o EP realizou-se na Escola Básica Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, tendo ficado com a responsabilidade de lecionar as aulas de Educação Física à turma 5ºH.

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4. Pratica Profissional

“A aprendizagem no ensino institucional constitui um processo dirigido por objetivos, decorrendo de forma consciente e organizada”.

Bento (1987, p.72)

Em termos de Prática Profissional, o Regulamento que sustenta o Estágio Profissional contempla quatro áreas de desempenho. Essas quatro áreas são: Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem (Área 1); Participação na Escola e Relações com a Comunidade (Área 2 e 3) e, Desenvolvimento Profissional (Área 4). Estas áreas tiveram uma função importante ao longo do ano, ou seja, permitiram um importante enquadramento com aspetos considerados essenciais na esfera do EP. Portanto, em traços gerais, este regulamento serviu como um documento estruturante no sentido de melhorar a minha atuação.

Ao longo do ano tive a oportunidade de vivenciar inúmeras experiências dentro do espaço escolar. A forma como fiquei a conhecer o ensino e como o mesmo funciona era algo que sempre quis saber. Sinto que neste momento a forma como vejo o funcionamento do sistema educativo faz com que tenha um olhar critico e mais realista. Todos os conhecimentos que adquiri na escola, através da prática docente, fazem com que me sinta cada vez mais confiante e com capacidade para aumentar a responsabilidade que um professor tem e deve ter. A relação que existiu entre alunos e professores-professores permitiu-me perceber ainda mais que os alunos tentam identificar-se e moldar-identificar-se aos professores (Postic, 1984), e que os estes, na relação que estabelecem entre eles, constroem uma cultura muito própria.

Tudo aquilo que irei relatar neste capítulo da “Prática Profissional” será no sentido de dar a conhecer o que se passou comigo ao longo do ano. Todas as dificuldades, objetivos traçados, estratégias para a eficácia na intervenção e as aprendizagens constantemente adquiridas, são pontos a descrever. A descrição que irei fazer de cada área será realizada de forma separada mas,

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no entanto, existe uma articulação entre todas essas áreas, de forma a poderem ser consideradas como um todo que se completa, na tentativa de atingir a perfeição.

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

Nesta área pretende-se apresentar o conjunto das estratégias definidas, para uma correta intervenção, tendo em conta os objetivos e o conhecimento científico que existe para a condução cuidada, responsável e eficaz nos processos de formação dos alunos. Esta área engloba a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino. A relação que existe entre todos estes pontos faz com que cada um dependa do outro, no sentido de alcançar o sucesso. Portanto, toda a organização e gestão do ensino e da aprendizagem compreende um enorme esforço que um professor tem de levar a cabo, para que as suas intervenções possam provocar alterações significativas e acertadas nos nossos alunos.

Em suma, a prática torna-se pertinente com a garantia de articulação dos pontos referidos em cima.

4.1.1 Conceção

“O ensino é criado duas vezes: primeiro na conceção e depois na realidade”.

(Bento, 2003, p.16)

O processo de ensino acaba por, inevitavelmente, sofrer uma conceção que visa preparar a realização consciente do ensino. Essa conceção pretende conter decisões importantes que ajudem o professor na sua atuação. Para se

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começar a executar esse trabalho é necessário conhecer a escola e os seus atores. Neste sentido, o trabalho começou por aí. Foi crucial saber as condições que a escola oferecia, não só aos alunos mas também aos professores, tanto em termos de condições materiais como humanas, e dessa forma formular o processo de ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, e tentando organizar o processo de ensino aprendizagem da melhor maneira, penso que a análise dos planos curriculares e do programa de Educação Física, e a informação pertinente que ia retirando, ajudavam-me na gestão deste processo. De uma forma natural, a análise feita levou a uma adaptação tendo em conta uma realidade existente. Outras questões ligadas a este assunto, e que não são menos importantes do que as que vimos em cima, visto que se encontram articuladas umas com as outras, são questões relacionadas com contexto social e cultural da escola e dos alunos, e os objetivos e competências a atingir na disciplina. Para este cumprimento, em grande parte, valeu a análise e reflexão em conjunto do núcleo de estágio, tendo todos colaborado na construção desta conceção.

Trata-se portanto, de um conjunto de informações que se tornam importantes para iniciarmos a nossa planificação e dessa forma preparar da melhor maneira o processo de ensino e aprendizagem. Esta conceção inicial pretende melhorar os resultados no ensino e dar-lhe um rumo. Os quatro documentos que me permitiram situar neste contexto escolar foram o PEE (Projeto Educativo de Escola), PCEF (Projeto Curricular de Educação Física), PCT (Projeto Curricular de turma) e RI (Regulamento Interno). Foram documentos esclarecedores e permitiram-me conceber a minha atuação mesmo sabendo que o ensino que efetuamos é muito mais complexo do que aquele que concebemos inicialmente. Desta forma, a leitura desses documentos possibilitou-me um maior à vontade, e mais confiança para exercer a profissão de docente naquela escola. Posteriormente a essa leitura havia um caminho, um objetivo, algo a ser seguido e cumprido. Isto quer dizer que tínhamos de dar seguimento a um projeto que a escola tinha delineado.

De forma a conhecer a turma foi distribuída uma ficha de informação a cada aluno. Essa ficha também permitiu construir este processo de conceção de uma forma mais realista. No entanto, essa mesma conceção inicial ia sendo modificada à medida que o tempo ia passando. E essa é uma situação

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inevitável, devido à quantidade de imprevistos que constantemente assolavam a conceção. As pessoas têm formas de agir e reações diferentes todos os dias. Portanto essas alterações aconteciam como resposta à instabilidade e aos problemas de ordem familiar que comprometiam o equilíbrio das condições de aprendizagem para as quais o ensino tinha sido concebido. Para além disso penso que a minha experiência, ou melhor, a falta dela, também ajudou a que a conceção fosse sendo alterada ao longo do tempo.

4.1.2. Planeamento

“Por isso, programação do ensino (a nível central) e planificação do ensino (pelo professor) constituem um processo unitário, racional e complexo da concretização progressiva de indicações generalizadas – processo que, considerando as condições locais e uma análise objetiva, desagua na realização do ensino e desencadeia uma retroação devida a reflexões posteriores e análises do produto e processo educativos”.

(Bento, 2003, p.20)

Este utensilio de trabalho permitiu enquadrar-me e preparar-me para a direção que devia seguir tendo em conta a realidade existente. Na planificação que efetuei tive em consideração os objetivos que pretendia para, em conjunto com a minha turma, alcançar o sucesso. Portanto, tornou-se bastante importante esta definição de objetivos para me guiar ao longo do percurso escolar, e fazer com que nunca me perdesse e tivesse em mente o objetivo da minha estadia naquela escola. Bento (2003, p.15) a este respeito, dá conta que “A planificação é o elo de ligação entre as pretensões, imanentes a sistema de ensino e aos programas das respetivas disciplinas, e na sua realização prática”.

Tendo sempre presente uma das aulas de Desenvolvimento Curricular em que a professora Paula Batista reforçou a ideia de que é necessário

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construir ao nível das intenções para desconstruir ao nível das práticas, ao longo do ano fui “obrigado” a refletir sobre as decisões tomadas e o caminho que estava a percorrer. Ou seja, a verdade é que o planeamento acabou por ser um processo contínuo no qual ia tomando decisões para que não se tornasse num produto acabado ou num resultado sem possibilidade de alteração. Portanto, um professor de sucesso é aquele que, sem perder as suas convicções, consegue contornar os obstáculos, olhando para o seu ensino de vários ângulos e atuando de acordo com as suas reflexões.

A primeira tarefa que realizei no estágio foi a elaboração do Planeamento Anual. Este planeamento tem um conjunto de princípios que vai ao encontro da essência do ensino e de todas as formas que temos para proporcionar um desenvolvimento nos alunos muito bem sustentado (Bento, 2003). Este planeamento ficou decidido através de uma reunião da Área disciplinar que decorreu no início do ano. Como se tratava da primeira reunião, não houve à vontade e confiança da minha parte para intervir, e nesse sentido, não opinei sobre o assunto. Aliás, foi apresentado um esboço de planeamento elaborado já no final do ano letivo anterior, e nesse sentido, a minha participação foi quase nula. No entanto, os professores de Educação Física presentes nesta reunião deixaram-nos completamente à vontade. Na elaboração do planeamento anual também ficou decidido o número de aulas para cada modalidade a lecionar. A decisão sobre o número de aulas que iria atribuir em cada modalidade foi fácil de tomar. No entanto, e como já referi anteriormente, ao longo do ano letivo tive de promover algumas alterações. Essas alterações que acabaram por impossibilitar um maior período de lecionação de cada modalidade foram fruto da elaboração de atividades da parte da escola, das condições climatéricas, dos problemas criados pela turma na sua aprendizagem, entre outras situações. No planeamento anual, para além dos conteúdos de ensino, ainda foram tomadas decisões acerca dos materiais disponíveis, dos objetivos gerais e específicos, das competências, dos níveis de especificação e organização curricular e momentos e formas de avaliação dos alunos.

Portanto, o planeamento anual traduz-se no primeiro passo que um professor deve dar no sentido de se preparar para a transmissão de um ensino de qualidade. Para além disso, o domínio e a compreensão que vamos

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obtendo, relativamente aos objetivos, oferecem-nos alguma tranquilidade. Em jeito de remate final posso referir que esta forma de agir ajudou-me a direcionar o trabalho que teria de efetuar na escola e com os meus alunos, de forma a alcançar o sucesso ao longo do ano.

4.1.2.1. Extensão e Sequência dos Conteúdos

“As unidades temáticas ou didáticas, ou ainda de matéria, são partes essenciais do programa de uma disciplina. Constituem unidades fundamentais e integrais do processo pedagógico e apresentam aos professores e alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem”

(Bento, 2003, p.75)

Depois da realização do planeamento anual, e de já termos em nossa posse o tempo previsto para cada modalidade, focamo-nos na nossa turma. Ou seja, o nosso núcleo de estágio, onde se inclui a professora cooperante, começou por analisar cada planeamento, visto que cada colega ficou com um nível de escolaridade diferente. Concebemos e organizamos a primeira e segunda aula do ano. Neste sentido, decidimos começar com uma apresentação da disciplina na primeira aula e na segunda aula com os jogos pré-desportivos, ao contrário dos meus colegas que iniciaram as suas aulas com uma avaliação diagnóstica ao nível dos JDC (Jogos Desportivos Coletivos). Optamos por fazer essa avaliação utilizando apenas três modalidades, visto que recolhi informação através de questionários realizados aos alunos, onde pude verificar que as suas experiências motoras e desportivas não referiam o Voleibol. Outro argumento em que me baseei para apenas colocar três modalidades foi no facto de as modalidades coletivas serem muito semelhantes no aspeto tático. Essa avaliação foi efetuada através de jogos reduzidos. Tal como tínhamos aprendido no ano anterior, através das didáticas, decidi fazer a avaliação dessa forma. O 3x3 foi utilizado em todas as modalidades como forma de avaliação.

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A grelha de avaliação diagnóstica foi de fácil construção uma vez que, e tal como referi em cima, são modalidades que em termos táticos e técnicos são muito semelhantes. Desta forma, todos os conteúdos que considerei serem transversais nestes desportos como os deslocamentos, a defesa individual, a ocupação racional dos espaços, a abertura de linhas de passe, a receção, o passe, entre outros, foram colocados nessa grelha de observação e avaliação.

A decisão tomada pelo núcleo causou-me, no início, um pouco de estranheza. Esta reação inicial aconteceu porque pensava que seria melhor faze-la no começo de cada UD (Unidade Didática). No entanto, penso que esta avaliação inicial feita logo no início do ano letivo tornou-se muito mais apropriada, fazendo, dessa forma, com que não perdesse uma aula aquando da abordagem a essas modalidades. Essa avaliação permitiu-me observar os alunos e tirar todas as informações relativas ao desempenho motor, de uma forma global.

Esta avaliação foi feita numa aula de noventa minutos. Não se tratou de uma avaliação fácil de tirar notas e registos. No entanto, para garantirmos qualidade na avaliação e observação que estávamos a efetuar, decidimos gravar em vídeo a aula. Esta gravação foi realizada no sentido de tentar ser o mais objetivo na avaliação de cada aluno. De facto, só com a ajuda de uma câmara de filmar é que seria possível fazer esta avaliação. Refiro isto porque a minha pouca experiência e a falta de conhecimento dos alunos envolvidos nesta avaliação, fez com que me sentisse um pouco desenquadrado, sem saber muito bem por onde começar e o que fazer. Portanto, esta escolha que tomamos foi a mais sensata e proveitosa, já que nos fez atingir os objetivos propostos.

Apesar de ter sido realizada esta avaliação inicial, a mesma não substitui a avaliação diagnóstica que se deve fazer a cada modalidade lecionada. Sempre que iniciava uma modalidade nova, salvo algumas exceções, a aula era filmada, para que em casa, com calma, a pudesse analisar e, à posteriori, aplicar o melhor processo de ensino aprendizagem. Foi curioso constatar que, comparando com a avaliação inicial, alguns alunos tinham alterado alguns comportamentos motores, sobretudo táticos, o que me fez concluir e confirmar a transversalidade de alguns conteúdos, como aliás já tive ocasião de referir.

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Na elaboração das UD ao longo do ano fui percecionando que a mesma é um instrumento que pode ser modificável. Essa modificação pode acontecer devido a diversos fatores. Alguns dos fatores que me fizeram modificar as UD foram a relação <<matéria-tempo>> (Bento, 2003, p.79), a progressão dos alunos tendo em conta o esperado, o refinamento de determinados conteúdos essenciais para a progressão bem sucedida e a atitude dos alunos perante os conteúdos e situações de aprendizagem apresentadas. Na primeira UD que realizei tive em conta uma UD realizada no ano anterior, na Didática de Futebol. Curiosamente, a UD efetuada nessa didática específica seria para ser empregue numa turma de 5º ano. Portanto, aquilo que fiz foi aplicar essa unidade na minha turma. Essa foi uma má decisão, devido à iliteracia motora que os alunos denunciavam em cada exercício proposto. Para além dessa situação os alunos tinham muitas dificuldades no entendimento e organização de exercícios. “Apesar de ser a segunda vez que fazem os mesmos exercícios, penso que ainda não perceberam a dinâmica pretendida. Portanto, vou voltar a repetir esta aula com algumas alterações, no sentido de proporcionar uma definitiva compreensão do que é realmente para fazer e como fazer” (Reflexão da aula 9 e 10). Estas complicações iniciais dificultaram a minha ação e cumprimento da progressão que tinha definido. “Portanto, a condução de bola, conteúdo introduzido nesta aula, foi bem conseguido. No entanto, e pelo que observei principalmente por parte das raparigas, a receção e o passe ainda não é feito com a parte interna do pé” (Reflexão da aula 12 e 13).

Outras alterações também se verificaram na UD de Badminton. Ou seja, ao longo da UD fui “forçado” a alterar a introdução de conteúdos devido ao facto de ser muito ambicioso. No entanto, o reverso da medalha também acontecia e em certas aulas, dado que, introduzia um conteúdo novo que não estava planeado. Outra situação que também sucedeu foi a divisão da turma. Como os rapazes estavam a evoluir mais do que as raparigas, senti-me no dever de fazer outra UD e, dessa forma, separar o processo de ensino-aprendizagem. “Os rapazes, em comparação com as raparigas, evoluíram muito mais. Portanto, e como estavam a executar bem o conteúdo que tinha acabado de introduzir, introduzi um novo conteúdo. Mais uma vez alguns deles conseguiram executar muito bem o novo conteúdo. Na próxima aula irei exercitar os conteúdos que introduzi nesta aula mas só para os rapazes. Para

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as raparigas irei introduzir o Amorti” (Reflexão da aula 27). Outra situação que também aconteceu foi o facto de a meio da UD ter refletido e ter chegado à conclusão que seria importante rever todos os conteúdos abordados até então. A meu ver, e de acordo com a Reflexão 28 e 29, “No final da parte de mobilização articular juntei a turma toda em frente ao quadro e fizemos uma revisão dos conteúdos abordados. Mais importante que ter feito uma revisão dos conteúdos foi proporcionar aos alunos a observação da palavra escrita de cada conteúdo. Aquilo que verifiquei foi que alguns alunos ficaram surpreendidos com os nomes. Apesar de ter “perdido” algum tempo de aula, penso que foi fundamental, para os alunos, esta “descoberta””.

Outra situação que provocou uma alteração nesta UD foi a “(…) adesão, do núcleo de estágio à greve geral” (Justificação da UD de Badminton). Esta greve foi convocada pela CGTP no sentido de “lutar” contra a exploração e o empobrecimento. Esta aula planeada era de noventa minutos e nela iriam ser introduzidos dois conteúdos.

Na modalidade de Basquetebol também existiu alterações na UD. Isto aconteceu devido ao facto de a turma ter de ficar no campo 4, de acordo com o

roulement. Este campo é fora do pavilhão e nesse dia estava a chover

bastante. Essa aula foi lecionada numa sala previamente requisitada para o efeito, tendo sido visualizados filmes sobre o Basquetebol. Essa aula planeada como alternativa veio proporcionar uma melhor aprendizagem aos alunos. Tiveram a oportunidade de visualizar conteúdos que já tinham sido introduzidos e de conhecer conteúdos que viriam a aprender. Para além disso as regras e a perceção do jogo ficou assegurada nesta aula. “Hoje tive a sensação que a chuva que caiu foi abençoada. Refiro isto porque o facto de ter lecionado a aula numa sala, permitiu-me assegurar o conhecimento dos alunos sobre esta modalidade. Todas as dúvidas que colocavam eram dúvidas que por ventura nunca iriam ser esclarecidas em aulas ditas normais” (Reflexão da aula 39 e 40).

Alguns conteúdos nesta UD foram modificados, tal como já tinha acontecido noutras unidades, devido ao facto de ser muito ambicioso. Isso também se deveu ao facto de no ano anterior termos lecionado, na Didática de Basquetebol, uma turma do 5º ano. No entanto essa turma tinha uma particularidade, ou seja, alguns alunos jogavam basquetebol num clube. Para

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além disso a turma foi dividida e cada metade da turma tinha no mínimo três professores. Portanto, não devemos generalizar porque cada realidade tem as suas particularidades e os seus objetivos a alcançar. Nesse sentido, cada escola compreende uma realidade cheia de especificidades (Abrantes, 2003).

Relativamente à modalidade Dança, a UD foi cumprida quase na sua totalidade. As alterações que houve foram devido ao prolongamento no tempo da coreografia que os alunos levaram à festa do Quadro de Honra. Esta coreografia começou por ser introduzida e exercitada nas aulas destinadas a esta modalidade, tendo sempre em consideração a sua UD. No entanto, e depois de iniciar a Ginástica Acrobática, reservava sempre os quinze minutos finais para exercitar a coreografia. Esta foi a estratégia que arranjei para continuar a exercitar a coreografia com vista à sua consolidação.

Relativamente à UD nas modalidades Ginástica Acrobática e de Solo, o sucesso foi conseguido devido ao esforço dos alunos. Ou seja, a turma nestas duas modalidades adquiriu uma autonomia, responsabilidade e empenho que me permitiu cumprir com o que estava estabelecido. Portanto, posso referir que estas foram duas modalidades que sofreram um cumprimento completo relativamente ao seu planeamento.

Outro aspeto que tenho de salientar é que em todas as aulas os alunos exercitavam conteúdos da modalidade de Atletismo. A exceção foi mesmo a modalidade de voleibol, em virtude de esta modalidade ter sido abordada de forma isolada. Os conteúdos ligados ao atletismo eram exercitados no início de cada aula. Oportunamente foram introduzidos a corrida de longa duração, a técnica de corrida, corrida de velocidade, lançamentos e salto em comprimento. O tempo atribuído era cerca de trinta e cinco minutos nas aulas de noventa minutos e dez minutos nas aulas de quarenta e cinco minutos.

Todas as UD suportavam conteúdos previamente consultados no Programa Nacional de Educação Física do 2º ciclo. No entanto essa consulta sofria inúmeras críticas e análises devido à ambição excessiva que esse mesmo programa promove. Essas análises eram feitas pelo núcleo de estágio, para que em conjunto conseguíssemos, através da nossa experiência, de algumas pesquisas bibliográficas e de conversas que íamos tendo com professores experientes, aplicar os conteúdos certos.

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No entanto este instrumento de Extensão e Sequência dos Conteúdos, apesar de sofrer alterações no decorrer da sua unidade, não deixa de ser importante, no sentido de viabilizar um aumento da qualidade das aulas. Este instrumento pretende garantir uma preparação mais detalhada e estruturada da matéria a ensinar.

4.1.2.2. A aula de Educação Física – “O plano”

“A aula é realmente o verdadeiro ponto de convergência do pensamento e da ação do professor”.

(Bento, 2003, p.101)

O plano de aula apresenta-se através da elaboração da UD. Ou seja, os objetivos e os conteúdos que são inerentes ao plano de aula são traçados e analisados antecipadamente. Portanto, a preparação de uma aula implica a construção de instrumentos que nos ajudem a melhorar a nossa atuação enquanto professores e que propiciem uma formação de qualidade.

È através do plano de aula que conseguimos levar avante a nossa aula. No entanto muitas coisas podem acontecer ao longo da aula. Nesse sentido o plano pode e deve sofrer uma desconstrução ao nível das suas práticas, caso seja necessário, para posteriormente sofrer uma construção ao nível das suas intenções. Portanto penso que a adaptação pode sempre ser feita.

As alterações do planeamento aconteciam devido a diversas situações que uma aula pode oferecer. “Apesar de a ter planeado, a meu ver bem, na prática não consegui dar seguimento ao bom planeamento que tinha feito. Em relação ao primeiro exercício que propus, correu bem e os alunos acabaram por perceber o que lhes era pedido. E o que fiz para que corresse bem? Foi simples, e deveria tê-lo feito nos restantes para que tivesse corrido bem a aula. Então aquilo que fiz foi, depois de fazer a chamada, explicar e demonstrar o exercício com os alunos todos sentados.” (Reflexão da aula 3); “Apesar de ter planeado esta aula, a mesma não seguiu a planificação. Portanto aquilo que

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aconteceu foi que nos primeiros quarenta e cinco minutos optei por fazer algo diferente para, de alguma forma, conseguir motivar os alunos. Penso que essa estratégia foi muito boa. A visualização dos vídeos e as respetivas análises foi algo que focou a atenção dos alunos e fez com que verificassem que apesar de saberem que tinham de realizar certas ações, não as faziam corretamente.” (Reflexão da aula 21 e 22); “Esta aula de noventa minutos não correu tão bem como tinha planeado. O principal fator foram as conversas que mantiveram ao longo da aula. Notou-se claramente que estavam pouco concentrados no que realmente tinham de fazer. Na minha opinião vou ter de dar sequência às estratégias que adotei ao longo do primeiro período para que o comportamento deles volte a estabilizar”. (Reflexão da aula 36 e 37); “Esta aula de noventa minutos não foi planeada por mim. Ou seja, supostamente esta aula seria para os alunos receberem uma formação teórica de nutrição, da parte de técnicos especializados. No entanto, aquilo que aconteceu foi que os alunos apenas fizeram alguns testes, como o IMC (Índice de Massa Corporal) e relação altura/peso, e nesse sentido tive de lecionar a aula. Os alunos iam saindo dois a dois para realizar os testes”. (Reflexão da aula 55 e 56); “Esta aula foi um pouco atípica no início. Portanto aquilo que se sucedeu foi que em vez de começarmos com a corrida contínua de 5 minutos, como temos feito ao longo das aulas, iniciamos a aula fazendo um aquecimento com música. Este aquecimento teve a companhia de uma turma do 4ºano que visitou a nossa escola” (Reflexão da aula 67 e 68).

Um dos grandes obstáculos que encontrei no início do ano foi a organização. Ou seja, as várias organizações que colocava no planeamento acabam por ser de difícil imposição e compreensão. Este facto acontecia devido à pouca familiarização e rotina que os alunos demonstravam em todas as aulas, no início do ano. Nas primeiras aulas de futebol que lecionei estabeleci uma organização perfeitamente compreensível para os alunos. No entanto, verifiquei que não perceberam a dinâmica que a organização pretendia, apesar de na aula anterior ter existido essa organização. Apesar de a organização de uma aula pretender uma fluidez no seu decurso, desejando sempre que a disciplina predomine na ordem de trabalhos (Bento, 2003), penso que antes de isso acontecer pode haver um período de adaptação que vá contra essa afirmação, no sentido da fluidez com que essa dinâmica da

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organização é conseguida. Refiro isto porque aquilo que vivenciei no início do ano permitiu-me refletir sobre isso. Ou seja, a aquisição de conhecimentos sobre a organização também pode passar por um período adaptativo.

Outro fator que condicionou o planeamento foi a seleção do conteúdo. Esta situação aconteceu em algumas modalidades que foram abordadas. O meu conhecimento do conteúdo não me parecia suficiente, não sentia a segurança necessária para o transformar em objeto de ensino. Consciente dessas fragilidades, procurei apurar o meu conhecimento não só estudando, de novo, a partir dos documentos que possuía das didáticas como também de livros que explorei para o efeito. A partilha de experiência com os meus colegas de estágio e particularmente com a professora cooperante foi outro aspeto que me ajudou a contornar este obstáculo. Sem dúvida que a sua permanente presença me tranquilizou à medida que as dificuldades iam surgindo.

De acordo com Bento (2003, p.108) “O dia a dia confirma sempre que o resultado de uma aula depende preponderantemente da qualidade da sua preparação”. Portanto, todos os exercícios que recriava surgiam tendo em conta a turma e a capacidade que a mesma tinha para a execução dos exercícios. Todos os alunos devem ter a oportunidade de executar todas as atividades que uma aula oferece mesmo existindo diferenças de capacidade. Esses exercícios que pretendia implementar na aula, no início da lecionação de cada modalidade, eram pensados, repensados e traziam-me muitas dúvidas. Não sabia bem se seriam os mais indicados mesmo tendo em linha de pensamento a sua idade e até mesmo as suas dificuldades.

A gestão do tempo de aula foi algo que no início me trouxe algumas dificuldades. Isto acontecia porque com a introdução de conteúdos novos, com a transmissão e demonstração do que se pretendia em cada tarefa “perdia-se” algum tempo. Considero que esse tempo era necessário para que os alunos compreendessem/exercitassem o que estavam a aprender. Portanto, esse início um pouco conturbado na articulação entre a planificação e a prática acabou por ser ultrapassado na medida em que me tornei mais claro e objetivo. A necessidade de nos fazermos entender é por vezes tão obsessiva que o nosso discurso acaba por ter repetições desnecessárias e que não contribuem em nada para a compreensão dos alunos. Sem dúvida que a consciência da importância da gestão do tempo associada à minha “performance” melhorou o

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meu desempenho nesses momentos cruciais de transmissão da matéria ou mesmo na reorganização das tarefas.

A nossa inexperiência inicial acaba por ser notória e normal. No entanto, aquilo que temos e devemos fazer é uma análise rigorosa, auxiliados pelos nossos pares, sem condescendência, para evoluirmos enquanto professores nestes aspetos de detalhe mas que são essenciais na gestão da aula. “Iniciando a reflexão, e de uma forma geral, a aula correu “mais ou menos”. Ou seja, ainda sinto que não tenho os alunos totalmente controlados. Refiro isto porque tenho muitos alunos que, para além de faladores, são muito conflituosos” (Reflexão da aula 9 e10). Nesta situação, e conhecendo ainda mal os alunos, não consegui prever e planear de forma a evitar os conflitos. “Outra estratégia para acabar com a aglomeração em torno do objeto de jogo será referir que sempre que um jogador tiver a bola, no meio, tem de ter dois colegas ao seu lado (esquerdo e direito)” (Reflexão da aula 9 e 10). Esta estratégia só surgiu no momento em que refleti sobre a aula. No planeamento já devia ter previsto esta situação e devia ter sido um dos pontos dos objetivos comportamentais.

A competência que ia ganhando, a confiança que ia sentindo melhorava a minha atuação e permitia o cumprimento do plano previamente definido.

4.1.2 Realização – As estratégias como armas para combater as dificuldades

“Aprender é como remar contra a corrente: sempre que se pára, anda-se para trás”.

Confúcio (cit. por Bento, 2004, p.51)

Tudo aquilo que nos coloca à prova merece uma resposta com qualidade. Essa resposta pode não surgir na hora mas se a mesma for refletida e não deixada ao acaso pode tornar-se extremamente útil e valiosa.

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O ensino incorpora um conjunto de dificuldades e todos os dias nos coloca à prova. Essas dificuldades ocorrem do facto de constantemente estarmos em contacto com pessoas. Se não quisermos cair juntamente com as dificuldades que constantemente nos colocam, então temos de nos erguer. Levantar a cabeça e superar as dificuldades é aquilo que temos de fazer porque nada é fácil e o que é fácil não tem tanto significado.

Foram muitas as dificuldades que o estágio me proporcionou. No entanto também foram muitas as descobertas e os conhecimentos adquiridos para lidar da melhor forma com as situações vividas em contexto escolar. Estratégias foi a palavra mais utilizada no estágio quando surgiam situações que manifestavam uma intervenção diferente do professor.

4.1.2.1. Corrida contínua como a preparação mental e comportamental “Os ganhos conseguidos pelos alunos com este tipo de exercitação são sobretudo capitalizados na sua dimensão educativa. E, neste desiderato, nesta aspiração, ganha particular importância a corrida de duração”.

Rolim e Garcia (2012, p.37)

No início do ano verifiquei uma energia bastante grande da parte dos alunos. Essa energia acabava por não ser corretamente distribuída. Ou seja, a energia que a turma evidenciava, aliada a outras questões que serão tratadas noutros pontos, trazia um comportamento inaceitável. Portanto, foi a partir de uma reflexão feita por nós, que decidimos implementar a estratégia da corrida contínua.

Os alunos não reagiram muito bem no momento da implementação desta estratégia. Durante muitas aulas a minha atuação na parte inicial da aula, era uma atuação rigorosa e intransigente. “Durante a explicação frisei por várias vezes o facto de a corrida ter de ser contínua, sem paragens, para que não prejudicassem os colegas. Ou seja, aquilo que proferi foi que se eles

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